— Eu, eu não posso te ajudar Potter. – Ela gaguejou.

Lily começou a se afastar indo em direção ao castelo, mas foi impedida por James que a segurou pelo braço. Uma série de arrepios percorreram sua espinha e ela se soltou, mas não tentou fugir.

— Como você sabe meu nome? – Ele perguntou confuso. – Quem é você?

— Eu, eu preciso ir. – Lily disse se afastando de novo e de novo James a impediu.

— Espere! – Com a mão livre ele puxou a máscara dela, o movimento foi tão rápido e inesperado que Lily não pôde impedi-lo. Ele levou apenas um segundo para reconhecê-la – Lily?

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James arregalou os olhos de surpresa. Lily entrou em pânico, tentou se soltar, mas ele não deixou dessa vez.

— O que você faz aqui? – Ele perguntou nervosamente.

— Eu... nada! – Lily gaguejou. – Me deixe em paz Potter!

James a soltou e Lily começou a se afastar em direção ao castelo. Não tinha ido muito longe quando ouviu o maroto soltar um suspiro, ela parou de caminhar e olhou para trás. James tinha tirado sua máscara que estava jogada no banco, ele estava de costas para ela, as mãos nos bolsos, os ombros caídos e o rosto erguido observando a lua nova.

Lily sentiu um aperto no peito ao ver o rapaz daquela forma. Ela suspirou se perguntando por que as coisas tinham que ser sempre complicadas entre os dois, Lily sabia que boa parte da culpa era dela, ela tinha plena consciência de que fazia isso para não se envolver, para não se machucar, ela também sabia que isso não adiantava, amar era perigoso.

Seus pés a guiaram de volta para perto do maroto. Ao chegar perto dele a grifinória percebeu que ele tinha desfeito os feitiços que mudavam sua aparência e resolveu fazer o mesmo.

— Até quando você vai continuar fugindo de mim Lily? – Ele perguntou tristemente.

— Eu não sei. – A ruiva não conseguiu refrear suas palavras.

Ele se virou surpreso para ela, pensou que a garota tivesse ido embora. Quando James olhou para ela, Lily sentiu seu coração se acelerar ainda mais. Ele a olhava aguardando que a ruiva falasse mais uma vez e ela achou que era justo afinal de contas.

— Você não pode fazer isso! – Ela disse frustrada.

— Fazer o que? – James perguntou confuso. – Olha Lily, eu não sabia que era você, eu...

— Você não pode! – Lily repetiu o interrompendo. – Não pode agir feito um idiota por 6 anos e em 1 noite me fazer sentir assim!

Os dois ficaram em silêncio e apenas o som de suas respirações eram ouvidas.

— Assim como? – James perguntou se aproximando perigosamente e Lily engoliu em seco e deu um passo vacilante para trás. – Assim como Lily?

— Eu não posso fazer isso James. – Lily sabia que não conseguiria fingir e resolveu ser sincera. – Eu não quero me apegar a alguém e me decepcionar de novo.

James sentiu um puxão no estômago, ele sabia que ela estava falando de Snape e se irritou, sabia que com Lily ele precisava ir com calma, mas ele tinha se cansado de ir com calma. 

— Você confiou em alguém e se decepcionou, e daí? Isso acontece, a vida é assim, mas isso não significa que você tem que parar de viver, de acreditar, de tentar. – James disse veemente. – Isso é apenas uma desculpa porque você tem medo de tentar, tem medo de nós, das coisas darem certo, você tem medo do que sente quando está perto de mim. De todas as palavras que já usei para definir você, nunca pensei que covarde seria uma delas.

— Eu não sou covarde! – Lily se enfureceu ao ouvir as palavras do maroto, seu rosto corou violentamente.

Então prove! – James disse firmemente. – Arrisque-se, assuma os riscos e pague o preço se necessário. Pare de pensar no que pode acontecer e faça!

Lily abriu a boca para retrucar, mas rapidamente a fechou, sabia que o maroto tinha razão e não conseguiu encontrar palavras para contradizê-lo. Ela sentiu o coração apertar e pareceu murchar, toda a energia se esvaiu de seu corpo.

— Às vezes eu acho que devia ter feito mais. – Ela falou tristemente se sentando no banco. – Que devia ter dado mais chances, compreendido mais, talvez assim ele não tivesse se envolvido com as artes das trevas.

