O Quarto de Henry escrita por RachelEvilRegal


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Galera, essa é a minha primeira one shot e espero de coração que vocês gostem.

A história é narrada pelo Henry. A ideia principal é vocês entrarem nesse mundo de fantasia e inocência dele



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Hoje eu estou fazendo 6 anos. Faz 6 anos e 9 meses que a mamãe Emma e a mamãe Regina chegaram no Quarto. Antes disso, elas viviam na floresta encantada. Lá, todos os tipos de criaturas mágicas, como fadas e até príncipes e princesas eram amigos da mamãe Emma. Ela é filha de dois deles, Branca de Neve e o Príncipe, e sempre me contou que os dois se amavam muito. A mamãe Regina era malvada antes, mas tudo bem, porque a mamãe Emma fez com que ela ficasse boa e ela deixou de ser a rainha má.

                Agora, eu posso ver todo mundo da floresta encantada na TV. Eu já vi muitas vezes o vovô acordando a vovó, a amiga deles Cinderela perder o seu sapatinho de cristal e a corajosa Merida salvar a mamãe dela.

— Mamãe Emma, o que tem além do Quarto?

— O espaço, Henry. Vários mundos que um dia vamos conhecer. E tem o céu também, para onde vamos quando não tiver mais magia no Quarto.

— E a floresta encantada não existe mais? O vovô e a vovó só existem na tv agora?

— Infelizmente sim, meu pequeno príncipe. Mas os personagens de conto de fadas mandaram toda a magia para cá, bem aqui, no Quarto.

A mamãe Regina anda muito triste. Ontem o homem veio visitá-la enquanto dormíamos e eu ouvi ela chorando. Odeio ver ela chorando. Ninguém deveria ficar assim no Quarto.

Ele vem todas as noites. Eu nunca vi o rosto do homem direito, porque as minhas mamães dizem que a mágica do Quarto pode ir embora se eu fizer isso. Então eu vou dormir todos os dias dentro do guarda roupa, e acordo entre elas duas. Mágico, né?

Eu sei que o homem trás comida e as coisas que precisamos através de mágica nos domingos para nós, e hoje era domingo e também o meu aniversário. Nunca ganhei nenhum presente, mas a mamãe Emma prometeu que ia me fazer uma “surpresa”.

— Nós vamos fazer um bolo de aniversário.

— Não brinca! Iguais aos da TV?

—Isso, Henry. Igualzinho ao da TV.

Mamãe Emma me ensinou a quebrar os ovos sem que eu me sujasse todo. E também explicou que eles vem das galinhas, um tipo de bicho que só existe na TV. Assim como as árvores e todos os outros tipos de bichos, menos uma aranha, que já entrou no Quarto uma vez.

— Mamãe Emma, a mamãe Regina pode nos ajudar?

— Vamos deixa-la descansar, garoto. Prometo que mais tarde ela vai comemorar com a gente.

Terminamos o meu primeiro bolo de aniversário e a mamãe Regina levantou da cama. Ela acordou bem mais risonha e eu adorava vê-la feliz.

— Mamãe Regina!- eu disse, dando um mega abraço nela.

— Meu príncipe! Feliz aniversário!

— Ontem eu fui dormir com 5 anos e hoje acordei com 6. Demais, né?

— Abracadabra! Olha só... Está nevando hoje.- disse a mamãe Regina, me pegando no colo e apontando para a claraboia. Eu nunca tinha visto neve antes e minha boca fez um formato de “o”.

Ela diz que não temos janelas no Quarto porque se não a magia vai embora. E disse também que, quando eu tivesse 6, eu poderia entender tudo sobre a magia e me tornar um cavaleiro. O que a mamãe Regina não sabe é que andei treinando durante muito tempo com a minha espada que a mamãe Emma fez pra mim com papelão, e estou mais do que pronto para ser um cavaleiro de verdade.

A única coisa que separa o Quarto do céu e do espaço é a porta. Já peguei a mamãe Regina tentando abrir a porta várias e várias vezes. Mas ela não pode. Não pode ir pro céu sem mim e a mamãe Emma.

—Feche os olhos...

