A morena se mantinha deitada no banco do jardim do liceu enquanto escutava Nirvana com o fone no ouvido. Ainda faltava vinte minutos para tocar e todo o mundo se encontrava cá fora. As pessoas corriam pelo pátio com o celular nas mãos enquanto tentavam capturar criaturas estranhas que se escondiam da tela do celular.

Já se fazia dois dias que ela se havia chateado com Annabeth… e pior, a loira nem se desculpou. Ela bufou aumentando ainda mais o volume da música.

— Hey – alguém lhe cutucou. Thália abriu os olhos sonolentos encarando o rosto por cima do seu. – O Banco está ocupado?

— Que você quer?

O Di’Angelo sorriu. – Pedir desculpas… não foi educado eu ter saído daquele jeito.

— Humm desculpas aceites, agora me deixa escutar música em paz.

Nico voltou a rir continuando com o rosto sobre o dela – Que está escutando?

— Musica – respondeu fechando novamente os olhos enquanto ajeitava a mochila como travesseiro.

— Você tem sempre mau feitio de manhã?

— Sempre.

Ele sorriu roubando um fone do seu ouvido.

— Me devolva garoto!

— Fãn de Nirvana?  - sorriu perguntando.

— Eh – respondeu pegando o fone de volta, o colocado novamente no ouvido.

— Bem eu vou indo – sorriu ele pegando no celular.

— Onde vai?

— Pegar pokemons – um sorriso divertido cresceu nos seus lábios – Aparece muitos por aqui.

— Sou anti esse jogo.

— Ué é muito legal.

— Claro que é, andar por ai gastando internet capturando bonequinhos virtuais que não contribuem em nada para a sua vida.

— Hey não ofenda o jogo! – resmungou ele – é muito legal.

— League of Legends é legal, isso aí é idiotice pura.

— Tudo bem revoltadinha, fique aí resmungando que eu vou pegar os quantos “bonequinhos virtuais” – gargalhou ele.

Thália suspirou se deitando novamente sobre a mochila.

— Hey menina! – outra voz voltou a ecoar. A Grace abriu os olhos observando um garoto apontando o celular sobre ela – Não se mecha tem um pokemon em cima de você!

— Você está de brincadeira neh?

O garoto a ignorou, continuando a mira-la com o celular – Pronto! Consegui, valeu garota!

— Só podem estar brincando comigo.

Mas, antes que pudesse protestar o celular tocou, vibrando em sua mão.

Venha ter comigo á cafetaria ao lado do liceu
Preciso conversar com você, prometo te contar a verdade :/
— Annabeth

Arqueou as sobrancelhas confusa teclando com rapidez

“Kuando”?
— Thália

*Quando
Agora… estou te esperando.
— Annabeth

 
Vou agora
E não me corriga >-
— Thália

*Corrija
Até.
— Annabeth.

A morena pegou na mochila se levantando. Caminhou até aos Portões, andando até á cafetaria que se mantinha do outro lado estrada. As paredes eram cobertas de cinzento escuro e vermelho. O chão era revestido com vários padrões circulares que causavam dor de cabeça, enquanto varias mesas se espalhavam pelo espaço. Os olhos azuis logo encontraram a loira, que se encontrava sentada no fundo, caminhou ate ela e se sentou.

— Pronto estou aqui – falou num tom brusco – Conte.

— Antes demais eu queria pedir desculpa – sussurrou Annabeth com os olhos postos na mesa – Eu sei que não costumo esconder nada de você, e sei que você fica chateada quando isso acontece.

— Chateada? Annabeth você costumava confiar em mim, o que mudou?

— Eu ainda confio Thália, mas o que eu vou contar, é… grave.

— Grave? – os olhos azuis se arregalaram por um segundo – Annabeth você está doente?

— Não! Credo Thália.

— Então é oque? Drogas? Fumar?

— Não, não é isso.

— Então sempre existe um cara? – se apresou. A loira apenas assentiu – Eu sabia! Tudo, me conte tudo!

— Thália… ele é mais velho…

— Oquê? 20?

A cabeça dela negou.

— 23?

— Mais ainda.

— 25??

— 27…

— Pura merda! – grito ela num sussurro forçado – Você está zoando não está?

— Não, não estou.

