Entre Chocolates e Estrelas escrita por Sophia Dullok


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Os termos estão em inglês, portanto:
Remus Lupin - Remo Lupin
James Potter - Tiago Potter
Peter Pettigrew - Pedro Pettigrew
Moony - Aluado
Pete - apelido do Peter
Remy - apelido do Remus

Boa leitura!



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Remus estava emburrado rolando as salsichas pelo prato ao invés de comê-las naquela manhã. É claro que Sirius estava habituado com o mau-humor compreensível que assolava o lobisomem por esses dias, afinal ele passaria pela lua cheia amanhã, mas o que piorava a situação é que Remus iria perder pela primeira vez a festa de Halloween. Por mais que Sirius tentasse assegurar que iria guardar muitas bombas-surpresa e um generoso pedaço de torta de chocolate ou qualquer outra coisa que o namorado pudesse querer, Remus ainda continuava amuado e isso não era uma coisa boa. Quanto mais triste, pior era a transformação e a pós-lua. Todos os marotos estavam preocupados.

— Moony, é só uma festa com alguns chocolates... — tentou argumentar Peter, mas calou-se assim que viu o olhar mais que mortal que Sirius lhe dirigia. Só esse olhar já deveria ser motivo para mandar alguém para Azkaban.

James deu um audível e muito provavelmente doloroso pescotapa em Peter que resmungou, mas não se atreveu a dizer nada.

— O que o idiota cabeçudo e insensível do Pete está tentando dizer é que nós vamos surrupiar tudo que você quiser da festa, Remy. É sério, eu já te disse isso. — Sirius tentou contornar com um sorriso, mas na verdade era mais uma distorcida careta aflita. — E amanhã vão ter alguns doces na hora do almoço também.

Remus suspirou e espetou sem querer um pedaço de torrada quando tentava espetar as salsichas. Ele sabia que era um motivo bobo para se chatear daquela forma, mas não conseguia se controlar já que sempre ficava mais sensível perto da Lua Cheia. E eram chocolates, poxa vida! E dos melhores.

— Eu sei, vocês nem se atreveriam a não guardar aqueles doces para mim. — Sorriu torto, ainda meio muxoxo e que não enganava ninguém.

Sirius estava com a cabeça a mil e não conseguia sequer prestar atenção no que o Prof. Bins dizia sobre a  Revolução dos Duendes, quer dizer, não que isso fosse alguma novidade, mas hoje estava um exagero. Sua atenção estava focada em Remus (a visão também, já que o dito cujo se sentava logo a frente). O que ele poderia fazer para melhorar pelo menos um pouco o humor do namorado? Nossa, como pensar nessa palavra ainda era estranho! Mas sim, mesmo que ainda não assumido para qualquer um que não fosse um Maroto, Moony era seu namorado e...

— ISSO! — exclamou Sirius sem conseguir se conter, dando um pequeno pulinho na cadeira.

Os alunos acordados olharam-no confusos e os que estavam dormindo acordaram assustados, alguns com pergaminho colado na testa e outros com frases a tinta impressas na bochecha. Sirius arregalou os olhos quando finalmente percebeu o que fez.

— Algum problema, Sr. Black? — Bins olhou-o bravo; odiava sair de sua rotina chata e extremamente entediante.

— Am... — Sirius empertigou-se e James quase caia da cadeira tentando prender a risada. — Am... eu estava, hm, torcendo para os duendes, ‘prossor. Eles são uma minoria mal interpretada da nossa sociedade, sabe? Uhul!! Vai lá duendes!! Vocês são fodas!— ele bateu palmas e deu soquinhos no ar para tentar enfatizar o que dizia, mas o professor só o olhava de maneira cada vez pior. Sirius já conseguia sentir os pontos da Grifinória indo pelo ralo, então ele olhou aflito para James em busca de ajuda.

— É! Minoria mal interpretada! — tentou James em resposta, ainda achando a situação muito cômica. — Yah, vai com tudo, orelhudos! ‘Tamo junto!

Bins desnecessariamente pareceu respirar fundo antes de murmurar algo inaudível e voltar a leitura do livro. Todos os alunos estavam com uma coloração anormal devido o esforço para não caírem na gargalhada, com exceção de Remus. Esse parecia querer voar no pescoço de Sirius tanto quanto o professor e, bem, se Remy o fizesse teria mais sucesso que o fantasma, mas simplesmente voltou a prestar atenção na aula.

Sirius apressadamente escreveu dois bilhetes, passando um para James e outro para Peter. Ele precisava falar com os dois na saída da aula de um jeito que Remus não desconfiasse, o que não iria ser muito complicado já que agora o lobisomem teria Runas Antigas e os outros três iriam – ou pelo menos deveriam – para Adivinhação.

