— Porque você ainda não contou á Thália?

— Que eu sou amiga do irmão que ela detesta? – questionou Piper caminhando ao seu lado – Não muito obrigada, ela já anda chateada com uma amiga nossa, e se eu lhe contar que sou sua amiga ela vai me matar.

— Amiga?  - sorriu Jason com um sorriso – Já me considera seu amigo?

— Eh… um amigo muito idiota, mas um amigo sim.

— Fico contente por ser minha amiga – ele murmurou com um sorriso divertido.

— Então… quanto tempo vai ficar aqui? Não está perdendo aula?

— Eu já terminei o secundário… esse ano vou começar a faculdade.

— Já não devia ter começado?

— Sim mas adiei… a faculdade que eu queria não me aceitou então vou ter que fazer de novo exame esse final de ano.

— Então você vai ficar um ano sem fazer nada?

— Eh… mais ou menos isso.

— Porque não escolheu outra faculdade? Há muitas por aí – Piper falou olhando fixamente para os seus olhos azuis.

— Minha mãe quer que eu entre na faculdade da família, todo o mundo andou lá então eu tenho de ir também.

— Nossa… e vai fazer oquê?

— Gestão… - ele sorriu – Assim poderei ajudar o meu pai na companhia Aérea dele. Aliás é o sonho dele mesmo.

—…

—…

— Jason?

— Hum?

— Seu pai… fala da Thália? – ela perguntou baixinho. O loiro deu um suspiro alterando por completo a sua expressão serena.

— Não muito… minha mãe não gosta que ele fale da outra família.

— Entendo…

— Ele falava muito dela quando estávamos sozinhos – murmurou ele com um sorriso afetado – As vezes sentia ciúmes sabe? Ele falava dela como se ela fosse a oitava maravilha do mundo… sempre falando o quão forte e decidida era ela…

— Thália acha que ele nunca gostou dela.

— Mas ele gosta, e sente orgulho nela… por isso em vim cá. Eu pedi ao meu pai para conhecer ela, ver quem era a verdadeira Thália – murmurou ele com o olhar fixo sobre o chão. Piper olhou para ele, observou o olhar perdido dele enquanto, discretamente, a sua mão agarrou na dele. O loiro não escondeu o espanto, no entanto manteve o silêncio apreciando o quão bom era ter aquela garota ali… perto dele.

As vezes achava que Piper era uma menina estranhamente bipolar, o repreendia constantemente, gozava com ele e o atingia constantemente com comentários sarcásticos.

E agora estava ali.

De mão dada com ele, mostrando afeto e carinho.

Ela é uma menina estranha. Uma menina muito estranha

Os passos do garoto abrandaram ficando parado no passeio num completo silêncio.

Os olhos azuis safira se mantiveram fixos no par de mãos entrelaçadas.

— Suas mãos são macias – ele murmurou num sussurro. O seu corpo se aproximou do dela, enquanto os seus olhos subiam até ao rosto da garota. A outra mão tocou no ombro da Mclean fazendo as respirações da garota aumentarem com rapidez.

—Quero que saiba que... Adorei conhecer você… - ele murmurou no mesmo tom baixo – Muito.

— Você se tornou um bom amigo – ela sorriu apertando os seus dedos contra os dele.

— Amigo… - sorriu ele continuando a observar os dedos entrelaçados.

E num gesto rápido puxou a grota para os seus braços. A morena sentiu o seu corpo embater contra o dele enquanto o seu rosto encostado ao peitoral do garoto.

— Você é sem duvida impressionante Piper... impressionante até demais – sorriu ele agarrando no rosto da garota se perdendo no brilho imenso daquele olhar  penetrante – adoro os seus olhos.

— Os meus olhos?

— Sim – sorriu ele afagando a sua face – parece um arco iris.

Ela gargalhou baixinho abraçando o corpo forte do rapaz.

— Quem é você Jason?

— Posso ser o que você quiser – sorriu ele beijando os lábios finos de Piper.

***

— Percy! Você vai demorar? – bufou a loira enterrando o rosto no sofá enquanto observava o Jackson sentado sobre a secretária. Os olhos verdes reflectidos sobre as lentes dos óculos metálicos liam atentamente o monte de papeis que estava em cima da mesa. Annabeth o mirou atentamente notando as caretas engraçadas e gestos involuntários que ele fazia enquanto se concentrava em alguma coisa. Percy tinha a estranha mania de morder a caneta enquanto os seus dedos batucavam ritmados sobre a madeira da secretária. Os lábios murmuravam baixinho a leitura e de vez em quando rabiscava algo nas folhas impressas.

— Está quase – sorriu ele não desviando atenção dos papeis.

— Afinal o que está fazendo? Você está aí há meia hora!

— Corrigindo trabalhos do Décimo Ano – bufou ele voltando a riscar algo sobre a página de papel – Esses muleques escrevem tanta besteira que até me dá vontade de me atirar duma ponte… é só copiar e colar da Internet.

— Vai demorar muito?

— Não está quase, quase, prometo – repetiu ele riscando outra vez com força.

