Peguei de novo o copo de Whisky em cima do balcão. O gosto amargo do liquido amarelo queimava a garganta fazendo ela arder com o delicioso sabor. Era quase fim de tarde, tinha acabado de vir do West High School. Finalmente consegui o emprego.

Amherst¹ – a minha nova cidade- ficava nos subúrbios de Ohio. Era uma cidade… bem digamos que desconhecida, na verdade foi uma confusão encontrar esse lugar. Eu era Natural de Northampton² uma cidadezinha na costa, quase vizinha desse lugar que eu nem sequer sabia que existia. Olhei pela janela do pub, ainda chovia lá fora. “HotSpot” era um bar muito legal, na verdade nem era muito frequentado, e mesmo assim conseguia ser um dos locais mais agradáveis de se estar. Respirei fundo, dando mais um gole na bebida acida.

Daqui uma semana, começariam as aulas aqui em Amherst. E eu começaria meu emprego como professor de Biologia numa classe de estudantes. Já havia dado aulas em vários liceus mas nenhum era fixo acabando por ser dispensando ao fim de umas semanas.

Ouvi o som da porta ser aberta, olhei para trás visualizando uma silhueta feminina enrolada num casaco beje que lhe chegava pouco abaixo do joelhos, o rosto cobrido pelo capuz escondia os leves cachos loiros que caiam discretamente do rosto. Ela resmungou algo sem sentido, guardando o guarda-chuva num dos caixotes ao canto da porta de madeira, sem antes o sacudir molhando o chão com os pingos da chuva. Despiu o seu casaco, o pendurando no cabide de pé alto num dos cantos do “pub”. Talvez fosse os seus cabelos, os seus olhos, não sei.. só não consegui deixar de a olhar por um bom tempo. Parecia não aparentar ter mais de 21 anos, no entanto o rostinho e o visual jovem mostrava que talvez não fosse tão adulta assim. Ela sacudiu os cabelos e sorriu para si  mesma, caminhou até ao bar se sentando num banco mais afastado.

— Uma imperial – pediu ela confiante. O homem a olhou, e sorriu. Logo calculei que viesse aqui regularmente. Dei mais um gole na minha bebida, observando discretamente – eu acho – a loira do guarda chuva. Ela olhou em volta, os seus olhos pararam em mim me mostrando um sorriso educado.

— Oi – ela cumprimentou automaticamente.

—Oi – sorri em resposta.

Ela olhou em volta, e começou a procurar algo na sua mala. Retirou de lá a carteira branca e um livro pequeno mas bem avolumado ao qual repousou sobre a mesa. O garçon– um homem alto, gordo mas de rosto simpático – trouxe a cerveja num copo alto, sorrindo de novo. Ela agradeceu, e se pôs a ler atenta.

Suspirei, voltando a beber o Whisky que já estava bem no fim.

— Dia difícil? – ela perguntou.

— Não, nem por isso – respondi olhando para os seus olhos cinza nublados.

Interessantes…

Mas misteriosos.

— É novo por aqui certo?

— Sim… notou?

— Amherst é um cidade pequena, 11 mil habitantes  e você nota logo quem é novo por aqui.

— Entendo – sorri.

— E é de onde?

— Northampton – respondi.

— Já la fui – ela sorriu – bem legal lá.

— É aqui perto.

— E veio aqui fazer o quê? – perguntou ela fechando o livro.

— Ensinar – revelei – Vou começar meu novo emprego como professor.

— Nossa, licenciado em quê?

— Biologia.

— Incrível – sorriu ela – Bem eu ainda tenho de me matricular.

— As inscrições já não começaram há um mês?

— Sim, mas houve problemas e só agora pude tratar desses assuntos?

— Pessoais?

— Minha família tem estado um pouco… bem... perdida.

— Pois… e já sabe em que liceu vai estudar? 

— Tou pensando no “Pehlham” minha mãe estudou lá e quer que eu siga também.

— E já pensou no que vai seguir?

— Ainda não… mas logo vou ver.

— Boa sorte. – sorri. Ela sorriu de novo. Ouvi o vibrar de um celular. A Garota de cabelos loiros saltou do banco, remexeu de novo na mala e retirou de lá o Blackberry Qwerty.

— Eu vou indo. – ela sorriu olhando a mensagem. – Meus pais estão me chamando.

Saltou do banco e bebeu a cerveja rapidamente.

— Foi um Prazer conhecer você- 

— Percy – cortei rapidamente – Meu nome é Percy.

— Annabeth – ela sorriu. Arrumou tudo dentro da mala e vestiu o casaco.

— Ainda tá chovendo – adverti – Não acha que devia esperar?

— Sim, mas estou com pressa – riu ela pegando no guarda chuva – Então… Adeus.

E saiu mergulhando de novo na chuvada lá fora. Olhei para o copo vazio…

Porque não?

Peguei no meu casaco, e rapidamente corri para a rua, a loira caminhava desajeitadamente pelas ruas, ensopada. O guarda-chuva abanava com o vento. Cerrei os olhos, enxergando por entre os pingos da chuva.

Caminhei até ao Audi cinzento, entrei no veiculo o ligando, avançando ao encontro da garota que lutava para conseguir atravessar a chuva.

— Annabeth – chamei parando o carro. – Entra.

Ela olhou para mim confusa, e rapidamente entrou no meu carro.

— Nossa odeio chuva – resmungou ela.

— Você está bem? – perguntei preocupado.

— Estou – riu ela – Só estou molhada.

— Vamos onde é sua casa? Eu te levo.

— Não é-

— Vamos eu te levo, me indica o caminho. – pedi.

Ela fixou os olhos em mim, parecia brava, no entanto deu um sorriso de lado, e cedeu.

— Tudo bem.

O bairro dela, ficava a mais ou menos um quilometro, num bairro agradável onde as casas todas pareciam iguais.

— Aqui – ela sorriu apontando para uma das casas em frente. Era normal, estilo americano, não era grande, mas também não era pequena, aliás era típico do casal mediano. Possuía um jardim com gnomos, e relva verde.

— Bem, adeus – riu ela penteando um dos seus cabelos molhados.

— Eh…– sorri.- Até.

Ficamos em silencio… olhei para ela, examinando cada fio do seu cabelo encharcado.

E do nada já estávamos agarrados um no outro ao beijos. Os seus lábios vermelhos e quentes vagueavam por entre os meus de modo sensual, a sua língua macia explorava a minha com aptidão… agarrei a sua face puxando contra mim, ela sorriu, acariciando os meus cabelos enquanto se esticava para cima de mim. Continuei a beijando, acariciando os seus fios dourados. Não sei o porquê, mas queria estar ali o dia todo.

A sua boca não descolava da minha nem um segundo, agarrei a sua cintura ainda mais perto, podendo sentir o seu corpo… E ao fim de uns segundos paramos, podendo assim voltar a respirar. O seu sorriso sumira, ela parecia estar concentrada em algo, como se estivesse pensando em mil e uma teorias. Agarrou de novo os meus cabelos, me puxando, e novamente os nossos lábios se uniram num beijo profundo, prendi o seus rosto nas minhas mãos e enquanto sentia a sua boca na minha…

— Bem – murmurou ela se afastando – Até um dia…

— Ate – sorri, agarrei o seu rosto, beijando de novo os seus lábios num beijo curto.

Ela sorriu assentindo, e saiu do carro rumo á sua casa…

Talvez a visse algum dia…