Let Her Go escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 1
Capítulo 1 (unique)


Notas iniciais do capítulo

Oiiie gente,
Eu sei, eu to toda perdida com as minhas long-fics e ainda venho aqui postar uma do ABC Songfic. Mas eu precisei! Sério, eu estava precisando dar uma relaxada e escrever sobre algo bem banal e fofinho, espero que gostem.



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Dois anos antes

— Você não pode deixar ela ir assim, Ian! — Natalie brigou comigo, enquanto era levada para dentro do helicóptero que a levaria até o hospital. — Vamos garoto, eu estou bem, vai até lá.

Nós estávamos saindo da ilha. Da ilha onde tudo aquilo aconteceu. Do lugar onde eu e Natalie aceitamos ajudar os irmãos Cahill a conseguir o soro mestre. Onde nós dois abrimos mãos da provável confiança de nosso clã por eles. Por Daniel e Amélia.

— Por que eu faria isso, Natty? — Perguntei, sorrindo triste para ela. Natalie me conhecia melhor do que qualquer outra pessoa no mundo. Mas nem para ela eu iria admitir isso.

— Ian Kabra, seu estúpido! Você está sendo muito idiota, ela está logo ali — Natalie apontou para onde os irmãos Cahill e a sua babá louca conversam com o homem de terno. — O que custa chegar ali e falar: “Ei, Amy, sinto muito por tudo, será que a gente poderia sair algum dia desses?”!

Eu neguei com a cabeça, forçando uma risada enquanto ajudava os paramédicos a colocarem ela dentro do avião. O tiro no pé dela estava realmente feio, mas a minha irmãzinha não parecia estar ligando para a dor.

— Não me faça fazer exatamente o tipo de coisa que você quer fazer. — Falei. — Só porque você e o Cahill...

— É, Ian, isso mesmo. — Natalie estava sentada dentro do helicóptero agora e eu estava entrando logo atrás dela. — Eu gosto do Daniel Cahill, e dai? Pelo menos eu não sou um ser medroso demais para admitir isso. Se eu estivesse com os dois pés intactos, o que eu não estou, eu estaria do lado dele, pedindo milhões de desculpas por tudo que eu fiz e implorando para ele aceitar sair comigo algum dia desses. Sabe por quê? Porque Isabel é uma cobra que ensinou os dois filhos dela que amar é errado e agora nenhum dos dois parece feliz pois estão vendo os amores de suas vidas sumir ao longe! — Natalie começou a chorar após estas palavras, o que me levou a sentar-me ao lado dela e abraçá-la com força.

Natty não ia aceitar bem tudo aquilo, eu já sabia, Isabel era nossa mãe, mesmo depois daquilo. E havia demonstrado que não se importava do pior jeito possível. Dando um tiro na sua própria filha.

— Shi, Natalie, shiu... — Sussurrei, fazendo carinho em seus cabelos. Nós não eramos irmãos de muitos carinhos, mas naquele momento nós só tínhamos nós dois. Não era a possibilidade de eu sentir algo pela ruiva Cahill que ia me fazer abandonar o lado da minha irmã. Afinal, era só uma faísca que iria ser apagada com o tempo. — Tudo vai ficar bem, Isabel está fora de nossas vidas.

You only need the light when it's burning low

Only miss the sun when it starts to snow

Only know you love her when you let her go

Only know you've been high when you're feeling low

Only hate the road when you're missin' home

Only know you love her when you let her go

And you let her go

Nos dias atuais

Natalie estava voltando finalmente dos Estados Unidos naquela tarde. Ela havia passado duas semanas lá, para o NY Fashion Week, mas finalmente havia acabado. E ela estava voltando para casa.

Eles dois se aproximaram muito desde o fim da busca das pistas. Natty era a única espécie de família e amiga que e Ian tinha agora. Com Isabel na cadeia e Vikram não parando em casa pois tinha que resolver todos os problemas dos Lucian, aquela mansão ficava bem vazia.

Natty achou um jeito de superar Isabel, se lançou na carreira de modelo com todas as suas forças e agora, no lugar de mencionarem ela como “Natalie Kabra, a filha da ex-socialite Isabel Kabra” a chamavam de “Natalie Kabra, a grande modelo em ascensão”. “Ninguém segura essa garota” era a frase que acompanhava uma foto de Natalie na capa da revista Vogue, UK. Ian não podia deixar de se sentir orgulhoso. Natalie estava realmente muito bem.