Sendo assim, depois de História da Magia, estavam os três reunidos em um canto afastado do corredor com privacidade o suficiente para que pudessem conversar com tranquilidade.

— O que foi aquilo? — Peter perguntou finalmente podendo rir.

— É que eu tive uma ótima ideia.

— Ah, então deve ter doido. Ele não costuma pensar muito, sab- Ai! Hey, era brincadeira, bocó! — James ficou indignado com o soco no braço que levou de Sirius.

— Seu cabeção idiota, presta atenção. Eu sei um jeito de animar o Moony, mas eu vou precisar da ajuda de vocês e temos que ser discretos para ele não desconfiar de nada.

— Vish, então esquece, Sirius. James é tudo, menos discreto- Ai, cara! E eu disse alguma mentira por acaso? — protestou Peter, por que agora era ele quem levava um soco, desta vez dado por James.

Os três marotos então se empenharam o resto do dia para conseguir achar um meio de realizar o plano de Sirius com sucesso. James achou a ideia totalmente exagerada e que poderia acabar aborrecendo Remus ainda mais, mas Sirius recusou a dar-lhe ouvidos e prosseguiu com afinco sua pesquisa nos livros da biblioteca. Como Remy poderia não gostar de algo que ele fizesse? Ele era fabuloso, estupendo, tudo que fazia era tão estupendo quanto. E outra, tinha certeza que Remy já ficaria melhor só com a notícia que ele pesquisara um monte... ou talvez não, uma vez que para isso todos os três tiveram que matar aula.

— Onde vocês se meteram o dia todo? Só apareceram no almoço e agora para a janta — exigiu Remus assim que eles se reuniram no Salão Comunal depois do jantar. — Vocês enlouqueceram? Temos os NOM’s pra fazer.

— Os NOM’s são ano que vem, Moony — lembrou-lhe Peter acomodando-se em uma poltrona. Ele ganhou um olhar bem feio de Remus.

— Não interessa, já temos que nos preocupar desde já. — Remus tacou uma almofada bem no meio da cara de Peter.

— Ah, Remy, você se importa demais. Vai ter rugas mais cedo, sabia disso? Não vai ter creme mágico anti-idade que vai te ajudar, de verdade. Só se fosse um creme milagroso anti-idade ou algo a- — Sirius não conseguiu terminar de dizer, por que agora a almofada voadora de Remus atingia-o em cheio.

— A gente só resolveu tirar um tempo pra gente, Moony, e como sabíamos que você não iria querer matar aulas a gente nem perdeu tempo convidando — veio James ao socorro, encolhendo-se com medo de levar uma almofadada também. Ele nem sabia que o Salão Comunal tinha tantas almofadas ao alcance assim!

— Hmph, sei, sei... — resmungou como uma senhora dona de cinquenta gatos. — Vocês ainda vão acabar se dando mal com isso e depois eu vou ter prazer em dizer “Eu avisei”. — Ele levantou-se e bateu nas vestes como se fosse retirar o pó. — Vou dormir, meus músculos estão horríveis. — Ele suspirou cansado e olhou para Sirius. Remus desejava poder inclinar-se agora e selar os lábios do namorado em um beijo de boa noite, mas a sala estava cheia de alunos e isso não poderia acontecer. Então Remus contentou-se apenas em acenar com a mão para os amigos antes de subir as escadas dos dormitórios.

— Eu ainda vou me acostumar com isso. — James murmurou olhando por onde Remus havia ido. — É baita estranho ver dois dos meus melhores amigos namorando e trocando olhareszinhos apaixonados.

— Ah, cale a boca! Nós três temos que aguentar você babando e lambendo por onde a Evans passa todos os dias desde o segundo ano, cabeção.  — Sirius retrucou e deu um croque na cabeça de James que tentou argumentar, mas não conseguiu.

No dia seguinte quando Sirius acordou deparou-se com Remus já de uniforme e concentrado em uma leitura. O garoto não parecia nada bem: pálido, com olheiras fundas e de cor arroxeada como grandes hematomas, e vez ou outra ele fechava os olhos por alguns segundos e respirava fundo. Se pudesse, Sirius tomaria a licantropia de Remus para si, pois era torturante ver o lupino sempre passar por aquilo sem poder fazer nada. Vê-lo daquele jeito somente o fez ter ainda mais determinação para cumprir seu plano. Remus tinha que ficar feliz pelo menos um pouco e Sirius iria garantir isso.

Novamente eles mataram as aulas da manhã, dessa vez para que pudessem preparar tudo. Eram muitos feitiços! Nada muito complicado, mas era chato por que eles tinham que ficar repetindo e repetindo. A parte mais fácil com certeza foi convencer os elfos domésticos da cozinha a deixá-los fazer aquilo. Foi pedir por favor e explicar o que estava acontecendo que todas aquelas criaturinhas alegremente concordaram e até mesmo colaboraram. Sirius estava extremamente orgulhoso de si e James por um segundo achou que ele poderia sair flutuando de tanto ego inflado.

