Kidou Senshi VP Gundam - Os Vigilantes escrita por Moonlight Butterfly


Capítulo 3
Sombras do Passado - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Era pra ser um capítulo só, mas ia ficar muito grande; então dividi em dois.



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— Edward Oleg, o terror de Shangri-La! - exclamou Estel, entusiasmado por ver o amigo. - Achei que não ia aparecer por aqui nem pra fazer as provas, você andou sumido.

— Negócios – respondeu ele, evasivamente, dando uma piscadela para Kouga. - E aí, quando vai rolar aquele RPGzinho maroto?

— O de Vigilantes? Vou mestrar assim que começarem as férias. Se quiser começar a criar seu personagem, fique à vontade. Olhe, Karma chegou, finalmente.

— Você está atrasado – brincou Ilya – e com a boca toda suja de chocolate de novo. Anda, conta logo pra gente quem é a garota que fica te lambuzando de chocolate todo dia.

— Nossa, é verdade, nem percebi – comentou Siren, que tinha pego carona com o amigo, e só agora notara o fato. - Estava tão entretido fazendo melhorias naquele motor que nem notei...

— É, você esquece de tudo quando está trabalhando com máquinas – resmungou Karma. - “Siren, vamos logo, estamos atrasados”. “Espera aí, eu preciso terminar de aprimorar esse motor! Só cinco minutinhos!”. Que viraram uns 40 minutos.

— Siren se atrasando... que novidade – ironizou Kouga. - Pelo menos dessa vez ganhou do Nix, ele nem chegou ainda.

— Eles deviam fazer uma competição de quem se atrasa mais – falou Ilya. - Se os dois se casassem, ficaria difícil de saber qual dos dois seria a noiva.

— Você está fugindo do assunto, Sr. Karma – falou Keisha, depois das risadas. - Então, quem é a garota que te lambuza de chocolate todo dia?

— Não tem garota nenhuma – resmungou o garoto loiro – aliás... tem sim, mas não é nada disso que vocês estão pensando. Não tenho nada com ela e nem pretendo, não senti nada favorável a isso na mente dela. Ela se chama Daiya Winter, e simplesmente faz um bolo de chocolate muito bom, que eu compro todo dia.

— E por que não a trouxe aqui ainda? Queria conhecê-la – pediu Zaina.

— Boa ideia... será que ela sabe fazer esse bolo com chocolate branco? - perguntou Christine. - Como eu não como chocolate preto, bem que ela podia tentar... talvez fique bom.

— E você fica aí, escondendo ela da gente pra comer todo o bolo sozinho, seu egoísta.

— Ué, Uraki, achei que você e os outros já tinham visto coisas sobre ela em minha mente...

— Pior que eu não detectei nada, absolutamente nada. O que é um pouco estranho.

— Será que ela vem da Colônia dos Doces? - perguntou Siren.

— Colônia dos Doces? E existe isso por acaso, criatura?

— Ué, Estel, quem sabe? Tem tantas colônias por aí, não é impossível... não é você que diz que sempre temos que ter esperança, acreditar em nossos sonhos?

— Ela me contou que nasceu na Lua, e fugiu de casa quando tinha 11 anos – falou Karma.

— Fugiu de casa para ir para a Colônia dos Doces, ganhou um concurso de culinária mirim e fez um curso grátis – exclamou Siren, continuando com a brincadeira.

— Deve ser algo... um pouco mais sério do que isso – retrucou Karma. - Talvez amanhã eu pergunte a ela. E pare de pegar a “doença” do Ilya, Siren. Já é suficiente termos só um engraçadinho nossa república.

— Então você marcou de vê-la amanhã? - perguntou Ilya, com seu tom zombeteiro usual. - Só cuidado para ela não te dar um bolo. Haha, haha, te dar um bolo! Ué, por que estão fazendo essas caras? Essa não foi ruim!

— Olha o que você fez, Karma – censurou Keisha – acordou o monstro!

— Parece que nosso amiguinho Nix está chegando – pressentiu Kouga.

— E está acompanhado – falou Ilya. Phillip está junto, e trouxe um jogo alugado para nós!

Cinco minutos depois, os dois citados abrem a porta.

— Playboy de Axis, você chegou finalmente! - saudou Estel.

— E aí, Phillip – indagou Karma – qual o brinquedinho que você nos trouxe hoje?

— Gundam Wars – respondeu o Cyber-Guard de cabelos rosados. - É uma versão do tradicional Summoner Wars, mas com Mobile Suits.

— Aposto que você veio aqui para me investigar também – retrucou Edward secamente.