O único problema agora era ele.

O Kabra que se recusa a sair de casa mais do que uma rápida parada em alguma biblioteca ou para ver uma peça teatral ou filme. Ele apenas agradecia a Natalie por ter feito mudar a manchete sobre ele, de “O filho de Isabel Kabra” para “O irmão de Natalie Kabra”. Ian não se importava com tudo aquilo. Ele odiava a mídia com tantas forças como Isabel amou.

Ele se dizia todos os dias quando acordava que estava tudo bem. Isabel não estava mais em sua vida, ela não podia mais interferir em nada. Ela estava na cadeia.

Ele conseguia sobreviver, dia atrás de dia, trabalhando, estudando e treinando. Ele estava indo bem, os Lucian poderosos voltaram a apostar nele como próximo líder na linha de sucessão. Eles já até começavam a procurar uma garota em suas linhas forte o suficiente para ser líder do seu lado, embora todas as vezes que Ian lembrou que Vikram e Isabel pareciam perfeitos até ela se demonstrar uma cobra eles deixavam de lado essa ideia. Mas Ian sabia que era só questão de tempo. Afinal, como líder dos Lucian ele iria precisar reproduzir.

Mas toda vez que a noite chegava, quando não havia ninguém para vê-lo, a única coisa que o garoto conseguia fazer era se lamentar. Em seus pesadelos ela vinha. Amélia Cahill. A garota mais bela e mais forte que ele já conhecera. A garota que ele amou. A garota que ele amava. A garota que ele ama.

Ele via todas as coisas horríveis que fez com ela, coisas que talvez nem ela saiba que foram feitas por ele. Viena. Seul. Nepal. Austrália. Todos e todos aqueles lugares.

Todas as vezes que ele chegou perto de perder a garota que amava. Ou melhor, de matar a garota que amava.

Staring at the bottom of your glass

Hoping one day you'll make a dream last

But dreams come slow and they go so fast

You see her when you close your eyes

Maybe one day you will understand why

Everything you touch surely dies

Eu estava no aeroporto. Natalie iria chegar a qualquer momento e eu achava que o mínimo que poderia fazer era ir buscá-la lá.

As pessoas passavam por mim me encarando. A maioria me reconhecia, eu inclusive vi um ou dois fotógrafos tirando fotos minhas. Me esforcei para parecer calmo e confiante em todas elas.

Eu sentia saudades de Natalie. Existia apenas duas pessoas pessoas no mundo que eu amava. Uma era Natalie. E a outra delas era impossível de se alcançar, não depois de tudo que eu fiz. Mas como já diria Passenger, você só sabe que a ama quando a deixa ir. E infelizmente para mim, e provavelmente para ele também, não havia volta depois de você deixá-la ir.

Eu a tinha visto duas vezes desde que a busca acabou. Na primeira, um ano depois do fim da busca. Era numa das reuniões que os Madrigal insistiam em dar. Eles realmente levavam bem a sério esse trabalho de unir todos os clãs, quinhentos anos depois e ainda não haviam conseguido mas não desistiram. Natty e eu tínhamos a grande teoria de como os Madrigal representam tudo de bom que os Cahill têm. A persistência, a coragem, a inteligencia... Tudo que os outros tem em suas parcelas em maior quantidade e sem o ódio, a vingança, a ganância. Eles eram, literalmente, o time dos bonzinhos. E os Lucian, obviamente, deveriam representar o centro do mal do outro lado. Mas enfim, ela estava linda, séria e profissional. Não olhou para mim uma única vez e nem me dirigiu uma única palavra. Foi naquele dia que eu percebi que realmente a amava. Quando ela estava ali. A distância do toque mas a milhões de milhas de mim. Eu a havia perdido.

