Alguém Disse Poesia? escrita por Perugia


Capítulo 19
Pensamentos Aleatórios


Notas iniciais do capítulo

Apenas pensamentos aleatórios que tive vontade de postar.



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Antes de tudo é preciso entender que você não é especial, você não é interessante, você não é belo, você não é sequer quem gostaria de ser,você é apenas um fragmento de algo muito maior, um dia você irá desaparecer e o que terá deixado para trás? Nada, você passou a vida toda tentando preencher o seu vazio existencial com futilidades, mas ele nunca se preencheu de fato não é mesmo? Pelo contrário, a cada dia passado ele se dilatava e ficava maior, maior, tão grande a ponto de te engolir, e ele te engoliu,mas você já estava morto, você nunca chegou de fato a viver, você é apenas um cadáver ambulante sem caixão e sem velório esperando por um buquê de flores e algumas lágrimas desprovidas de sentimentos.

Você nunca é a mesma pessoa quando acorda pela manhã, há sempre algo faltando, algo que se perdeu na noite anterior, algo que não irá voltar, mas você nunca sabe o que é, na verdade você sabe tão pouca coisa, você é apenas um robô, um mísero robô operando até a bateria se acabar.

Século XXI e seus celulares parasitas, computadores faz-tudo, TVs inteligentes, transmissões via satélite, carros de marca, mensagens instantâneas, comida artificial, aviões supersônicos, pílulas milagrosas, deuses de neon, zumbis de garagem, relacionamentos fúteis, interações desnecessárias, filho você está vivendo no século mais vazio da história, apenas conforme-se e faça parte da festa, beba algo forte, fume um cigarro ou dois, fique com alguém cujo amanhã o nome será esquecido, destrua algo pelo prazer de destruir e então retorne para sua vida fodida, ninguém irá sentir sua falta, você é um fantasma, um maldito fantasma, e como todos sabem fantasmas não existem.

Há dias em que você acorda puto e nem sabe ao certo o por quê, tudo que sabe é que quer destruir algo, quebrar algumas leis, iniciar uma discussão infantil, falar alguns palavrões, perder um pouco de sangue, beber além da conta, passar uma noite na cadeia, balançar as estruturas do mundo, sair da rotina, mas você não sai, o máximo que consegue fazer num desses dias fodidos é colocar seu melhor sorriso de psicopata no rosto e fazer o que te ensinaram fazer, nada.

Então você se encontra em uma fase estranha da sua vida, resolveu que era hora de se autoconhecer, mergulhar fundo no seu eu interior, fuçar em cada canto empoeirado da sua mente, e você fuçou, descobriu coisas que imaginou não existir, sentimentos que estavam lá desde o começo só esperando para serem descobertos, e isso te assustou, ainda assusta, este não sou eu você repete a si mesmo, eu não sou assim, mas no fundo você sabe que é, você despertou o seu lado mais estranho e no começo teve medo, é normal ter medo, o que não é normal é não aceitar quem você é de verdade, vulgarmente viver pela metade, morrer no casulo sem sequer sair da puberdade.

Você vai morrer de qualquer jeito, pode ser amanhã ou daqui sessenta anos, então pare de reclamar do que tem ou do que não tem, deixe de ser chato, sem graça e politicamente correto por um dia que seja, talvez você não possa escolher como morrer mas com certeza você pode escolher como viver, então viva porra!

Tudo nessa vida é descartável, nada foi feito pra durar, olhe pra você e me diga, do que você é feito? O que você tem feito? Olhe pra você, você está morrendo desde a concepção, você não foi feito pra durar, você é uma obra mal acabada, cheia de defeitos e limitações, simplesmente descartável, um dia seu prazo de validade chegará ao fim e até que finalmente entenda isso você nunca irá viver de verdade.

Entre pilhas de cadáveres e corvos famintos ele descobriu o sentido da vida, não importa o que faça, não importa como faça, é inútil se não estiver disposto a morrer por isso.


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