Chrno Crusade & Vampire Knight - Vampires&Demons escrita por Mirytie
Notas iniciais do capítulo
Enjoy ^-^
Ele olhou de novo para o teto e suspirou. Depois olhou para aquele que o tinha prendido ali e suspirou outra vez. Tinha os braços e as pernas acorrentadas e estava confinado num quarto sem janelas e uma porta de aço. Podia libertar-se à vontade, mas quem o tinha raptado enquanto ele estava a dormir, Kaname, não sabia disso. E Chrno preferia que ele não soubesse. Podia tornar-se violento se soubesse.
A sua principal preocupação de momento era Rosette. Ela estava a dormir, tal como ele devia estar, mas não sabia o que ela faria quando acordasse e não o encontrasse pela manhã.
— Demónios e vampiros. – Chrno olhou para o teto outra vez, ignorando o olhar de Kaname – Nunca vi um vampiro em Nova Iorque, por isso devo deduzir que os vampiros não gostam muito de demónios? É por isso que estou aqui?
— O facto de nunca teres visto um demónio em Nova Iorque seria por causa do tratado que fizemos convosco para dividir territórios. – disse Kaname. Chrno olhou para ele, confuso, e depois riu-se um bocado – O que é que foi?
— Não existe tal tratado. Nunca existiu. E, conhecendo a minha própria espécie, nunca vai existir. – disse Chrno, olhando para o chão – Demónios não seguem as regras de qualquer um e nunca seguiriam regras de meros vampiros. Foste enganado.
— Foi um dos nossos lideres que espalhou a palavra sobre o acordo. – disse Kaname, ofendido – Como é que podes ter tanta certeza que o vosso líder não fez um tratado connosco sem que soubessem?
Chrno decidiu guardar para si mesmo que tinha sido um bom amigo do rei do Pandemonium e que esse nunca concordaria com tal tratado.
— Bem, conseguiste “raptar-me” enquanto eu estava a dormir. Deduzo que tenhas-me sedado para o fazer. – disse Chrno – Mas o que é que queres de mim?
— Tu estavas em São Francisco. – disse Kaname, atraindo a atenção de Chrno – Quando a Santa foi despertada, não estavas? A tua amiga…ela é a Santa, não é?
— Ela é uma exorcista da Ordem de Madalena. – respondeu Chrno, seriamente – Nunca foi a Santa.
— Mas estava em São Francisco contigo. – continuou Kaname.
— Porque é que isso te incomoda tanto? – perguntou Chrno, mexendo os pulsos, que já estavam a ficar doridos – Tens provas que era ela? Pode ter sido apenas alguém parecida com ela.
— O meu pai ensinou-me a desconfiar dos demónios. – disse Kaname – Eles são extremamente mentirosos.
Verdade, pensou Chrno. Os demónios faziam tudo para obterem aquilo que queriam. Não sabia nada quanto a vampiros. Os demónios não se importavam muito com eles para terem o trabalho de recolherem informações.
Ele próprio seria um mentiroso se Madalena e Rosette não tivessem mudado a sua vida.
— Não me interessa no que acreditas. Não me interessa se acreditas em mim ou não. – disse Chrno – Mas a minha parceira deve estar a acordar e ela fica preocupada se eu não estiver ao lado dela.
— E como é que isso aconteceu? – perguntou Kaname, sorrindo – Uma exorcista e um demónio. Como é que a Ordem permitiu que isso acontecesse?
Chrno franziu as sobrancelhas.
— Queres mesmo falar das pessoas que nos são mais importantes? – perguntou Chrno, vendo o sorriso de Kaname desaparecer – Os demónios podem ser mentirosos, mas também sabem muita coisa. Aliás, é por isso que conseguimos ser mentirosos tão bons. A Yuki e o Zero…eles não são o que parecem. Queres falar deles?
Houve silêncio durante alguns segundos.
— Sabes que mais? Eu vou deixar-te aqui, durante um dia. – resolveu Kaname – Não te preocupes. Eu tomo conta da Rosette por ti.
— Aposto que o diretor não sabe disto. – disse Chrno antes de Kaname fechar a porta reforçada.
— Ele não precisa de saber. – murmurou Kaname, antes de sair.
Chrno suspirou outra vez. Cada suspiro para tentar conter a sua raiva. Se ele libertasse o seu poder, Rosette não seria capaz de o matar e ele tinha medo de se descontrolar e magoá-la.
Depois de mais alguns suspiros, Chrno puxou as correntes que lhe prendiam os pulsos e ouviu-as a quebrarem. De seguida, baixou-se e libertou-se das correntes que lhe prendiam os pés. Aquela sala não tinha sido construída para demónios. Tinha sido construída, se Chrno tivesse de adivinhar, para vampiros que se descontrolavam. E como é que Kaname podia compará-lo a vampiros descontrolados?
E como é que um vampiro conseguiria tomar conta da Rosette?
Foi o que estava a pensar quando abriu a porta com facilidade.
…
Com um sorriso charmoso, Kaname entrou na cafetaria, onde os alunos tomavam o pequeno-almoço para cumprimentar Yuki e avisar Rosette que Chrno iria estar indisponível para a acompanhar durante o dia.