Fechei o mais forte que eu podia. Mamãe Emma disse que eu não posso abrir os olhos quando ela mandar eu fechar, porque se não eu podia parar de acreditar no mundo encantado. Disse também que o homem tenta roubar a magia toda noite, e que elas dão um jeito nele. Mas que, se eu abrir os olhos, não é para ter medo. É só contar até 10 várias e várias vezes.

— Feliz aniversário,garoto!- disse a mamãe Emma. Fiquei triste, porque não era igual aos bolos de aniversário da Tv.

— Cadê as velas pegando fogo?

— Desculpa, Henry. Não temos nenhuma vela.

— Mas assim não é um bolo de aniversário!

Mamãe Regina tentou me abraçar, mas eu queria assoprar as minhas velas de aniversário e me soltei dela.

— Vamos... Dê só uma mordida.

— Não quero! Você disse que eu ia ganhar um bolo de aniversário! E não pode ser um bolo sem as velas!

Fiquei triste com a mamãe Emma o resto do dia, não só pelo bolo, mas também porque eu não tinha me tornado um cavaleiro como ela me disse. A mamãe Regina chorou enquanto eu e ela estávamos assistindo Up! Altas Aventuras na TV.         Não entendi por que. Sempre achei que o amor dela e da mamãe Emma ia além do céu.

— Vamos, meu príncipe. Está na hora de dormir.

Entrei no guarda roupa e não estava com sono. Eu também queria ter certeza de que a mamãe Regina não estava mais triste.

— Mamãe Regina, por que você estava triste?

— Por nada, Henry. Às vezes é o preço que eu tenho que pagar por ter sido a rainha má.

— Mas a mamãe Emma salvou você, não foi? Aí vocês encontraram o amor e eu caí do céu dentro da sua barriga. Aí eu nasci e vim pro Quarto encontrar com a mamãe Emma também.

— Salvou sim, meu cavaleiro. Aliás, ela não mentiu pra você. Eu sinto que tem magia dentro de você agora.

— Podemos salvar a floresta encantada agora? E depois você pode cantar pra mim.

— Amanhã. Agora, boa noite, Sr. 6 anos.- mamãe me deu um beijo e começou a cantar.

Sentimentos são

Fáceis de mudar

Mesmo entre quem

Não vê que alguém

Pode ser seu par

 

Basta um olhar

Que o outro não espera

Para assustar e até perturbar

Mesmo a Bela e a Fera

 

Sentimento assim

Sempre é uma surpresa

Quando ele vem

Nada o detém

É uma chama acesa

 

Sentimentos vêm

Para nos trazer

Novas sensações

Doces emoções

E um novo prazer

 

E numa estação

Como a primavera

Sentimentos são

Como uma canção

Para a Bela e a Fera”

Eu acordei no meio da noite com o barulho da porta e ainda não estava dormindo entre a mamãe Emma e a mamãe Regina. O homem tinha entrado e eu fiquei com muito medo. Eu vi o rosto dele pela primeira vez na fresta do armário.

— Não me disseram que era aniversário dele. Amanhã vou trazer um presente para ele. Aliás, ele fica dentro daquele guarda roupa o dia inteiro?

Bati no fundo do armário e ele se virou pra mim. A mamãe Regina começou a gritar.

— Não ouse encostar nele!

Chorei baixinho quando ele bateu na mamãe Regina e a mamãe Emma tentou ajudar ela, mas o homem bateu nela também.

— Depois de todos esses anos, eu esperava um comportamento melhor de vocês duas.

—1, 2, 3, 4....

Fechei os olhos e comecei a contar, porque se não a magia do Quarto ia embora. A última coisa que eu ouvi antes de dormir foi uns rangidos estranhos da cama e uns barulhos do homem que eu nunca tinha ouvido. Será que a cama estava criando vida?

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De manhã, a mamãe Regina me colocou para dormir entre ela e a mamãe Emma. A mamãe Regina nunca dormia. Ela dizia que era um maldição que o homem tinha lançado sobre ela que a atormentava.

Quando acordei ela já estava fazendo o café, como sempre. E meus olhos brilharam quando vi algo embrulhado em cima da mesa.

— Isso é pra mim?