— Não. Eu já desisti de te investigar, apesar das suas ações serem bem suspeitas. Não acho nada de errado em sua mente, por mais que eu tente. Na verdade eu estou de olho nele – o Cyber-Guard apontou para Kouga. - Eu e meus colegas temos detectado pensamentos ilícitos nele, pensamentos de intenção de compra de remédios contrabandeados.

(Música – Chagas da guerra)

— Olha, os remédios de que minha mãe precisa custam uma fortuna – ironizou Kouga. - Além de não funcionarem direito. Até parece que o laboratório coloca a mínima dosagem possível em cada pílula, para que o medicamento tenha um efeito inferior, e tenhamos que comprar remédio por mais tempo. Qualquer pessoa racional pensaria em recorrer ao contrabando. Boa sorte tentando achar algo comigo. Se quiser me prender, fique à vontade.

Nix, inseguro com a situação, fechou os olhos durante a discussão, tentando pressentir o que aconteceria. Por fim, falou:

— Acalmem-se, não vejo ninguém sendo preso ou algo parecido aqui hoje. Coitado do Phillip, ele nem gosta de ser um Cyber-Guard, está nos investigando contra a vontade dele. Qualquer Newtype pode ver isso na mente dele.

— Pelo que eu vejo, ele está usando isso como desculpa para relaxar um pouco com a gente – retrucou Ilya. - Parem de hostilizá-lo.

— Prender Kouga pela sua vontade de comprar remédios contrabandeados é como prender Siren pela sua vontade de explodir tudo – completou Christine. - São só pensamentos aleatórios.

— É, eu sei. Só estou... seguindo ordens – respondeu Phillip, com amargura. - A Central quer que eu fique observando vocês por causa da proximidade que eu tenho com algumas pessoas daqui. Mas eu não queria... eu... me sinto preso nesse corpo.. nesse uniforme... nessa vida...

Começou a chorar. Ilya o abraçou. O Cyber-Guard se desvencilhou, dando um tapa no outro, chorando ainda mais:

— Seu... seu hipócrita! Você só me consola porque diz que eu sou parecido com sua irmã mais nova que sumiu na última guerra. Eu não sou a droga da sua irmã, fique longe de mim!

— Confesso que também é isso – retrucou Ilya, sério, passando os dedos em sua barba. - E eu sei que você não é minha irmã Erzulie. Ela sumiu, nenhum Newtype ou Cyber-Newtype a encontrou em lugar nenhum... então só me resta acreditar que ela morreu. Mas não é SÓ sua semelhança com ela que me faz querer te ajudar. Você é meu amigo. Um dos meus melhores amigos. Se analisar minha mente mais a fundo, vai conseguir enxergar isso.

— Cyber-Guards são treinados para focar suas investigações mentais em pensamentos negativos e nocivos – comentou Zaina – inclusive tomam mais medicamentos que Cyber-Newtypes normais para estimular isso. Então acredito que seja por isso que Phillip detectou apenas o pensamento que o desagradava mais, Ilya.

— É! EXATAMENTE! - berrou o guarda. - FOCANDO EM PENSAMENTOS NEGATIVOS, ACABAMOS FICANDO NEGATIVOS E DEPRESSIVOS TAMBÉM! Eu e meus colegas não fazemos a mínima ideia de qual era nossa família de origem, de onde viemos antes de sermos treinados para a corporação... nossas memórias, se tínhamos algumas, foram apagadas. Tudo o que conhecemos é conspiração, investigação, guerra, crimes, medo, mentiras...

— Quer trocar comigo? - perguntou Christine. - Eu adoraria ter minhas memórias apagadas. Adoraria esquecer de tudo, esquecer minha maldita família.

Karma observava tudo isso calado, sentindo-se triste e impotente por ver tantos problemas no seu grupo de amigos, e não podendo resolver efetivamente nenhum deles. Murmurou para si:

— Um dia, eu vou conquistar o Mundo, e vou fazer todo esse sofrimento acabar.

 

Daiya havia marcado de vender seu bolo para Karma no lago da colônia, que ficava no campus de Biologia, e era usado pelos estudantes para estudar a fauna e flora aquáticas. Ocasionalmente, os alunos do campus de Exatas também iam até lá, para testar máquinas de uso aquático. Era frequentemente usado também como local de passeio. Às margens do local, cresciam vários tipos diferentes de flores, o que dava para os futuros biólogos a possibilidade de estudar também insetos polinizadores como abelhas e borboletas. Passeando pelo local e sentindo o vento artificial da colônia bater contra seu rosto, lembrou-se de Ilya mencionando sua irmã desaparecida, e logo em seguida de sua própria irmã mais nova, Belle, consolando-o nas brigas com o pai. “Oni-san, não ligue para ele. Deixe-o criticar, você sabe que não é nada disso que ele fala, e ele é um chato. Sei que vai brilhar do seu próprio jeito, Oni-san, sem seguir o que o papai te manda, e vai esfregar isso na cara dele um dia!”. O rapaz loiro sorriu suavemente lembrando-se disso. E tentou imaginar brevemente como se sentiria se perdesse sua irmã como Ilya... e sentiu um aperto terrível no peito. Logo afastou esse pensamento nefasto da cabeça.