A segunda vez foi incrivelmente mais dolorosa que a primeira. Era uma reunião tal a outra, mas desta vez eu e Natalie havíamos chegado um pouco mais cedo. Amy estava com o namorado, Evan. Ele era o tipo de cara que eu jamais imaginaria com Amy. Ela merecia o melhor do melhor, e aquele cara definitivamente não era isso. Ela me deu um seco "olá" naquele dia, e não se desgrudou de Evan até ele ser forçado por Dan a ir embora pois os Cahill estavam chegando. Amy só me olhou nos olhos uma vez durante a reunião inteira. Eu olhava para a mesa grande onde eram feitas as reuniões, lembrando de quantas vezes já havia sentado na mesma mesa para os jantares e almoços de Natal de Grace. Os Cahill haviam reformado a mansão, e ela estava exatamente como era antes, mas Dan contou para Natalie – e eu acabei ouvindo – que eles haviam melhorado muito o sistema de portas e paredes secretas. Natty não havia contado para Dan que era terrivelmente louca por ele, mas pelo jeito que ele parecia gravitar em volta dela, era bem óbvio que ele sentia o mesmo.

Ao menos um de nós dois vai dar certo no amor.

Natalie apareceu neste momento, quase como se houvesse sido invocada por meus pensamentos. Os cabelos negros presos em uma trança longa que terminava no final de suas costas. Ela sorria e parecia incrivelmente animada, acenando para mim como se não nós víssemos há anos. E eu realmente senti isso. Natalie estava linda, com uma calça jeans colada clara, uma blusa curta que mostrava seu umbigo (cropped era o nome?) preta com flores amarelas e um grande casaco de pele falsa de animais. Ela jamais usaria uma pele real de animal, não toda voltada para eles como era. Na sua mão havia uma mala grande cor de rosa e os óculos espelhados dela a faziam parecer ainda mais uma super estrela do que a minha irmãzinha. Mas ela era os dois.

Em menos de um minuto eu disparei na direção dela, nem ai se os fotógrafos iam pegar aquilo. Natalie soltou a mala e abriu os braços, se jogando em cima de mim assim que possível. Nós ficamos abraçados daquele jeito por muito tempo. Eu quase conseguia ouvir os flashs das câmeras, frenéticas por fotos dos irmãos Kabra se revendo.

— Eu estava com saudades Natty. — Murmurei em seu ouvido.

— Você não tem noção do quanto eu senti também. — Natty falou, se afastando de mim para olhar o meu rosto. — Acho que me apeguei demais a você, Ian! — Ela falou isso com um tom de acusação, enquanto batia levemente em meu ombro.

— Você sempre foi apegada. — Dei de ombro, levando nós dois a rirmos juntos.

— Apegada ao quê? — Uma voz grossa e familiar veio de trás de Natalie. Eu estava indo olhar quando Natalie se botou no meu caminho.

— Não pira. — Ela desenhou as palavras com a boca, sem deixar sair som algum. Depois disso, ela se virou de costas para mim e andou até um garoto logo atrás da sua mala cor de rosa.

Ele era alto, porém seu rosto demonstrava sua pouca idade, como o de Natalie.  Ele vestia uma calça jeans solta e uma blusa verde escura, a jaqueta de aviador o deixando quase tão descolado quando Natalie. Em suas mãos havia uma grande mala preta, com alguns adesivos colocados como 'Ser ninja é o que há' e 'Longa vida aos M.'. Seus cabelos louros e olhos verdes como jade eram mais familiares do que deveriam ser. Mas afinal eu passei meses me preocupando justamente em ver esse cabelo junto com um vermelho. Ele era para ser familiar. Afinal ele era família.

— Daniel Cahill? — Questionei, não para Dan, mas para Natalie, esta, que fingindo não ser nada, só abriu um sorriso.

— O Cobra, quero dizer, Kabra lembra meu nome mesmo, Nat. — Dan sorriu, e eu percebi que o apelido carinhoso fora soltado de proposito.

— Eu disse que Ian não teria esquecido vocês, Danny, não sei porque você nunca me ouve. — Natalie estava com o braço enlaçado no de Dan, o chamou de Danny e parecia muito contente. Eu não sou idiota, na verdade sou o futuro líder do clã mais esperto dos Cahill, obviamente sei juntar dois mais dois.

— Vocês estão juntos. — Disse, podendo ouvir ainda mais os cliques nas câmeras fotográficas quando Natalie sorriu e depositou um beijo casto na bochecha de Dan.