— Uhum.- disse a mamãe Regina.

— Mas hoje não é domingo. Por que o homem trouxe isso se ele nem sabia que era o meu aniversário?

— Por que ele não gosta que você fique no quarto, Henry.

— Mas ele me trouxe um presente de aniversário!

— Não é de verdade, está bem? Ele só quer enganar você.

— Não quer não! Você sabe que o homem consegue tudo com a magia.

— Olha só, Henry... Você já tem 6, então é bem grandinho. Lembra quando eu te mostrei a neve caindo em cima da claraboia?

— Sim.

— Então, a neve é uma coisa do mundo.

— E o que é o mundo?

— Lembra quando a aranha entrou no Quarto? Então, você não viu mais ela, não é? Quer dizer que ela saiu para o mundo.

— Mas depois do Quarto só existe o espaço e o céu!

— Príncipe, olha, você tem que nos ajudar! Tem muitas coisas além do quarto. Coisas maravilhosas que não existem aqui. Eu e a mamãe Emma nos conhecemos fora do quarto. Nos apaixonamos, porque é isso que acontece com as pessoas que gostam uma das outras. Então, você começou a crescer dentro da minha barriga e ficamos muito felizes. Foi quando conhecemos o homem. O nome dele é Robin e ele nos enganou e nos trouxe pra dentro do quarto. Ele é malvado, maltrata eu e a mamãe Emma, entendeu?

— Essa história é mentira! A mamãe Emma salvou você e depois que todos os personagens de contos de fada foram parar na TV, vocês vieram pra cá pra salvar eles um dia!

— Eles não existem, Henry! Inventamos a magia para que mais tarde você entendesse o mundo! Mas agora você já pode entender, então ela não precisa mais existir.

— Eu quero um final diferente! Você disse que a magia estava dentro de mim! Mentirosa! Isso não é legal.

Comecei a chorar porque eu não queria acreditar em tudo que ela estava me falando. A mamãe Emma estava nos olhando.

— Você está certo. Me desculpe! Não foi nada legal. Vem cá.

Me senti culpado por ter gritado com a mamãe Regina. Ela nunca chorava, dizia que dóia demais, mas a mamãe Emma estava chorando e me abraçando ao mesmo tempo e eu entendi porque elas se amavam tanto. Mamãe Emma disse que amar é sempre querer ver a outra pessoa feliz, mas estar nos momentos tristes com ela também.

— Mamães, as pessoas da TV existem?

— Existem sim. Elas são chamadas de atores e atrizes.

— O vovô e a vovó são atrizes?

— Não. Mas eles existem, lá fora, no mundo.

— Quando o Robin aparecer, eu vou chutar a bunda dele!

— Garoto, eu e a mamãe Regina já chutamos a bunda do Robin. Tem uma senha que se coloca na porta, tá vendo? É o que faz a porta abrir.

— Então porque vocês não colocam a senha e nós fugimos para o mundo?

— Porque só ele sabe a senha. Um dia, pegamos uma coisa bem pesadas e o acertamos na cabeça quando ele abriu a porta. Mas ele não morreu e segurou a mamãe Regina pelo pescoço. É por isso que ela tem aqueles machucados.

— Então, vamos matar ele enquanto ele dorme!

— Não é tão fácil assim. Vem, hora de dormir. Amanhã pensamos numa maneira de acabar com ele.

— Mamãe Emma?

— Oi, garoto?

— Eu amo você. E amo a mamãe Regina também. Diz pra ela que tudo bem sentir medo do homem. Eu e você estamos aqui para proteger ela.

— Estamos sim. Boa noite.

Demorei para dormir porque eu ainda estava sorrindo demais. O mundo devia ser superlegal. Vários lugares novos pra gente explorar. Mas o Quarto ainda tinha alguma coisinha de mágico. O amor entre a mamãe Emma, eu, e a mamãe Regina era mágico. Hoje vi pela primeira vez na minha vida aqui no Quarto as duas se beijando, e parecia mágica também.

— Amo você, Regina Mills.

— Amo você, miss Swan.

— E eu amo vocês, mamãe Regina e mamãe Emma.

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— Mamãe Regina, bons sonhos.

