Sunshine escrita por Davina Claire


Capítulo 2
Windercup


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥

XOXO



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—Eu não acredito – Murmurou Emma para si mesma enquanto tirava o pequeno felino de dentro de sua bolsa – Desculpe Mint, sei que não deve ser muito confortável.

Simplesmente não havia um próximo ônibus. Emma teria de enfrentar dois trens para chegar no internato. O pior foi o segurança. Só faltava ele engasgar de tanto gargalhar. Ele disse que havia tido três sinais e fora anunciado em um microfone.

“Droga Nath! ” Foi tudo o que Emma pensou quando perdeu o ônibus. Ela estava pensando nele e nunca foi de seu fértil admitir que havia cometido um erro. E se pensar bem em sua cabeça fazia sentido. Ele escreveu a carta. Por causa da carta ele não parava de rondar sua cabeça.

Ela até poderia ter seguido culpando Nath por horas e horas, mas, o esganado miado do gato novamente a fez voltar a dura realidade.

—Qual seu problema, Mint? Eu estou presa em um aeroporto traficando um gato! Qual o meu problema? – Emma balançou sua cabeça indo em direção a catraca mais próxima, como havia sido indicada.

—Senhorita Martini, certo? – Indagou a mulher observando a documentação.

—Eu mesma – Respondeu rapidamente enquanto colocava o gato dentro de sua bolsa, a mulher aparentemente estava fazendo vista grossa disso.

—Uma hora de viagem, no total, claro – Ela deu um sorriso plastificado que deve ter sido muitíssimo bem treinado e destacou uma parte do bilhete único que Emma tivera de comprar.

—Onde é a localização exata do internato? – Emma questionou após já ter passado as catracas.

A mulher pareceu pensar um bocado.

—É perto de um charmoso bar, Mackplayer, imagino que não deva ter ouvido falar sobre.

—Na verdade, ouvi sim.

Foi inevitável não sorrir, aquilo era tão familiar, pela primeira vez ela poderia sentir o aroma das flores novamente.

Não era exatamente um bar, bem, até era.

Na superfície era um bar que cheirava a cachimbo recém-apagado. Já no sótão, era um espaço que jogos de fliperama, máquinas de suco e sorvete e praticamente o playground dos sonhos de qualquer criança, como ela e Nathaniel amavam aquele lugar!

Suas famílias viajavam para a Califórnia com frequência até, todas as férias de verão, os junhos eram um verdadeiro sonho para as duas crianças que passavam quase todos os dias da semana se aventurando como capitães, reis, monstros e até mesmo eles mesmos. O lugar pertencia a um primo de terceiro grau do tio Derek.

Flash Back On

—Saia de perto da princesa seu monstro terrível! – Ordenou o pequeno Nathaniel de quase sete anos de idade.

—Socorro meu bravo cavalheiro, o monstro irá me pegar! – Gritou Emma encolhida atrás de um dos jogos de fliperama, o único desocupado no momento.

—Não tema minha doce donzela! – Exclamou ele correndo até Emma e fingindo matar um dragão com sua colher de prata.

—Obrigada meu herói! – Exclamou Emma após levantar-se.

—É um prazer salvá-la meu amor! – Nath depositou um beijo entre risos na mão de sua amiga que tinha uma altura equivalente a dele.

—Como posso agradecê-lo? – Emma soltou uma doce gargalhada, atraindo muitos olhares.

—Com um beijo! – Nathaniel respondeu corando, e Emma fez o mesmo quando todos começaram a rir e gritar “beija! Beija! Beija” em meio a risos, muitos pareciam estar morendo.

Emma por sua vez, não teve dúvidas do que fazer.

Ela aproximou-se do rosto de Nath e depositou um beijo em sua bochecha, e esse simples ato fez as bochechas de ambos corarem.

Emma procurou com o olhar seus pais, que estava rindo ao lado dos de Nath.

—Eles vão se casar um dia – Sugeriu tio Derek.

—Vai ser na igrejinha perto de casa – Rio a mãe de Emma.

—Poderemos dizer que somos oficialmente parte da mesma família – Continuou Karen em meio a um gargalho.