James soltou um suspiro, detestava ver Lily triste, principalmente por causa do Snape. Não se arrependia das palavras que disse a Lily, sabia que ela precisava ouvi-las. Ele se sentou ao lado dela e a garota sorriu tristemente para ele.

— Me desculpe, fui injusta com você. – Ela disse suavemente e James sorriu e balançou afirmativamente a cabeça. 

Os dois contemplavam o lago e Lily tornou a falar.

— James? – Ele olhou para ela e Lily prosseguiu, sua voz era quase um sussurro. – Eu estou com medo.

— Eu também. – Ele não precisou perguntar, sabia do que ela estava falando. – Mas acredito que é melhor se arrepender por ter tentado do que por nunca ter tentado.

Lily refletiu nas palavras do rapaz. Será que valeria a pena passar o resto da vida imaginando como teria sido? Seria melhor escolher o caminho mais fácil? Ela achava que não, era preciso ter coragem para ser feliz, esquecer o orgulho e se arriscar.

— E o que faremos agora? – Lily perguntou ainda olhando para o lago.

James tocou em seu braço para que ela o olhasse.

— Lily eu sei o que eu sinto por você, e eu sei que você também sente algo por mim. – Ele disse. – Eu sei o que eu quero. Só peço que você dê uma chance para mim, para nós. 

E Lily não pôde deixar de pensar: Por que não? Ela sabia que também queria tentar. Se ela tinha certeza de que tudo iria dar certo? Não, ela não tinha, mas James tinha razão, seria terrível chegar ao fim de sua vida e se arrepender de nunca ter tentado.

— Tudo bem. – Lily disse com as bochechas coradas e James abriu um enorme sorriso. – Mas por favor vamos com calma.

— Eu sei ir com calma Ruiva. – James disse com um sorriso de lado muito charmoso. – Que tal voltarmos lá para dentro e você dançar comigo?

— Eu adoraria. – Lily disse sorrindo.

Eles se levantaram e seguiram em direção ao salão principal onde a festa ainda continuava animada. Caminhavam lado a lado, suas mãos se tocando de vez em quando provocando arrepios em ambos. O silêncio entre eles não era algo desconfortável, muito pelo contrário, trazia uma sensação de paz e contentamento, a promessa de que a vida ainda podia ser boa. 

Os degraus que levavam do pátio ao saguão de entrada estavam escorregadios por causa gelo que tinha se acumulado ali, e Lily acabou escorregando neles, ela fechou os olhos já esperando o impacto que nunca veio. James com agilidade segurou a garota pela cintura impedindo que ela caísse e quando Lily abriu os olhos, encontrou os de James, eles estavam muito próximos, seus narizes quase se tocavam e Lily não pensou nem hesitou, apenas o beijou.

A sensação dos lábios dele nos dela era inexplicável. O beijo de James era cheio de calmaria, não era nada do que ela havia imaginado, era melhor. Beijar James era como assistir ao pôr do sol e contar as estrelas em uma noite de verão, era como caminhar na chuva e sentir a brisa no rosto. Lily nunca tinha se sentindo tão bem.

Quando o beijo terminou eles não abriram os olhos imediatamente, ficaram abraçados, ainda sentindo as sensações que o beijo provocara.

— James? – Lily o chamou, a voz apenas um sussurro, os olhos ainda fechados.

— Hum? – Ele respondeu.

— Eu sei que eu disse que queria ir devagar, mas eu não quero mais. – Lily disse mordendo o lábio inferior abrindo os olhos e encontrando os dele também abertos.

— Eu nunca gostei de ir devagar mesmo. – James disse com um sorriso maroto e Lily riu. - Quer namorar comigo Lírio.

— Quero sim. – Lily disse dando um grande sorriso.

Eles se beijaram de novo, se separaram e caminharam calmamente em direção ao saguão de entrada de mãos dadas. Lily soltou uma risada e James a olhou curioso.

— O que foi? – Ele perguntou com uma expressão divertida.

— Acabei de perceber que eu Lily Evans levei um fora de James Potter. Quão irônico isso pode ser? – Ela disse ainda rindo e ele também riu.

Eles voltaram para o salão principal e dançaram, riram, conversaram e se beijaram a noite toda.

Eles não ganharam o prêmio de aluno mais bem disfarçado do baile, mas não se importaram.

Quando Lily se arrumou para o baile naquela noite nunca poderia imaginar que aquela seria a melhor noite de sua vida, bem, pelo menos por enquanto.

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Fim.