Acho que foi a primeira vez que acordei de manhã e ela estava dormindo. Mas a mamãe Emma ficou no lugar dela e já estava servindo o meu sucrilhos. Ela veio até a cama e eu acabei não levantando.

— Bom dia, garoto.

— Bom dia, mamãe Emma!- respondi.- O que acontece quando a gente sonha? A gente viaja pro mundo?

— Xiiii, vamos falar baixinho para não acordar a sua mãe. Então... Não. Ficamos bem aqui, no quarto. Assim como ela.

— Faz sentido.

— Henry... Olha só. Você quer ver o mundo, não quer?

— Quero.

— Então você tem que prestar bastante atenção no que eu vou falar, está bem?- balancei a cabeça, fazendo que “sim”.- Ótimo. Assim... A mamãe Regina vai se fingir de doente, só de mentirinha. Mas você vai se fingir de morto, o que é bem mais difícil.

— Eu vou ter que abandonar você e a mamãe Regina?!

— Não! Claro que não. Mas vai ter que ser muito corajoso, entendeu? Se fizer tudo direitinho, vamos no encontrar no mundo bem rápido.

— Estou com medo.

— Sei que está. Mas olha que legal... Você vai ver o mundo, garoto. E ainda vai poder carregar um pedacinho de mim e da mamãe Regina com você. Toma... São as nossas alianças. Vem, vamos treinar.

Mamãe disse que eu tenho que ficar bem parado, como um robô. Não posso falar nada nem fazer nenhum barulho. Treinamos o plano no tapete mágico, que antes era do Aladdin, mas agora não era mais.

— Escute, garoto. O Robin vai pegar você e aí você vai ficar igual ao quebra nozes, sem se mexer. Daí ele vai colocar você na picape dele. É importante que fique bem paradinho até conseguir enxergar a placa de “Pare”. Sabe o que é uma placa?- eu disse que sim.- Ótimo. Aí você rola, e rola e rola até sair do tapete e pula. Vai gritar para primeira pessoa que vir “socorro” e entregar esse papel aqui. Diz que as suas mamães são a Emma e a Regina, está bem?!

Ouvimos um barulho na porta. Era o homem. Fiquei gelado igual a um picolé e comecei a tremer de medo.

— Eu amo você.- a mamãe Emma disse, beijando a minha testa e me enrolando no tapete. Ela estava chorando.

— O que aconteceu?

— A neve... Ficou muito frio e eu não consegui aquecê-los. Regina é forte, já enfrentou o mundo lá fora... Mas o Henry, nosso pequeno Henry não. Eu não consegui salvá-lo.

— Jesus. A Regina está queimando. Você tem certeza que o guri morreu?

— Se eu tenho certeza? Ele é o meu filho! Não ouse tocar nele!

— Está bem, está bem. Mas ele não pode ficar aqui, você sabe.

— Sim. Estou pronta para dizer adeus para ele. Sei que é a coisa certa a fazer, por mim e pela Regina. Só, por favor, seja gentil com o nosso menino. Leve-o para um lugar bonito.

O Robin pegou no tapete e eu me esforcei até que parei de tremer. Uma luz estranha entrou pela fresta do tapete. Deve ser a coisa que as minhas mamães me falara: o sol. Depois vi algumas folhas no chão. Eu sei o que são porque já vi algumas caírem na claraboia.

Doeu quando ele me jogou na camionete. Mas depois a mamãe Regina dava beijinho que passa. Espiei pela fresta. Passamos a primeira placa vermelha escrito “pare”. Comecei a rolar, porque vai que só existissem duas placas de pare.

Foi a primeira vez que vi o céu. Tão bonito e mágico. Foi quando o homem parou de novo e eu voei da camionete.

O sol estava me perturbando e eu não conseguia enxergar direito. O homem estava correndo atrás de mim e eu só conseguia falar “socorro” baixinho, quase que cochichando. Bati num moço. Ele realmente parecia com uma pessoa da TV. Ele me ajudou a levantar e o Robin saiu correndo pra bemmmm longe.

— Menino, você está bem?

Tirei o bilhete da mamãe Emma do bolso e dei pra ele. Então, eu me senti igual a bela adormecida, só que menino, e tudo ficou preto.