—Vai cuidar bem da minha garotinha Nathaniel? – O pai de Emma se abaixou até a altura do garoto.

—É claro que vou tio Peter! – Exclamou Nathaniel com peito estufado e bem sério.

—Olha – Rio Peter bagunçando o cabelo de Nathaniel.

—Por que agora você dois agora não fingem que são dois piratas? – Sugeriu tia Karen e ambos riram e começaram a perseguir um ao outro.

Flash Back Of

Emma deu um gole em sua bebida e fechou os olhos sentindo sua garganta queimar, mesmo estando no metrô estava vendo um filme pelo tablete da mulher ao seu lado, o filho dela estava assistindo Procurando Nemo e não parava de cantar “continue a nadar, continue a nadar”, talvez fosse somente para Emma mas, aquela frase vivia rondando-lhe a cabeça e ela questionava se “continue a nadar” não fosse uma metáfora para simplesmente seguir em frente, não, não, é um filme infantil que ela já viu tantas vezes que se tornou irritante.

—Senhores passageiros, chegamos no último ponto, por favor desçam e verifiquem se nenhum pertence foi deixado no trem — A voz repetiu o comando por cerca de mais três minutos.

Emma puxando suas malas e carregando com cuidado a bolsa que tinha o seu gato chegou para fora da plataforma “agora só falta um taxi” pensou.

***

Em frente a um ponto de taxi ela aguardava junto a uma senhora, e a mesma mulher do Procurando Nemo.

—Está indo para onde? – Uma voz soou ao seu lado, ela se virou, o peixinho da mulher havia parado de cantar.

—Ao Windercup pequeno, e você – Ela não se deu ao trabalho de se abaixar para ficar da altura do garoto.

—Vou ao médico, estou dodói – O menino disse. Emma olhou para a mãe dele, ela deveria ter uns quarenta anos, profundas olheiras e o cabelo preto estava todo emaranhado, suas roupas completamente desleixadas. Só foi nesse momento que ela notou algo no garoto.

Ele era praticamente careca e em seu nariz havia algo que parecia tubos. Provavelmente ele tinha câncer.

O taxi chegou, era a vez de Emma, ela estava exausta, gostaria de poder dormir ali mesmo, porém seus olhos estavam começando a se encher de lágrimas e sua garganta a se fechar, aquele garoto poderia morrer a qualquer momento, não é? Qual um pode, no final das contas. Ela apenas acenou para a mulher entrar, a mesma suspirou e com os olhos lacrimejando deu um abraço meio desajeitado em Emma.

—Obrigada moça – Disse com a voz embargada.

Emma não a respondeu, apenas fitou o garoto.

—Sabe quem você me lembra? O Flash! Gosta do Flash?

O garoto assentiu sorrindo.

—Ah é? Então – Ela se abaixou – Posso te contar um segredo? – O garoto sorriu risonho - Você conheceu a melhor amiga do Flash, eu! Mas, olha, não fala para ninguém tá? – O menino de boca aberta fez que sim com a cabeça – O Flash me disse que você é o menino mais esperto que ele já viu! E que é quase mais rápido que ele! Uau! – Emma abriu a boca “chocada” e o menino fez o mesmo – Só não esquece disso, okay amiguinho? – Ele completamente entusiasmado entrou no taxi contando a mãe que ele não poderia contar a ninguém, que eles não poderiam.

Emma encostou-se novamente no ponto esperando um taxi que esse sim, infelizmente, tardou a chegar.

***

Largos corredores, milhares de alunos passando e atropelando uns aos outros, armários por toda a parte, o lado de fora era separado do colégio por paredes de vidro que estavam sendo fechadas por causa de uma provável tempestade, então sem jardim para Emma, por enquanto.

Ela tinha que fazer o que mesmo primeiro? Bem, na secretária, ela suponha, porém, achou melhor seguir o mutirão de alunos que na realidade, dava em uma parede.

—Oh meu Deus! Ficamos no mesmo dormitório! – Exclamou uma garota loira abraçando uma aparentemente amiga que apenas retribuiu sorrindo.

—Sim, só queria saber quem é Michele.

