O fantasma esquecido. escrita por Sazi


Capítulo 2
A boneca que aprendeu a chorar.




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Incessantemente era espera da boneca. Todos os dias ela se mantinha fiel ao seu proposito. Vagava pela cidade tranquilamente olhando o que foi um dia um lugar cheio de vida. Suas vestes estavam rasgadas e sujas, resultado esse do fato de que ela era desastrada em seu caminhar. Estava aprendendo dia a dia como era aquele ato que os humanos faziam com maestria desde cedo. Ela não tinha noção, mas o tempo estava passando. Dias logo se tornavam meses e meses logo se tornavam anos. Um, dois, dez, vinte, cem...

E quando ela menos percebeu a esquecida Matel estava banhada pela fama de um fantasma que vagava pelos becos e vielas. Muitos viajantes tinham de passar por Matel para chegar a Marco, uma cidade mais ao sul da Itália.

Alguns não conheciam a lenda que cercava aquele local, apenas desejavam uma atalho até Marco. Mal sabiam eles que a boneca espreitava o caminhar e o vagar de qualquer criatura viva. Um vez ela encontrou um gato preto e pequeno bichano assustado fugiu da mesma.

Ela se sentindo um tanto ofendida com o animal o perseguiu.

— Você gostaria de ouvir uma canção. – ela disse em um tom falhado de voz.

Nenhuma resposta do pequeno ser. Seus novos sentimentos provocaram certa ira. E ela acabou por agredir o animal até leva-lo ao óbito. Arrependida do seu feito ela apenas sentou se próximo ao cadáver felino e lá ficou.

Cinco semanas depois do ocorrido um viajante cansado e desafortunado passava por aquelas terras sem vida e avistou de longe o que imaginou que fosse uma garota. Ela sentada próximo aos restos de o que um dia fora um animal, que de imediato ele não reconheceu.

— Ola? – ele disse de longe.

A bonce se assustou com o que via. Uma pessoa, sim uma pessoa. Durante anos de solidão finalmente ela encontraria alguém. Levantou rapidamente sacudindo a poeira que se formou em seu corpo, não sabia o que era vaidade e as poucas vezes que se mirava em um espelho achava-se bonita.

— Oi, você... – ela ia completar a frase, mas a expressão do homem a fez parar. Não havia boas intenções vindo dele. Seu olhar era audacioso como se quisesse alguma coisa.

— O que faz uma jovem tão bela aqui sozinha nessa cidade abandonada? – ele se aproximava dela fitando a de cima a baixo.

O corpo da boneca se assemelhava a dos humanos, sem tirar e nem por, o motivo para tal situação era a Inocência que fora usada para ser seu coração. Esse elemento podia muito bem tomar algumas formas até que encontrasse um exorcista que sincronizasse com ela. Assim sendo quando foi usado como coração da nossa boneca, ela a fez ter sentimentos como também uma certa força sobre humana e uma aparência dessa raça.

— Você gostaria de ouvir uma canção? – ela perguntou inocentemente. O homem apenas dignou-se a sorrir e quis tocar o corpo da pequena que se assustou o empurrando. O homem que devia ter por volta de uns quarenta anos era um comerciante de tecidos que iria a uma reunião em Marco. Porém havia perdido a montaria e o caminho tendo de acabar pegando um atalho em Matel.

Caindo sentado o homem agora era só ódio. Levantou-se deixando a pequena bagagem que trazia consigo e partiu para cima da boneca. Não trazia arma nenhuma. Apenas usou as mão para tentar agarrar la. Mas não esperava que ela fosse tão forte e que empurrasse o mais ou vez. Só que com muito mais forças do que antes. Fazendo o corpo do homem ser lançado como um projetil a uma distancia considerável e bater contra uma parede de uma casa antiga. Por conta da pancada ele acabou desmaiando, mas sua cabeça foi ferida e estava sangrando bastante.

Dessa vez a boneca não sentiu pena do que havia feito, o homem estava inconsciente e assim ficou e ela continuou ao lado dos restos do gato.

Dois dias depois o homem acabara morrendo, juntando a fome, sede e a pancada forte que levara em sua cabeça.

Mais dias se passaram e novas vitimas foram feitas pela incansável boneca. Mais dois homens foram ao seu encontro e a mesma pergunta era feita. Dessa vez eles foram gentis e recusaram a sua proposta, mas quando viram um cadáver próximo a ela se assustaram e como sabiam que não havia mais ninguém naquela cidade eles atacaram-na. Que revidou e acabou matando mais dois homens naquele dia.

Agora suas vestes estavam banhadas de sangue assim como seus cabelos e seu coração estava ferido e magoado. As pessoas não precisavam dela, não a queriam bem e nesse momento ela chorou. Seus soluços ecoavam pela vasta cidade e o vento fresco trazia e levava seus cabelos. Ela sabia que não podia continuar com essa atitude que causar a morte da raça pelo qual ela tanto esperava não era certo.

Em respeito aos corpos ela os colocou dentro de uma casa somente deles e lá ficaram os três cadáveres lados a lado. Os dois últimos homens eram mais comerciantes de tecido. Que tinham negócios logo na próxima cidade. Eles eram jovens ainda tinham trinta e um anos e eram gêmeos.

Mais dias se estendiam e mais uma pessoa se aproximou da boneca. A mesma pergunta era feita incessantemente e dessa vez o homem portava um facão, já que era lavrador e estava apenas de passagem para Marco. Ele agrediu a boneca arrancando-lhe a pele que cobria seu olho dando a ela uma imagem monstruosa.

A pequena sentiu mais ódio ainda daquela pessoa e iria sim faze-la pagar pelo seu feito. O que antes era uma linda pele macia e com a cor de porcelana estava agora rasgada trazendo tristeza e agonia a boneca.

Quando ele a viu não sangrar o seu pavor foi maior e ele quis sair correndo daquele lugar, esquecendo a sua bagagem e tudo que pudesse estar trazendo consigo.

Ela o deixou partir. Não queria mais que uma vida findasse por suas mãos.

Não era um terrível monstro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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