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— Menino, menino! Você está bem?

Uma moça estava me chacoalhando. Eu já tinha visto pessoas vestidas igual a ela na TV. Se chamava policial.

— Olá. Pode me dizer o seu nome?

— Henry...- sussurrei. Eu acho que estava sentindo dor.

— Desculpa, querido. Pode repetir?

— Henry.— falei um pouco mais alto. Estávamos dentro de um carro que fazia um barulho bem alto. Aquilo se chamava sirene, eu acho.

— Ótimo. Henry, vamos levar você para um lugar seguro, está bem? Mas agora eu preciso que você me conte, querido. Aquele homem, era o seu pai?

—Não...Mamãe Emma mandou eu pular quando a camionete parasse. Aí ela parou 2 vezes, mas só na terceira que eu consegui. Mas daí eu caí....

— Ele estava prendendo você e a sua mãe?

— Não. Mamães.

— Tá bom. Mas onde, Henry?

— No Quarto.

— Onde é o Quarto, Henry?

— Eu não sei. Mas a gente via o mundo pela claraboia.

Eu entendi.- me assustei com o barulho do rádio. Eles não pareciam tão altos na TV.- Central, temos uma situação. Acho que é o caso das Swan Mills. O filho está aqui comigo, mas procurem no satélite um provável galpão com claraboia e uma camionete preta também. Provavelmente umas 3 quadras atrás da minha posição.

Dormi de novo. Acordei e mais carros com aquele barulho estranho estavam parados. A moça saiu e não consegui ver as minhas mamães em lugar nenhum.

Foi então que eu vi as duas juntinhas. A mamãe Regina estava chorando, mas ela não parecia com dor e nem triste. Acho que ela só queria me ver, porque veio correndo até o carro e a mamãe Emma vinha correndo atrás dela.

— Henry!- Ela me deu um daqueles mega abraços. E depois a mamãe Emma me abraçou também, igual a um sanduíche. As duas estavam chorando.

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— Até que enfim, seu dorminhoco.

— Mamãe Emma, eu fiz companhia pra mamãe Regina, viu?

— Vi sim, garoto. Que tal um ataque de cócegas?- Mamãe Emma começou a me fazer um monte de cócegas até eu rir de montão. E disse que a mamãe Regina estava cansada ainda, mas que logo ia brincar mais com a gente.

Fazia dois dias que eu estava no mundo. No início, eu achei que a gente estava em outro planeta, porque eu vi muito mais coisas do que aparecia na TV. O vovô e a vovó são muito legais. Eu tinha medo de falar com eles no início, mas comecei a gostar deles quando falaram que viverem aventuras parecidas com a da branca de neve e o príncipe encantado.

Descobri também que eu tenho dois vovôs e duas vovós. O “vovô” e a “vovó” são os pais da mamãe Emma e os outros dois são os da mamãe Regina. Mas ela disse que não gostavam da mamãe Emma, então não viam mais ela.

No primeiro dia, nós estávamos em um lugar chamado hospital. Lá, tinham médicos, que são pessoas que cuidam de outras pessoas. Eles me deram uns óculos escuros legais pra mim me acostumar com o sol, um negócio chamado protetor solar pra que ele não me queimasse também. Ah, e eu também tomei vacina. Doeu, mas mamãe Emma disse que ia me proteger dos bichinhos que flutuavam no ar.

Do lado de fora do hospital e da nossa casa tinham várias pessoas. Elas me deram alguns presentes e disseram que eu era um herói. Eu também nos vi na TV.

A mamãe Regina voltou do hospital só no nosso segundo dia do mundo. Mas não era nada demais, os médicos só precisavam ver o pescoço dela e também a barriga por causa de quando eu saí de dentro dela.

Ouvi ela e a mamãe Emma sussurrando alguma coisa sobre um negócio câncer. Eu aprendi que era o meu signo, quer dizer, o negócio do mês que eu nasci. Então achei que estavam falando sobre mim.

— Mamãe Regina?- sussurrei.

— Oi, meu príncipe. Que bom acordar assim grudadinha em você.

— O homem mau não vai nos achar, não é?