—Ah – A loira deu de ombros – Não importa, só espero que seja legal! – Exclamou e deu um sorrisinho bem doce.

Oh sim, os quartos são divididos em três ou quatro pessoas. As listas pareciam não acabar mais, Emma sentiu até medo de não achar seu dormitório, porém avistou algo engraçado, seu quarto na verdade, era o primeiro da lista “uma vez ter sorte não é nada mal” pensou ironicamente.

Dormitório 1(um)

Sallyane Blaut (17 anos)

Emma Willow Martini (17 anos)

Francisco Cansi (17 anos)

 O que? Um garoto? Provavelmente foi um erro de digitação, deve ser um erro de digitação.

Emma seguiu até o dormitório 1, bateu na porta e uma voz masculina respondeu.

—Pode entrar.

Emma obedeceu o comendo a colocou suas malas dentro do dormitório.

—Um homem? – Deixou escapar, ele apenas se virou e riu.

—Me chame de Francis. Foi um pedido especial na verdade.

Emma o fitou confus.

—Muitos caras costumam fazer bullying comigo, sou gay – Disse e a olhou provavelmente certificando se ela compreendia – Me colocaram aqui porque disseram que havia uma garota com irmão gay, que assim ela não me maltrataria e talvez me defenderia caso a outra começasse a agir agressivamente. Você é a do irmão gay?

—Er... - Emma precisou de um minuto para absorver a história – Sou, tenho dois irmãos, Cooper e Stefan, Stefan é gay – Esclareceu.

—Emma ou Sallyane? – Indagou ele confuso embolando o segundo nome.

—Emma e creio que se pronuncie Sellyene – Emma sorriu de lado.

—Ah sim – Ele sorriu – Deve ser. Foi um prazer lhe conhecer Emma mas... – Francis foi cortado por um estranho barulho...oras! Mint!

—Ah...- Emma ficou sem explicação – Guardaria um segredo?

—Depende – Ele a olhou desconfiada – É um corpo?

—Não! – Emma até mesmo deu um passo pata trás. Tirou Mint da bolsa – É um gato.

—Oras! – Os olhos de Francis chegaram a brilhar – Eu amo gatos – Ele praticamente arrancou o felino das mãos de Emma.

—Bom saber – Emma rio meio sem graça.

—Gostei de você, a propósito, acho que seremos bons amigos – Ele sorriu ainda encantado com o gato.

—Eu ou o gato? – Deixou escapar.

Ele olhou para ela e rio.

—Os dois.

Nesse momento a porta de abriu abruptamente e uma garota morena, alta, mas, não tão como Emma, com cabelo comprido e roupas aparentemente bem simples, adentrou.

—Sallyane? – Francis a olhou arrancando a bolsa de Emma e colocando o gato lá dentro.

—Se tem outra garota aqui, o fantasma da ópera que não é – Ela deu um sorriso meio debochado.

Francis apenas fez uma careta.

—Acho que vou cuidar disso – Ele olhou para bolsa e involuntariamente Emma agarrou a mesma.

—O que? O que vai fazer?

—Calma – Ele rio – Conheço um bom lugar, confia em mim – Disse já saindo.

—Ah, que lindo – A garota cruzou os braços – Um casalzinho no meu quarto? – Ela parecia indignada

—Ele é gay, por isso está aqui – Esclareceu rapidamente.

—Hm que seja – Ela jogou sua mala em cima da cama do lado da janela. Deixando para Emma a do meio.

—Eu...

—Escuta Willow – Emma a cortou.

—Prefiro Em... – Agora, ela que foi cortada.

—Que seja! – Exclamou – Eu vou dar uma volta, não mexa nas minhas coisas – Declarou já saindo.

—Boa sorte com os panacas – Respondeu Emma um tanto irritada, porém isso mudou quando Sallyane parou no meio do caminho e virou de costas dando um sorriso, não um sorriso feliz, mas, agora digamos, aprovador, aprovando o que Emma pensava desse lugar.


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Notas finais do capítulo

Hey! Me digam o que acharam, o que posso melhorar, se gostaram, críticas são sempre bem vindas



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