— Eu ainda acho que pode dar problema com o Moony — Peter comentou quando os três já estavam sentados a mesa para o almoço.

— Claro que não, ele é daquele jeito Moony de ser mas tem alma de maroto. E outra! — disse um pouco mais alto, pois Peter ameaçava dizer mais alguma coisa. — É um presente meu, não tem como Moony não gostar. Sou eu, oras!

Peter iria responder, mas novamente foi interrompido, dessa vez por James.

— Desista, Pete. Você sabe que essa jamanta ai não tem jeito.

— Quem você está chamando de jamanta?! — vociferou um Sirius Black muito indignado, olhando para James como se ele fosse um E. T.

— Você mesmo.

— Oras, seu...!

— Ah, por Merlin, parem de agir como duas crianças de 5 anos. — Remus cortou a conversa e sentou-se ao lado de Peter, de frente para Sirius que ainda olhava atônito para o melhor amigo. — E por que faltaram novamente? Isso está saindo dos limites, de verdade. Eu vou ter que conversar com a Prof. McGo-

— A gente vai voltar a ir nas aulas, Moony, não preocupe — garantiu James.

— Hm, acho bom mesmo.

Os quatro começaram a se servir do almoço e conversar banalidades. Remus estava quieto e se forçava a comer, mas o máximo que conseguiu foram alguns pedaços de carne com purê de batatas e ervilhas. Entretanto, dentre as sobremesas havia uma de suas favoritas: pudim de chocolate com chantilly! Remus não se fez de rogado e com o um sorriso um pouco mais animado ele levou a faca até o doce na travessa e...

BOOM!

Todos os pudins de chocolate com chantilly de todas as quatro mesas explodiram ao mesmo tempo, voando pedaços grudentos para todo lado. Havia pudim no chão, nas mesas, nos uniformes, dentro das jarras de suco e nos cabelos das pessoas, mas acima de tudo haviam milhares de papeizinhos voando para todos os lados como confetes em época de carnaval. Eram tantos papéis que algumas pessoas se engasgaram com eles quando gritaram de susto.

— QUE ISSO? QUE TA ACONTECENDO? — Moony alarmou-se e teve que desgrudar uns três papéis que impediam sua visão. Ao tirá-los dos olhos, Remus inevitavelmente os leu. Ele conhecia aquela letra. Ah, com toda certeza ele conhecia aquela letra.

 

 

 Lívido, vagarosamente ergueu os olhos em direção a um sorridente Sirius, que estava totalmente coberto com pedaços de pudim e chantilly escorrendo pelos cabelos. As pessoas a medida que liam os papéis viravam-se em direção aos dois, o silêncio começando a tomar conta do Salão Principal. Todos se perguntavam se aquilo era sério ou apenas uma pegadinha e Sirius vendo isso colocou-se de pé no banco e dali para cima da mesa, fazendo ainda mais sujeira.

— EU AMO MOONY! — bradou ele e ergueu os braços desnecessariamente, pois todo o salão já o olhava. Os professores estavam chocados demais para reagir. — EU AMO MOONY! EU AMO MOONY! EU AM-

Exasperado, Remus colocou-se sobre a mesa para tapar a boca de Sirius.

— Eu também te amo, seu doido! — exclamou em um ímpeto, os olhos âmbar muito arregalados.

Sirius sorriu largamente contra a palma calejada do namorado e desviou-se dela para conseguir alcançar os lábios de Moony, selando-os em um beijo que escorria amor... e chocolate com chantilly.

Remus naquele instante viu-se aquecido por dentro e tão feliz quanto nunca fora. Passar por aquela Lua Cheia com toda certeza seria muito mais fácil, assim como também não ligava para os assobios e toda a atenção que o Salão Principal o dava. Ele tinha Sirius. Ele tinha o amor de Sirius e isso era a coisa mais importante que poderia existir para si e agora todos sabiam disso. Ele descobriu finalmente algo além do chocolate que o fazia se sentir real e completamente humano.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido! Eu sinceramente espero que você tenha gostado.

Não foi só minha primeira Wolfstar, foi meu primeiro yaoi e eu até que estou orgulhosa do resultado. Acho que foi a primeira fic cômica que escrevi também, mas não estou realmente certa disso.

Eu ficaria imensamente feliz se você deixasse um comentário com sua opinião sobre o capítulo. Se você achou algum erro, poderia me dizer, por favor? Eu revisei umas quatro vezes, mas algo pode ter passado.

Beijos mil,
Sophia Dullok.

p.s.: o bilhete foi feito por mim.



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