— Não, ele não vai. Agora seremos só nós, desvendando todas as coisas do mundo.

— Promete que vamos desvendar o mundo todo antes de irmos morar no céu?

— Prometo.

Um pouco depois a mamãe Regina foi no banheiro e não voltou mais. A mamãe Emma tinha ido comprar comida com o vovô e a vovó, então me senti muito sozinho. Abri a porta do banheiro e ela estava deitada no chão com os olhos abertos. “a mamãe é um zumbi.” Pensei.

Mas eu vi que ela tinha vomitado, e a mamãe Emma disse que isso acontece quando estamos doentes. Já aconteceu comigo, mas eu não me lembro.

— Henry?- A mamãe Emma tinha chegado.

— Mamãe Regina?- cutuquei ela e minha mamãe começou a tremer. Aquilo me deixou muito assustado. Ela estava doente.- MAMÃE! MAMÃEEEE!

— Henry! O que foi?- disse a mamãe Emma depois de subir as escadas correndo.

— A mamãe Regina está doente!

— Ai meu deus...- Segurou a mamãe Regina e a chacoalhou sem parar. Chamou também, mas ela não respondia.- Mãe, chama uma ambulância!

Comecei a chorar. A mamãe Emma estava muito agitada. Ouvi as sirenes lá fora e os médicos entraram na nossa casa.

— Henry, eu amo você! Vai ficar tudo bem, garoto!

Vovó me segurou pra que eu não seguisse elas. Eu não queria ser separado das minhas mamães de novo. Depois de eu chorar muito e a mamãe Emma ter ligado pro vovô dizendo que a gente podia visitar a mamãe Regina no hospital eu fiquei mais calmo.

                 Mamãe estava com uns fios estranhos ligados no braço dela. Ela disse que eram pra deixar ela mais forte.

                - Mamãe Regina, não me assusta mais, ouviu?!

                - Pode deixar, meu príncipe...- ela riu e depois começou a chorar.

                - Porque você está chorando? Eu te deixei triste?

                - Claro que não, meu anjo! Você sabe que eu sempre amo te ver... Vem cá- nos abraçamos por algum tempo e depois senti a mão da mamãe Emma nas minhas costas. Vovó me pediu pra sair do quarto da mamãe com ela, porque a mamãe Emma estava chorando.

                Não sei quanto tempo passou, mas mamãe Regina estava se recuperando. A mamãe Emma não brincava mais tanto comigo, mas tudo bem. Eu sei que ela precisa descansar, e eu também arranjei um amigo, o que deixou ela muito feliz.

                Perto do meu aniversário de 7 anos, eu estava brincando na sala quando ouvi uma conversa da vovó e da mamãe Emma na cozinha.

                — Não importa o que eu faça, mãe, eu não posso esconder isso para sempre. Eu me culpo tanto... Fui eu quem insistiu para que eu e a Regina tivéssemos um filho. Eu não sabia quem o Robin era, mãe. Na minha visão ele só era o médico que ia no ajudar a ter o nosso filho. Eu não sabia que ele ia nos enganar e nos deixar naquele inferno por 7 anos!

                - Emma, você sabe que não pode se culpar. O mundo é cruel, e eu mais do que ninguém tentei te proteger dele. Mas eu falhei, e foi inevitável. A dor é inevitável. Vocês fizeram algo mágico. Criaram o Henry com todo o amor do mundo e também o protegeram de qualquer mal. Ele é um menino de ouro. E a Regina sabe disso. Ela sabe que fez o bem. Sabe que o dever dela está cumprido.

                - Sabe o que é mais engraçado? Tínhamos tudo para nossa vida ser perfeita quando saíamos do Quarto. Mas não importa o que eu faça, eu não consigo ser feliz. Criamos um mundo de fantasia pro Henry e a única coisa que me mantinha forte todos os dias era ver aquele brilho nos olhos dele. Mas não consigo dizer pro Henry a verdade, não consigo dizer adeus pra Regina.

                - Mamãe?- eu disse, entrando de fininho. Mamãe Emma estava chorando.

                - Garoto! Vem cá...