— Oficialmente agora.

Analisei novamente o rosto de minha irmã. Ela estava feliz, radiante para ser sincero. Eu sabia que um dia esses dois iriam ficar juntos, era só questão de tempo. Dan parecia quase mais feliz do que Natalie, e também nervoso. Provavelmente esperando que ele desse um show e levasse Natalie para casa pelos cabelos. Ele claramente não me conhecia.  Eu estava feliz, impressionado, surpreso, mas feliz. Natalie merecia sempre o queria, e se ela queria Daniel Cahill, que ela tivesse Daniel Cahill.

— Eu não consigo acreditar. — Mesmo assim, foram estas as palavras que saíram da minha boca.

— Eu demorei quatro dias para assimilar. — Uma voz veio, mais distante dos três. Eu conheço essa voz bem demais, bem demais, o suficiente para ela poder estar vindo da minha cabeça. — Você ainda tem três para aceitar o namoro de nossos irmãos e me ganhar nessa.

Eu encarei Natalie assustado, e vi a garota desenhar com os lábios a palavra “surpresa!”. E então Amélia Cahill clamou meus olhos sobre os dela.

Staring at the ceiling in the dark

Same old empty feeling in your heart

'Cause love comes slow and it goes so fast

Well you see her when you fall asleep

But never to touch and never to keep

Because you loved her to much

And you dive too deep

— Amy? — Ian balançou a cabeça rapidamente, como quem nega aos seus próprios olhos o que está vendo.

A ruiva estava ainda mais bela que da última vez que a vira. Os cabelos ruivos caiam dos seus ombros até pouco antes de seu quadril. Ela vestia um vestido que mais parecia uma versão de uma camisa social grande, estampada e feminina, com um cinto vermelho demarcando a cintura. Além disso, uma jaqueta de couro terminava o visual, combinando com as botas no estilo caubói que ela vestia. Os olhos da garota, verdes como jade, brilhavam com a luz do aeroporto. E quando ela sorriu amigavelmente para Ian, ele sentiu como se o mundo fosse acabar naquele exato momento.

— Olá, Ian. — Ela estendeu a mão para ele, ainda com aquele sorriso incrível no rosto. Ian precisou usar todos os anos de seu treinamento Lucian para apenas apertar a mão da garota.

— Ahn... — Ele tentava raciocinar um jeito de escapar daquela facilmente. — Natalie não me disse que você viriam, desculpem a surpresa. — O britânico lançou um olhar irritado para a morena.

— Natalie não sabia que eles viriam. — Natty disse, quase como se quisesse escapar daquela. — Eu iria vir para cá, te convencer a se mudar para os EUA e depois voltava. Dan e Amy me surpreenderam no aeroporto.

Ian precisou superar o choque de maneira bem ligeira, pois logo Amy começou a falar.

— Então, Natalie havia nos dito que não iria ficar muito tempo por aqui, e Dan e eu pensamos: Londres deve ser legal quando você não está correndo pelas ruas com medo de uma bomba explodir na sua cara, que tal irmos para lá por um tempo. — Amy falou em defesa de sua nova cunhada, sorrindo meiga para Ian. — Sentimos muito se for incomodo.

— Eu disse que eles poderiam ficar lá em casa. — Natty falou, enquanto segurava a mão de Dan e sorria.

— Mas é claro que se tiver algum problema a gente pode ir para um hotel... — Amy parecia querer simplificar tudo. Ian adorava o jeito como ela havia conseguido superar os seus problemas de fala em público e gagueira, mas ela, afinal, deveria estar sendo treinada para ser a próxima Madrigal, no final das contas.

— Não por isso, a casa é grande, tem lugar para todo nós e mais trinta. — Ian falou, sorrindo ao ver a calma se instalar no rosto da ruiva. Quando esta reparou no sorriso, um segundo depois dele ter sido aberto, Amy corou. E Ian não conseguiu deixar de pensar o quão bela ela ficava corada.

— É assim que se fala, cunha. — Dan pegou uma mala. — Mana, eu e Natty vamos até a London Eye, tudo bem por você?

Amy lançou um olhar cheio de significados para Dan, parecendo recriminá-lo de algo.

