Amaanvas era a secretária do inferno, mas poderia muito bem ser considerada a terapeuta de lá.

Quase todo demônio que vinha lhe entregar a papelada, acabava desabafando com ela, ela poderia até reclamar, se não morresse de rir com cada história.

Como provavelmente aconteceria agora que Modeu havia acabado de entrar na sala, Amy nunca tinha visto demônio mais azarado que aquele. Ele se jogou na poltrona com um suspiro alto, batendo a cabeça ao fazer isso. Provavelmente teria doído muito. Se ele não fosse um demônio.

— E ai Modeu, o que aconteceu essa semana?

— Como você sabe que aconteceu algo essa semana? — Ele perguntou.

— Porque se não tivesse acontecido o inferno teria começado a congelar, e, infelizmente, ainda está bem quente aqui.

Ele riu; — Ok, ok. Você tem razão, aconteceu algo. Deixa eu te contar — Amaanvas sentou como uma criança que houve as histórias dos pais — Um chamado foi aberto um dia desses, coisa normal, aparentemente um cara querendo fazer um pacto, acho que foi até aquela novata que me encaminhou para ele, a Flowey.

“Enfim, quando eu cheguei lá o garoto, sim, era um garoto, deu um grito e um pulinho para trás e só então eu percebi que ele não estava sozinho, tinha mais dois pirralhos com ele. Eu estranhei, pacto em conjunto normalmente é só quando querem criar uma BoyBand ou coisa assim, mas quando olhei para o chão, adivinha? Eles tinham feito uma armadilha do demônio, igual daquela série, Supernatural*, e ainda estava extremamente mal feita!”

— Mo, eu tenho que te falar, quando alguém esta tentando te aprisionar você NÃO repara as habilidades artísticas da pessoa.

— Se eu é que to preso, eu reparo no que eu bem entender. Agora cala a boca e ouve o resto da história.

“Eu olhei pra eles, e decidi entrar na onda pra arranjar algumas risadas, daí eu fingi estar preso e comecei a gritar 'Me deixem sair suas crianças malditas!', e o garoto do meio, que estava tremendo mais do que alguém com mal de parkinson começou a tentar a imitar a pose do Dean Winchester e até a imitar as frases!”

Nesse momento Modeu teve que parar a história porque as risadas da demônia haviam tomado todo o ambiente.

— Continua! Continua! — Ela gritou em meio a risadas.

— E então chegou no momento climáx do dia, o garoto começou a falar 'Exorcizamus te, omnis immundus spiritus', tive que me segurar tanto pra não rir, mas continuei seguindo com o fingimento. Daí quando eles acabaram o suposto exorcismo, eu caí no chão, eles começaram a comemorar e falar 'vamos comprar torta pra comemorar'. Esses fãs de hoje em dia me assustam profundamente.

— De hoje em dia que nada! Esqueceu como os fãs da bíblia eram, são e sempre serão? — Amaanvas rebateu.

— Verdade, mas de qualquer jeito, vim entregar o formulário de assassinato de três humanos. — Modeu sorriu e saiu da sala enquanto Amy o olhava perplexa. Esse cara realmente sabia contar histórias.