Love Me Like You escrita por LadyBlue


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Hello... it's me... 'heuheu' Tudo bem?
Boa leitura!



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Charlotte Jones queria aproveitar ao máximo suas férias. Ela tinha terminado o ensino médio e sua cabeça estava borbulhando em pensamentos. Ela queria parecer grata para os pais por terem a colocado em uma universidade particular, mas Lottie — como era conhecida pelos amigos — não queria ficar longe da família, principalmente do irmão, Matthew. Vamos dizer que ambos eram como um só corpo e um só coração. Foram ensinados assim desde criança. Eles tinham que proteger um ao outro.

Charlotte e Matthew viveram dois anos no orfanato da cidade de Nova Iorque. Ele tinha quatro anos e ela, dois. Vera, a mãe adotiva, gostaria de levar para casa apenas o menino, mas a diretora do instituto insistia que as duas crianças não poderiam viver separadas e como obrigação, Charlotte foi quase amarrada no porta-malas do carro. Ambos brincavam que era um pacote fechado: leve um e ganhe outro, de graça.

Apesar de não gostar muito da sua mãe por ser rabugenta e mal-humorada, a garota tentava ao máximo respeitá-la e ser carinhosa. Já seu pai, Frank, era bem simpático e engraçado com todos, e Lottie tinha duas teorias para isso: ou tudo não se passava de fingimento ou o pai teria nascido assim mesmo. Ela gostava de acreditar na segunda opção.

Em dezessete anos de convivência com os Jones tudo na vida de Charlotte foi mudado. Seu sobrenome, seus hábitos e até a importância com a vida. Ela sentia-se culpada por não ter sido tão boa assim para a sua mãe biológica, e ser um peso para o irmão cuidar, era algo que ela nunca iria entender. E nem tentava. Havia desistido de tentar ainda muito jovem.

— Qual é o seu problema? — Vera gritou assim que a menina chegou da aula de ballet. – Não lhe damos o suficiente? Não somos bons pais para você?

— O que houve? — Lottie questionou querendo entender qual era o atual motivo da mãe estar gritando com ela. Charlotte não teve nem tempo de largar a bolsa.

— Vimos as mensagens que trocou com Amanda! Você não se sente orgulhosa de estarmos lhe pagando uma faculdade decente? — Vera gritou e apertou o dedo contra o peito da filha.

— É mãe, vamos dizer que Arizona não é o melhor lugar do mundo a se ficar, mas você não se importa, afinal estarei a 35 horas de distância de você! — Charlotte exclamou. Ela apertou o pingente que sempre carregava na pulseira, e rezou para que a discussão terminasse ali. Sabia para onde seus sentimentos a estavam levando. Seu problema era ficar a 13 horas de Matt.

—  Viu Frank? Viu no que dá? Não devíamos ter aceito quando a diretora do orfanato nos deu a menina! Matthew sim é um filho prazeroso! Ele nos dá orgulho, coisa que você nunca fez! Você nunca serviu para nada! Só é mais uma pessoa para fazer peso na Terra. — Vera continuou a cuspir as palavras contra Lottie.

— Vera, já chega! — Frank finalmente se manifestou.

— Não! Ela tem que saber! Nós só queríamos o menino, mas fomos fracos. Aceitamos a menininha meiga, achamos que ela seria tão brilhante quanto o irmão, mas se vê que não. Enquanto ele brilha em Stanford, você vai para o Arizona. — Vera gritou e aquelas palavras doíam tanto em Charlotte que ela não era nem capaz de responder. Sua garganta estava apertada, e as lágrimas teimavam em escorrer.

— Desculpe se não sou como Matt. E não tente me atingir, eu sei que desde pequena você sempre nos tratou diferente. E além do mais, meu sonho era ir para Columbia, mas você e papai não poderiam pagar isso para mim, afinal eu só vou cursar medicina. E um dia você ainda precisará de mim. — Lottie saiu da sala e foi direto para o quarto onde bateu a porta do banheiro e sentou-se sobre o tapete verde, procurando no balcão o único dos objetos que restara de sua mãe biológica, a velha caixa de música.

Dentro da caixa haviam pequenas lâminas e elas reluziam conforme Lottie as analisava friamente. As lágrimas escorriam descontroladamente e, nem a voz do irmão em sua mente conseguia impedir o que estava prestes a fazer.

Ela desejava apagar todos os conselhos. Queria ficar sozinha, na consciência de sua própria dor, e apagar todos os anos que passara naquela tortura de manter-se sorridente, fingir ser uma família perfeita.

As palavras da mãe doíam, mais do que deveriam. Ela despiu-se e esticou o braço de forma que ele ficasse dentro da banheira, e seu corpo de fora.

O primeiro doeu. Mas nada comparou-se aos outros que ficavam mais fundos. O vermelho cobria o branco da banheira. A cada corte um pequeno grito abafado escapava de seus lábios, e Lottie podia descrever que, com cada novo corte, sua mente esvaziava-se daquilo que lhe fazia mal. Cada palavra da mãe estava agora escorrendo pelo ralo em pequena gotas espessas e rubras. E ela não sentia-se mal em fazer aquilo. Sabia que automutilação não era a resposta, e muito menos, algo saudável, mas as vezes e só as vezes a dor era tão real, que ela precisava sair. Ela fez seis cortes próximos e lembrou-se da mensagem de Matt.

Seu irmão, o garoto que estava sempre ao seu lado. Onde estava naquele instante? Onde estava ele quando mais necessitava-o? Ela levantou-se, vestiu um roupão roxo, e lavou o rosto em busca de livrar-se das marcas. Ela tomou um banho longo, e vestiu-se buscando evitar que o sangue manchasse suas roupas. Ela cobriu as novas marcas com gaze e pulseiras. Maquiou-se novamente. Sorriu para o espelho e gostou do que viu. A garota de duas horas antes, havia sido esquecida, e ela estava pronta para outra. Ela revirou as bolsas até encontrar calmantes, e beber dois.

O taxi guiou-a até o endereço da festa, e assim que ela ouviu as primeiras batidas de som, ela esqueceu-se completamente do que havia ocorrido antes. Não precisava de nenhum deles para sobreviver, afinal o que seria mais alguns dias depois de 17 anos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Bjss -Blue



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