— Você disse isso há 10 minutos.

— Há 10 minutos estava quase, agora está “quase, quase” – riu ele olhando rapidamente para ela.

— Daqui a nada são 6h e você ainda aí com a cara enfiada nesses trabalhos.

— Eu tenho de trabalhar – retorquiu ele sem desviar os olhos um momentos sequer – Eu já tinha prometido á turma que entregava os trabalhos ontem.

— Você está sentado aí há quase meia hora Percy você precisa de fazer uma pausa.

— Seu eu fizer uma pausa e ir aí ter com você eu sei que não conseguirei voltar a me sentar nessa cadeira.

Ela ofegou voltando a sua atenção para a Tv onde passava um filme estranho de uma garota que ia algures para o espaço com um cara meio lobo que Annabeth reconheceu logo. cChanning tatum. O Deus grego que a acompanhou em toda adolescência.

— Nossa você ficou silenciosa mesmo – ouviu o Jackson murmurar.

— Cala a boca está passando filme.

Percy desviou o olhar para a Tv observando a cena em que um cara musculado se encontrava em tronco nu enquanto lutava contra uma grupo de homens armados.

— Belo filme – murmurou o mais baixinho que pôde.

— Falou alguma coisa?

— Nada não, continue assistindo aí esse filme.

A loira suspirou se levantando caminhando até ele colocando o braços em volta do seu pescoço. – Falta muito?

— Está quase.

— Então vai demorar neh?

— São só mais alguma páginas e já vou ter com você.

— Percy você não se levantou uma única vez dessa cadeira desde que cheguei– resmungou a loira escondendo o rosto no seu pescoço fazendo com que um arrepio percorresse a espinha do Jackson.

— Você está me tentando persuadir? – sorriu ele olhando a garota nos olhos.

— Estou falando sério Percy.

— Sabe que mais? Tem razão – afirmou pousando a caneta na secretária retirando os óculos do rosto. – Eu preciso mesmo de fazer uma pausa.

— Finalmente você me ouve. Vamos eu te faço um café e você come algo.

— Na verdade não tenho fome – ele sorriu puxando a garota para os seus braços – Só quero estar  com você.

— Por favor pelo menos coma algo. – murmurou a garota dando um beijo na sua bochecha. – Tá bom?

— Como queira mamãe – gargalhou ele avançando até á cozinha pegando numa maçâ que estava numa cesta em cima da bancada. – Feliz?

— Muito. – sorriu ela se encostando ao estofo do sofá.

— Está tudo bem? – perguntou ele dando mais uma trinca na fruta vermelha.

— Ahn?

— Você parece pensativa.

— Não é nada, é que… esquece.

— Hey – chamou ele caminhando para perto dela – Que se passa?

— Thália voltou a se chatear comigo – suspirou a loira num murmúrio – e sinceramente eu lhe dou razão.

— Como assim?

— Estou farta de mentiras Percy. Mentir para desconhecidos? Tudo bem. Para os meus pais? Até que suporto, agora minha melhor amiga? Já é demais…

— Eu entendo – sussurrou ele acariciando a face da loira.

— Ela sempre me contou tudo e eu sempre fiz o mesmo em relação a ela, nunca escondemos nada uma da outra e agora… ela nem sequer me quer ver á frente.

O Jackson continuou em silêncio.

— Estou cansada de mentir para ela… eu sei que é mau e tudo isso mas… custa não poder falar sobre você com ninguém… custa mentir para uma das pessoas que mais tenho confiança e me custa ainda mais trair a nossa amizade… eu sei q-

— Conte para ela – interrompeu ele.

— Oquê?

— Você confia nela?

— Mais que qualquer pessoa.

— Alguma vez ela revelou um segredo seu? Alguma vez ela traiu você?

— Nunca… Nunca mesmo.

— Então conte para ela, se você confia nela assim tanto quanto diz então eu confio também... se você acha que ela poderia guardar segredo então eu confio em você.

— Sério?

— Annabeth – chamou ele sorrindo enquanto penteava os seus cabelos – nós começamos isso para nos sentirmos bem, se um de nós estiver mal então não é esse tipo de relação em que eu quero estar… eu contei para o Grover, é mais que justo que você conte para a Thália.

A loira agarrou na camisa dele num movimento ágil o beijando com vontade.

— Hey calma menina eu estou comendo – gargalhou ele agarrando a sua cintura.

— Você é demais sabia?

— Eu tenho minhas qualidades – sorriu Percy convicto

— Eu adoro você.

— Eu amo você – sorriu ele dando um selinho profundo nos seus lábios.

— Você realmente é demais.

— Hey, se você confia nela, então é meu dever confiar também, eu acredito em você.

— Então e que tal você confiar em mim agora e irmos fazer outra coisa.

— Você vive pensando nisso não vive?

— Você adora que eu viva pensando nisso.

— Você adora que eu adore que você viva pensando nisso.

— Deixa de ser lesado e anda logo. - sorriu ela o beijando novamente o empurrando pelo pequeno apartamento.