Além da Amizade escrita por Rehguedx


Capítulo 1
Capítulo 1




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Um passarinho estava cantando na janela do meu quarto, deveria ser cedo, muito cedo. Mas, na Amizade, todos nós acordavamos cedo e eu já estava acostumado com aquela rotina. Abri meus olhos, o quarto era simples, as tábuas de carvalhos marcavam a paisagem na minha frente. Preguiçosamente joguei meu corpo para fora da cama, minhas mãos foram aos meus cabelos bagunçado, e um involuntário bocejo saiu de mim.

Não foi difícil encontrar o banheiro, no final do corredor da minha pequena casa. Ao entrar naquele pequeno compartimento, me deparei com um garoto alto, os cabelos cor de areia, os olhos caídos e pesados de sono e a sobrancelha grossa davam um ar engraçado, e por incrível que pareça, o homem imitou meus movimentos. Me aproximei do espelho analisando meu rosto, os vestígios dos meus 16 anos já estavam aparecendo, uma espinha ali, outra bem ali chamavam a atenção.

Depois de me despir, fui ao chuveiro e tomei o banho em 5 minutos, era o necessário para me lavar. Após feito toda a higiene e me vestir com as roupas da Amizade, fui ao encontro da Sra. Stark, minha mãe.

— Bom dia, mãe.
Ela me olhou com aqueles olhos cor de âmbar e abriu um largo sorriso pra mim.
— Bom dia, Rick! Está preparado pra hoje? É o teste de aptidão, não é? Brook disse pra você esperar ela.

Ela deu ênfase no nome "Brook", e eu desviei o olhar, senti minhas bochechas queimarem um pouco. Tomei o café com ela, e conversamos sobre a escola, sobre o plantio. Meu pai não estava em casa, ele nunca parava de trabalhar, fazia parte do conselho e sempre estava envolvido com a melhora na nossa facção.

Uma batida na porta quebrou nossas risadas e nossas conversas, me levantei e andei para abri a porta. Assim que abri, um cheiro de terra e de plantas invadiram minhas narinas. Era ela, Brook Adam, minha melhor amiga. Os cabelos cor de ouro brilhavam como o sol, na mão dela estava cheio de pulseiras, uma coroa de flores enfeitavam a sua cabeça, e dava pra ver um girassol na lateral da sua cabeça.

Abrimos um largo sorriso ao nos vermos, o meu foi mais largo que o dela, e sei que minhas covinhas profundas apareceram em meu rosto.

— Oi, Rick! – ela espiou por debaixo do meu braço. — Olá, Sra.Stark!

Minha mãe respondeu com um "oi" alto e bem meloso, apenas revirei meus olhos, elas duas se entendiam até demais.

— Rick, vamos! Se não iremos nos atrasar para o teste de aptidão e iremos perder o ônibus, daqui a pouco está saindo.

Assenti e dei um tchau para minha mãe. Bati a porta de casa e fomos andando pela rua da Amizade.

— Você já sabe o que vai escolher? – sussurrou, como um segredo.

— Você sabe que sim, Brookzinha. – Completei, mordendo meu lábio inferior.

— Mas... E sua mãe? Você não pensa nela? Ah Rick, aqui é tão maravilhoso, sinta esse cheiro, as plantas, a terra, a alegria, tudo! – Vi seu rosto se iluminar quando ela falava dos adjetivos da Amizade.

— Eu sei! – reprimindo um riso. – Mas, eu quero isso. A amizade não é pra mim, eu gosto de adrenalina, fico com curiosidade em pegar aquele trem e fazer como eles fazem.

— Você é doido, Rick. Pode muito bem correr ali na plantação de milhos, pensa na sua família, nos seus amigos.

— Eu só tenho você de amiga, Brook. – bufei.

— Por isso mesmo, eu não iria nunca pra Audácia, ia ser morta rapidinho. – sorriu novamente.

Eu fiquei em silêncio, minha escolha estava sendo cada vez mais concreta, mas sempre pensava em Brook, toda vez, claro, ela não sabia disso. Talvez eu estivesse indo pra Audácia não por conta da coragem, mas para tentar reprimir o amor que eu sentia pela garota das plantas.

Sempre me perguntei porque Brook nunca tinha percebido que eu gostava dela. Uma vez, ela me disse que nunca iria namorar ou ter filhos, ela queria ser livre. Sinceramente, aquilo machucou. Mas, não deixei que ela percebesse.

Meus pensamentos foram novamente quebrados quando ela me cutucou e apontou para o ônibus, andamos um pouco mais depressa e entramos, não demorou minutos e ele deu partida.

— Estou ansiosa! Deve ser divertido o teste, será que vai aparecer plantas nunca vista antes? – falou com entusiasmo.

— Não sei, Brookzinha. Talvez apareça um grande palhaço na minha e... – parei de falar, quando lembrei que era eu o medroso por palhaços.

— Shh, Rick. Cuidado, se não ele te pega. – ela riu e eu bufei.

E assim o ônibus foi cortando pelas ruas de Chicago, até chegarmos na escola e vermos muitos adolescentes se dirigindo para dentro do prédio. Respiramos fundos, olhamos um pro outro e concordamos que deveríamos entrar imediatamente.


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