— Ian te leva até em casa e pode te mostrar Londres depois, certo, mano? — Natalie acrescentou, fingindo que para Ian estava tudo bem, ele nem estava quase tento um AVC só de ver Amy.

— Claro, eu posso levá-la.

Amy o olhou com uma expressão indecifrável em sua face. Para logo depois se despedir do irmão e de Natalie, que saíram o mais rápido que podiam.

— Dois burros — Ian falou, quando se viu sozinho com a ruiva. — Eu poderia tê-los largado lá e ficado com as malas deles, já que vamos para casa.

A ruiva apenas balançou a cabeça, segurando os dedos com um certo nervosismo. Ian não conseguia pensar em como ela estava linda.

— Vamos? — Perguntou, após ver que o moreno não havia se mexido.

— Ahn, desculpa... — Ian balançou a cabeça, precisava se manter focado. — Posso? — Questionou, segurando a alça da mala dela. Como a mão de Amy estava ali, por uma fração de segundos a pele de ambos se inconstou, fazendo Amy olhá-lo assustada. Uma corrente elétrica praticamente passou pelo corpo dos dois.

— Se não for incomodo. — A ruiva falou, delicada enquanto sorria para o britânico.

'Cause you only need the light when it's burning low

Only miss the sun when it starts to snow

Only know you love her when you let her go

Only know you've been high when you're feeling low

Only hate the road when you're missin' home

Only know you love her when you let her go

 Amy parecia ter perdido totalmente a vergonha nesses últimos anos em que eles não se viram. Ela conversava e ria com o moreno, que logo se viu ainda mais dentro do mundo de Amy. Ele tinha certeza que se ela o mandasse saltar de um penhasco, ele saltava.

Mas Amy era Madrigal, era boa. Ela não iria fazer isso.

Quando eles chegaram na mansão Kabra, Amy praticamente se jogou na direção da janela de motorista de Ian, observando tudo com atenção. Ela acabou por se apoiar em Ian, que pensava que Amélia deveria ter ficado maluca já que ele estava dirigindo e, além dela estar toda apoiada nele, ela também tinha o melhor cheiro que Ian já sentira, o fazendo quase delirar. Porém ela abriu um sorriso ainda maior e voltou a se sentar como gente, na visão de Ian.

— E como anda Ivan? — Perguntou, querendo saber sobre o namorado da garota - e errando o nome dele de maneira proposital. 

Evan está muito bem... — disse a morena, o corrigindo. — Ele anda estudando matemática, eu acho que quer isso para a faculdade ano que vem. Ele nunca para de falar sobre algarismos, ângulos e um milhão de outras coisas e nós também terminamos.

Ian quase bateu no pequeno chafariz que tinha no frente da entrada da mansão Kabra. Ela simplesmente jogou em cima dele que não estava mais namorando como quem fala do clima?

— Vocês terminaram?

— Sim. — Amy pressionou os lábios para não rir da face do moreno, ela estava cada vez mais concordando com Dan que aquela viagem havia sido uma boa ideia.

— Vou ser muito metido se perguntar por quê? — O moreno perguntou, com os olhos âmbar a fitando de canto enquanto ele estacionava na frente da mansão.

— Natalie apareceu. — Amy lembrava de duas semanas atrás, quando vira Natalie pela primeira vez em um ano. Os olhos dela... Os olhos dele. Ela simplesmente não podia continuar com Evan quando ainda sentia... Aquilo pelo irmão da nova cunhada.

— Natalie espantou o seu namorado?

— Eu terminei com ele.

— Por causa de Natalie?

— Pelo que ela representou.

— E o que seria isso?

Amy sorriu, ela não ia ser tão fácil. Ela via nos olhos de Ian que ele estava interessado nela. Fazê-lo dizer isso era só uma questão de tempo. A ruiva não ia simplesmente jogar na cara dele que era terrivelmente apaixonada por ele desde sempre se nem sabia se ele se interessava nela com toda a certeza.

— Natalie e Dan  representaram uma chance para um recomeço.

E saiu do carro, feliz por ter vindo para Londres, depois de tudo.