— O que... o que houve? - murmurou Daiya, chegando neste momento com os bolos.

— Nada, só uns pensamentos ruins. Que bom que você já chegou, bem na hora. Com licença, já vou pegar um bolo, estou precisando neste exato segundo.

Pegou o pedaço e enfiou quase metade na boca, sujando as bochechas de recheio. Daiya reprimiu uma risada, achando “bonitinho” o seu jeito desajeitado e ávido de devorar o doce. Os dois sentaram-se então à margem do lago. Daiya colocou do seu lado o prato de bolos. Por um bom tempo, ambos ficaram em silêncio, a moça soltou os cabelos, e disse:

— Você... queria saber por que eu fugi de casa, não é?

— É, você disse que ia me contar. Mas... só me conte se você quiser. Não vou tentar invadir sua mente e descobrir isso por mim, não se preocupe.

— Não, Karma, não tem problema. Eu estava mesmo precisando conversar um pouco com alguém sobre meu passado... faz muito tempo que não desabafo com ninguém. Desde que cheguei a Arcadia, tenho vivido quase que completamente sozinha.

Respirou fundo e continuou.

— Foi quando eu tinha onze anos, na época do teste vocacional. A psicóloga tentou, com sua aura Newtype, analisar minha mente, para descobrir para que área eu deveria me direcionar. E... ela não encontrou nada. Nenhuma habilidade específica.

— Nenhuma? - exclamou o rapaz, surpreso. Lembrava-se bem do seu teste vocacional: disseram-lhe que ele tinha habilidades de empatia e liderança, devendo direcionar seus estudos para a área de Humanidades; só tinha que tomar cuidado com falta de foco e força de vontade.

— Sim. E, por essa razão, meus pais achavam que eu tinha ou desenvolveria algum problema mental, ou até que eu iria morrer muito cedo, não vivendo a tempo de ter alguma profissão. Então... eles decidiram me entregar para um laboratório Newtype. Para que, pelo menos, eu conseguisse trazer algum benefício para a ciência. Só que eu fugi, não deixei me levarem. Desde então, tive que me virar sozinha; no começo tinha que roubar para sobreviver, depois fui arranjando empregos informais... conheci pessoas, que primeiro me ajudaram, depois traíram minha confiança... e estou até hoje em uma vida nômade. Consegui adquirir um pouco de conhecimento, entrando sozinha em escolas e bibliotecas, conversando com pessoas.

— Mas... ninguém tentou te procurar? Exceto em situações de guerra, os Cyber-Guards conseguem encontrar crianças desaparecidas com muita facilidade, sentindo a presença delas.

— Tentaram, sim. Mas ninguém conseguiu me encontrar. Logo fui dada como morta, meus pais acharam que eu me matei por causa de meus supostos transtornos mentais. Ou talvez... eu não fosse importante... e simplesmente me deixaram ir.

Daiya então fechou os olhos e, sentindo o vento arrastar seus cabelos rebeldes pelo rosto, deixou-se levar silenciosamente pelas suas memórias.

FLASHBACK

(Música – Tema melancólico de Daiya)

 

— Mamãe, olha, eu fui bem na prova, tirei 8,5!

— Ah, é? Aposto que tiveram colegas seus que tiveram notas melhores.

— Sim, tiveram, mas...

— Nem “mas”, nem menos. Você é filha de um dos engenheiros mais renomados da Anaheim Electronics, George Winter, tem que dar o exemplo! Nem quero imaginar o que vai sair no seu teste vocacional daqui a alguns meses. Você ainda nem deu sinais de intuição Newtype!

— (colegas de escola) Olha, a Daiya Cabeça Vazia está se escondendo da gente!

— E não chore, a gente sabe que suas lágrimas são de mentira! Ninguém sente nenhuma tristeza em você quando você chora. Pare de mentir e mostre quem você é de verdade!

— Ela é psicopata, psicopatas não tem sentimentos!

— Por que vocês são tão maus comigo? - murmurou a pequena Daiya, quase chorando. - Eu só queria ser amiga de vocês...

