— Allison, já fazem dias que você está assim.

Eu amava minha melhor amiga, Lydia, com todas as minhas forças, mas naquele momento até mesmo sua voz me incomodava. Senti minhas costas se colidirem com a parede fria logo atrás de mim e encostei minha cabeça na mesma, tentando relaxar o máximo possível.

Era a terceira vez na semana que havia passado por um mal estar logo após comer algo, e era apenas quarta-feira. Lydia mantinha os olhos bem abertos em mim a qualquer passo dado em falso, e de alguma maneira seu olhar intimidador era estressante.

— Pode ser apenas uma virose. – respondi à ela.

Entrei no quarto novamente com Lydia ainda ao meu alcance.

— Apenas uma virose, Allison? – perguntou, cruzando os braços. –  Isso não me parece uma virose.

Sentei-me na cama ignorando-a totalmente, e levei a mão esquerda até a testa, que tinha uma temperatura um pouco mais quente que o normal.

— Isso lhe parece o que, Lydia? – questionei, fechando os olhos.

— Posso mesmo falar? – eu continuei de olhos fechados, mas sabia que ela estava fazendo uma careta.

— Deve. – falei.

— Gravidez.

Senti um frio enorme passar por toda a minha espinha fazendo-me arrepiar da cabeça aos pés. Não que eu ainda não tivesse trabalhado com essa hipótese, mas queria fugir dela a todo custo. Não podia ser verdade, era só uma virose. Levantei-me da cama com os olhos arregalados.

— Lydia, eu não estou gravida, ok?

Ela inclinou a cabeça de lado.

— Então faz o teste. – disse.

— Não tem motivos para fazer um teste. – falei, pegando a minha bolsa na poltrona da ao canto do quarto.

— Então você também não tem motivos à temer – disse, colocando os braços na cintura. – Vamos lá, Allison.

Engoli seco considerando a hipótese de que poderia realmente estar gravida, e um teste não seria de tão mal assim, Lydia não faria algo para me ver mal, ela queria apenas me ajudar, mas estava me testando. Encarei-a por um breve momento.

— Depois da aula? – perguntei.

— Estarei aqui.