'Cause you only need the light when it's burning low

Only miss the sun when it starts to snow

Only know you love her when you let her go

Only know you've been high when you're feeling low

Only hate the road when you're missin' home

Only know you love her when you let her go

And you let her go

— Você precisa parar com isso. — Ian falou, sorrindo de lado para Amy. Eles estavam os dois jogados no gramado verde dos jardins dos Kabra. Uma cesta de piquenique quase vazia ao lado deles. Amy estava deitada na perna de Ian, o mesmo sentado apoiado nos seus braços.

— Parar com o que? — Amy perguntou, fingindo inocência enquanto colocava outro cacho de uva perto da boca e o pegava com os dentes. A ruiva havia passado os três dias inteiros desde que chegara provocando Ian.

— Não se faça de sonsa, Cahill!

— Você precisa ser claro, Kabra!

— Eu não posso ser mais claro do que eu já estou sendo! — Ian bradou, irritado. Ele estava a flor da pele. A ruiva estar com ele durantes todos aqueles dias fazia isso com ele. Ele queria beijá-la, abraçá-la, dizer que lhe amava... Bem, praticamente o tempo inteiro, mas não podia. Ela iria dispensá-lo.

— Eu acho que você é bem covarde, Kabra. — Amy falou, sorrindo ao ver que havia tocado no ponto certo. Nunca ofenda a masculinidade de um homem, exceto se quiser mesmo provocá-lo. Para eles essa coisa, a masculinidade, parecia ser todo que tinham, esses idiotas.

— Você acha isso mesmo, Cahill? — Ian perguntou, se inclinando para perto dela. Amy sorriu ao ver aqueles lábios carnudos se aproximarem dos seus. Os olhos cor de âmbar perfeitos a encarando.

— Eu acho... — Ela começou, largando as uvas em qualquer lugar e mexendo a mão para ela parar a centímetros de distância do pescoço dele. — Porque você não tem coragem de fazer isso.

E ela o puxou para um beijo rápido e cheio de paixões. Ele se inclinou ainda mais para perto dela, os pensamentos fugindo de sua cabeça. A língua explorando cada parte da boca dela. Ian estava encantado com ela, ela sempre o deixara sem fala.

Mas antes que o ar faltasse Amy havia sumido, no seu lugar apenas ar. Olhando para cima, Ian a viu correndo e rindo em direção as árvores floridas do jardim.

Sem nem esperar um segundo ele começou a correr atrás, rindo quase tão alto quanto ela.

Quando chegou ao pequeno conjunto de árvores com folhas cor de rosa e roxas, começou a procurá-la entre elas. Ora vamos, não deve ser difícil encontrar um pouco de cabelo ruivo naquele lugar.

Havia alguns bancos e um caminho de pedra que levava para a estufa de flores ali, as árvores de flores cor de rosa eram tantas que era a única coisa que Ian conseguia ver.

— Diga, Kabra! — Amy falou, a voz vinda de algum lugar que ele não sabia onde. — Diga exatamente o que você sente.

Ian se virava e virava, mas a garota havia evaporado. O pensamento o deixava nervoso. E se tudo aquilo fosse um sonho? Ele precisava vê-la, tê-la entre os braços para comprovar.

— Vamos, Amy! Onde você está? — Ian falou, irritado. — Não é justo fugir.

— Eu ainda não ouvi.

— O que você quer ouvir? — Ian questionou, tentando seguir a voz da garota.

— Adivinha, Kabra.

E Ian adivinhou. Era óbvio que ela queria ouvir isso. A sua Amy precisava de um motivo para confiar nele, e ele iria dar todos.

Uma leve brisa bateu ali, e seu olhar ficou preso na árvore de tronco grande. Ele viu algo vermelho brilhar ali.

 — Primeiramente, eu sinto muito. — Ele começou, observando a árvore. — Eu sinto muito por tudo que te fiz. Por todas as vezes que... Bem, que quase te matei ao longo da busca pelas pistas. Eu não sei se você me perdoa...

— Eu te perdoo.

— Mas eu não me perdoo. Eu vou passar o resto da minha vida tentando compensar aquilo, pois eu deixei uma mulher louca e psicopata quase me fazer matar a garota que eu amo. Porque, Amélia Cahill, você tem todos os motivos do mundo para não acreditar em mim, mas eu te amo. E isso está preso na minha garganta faz dois anos. Eu te amo, te amo e te amo!