— Quem quer ser amigo de uma psicopata de cabeça vazia?

Houve Uma explosão de risadas. Daiya era cercada e encurralada pelos colegas, e chorava.

 

— Daiya Winter – chamou a psicóloga Newtype do teste vocacional. Os pais da menina, Linda e George, estavam presentes, fuzilando a menina com o olhar. Ela sentou-se na poltrona, tremendo de medo; não queria decepcionar seus pais, dependendo do resultado da leitura mental. A psicóloga começou a ativar sua aura Newtype. Todos começaram a perceber que o exame estava durando mais do que o normal. A mulher parecia estar se esforçando enormemente desta vez, quando das outras vezes, em pouco mais de um minuto, ela identificava as potencialidades de cada criança. Chegou um momento em que ela usou muita, muita energia, e cambaleou. Daiya levantou-se da poltrona para ajudá-la, mas seu pai, com a expressão severa, fez um gesto dizendo que ela permanecesse onde estava.

— Ela sofreu algum trauma grave? - perguntou a psicóloga para os pais de Daiya, assim que recuperou a consciência. - Porque, em casos como esse, a pessoa pode bloquear sua energia mental como instinto de defesa.

— Onde você quer chegar com essa pergunta? - perguntou a mãe da menina, apreensiva.

— Bom... acho melhor dizer a verdade de uma vez. Eu... não consegui ver nada. Absolutamente nada. Nenhum potencial. É como se... ela não tivesse futuro. A professora disse que ela é a melhor aluna entre os estudantes que ainda não despertaram o potencial Newtype, mas... eu realmente me esforcei ao máximo, e... não detectei nada. Pode ser que ela tenha muito pouco tempo de vida... ou tenha algum problema mental que a impossibilite de ter uma carreira.

Fez-se um silêncio sepulcral na sala, que foi rompido por um garoto, logo depois:

— Olha, a Winter é retardada e não tem futuro! Vai virar mendiga, ladra ou faxineira!

Houve uma explosão de risadas. A menina tentou fugir, mas seus pais a seguraram fortemente pelo braço. As outras crianças começaram a cantarolar: “A Daiya não tem futuro! A Daiya não tem futuro! A Daiya não tem futuro!”

Chegando em casa, George e Linda pediram para a menina ficar no quarto e não sair de lá. Estava chorando muito, mas como ninguém conseguia perceber nenhuma emoção nela, achavam que era mentira, encenação. Daiya ficou no seu quarto por alguns minutos, mas logo pulou a janela e foi escutar a conversa dos seus pais, que não pressentiram que a filha estava ali.

— Ah, George... Tanto trabalho... tanto empenho que tivemos com ela... para isso? Para ela não desenvolver nenhum potencial? Todo o nosso esforço foi inútil...

— Bom... nós ainda podemos enviá-la para um laboratório Newtype, para que ela seja minuciosamente pesquisada, e finalmente descubram qual é o problema dela. Tornando-se uma Cyber-Newtype, talvez ela ainda tenha alguma esperança...

A ambulância do laboratório foi chamada. Daiya sentiu-se tomada pelo pavor. Sabia que laboratórios Newtype não eram nem de longe o lugar mais agradável para uma criança crescer. Ficou ali onde estava, sem conseguir reagir. Só conseguiu fazer algo quando o veículo parou na porta de sua casa. Levada pelo instinto, pegou um saco de pães que havia na cozinha, para ter algo para comer, e escapou pela janela deste local. Correu, correu, sem ter a mínima ideia de onde estava indo. Só sabia que queria sumir, não só da sua casa, mas do mundo.

 

FIM DO FLASHBACK

(Música: Primavera, 2º Movimento)

— É bem bonito aqui, passo por aqui de vez em quando – comentou a moça. - Há muitas borboletas aqui hoje...

— Não gosto muito de borboletas.

— Por quê, Karma?

— São... efêmeras demais. Começam sua vida rastejando como lagartas, depois passam um bom tempo enclausuradas em casulos, para finalmente sair dele com muito sofrimento, e viver só algumas poucas semanas depois disso. Uma vida vazia, sem sentido... sem futuro. Algo que eu não desejo nem para o meu pior inimigo.

— Parece-me que vivem apenas para cumprir sua missão, e para nada além disso – comentou Daiya. - Polinizam as plantas, embelezam a natureza, renovam o ciclo da vida... mas não vêem os frutos que ajudaram a criar polinizando as flores.