Claro que sabia que Yuki iria oferecer-se para acompanhá-la. No entanto, quando olhou para a mesa onde eles comiam, viu Chrno a comer serenamente, ao lado da companheira, que se ria para Yuki e Zero.
Kaein tinha-o avisado que Chrno era extremamente poderoso e que não devia ser instigado. Mas o quão poderoso era ele para sair daquela sala reforçada em tão pouco tempo.
Com um sorriso, Chrno virou-se para trás e olhou para Kaname.
— Ah! – Yuki levantou-se imediatamente – Não devia estar aqui a esta hora. As raparigas das aulas diurnas vão vê-lo.
Zero seguiu Yuki, imediatamente, enquanto Chrno virava-se para a frente outra vez e suspirava. Rosette olhou para ele com as sobrancelhas franzidas.
Tinha sido um hábito que ele tinha desenvolvido depois de eles “voltarem”. Os dois tinham sido submetidos a testes psicológicos, na Ordem. E, enquanto Rosette tinha traumas mais graves que precisavam de mais cuidados, Chrno também tinha sido tratado.
Quando lhe perguntara porquê, ele tinha-se negado a dizer-lhe mas ela descobrira mais tarde que ele tinha sido tratado porque tinha medo de se “transformar” e magoar Rosette. Já tinha acontecido uma vez. Quando ela estava desmaiada, Chrno descontrolara-se. Na altura, o contrato ainda estava em efeito e por isso tinha sido impossível que ele se “transformasse” completamente, mas ele tinha medo que, agora sem o contrato, pudesse voltar à sua forma original, sem consciência do que fazia.
O psicólogo tinha combinado com Chrno que ele tinha de respirar fundo até se acalmar, quando estivesse perto de se descontrolar. E depois avisou Rosette para o levar para um sitio calmo, caso notasse que ele o estava a fazer.
Por isso é que ela parou de comer, colocou um sorriso forçado na cara e levantou-se, fazendo Chrno levantando-se também.
— A Yuki disse-me que o Zero costuma dormir à beira de cavalos. – disse Rosette, empurrando Chrno – Eu quero ver os cavalos.
É claro que não iriam até aos cavalos. Animais pressentiam a presença de demónios e não gostavam deles. Iriam parar nalgum sitio perto do estábulo. Ela iria falar sobre coisas triviais com Chrno e a Ordem nunca teria de saber daquilo.
Pelo canto do olho, Kaname viu o sorriso forçado de Rosette, enquanto empurrava Chrno para fora do edifício. Ele virou-se para Yuki e sorriu.
— Dás-me licença? – pediu Kaname a Yuki – Eu preciso de voltar para o dormitório.
Yuki despediu-se e viu Kaname sair do edifício um par de minutos depois de Rosette e Chrno.
…
Rosette estava atualmente sentada numa pedra com Chrno ao seu lado, perto do estábulo, mas não muito perto. Ainda era de madrugada, por isso havia uma brisa fresca e agradável no ar. O que também significava que eles ainda tinham algumas horas antes de terem de ir para as aulas.
Kaname estava atrás de uma árvore. Longe o suficiente para que Chrno não o pudesse sentir, mas perto o suficiente para conseguir ouvir a conversa deles.
— Não vieste ter comigo, de manhã. – começou Rosette – Estava preocupada. Sei que já não temos um contrato, mas ainda sou responsável por ti.
Chrno sorriu, agora mais calmo.
— Vais ter sempre controlo sobre mim. – disse Chrno, fazendo Rosette corar um bocado – Tu sabes disso.
— Mesmo assim, está combinado que deves estar sempre ao meu lado quando o sol se levantar. – lembrou Rosette – Não te esqueceste, pois não?
Chrno abanou a cabeça.
— Eu não gosto de estar aqui. – comentou Rosette, olhando para as próprias mãos – Quer dizer, eu gosto da Yuki e dos outros, mas pareço estar a dar-te demasiado trabalho.
— Se é por isso que não gostas de estar aqui, não te preocupes. – disse Chrno, levando uma mão à cabeça dela – Eu já estou habituado.
Chateada, Rosette empurrou-o.
— Achas que devo tomar a decisão, agora? – perguntou Rosette.
— Deves tomar a decisão o mais rapidamente possível. – respondeu Chrno – Mas não te deves apressar. Eu vou proteger-te até considerares todos os elementos.
Ele levou a mão à arma que Rosette tinha presa à coxa.
— Entretanto, sabes quais são as tuas ordens. – disse Chrno, quando Rosette afastou a mão dele – Se alguma coisa acontecer.
— Tens assim tão pouca confiança em ti próprio? – perguntou Rosette.
— Tu sabes o que aconteceria…
— Eu não vou usar isto! – exclamou Rosette, levantando-se – Quando tu morreres, eu vou morrer contigo! Não foi isso que disseste?
Chateada, ela voltou para a escola, deixando-o para trás. Chrno abriu a mão e olhou para as balas que tinha tirado da arma de Rosette.
— Então é bom que só tenhas uma bala. – murmurou Chrno.
Era melhor assim. Assim, mesmo que ela o tivesse que matar, não teria mais balas para acabar com a própria vida.
Ele fechou a mão, transformando as balas em pó.
Levantou-se e foi atrás da sua parceira.
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