Amy sorriu de seu esconderijo atrás da árvore. Ela quase sentia seus olhos marejarem, ela não conseguia acreditar que no final, Dan e Natalie estivessem com a razão, Ian a amava.

— E eu não quero saber para quantos Evan’s aparecerem na sua vida, eu sou o único que vai amá-la e entendê-la o tempo inteiro, porque nós vivemos no mesmo mundo. Você nunca vai precisar me expulsar de algum lugar para falar com os Cahill, e toda vez que você quiser privacidade para tratar de assuntos dos Madrigal eu vou entender e sair sem nem questionar. Porque nós somos iguais, Amy. Nós somos dois pedaços centrais de um quebra-cabeça muito difícil para qualquer um resolver. E nós somos parte que se completam... Completam não, que se transbordam. Porque você não pode amar alguém que te faça sumir como pessoa individual, mas sim que te faça brilhar mais e mais desta forma.

Amy sentiu uma lágrima rolar pelo seu rosto.

— E não me importa com o que vão dizer, que não podemos ficar juntos, que não podemos ambos sermos os lideres de nossos devidos clãs e ficarmos juntos, se for necessário eu abro mão da liderança e entrego para Natalie, mas eu preciso de você. Preciso ficar com você, preciso que você faça de mim a melhor pessoa que eu possa ser, porque é isso que eu farei por você. Amélia Cahill, eu te amo.

Amy saiu de trás da árvore para correr na direção do rapaz mas não o encontrou em lugar nenhum.

— E você pode ter certeza, meu amor, que todas as vezes que você se esconder, pode ser inclusive dentro de você mesma, eu vou te achar. E quando você se perder, eu vou ajudá-la a se encontrar. E eu vou estar aqui todos os dias, pronto para te dar liberdade e amor, porque é isso que você merece. — A voz vinha de trás dela, então Amy se virou encontrando um sorriso presunçoso na face de um rapaz lindo, seus olhos âmbar ouro derretido transmitiam toda a sinceridade e segurança para aquele momento, e ela estava encantada com o fato de amá-lo tanto e tanto. — E agora me deixe fazer isso direito.

E ele a puxou para um beijo lento, calmo e demorado. O ar inteiro do séria necessário para aqueles dois porque ele nunca iria querer soltá-la. Eles estavam naquela bolha de amor, aquela coisa incrível que só acontecia quando duas pessoas que se amam se beijam. Aquele momento onde você não só se sente atraida pelo fisíco da pessoa, mas como o emocional, mental e qualquer outro tipo também. Aquele beijo era o beijo que todos querem, o beijo que faz você pensar que o mundo pode se explodir envolta, mas a única coisa que importa e a pessoa que a está beijando.

— Eu te amo. — Amy falou, se afastando dele e segurando sua cabeça entre as mãos. — Todos os meus pesadelos são sobre perdê-lo e todos os meus sonhos são com você. — Os dedos da ruiva acariciavam a face dele. Os olhos presos nos olhos do outro. — Por favor, se você me ama com essa intensidade, saiba que o amor é exatamente igual por minha parte, eu largaria tudo por você, por favor e por favor, namora comigo?

Ian não deixou de se sentir surpreso por ela ter feito o pedido. E meio irritado por tirado dele a chance de fazê-lo. Mas realmente não importava no final. O que importava é que eles ficariam juntos para sempre, se dependesse dele.

— Eu preciso responder? — Ian beijou a face dela, secando as lágrimas.

— Por favor.

— Amélia, você é a minha vida. — Ele a beijou novamente, sorrindo entre cada respiração. Eles poderiam ficar se beijando por horas e nenhum dos dois iria notar o tempo passar, mas Amy finalmente interrompeu o beijo para dizer:

— Isso é um alivio de se ouvir, — Amy apoio a cabeça no ombro dele. Ian beijava a sua testa carinhosamente. — Porque você é a minha.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Por favor, não deixe de deixar o seu review, ele é muito importante para futuras fanfics nessa categoria. Se lhe interessa recomendar, por favor, eu amaria. Me mandem uma mensagem privada se quiserem conversar sobre algo da fic.
Love u all,
Becky.