— Anna quase 10 anos! Ele assediou você, foi isso? Ele se aproveitou de você?

— Não Thália, Claro que não…

— Quem é ele?

— Ai está a segunda parte do problema – murmurou ela olhando para os lados com timidez.

— Eu o conheço?

— Sim… conhece.

— Quem Annabeth? Por amor de deus fala logo quem é!

— É o Professor Jackson!

—…

—…

— Não. Posso. Você… Você e o Professor?... Vocês??

— Thália Por amor de Deus você não pode contar isso para ninguém!

— Que é isso Annabeth?… espera… há quanto tempo vocês estão juntos?

— Eu o conheci antes da escola começar, num pub no leste da cidade. Foi naquele dia em que chovia muito você não lembra? Até telhado da Senhora Beckdam caiu, lembra disso?

— Sim eu lembro continua..

— Estava chovendo muito, eu o encontrei lá e metemos conversa, ele me contou que era formado etc. Estavamos conversando de boas mas eu tive que sair á pressa porque meu irmão me mandou mensagem falando que meu pai e minha mãe estavam discutindo enfim… ele me deu carona até casa e nós bem.. ficamos?

— Ficaram? Como assim “ficaram”?

— Ai Thália eu beijei ele.

— Então quer disser que você se atirou ao professor? Nossa a dirty Annabeth sempre veio ao de cima hein?

— Na altura ele não era “meu” professor.

— E depois?

— Se passaram dias  e bem eu acabei esquecendo a nossa “cena”. Só que as aulas começaram e quando entrei na sala o vi e-

— Era por isso que você estava estranha!

— Exato…  Nós tivemo-nos evitando porque, essa questão toda de idades e professor x aluna, não era certo. Mas com o passar do tempo bem nós-

— Vocês transaram neh?

— Eh isso.

— Nossa… - A Grace passou as mãos pelo Cabelo – Eu nunca pensei que fosse ele.

— Percebe agora porque eu não podia contar para ninguém? Nem para você?

— Mesmo assim Annabeth… você sabe que eu não contaria para ninguém.

— Eu sei me desculpa, mas o Percy também n-

— "Percy" uao – sorriu a morena em desboche – É estranho ouvir chamar o professor assim.

— Meio que nos habituamos neh?

— Espera… então quando você passou aquele fim de semana fora – os olhos azuis da garota ganharam um brilho malicioso – Você esteve na cama com ele?

— Não! Nós fomos a Springfield e-

— O que raio foram lá fazer?

— Percy me apresentou a um amigo de infância dele, a coisa acabou por não correr como esperado e voltámos para casa dele.

— Nossa, quem diria… você e o Professor Jackson.

— Thália isso não sai daqui, ouviu?

— Tudo bem… mas caramba eu acho que não vou conseguir olhar para o Professor da mesma maneira.

A loira sorriu.

— Mas você até que teve sorte, ele é bem gostoso.

— Ele tem seu charme – sorriu ela.

— Ele não se vai chatear com você por estar me contando?

— Não… na verdade foi ele quem sugeriu.

— Nossa brigado neh? – resmungou a Grace cruzando os braços – Foi preciso seu namorado barra professor te pedir para confiar em mim.

— Não dramatize.

— Vai demorar até me acostumar que o meu professor está namorando minha melhor amiga.

— Não pense assim, na verdade a gente só pode estar junto no apartamento dele.

— Imagino, numa cidade pequena tudo se sabe… Mas veja, você está logo fazendo 18 anos.

— Como se 1 ano fosse grande coisa, meu pai me mataria se meu namorado fosse universitário, quanto mais já formado e professor.

— Bem… pense positivo, logo você estará na faculdade e podem estar juntos…

— Eh… será muito bom. – sussurrou ela com um olhar sonhador. – Obrigado e me desculpe.

— Não tem mal… obrigado por confiar em mim.

— Eu sempre confiei Thália – sorriu a loira – Logo estará tocando não?

— É verdade – concordou ela com uma cara de choro – Eu só quero ir me enfiar na cama,

— Vamos, se chegarmos atrasadas o treinador Edge nos manda fazer 20 voltas ao campo – sorriu a loira se levantando pondo um dos braços em volta do seu ombro. A Grace sorriu ajeitando a bolsa ao ombro enquanto ouvia as gargalhadas da loira.