Nunca amei alguém o bastante para arrepender-me, nem ao menos me permiti.

  Nunca achei que alguém me merecesse o suficiente, eu era boa demais para todos eles.

  Eu jamais entregaria minha alma a alguém que não se julgasse merecedor dela. Estar só nem sempre significa solidão. Não pensam assim os tolos, nada sabem sobre o amor.

  Um dia disseste que me amavas, mas eu não podia ver, porque não havia nada para ser visto, quem pode não percebe quando é amada? Somente uma tola e eu não era uma. Mentias e ainda assim, perto de ti minhas mãos ficavam trêmulas, meu rosto ruborizado, seria isto o amor?Confesso ter ficado um tanto decepcionada ao considerar a hipótese. Muitos baseiam-se nessa teoria até que suas esperanças se esvaem e aquilo que antes se dizia amor não passa de lembranças turvas, inacabadas.

  Eu quero mais, muito mais do que um rosto ruborizado e mãos trêmulas, preciso ouvir meu coração esmagar-se no peito sufocando-me, preciso conversar com tua alma, certificar-me de todas as semelhanças que a torna gêmea da minha.

  Talvez eu devesse ter me permitido, mas seria um risco incalculável, um risco que minha alma não podia correr... Foste incapaz de entender meus motivos, foi aí que percebi, eras um tolo como todos os outros. E se eu tivesse me arriscado, acaso tomaria minha alma de volta quando percebesse o erro ou desistiria dela entregando-a ao inferno? Não, eu não seria capaz de pega-la de volta, antes o inferno do que o risco de ser tentada a dá-la a alguém que realmente merecia, alguém que merecia muito mais que uma alma manchada.

  Eu pagaria todos os preços, mas amaria como se deve ser.

  Então, permaneço aqui de alma pura, a esperar-te ainda que não venhas nunca. Longe de ti encontro-me e encontrar-me é quase tão bom quanto encontrar-te.