                - Por que você vai dizer adeus pra mamãe Regina?- mamãe Emma se ajoelhou e ficou do meu tamanho.

— Ela quer ir pro céu sem nós. Que coisa, não é?

— Mas não pode! Ela prometeu!

— Eu sei, garoto. Eu também prometi um monte de coisas que não posso cumprir. Mas ela é a sua mãe, e eu a amo. Então, o que me diz de irmos vê-la, pra você conversar com ela? Temos que ser meio durões sabe, dizer que ela não pode ir  e tal.

                Quando chegamos no quarto da mamãe Regina, ela parecia estar dormindo. Mas a mamãe Emma me explicou que era um sonho profundo, e que a gente não podia acordar ela, igual a Bela Adormecida.

                - Você pode dar um beijo de amor verdadeiro nela, mamãe Emma. Aí ela vai acordar.

                - Que tal você falar com ela antes, garoto? Aí depois a gente faz ela acordar.

                - Tá bom. Mamãe Regina... Você disse que a gente ia desvendar o mundo. Bom, eu não quero sem você. Então acorda, tá? Não vai pro céu, por favor.- a mamãe Emma estava chorando, e eu me afastei da mamãe Regina pra elas conversarem.

                - Hey, sei que você deve estar no décimo quinto sono agora, mas quero que saiba que eu deixo você ir. Sabe, meu amor, todos passam por momentos ruins em algum momento. A vida não é fácil... Sabia que, normalmente, as pessoas mais fortes são as mais sensíveis? O mundo pode parecer doloroso... Ele está tirando você de mim. Está cometendo a injustiça de nos tirar a felicidade nesse momento. Porque nós finalmente estamos livres, e você está doente...- as lágrimas já corriam do seu rosto, mas mamãe Emma abriu um sorriso.- Eu te amo tanto! Amo pela guerreira que você foi, por ter me amado como ninguém nunca amou e jamais vai amar. Amo você por termos criado a coisa mais importante da minha vida, o Henry... Amo o fato de você não ter deixado eu desistir dele e de você, me dando forças todos os dias. Vai em paz, meu anjo.

                Um barulho veio da TV que estava ligada nos fios da mamãe Regina. Vários médicos já vinham pelo corredor. Abracei a mamãe Emma por trás enquanto a gente saía do quarto.

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A mamãe Regina foi teimosa e foi pro céu antes da gente. Mas a vovó disse que ela está cuidando de nós lá de cima. A mamãe Emma ficou triste no início, mas eu falei pra ela que não precisava.

Aprendemos a jogar futebol, a patinar no gelo e eu provei todas as comidas que queria provar! Aliás, sorvete congela o cérebro. Eu descobri isso. Também conhecemos vários e vários lugares, tantos que eu não sei como cabem dentro do mundo.

Eu pedi que a mamãe Emma me levasse pro Quarto. Eu estava com saudades de todas as nossas aventuras lá, de quando era eu, ela e a mamãe Regina.

                - Eu acho que não é aqui.- cochichei pra ela.

                - É sim, Henry. Ali está o seu armário, viu?

                -Parece tão pequeno.

                - Não é pequeno. Sempre foi desse tamanho. Nós que tornamos o Quarto um lugar maior com as nossas brincadeiras.

                - E cadê as nossas coisas?

                - Não estão mais aqui, Henry.

                -É. Não é mais o Quarto. Não tem as nossas coisas, nem a mamãe Regina e a porta está aberta.

                - Você quer que eu feche a porta?

                - Não... A gente pode ir?- mamãe fez que sim com a cabeça, e ficou observando o Quarto um pouco- Tchau, quarto. Mamãe, dá tchau pro quarto

                 Ela deu, mas nenhum barulho saiu da boca dela. Me pegou no colo e olhei uma última vez pra trás. Parecia um burraco. Estava nevando, assim como no dia do meu aniversário de 6 anos que a mamãe Regina me acordou. Às vezes eu queria ter 6 anos de novo.


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Notas finais do capítulo

O meu muito obrigada para quem leu. Espero que tenham gostado, amores. Não foi nada fácil de se escrever. Espero comentários para quem quiser discutir/deixar a sua opinião sobre a fic. Até a próxima ♥