Arrepios escrita por Emi Kazumi


Capítulo 1
Capítulo 1 - Único.


Notas iniciais do capítulo

Eu não sou expert em escrever terror, porém vale a pena tentar, não acham?
Espero que gostem!



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Um arrepio atinge cada parte do meu corpo, desencadeando uma onda de espasmos.

—Por favor, me deixe em paz. Só desta vez, por favor. – Eu imploro, parando de escrever e repousando a caneta em cima do papel. O quarto estava escuro, a não ser pela luz fraca vindo do abajur em cima da escrivaninha, mas eu não me importava. Já estava acostumada a ler e escrever no escuro, tendo que viver à luz de velas e lâmpadas enfraquecidas, pois a eletricidade não funciona tão bem aqui como nos outros lugares.

Outro arrepio, subindo gradualmente pelas minhas costas.

—Por favor... pare. – Repito para a escuridão, com esperanças de que funcione, embora eu soubesse que isso nunca acontecia; os arrepios nunca paravam. Algumas lágrimas começaram a cair em cima da folha de papel, manchando algumas palavras, mas eu não parei de escrever.

Minha mente estava dando reviravoltas, uma parte de mim implorando para que eu parasse o que estava fazendo e a outra me instigando a continuar. Persistente e exausta, continuei escutando a segunda. Eu não aguentaria muito mais.

Vivi nesta casa por dez anos. Dez anos de tortura, infelicidade e loucura. Porém, não havia solidão. Infelizmente, eu nunca estava só, nunca presenciei o silêncio. A casa range por inteiro, cada andar, cada degrau, cada cômodo. Móveis se mexem por conta própria, velas apagam mesmo sem nenhum vestígio de vento e sussurros tomam conta de minha mente. Mas o pior disso tudo são os calafrios: arrepios longos e insistentes que me perseguem a cada momento do dia, enquanto eu estiver dentro da casa. Eles são a razão, a causa de tudo isto.

Chorando, agora abertamente, escrevo a última palavra no papel, que logo mescla-se com uma lágrima. Dobro a folha, coloco-a dentro do envelope e selo-o com força. Um outro arrepio percorre a minha nuca e eu levanto da cadeira de um pulo, andando em passos rápidos até a outra extremidade do quarto.

Minhas mãos trêmulas encontram, na escuridão, a corda. Áspera e maliciosa, ela esperava por mim, cogitando a minha presença, desejando o meu pescoço. Logo subo no banquinho e a ponho ao redor dele, satisfazendo ambos os nossos desejos. Uma onda de hesitação vem à mim, e eu respiro fundo. ‘’Respira... inspira... respira... inspira...’’

‘’Não...’’

‘’Isto não é o que eu quero fazer...’’

Estou prestes a retirar a corda, arrependida de tudo antes mesmo de ter feito qualquer coisa, quando ele vem novamente.

Aquele maldito arrepio.

Crepitando nas sombras, ele me atingiu com força, fazendo cada músculo em meu corpo doer. Meus espasmos são tão fortes que, contra a minha vontade, meus pés escapam de cima do banco, e eu o derrubo no chão.

Engasgando, chorando e implorando por ar, levei minhas mãos à garganta, tentando afrouxar a corda com poucas esperanças. Era o fim, e eu queria aquilo. Eu nunca mais teria que viver daquela maneira, sendo assombrada incessantemente, para todo o sempre. Pensando eu como eu finalmente teria paz, sorrio.

Meus pulmões se comprimem com o meu último suspiro.

***

‘’Você está conosco agora...’’, uma voz chega aos meus ouvidos. Eu não quero abrir os olhos, mas a coceira ao redor do meu pescoço está me irritando demais para que eu continue dormindo.

Abro os olhos e as vejo.

Todas elas, as que haviam morrido e apodrecido nos terrenos daquela casa, que me perseguiram por dez anos, que nunca me deram paz. Todas ao meu redor, ainda pendurada no teto pela corda, pondo suas mãos geladas em partes diferentes do meu corpo. Nas partes em que eu havia sentido aquela sensação horrível instantes atrás.

Suas peles eram podres e esbranquiçadas. Algumas lhe faltavam partes do corpo, outras tinham furos de facas ou de balas espalhadas pela pele. Todas horrendas, me olhando com seus olhos brancos e podres arregalados, e sorrisos maníacos em suas faces.

Tento gritar, mas eu não tenho mais voz. Tudo o que eu consigo fazer é olhá-las com uma expressão de terror, sem reação devido ao pânico.

‘’Finalmente você chegou.’’, sussurraram.

***

E agora, leitor, eu tenho uma pergunta a lhe fazer...

Você já sentiu, em algum momento de sua vida, um arrepio longo e persistente, tão forte que fez todos os ossos de seu corpo vibrar?


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Notas finais do capítulo

*arrepio*



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