— Exatamente. Vejo que você entendeu meu ponto. Além disso, não gosto muito de borboletas porque... bem... bom, não prevejo você caçoando de mim, então acho que posso te contar. Além do mais, você se abriu comigo... então acho que devo me abrir com você também. Eu... tinha pesadelos com borboletas quando eu era criança. Sonhava com uma borboleta gigante, com asas cor de arco-íris destruindo tudo só com o toque das asas.

Ao ouvir isso, Daiya arregalou os olhos, fazendo o possível para disfarçar sua surpresa.

— Em que época foi isso? - perguntou ela.

— Eu deveria ter uns... 7 ou 8 anos, mais ou menos. Eu tenho 19 agora.

“Na mesma época em que... o sistema Moonlight Butterfly estava sendo produzido”, pensou a moça, “ele deve ter previsto o que aconteceria com o mundo se ele fosse implantado...”.

— Tive esses pesadelos incessantemente, por um tempo. Mas então, eles subitamente pararam. Há cerca de dez anos atrás, eles pararam e não voltaram mais. Deve ter sido só loucura minha, não era nada concreto. E falando em loucura... parece que logo teremos companhia.

(Música: tema alegre de Daiya)

Poucos minutos depois, o grupo da Watchtower apareceu no lago, confirmando a intuição de Karma. Ele perguntou, colocando as mãos na cintura:

— Posso saber o que os senhores estão fazendo aqui?

— Viemos conhecer a moça da Colônia dos Doces, é claro! - exclamou Siren.

— Quem diria que veríamos você com uma garota? - brincou Nix. – Isso é um milagre!

— Não é nada do que vocês estão pensando, seus bobões. Ela é minha amiga, só isso. E parem de traumatizá-la com as loucuras de vocês! Não ligue, Daiya, eles são meio “crianças”.

Daiya abriu um enorme sorriso; ficou muito feliz de ser mencionada como “amiga”.

— Não se preocupe – sorriu ela – gosto de pessoas espontâneas.

— E se ela começar a andar com a gente, tem que saber logo de cara como nós somos, pra decidir se continua conosco ou não – comentou Ilya.

— De qualquer forma... olhe, achei dinheiro! Que sorte! Hoje é o melhor dia da minha vida - exclamou Estel., pegando uma nota de cinco no chão. - A pessoa devia estar bem distraída para ter perdido, principalmente se foi um Newtype.

— Isso é o que essas provas fazem com a gente – resmungou Christine.

— Isso me lembra uma vez que encontrei uma nota de vinte – sorriu Daiya – e eu estava com fome, realmente precisando, e aquilo salvou o meu dia.

— Muito obrigado por estragar o melhor dia da minha vida – retrucou o garoto. - Ei, desculpe, não precisa fazer essa cara, eu estou só brincando... seu nome é Daiya, não é? Sou Estel Fortuna, um humilde terráqueo Oldtype perdido nesta selva flutuante Newtype. Que foi sortudo o suficiente para ser o selecionado do ano no sorteio que, a cada ano, dá direito a uma pessoa aleatória da Terra estudar aqui.

— Você é um sortudo maldito.

— Que mesmo sendo maldito, continua sortudo, Edward - brincou Estel. - Mas... de qualquer forma... você é muito bem-vinda, Daiya.

Mais uma vez, o rosto da vendedora de bolos se iluminou de felicidade.

— Quanto estão os bolos? Eu quero experimentar – pediu Zaina.

— Ninguém aqui vai experimentar nada – exclamou Karma. - Esses pedaços são todos meus, ninguém põe a mão neles.

Ilya tentou encostar a mão nos pedaços que ainda estavam no prato, para zombar do rapaz loiro. Levou um tapa no braço antes de conseguir.

— Há! Achou que poderia enganar meus infalíveis, magnânimos e velozes reflexos? - exclamou Karma, em um zombeteiro ar de superioridade.

— Pessoal, só para avisar – alertou Nix, sério, pressentindo algo com a intuição Newtype – pessoas não muito agradáveis estão vindo para cá e vão conversar conosco.

— Ah, não... eles não – resmungou Karma, também sentindo a aproximação.

Chegaram ao lago dois rapazes: Wario Ivanovitch, gordinho e de cabelos cacheados, e Wilbur Evans, alto, magro, moreno e com olhos enormes e expressivos. Daiya se encolheu quando os viu, e ocultou-se atrás do grupo da Watchtower.


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Notas finais do capítulo

Quem serão os dois rapazes que se aproximaram dos integrantes da República da Watchtower? Por que Daiya se encolheu quando os viu? E do que se trata o sistema Moonlight Butterfly, recordado pela garota com enorme receio?
Não perca o próximo episódio de Kidou Senshi VP Gundam! A sombra do Caos está à espreita.



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