Não Me Deixe, Maninho escrita por Katmew


Capítulo 7
Perdida


Notas iniciais do capítulo

Uhhuuuu mais um capitulo! Espero que gostem



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Micaela Pov’on

 

De mãos dadas com o meu maninho, passeávamos pelo shopping juntos. Sábado era o nosso dia de folga, e ele me levava para brincar no parque que havia lá. Por razões óbvias, sábado tinha virado o meu dia favorito da semana e eu ansiosamente esperava seis dias para ele chegar. Enquanto eu observava, completamente maravilhada, as lojas de brinquedos, eu ouvi minha barriga ronca. Coloquei a mão na barriga e senti ele roncar mais uma vez.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi: sorvete. Eu sei, nada saudável, mas eu já não sabia mais o que era comer saudável desde que eu tinha começado a morar com o maninho. Logo, eu estava puxando sua mão para lhe chamar atenção.

— Oi Mica – ele disse quando olhou para mim.

— Podemos tomar sorvete? – perguntei com um sorriso.

Ele sorriu, arqueando sua sobrancelha.

— Você está viciada em sorvete.

Eu não sabia o que ser “viciada” significava, então perguntei:

— O que isso significa?

— Que você não vai tomar sorvete – respondeu e voltou a olhar para frente.

— Por favor, maninho – pedi mais uma vez.

— Você comeu semana passada. Se continuar assim, vai acabar virando uma baleia rosa com um laço vermelho – disse ele se referindo ao vestido que eu estava usando, tinha ganhado da Tia Rosalya e o Tio.

— Prometo que não vou. Por favor, vamos tomar sorvete.

Ele pensou por alguns segundos, alimentando a minha esperança.

— Não – respondeu ele.

Eu abaixei a cabeça, sentindo-me derrotada.

— Mas, se você se comportar, talvez podemos comer bolo ao invés de sorvete.

Levantei a cabeça, um grande sorriso brotou no meu rosto. Não era sorvete, mas eu também amava bolo, principalmente os bolos da famosa confeitaria que tinha perto de lá. Dei um gritinho de comemoração.

— Lembre-se, é só se você se comportar – disse ele.

— Ok maninho – respondi, tentando disfarçar minha animação para parecer calma.

Continuamos andando por um tempo e de repente, nós paramos. Olhei para o maninho e ele fazia uma careta, colocando a mão na barriga.

— O que foi?

— Eu preciso ir no banheiro – disse ele.

Olhei em nossa volta e vi um banheiro a alguns metros. Eu apontei e disse:

— Ali tem um.

— Eu sei, mas eu não posso te deixar sozinha – disse ele.

Ele pensou por alguns segundos, decidindo o que fazer.

— Ok, vamos fazer o seguinte. Você vai sentar naquele banco – ele apontou para um banco que ficava do lado da entrada do banheiro – Não vai sair dali e não fale com estranhos, tudo bem?

Eu assenti e ele me deixou no banco, entrando no banheiro logo em seguida. Passaram-se cinco, depois dez e depois vinte minutos e maninho ainda não tinha saído. Cheguei a pensar que ele já tinha saído e me esquecido lá, então fiquei em pé no banco para ter uma visão melhor do fluxo de pessoas. Após três minutos de eu tentando avistar o maninho, um segurança de shopping se aproximou de mim.

— Ei, garota! Não pode ficar de pé nos bancos – ele gritou, furioso.

Eu fiquei assustada, sem saber o que pensar ou falar, então eu corri e ele começou a me persegui. Perdida, eu corria, me desviando rapidamente das pessoas, olhando para trás de vez em quando e vendo o segurança bem no meu pé. Em alguns momentos, ele quase conseguiu agarrar meu braço, errando por pouco, o que me motivou a correr mais rápido.

Lágrimas se formavam em meus olhos e o pânico estava tomando conta de mim. Eu escapei da multidão, quase sem fôlego e o segurança ainda me procurava por lá. Comecei a olhar ao redor, procurando alguém que eu conhecesse. Não vi ninguém com o cabelo vermelho do maninho, mas vi um ruivo que eu rapidamente reconheci.

— Íris – eu murmurei, ainda sem fôlego.

Nesse momento, o segurança me avistou e voltou a correr atrás de mim. Eu juntei toda a energia que me restou e corri até a tia Íris. Quando eu estava dois metros de distância dela, eu gritei:

— Tia Íris – e abracei suas pernas.

Ela virou-se para me encarar e sorriu.

— Micaela – ela disse animada, mas logo seu sorriso desapareceu quando percebeu que eu estava chorando – Que foi, bebê? O que aconteceu? – ela perguntou enquanto me colocava em seu colo.

Eu estava assustada demais para falar, então ela tentou me acalmar, enxugando as minhas lágrimas e acariciando minha cabeça. Quando eu estava finalmente mais calma para falar, o segurança chegou.

— Você conhece essa garota? – ele perguntou à tia Íris com um tom grosseiro.

Eu percebi pela expressão dela que ela não tinha gostado nem dele e nem do seu tom de voz, porém, antes que ela pudesse responder, um garoto de cabelos negros e olhos azuis se aproximou de nós.

— O que está acontecen...? – ele não terminou sua pergunta, pois tia Íris segurou seu braço, puxando ele para perto.

— Eu sou a mãe dessa garota e ele é o pai – declarou ela ao segurança.

— É o que? – o garoto disse envergonhado, mas Íris ignorou.

— O que você quer com a minha filha? – ela perguntou a ele, furiosa.

O segurança logo mudou sua postura e pareceu assustado. Ele não sabia o que dizer para “mãe” furiosa e parecia envergonhado por ter corrido atrás de mim, tanto, que nem questionou que os meus supostos pais eram dois adolescentes.

— Me desculpe – ele murmurou e saiu dali.

Quando o segurança se afastou o suficiente, o garoto soltou braço que a tia Íris segurava.

— Que negócio é esse de filha, Íris? – ele perguntou, confuso, e então ele olhou para mim – Quem é essa?

— Eu falei aquilo para ele ir embora, essa é a Micaela.

O garoto ficou de boca aberta, surpreso.

— A irmã da Star? – perguntou ele, me analisando.

Íris assentiu e ele sorriu para mim.

— Micaela, esse é o Armin.

— Oi tio Armin – eu acenei a ele, com algumas lagrimas ainda caindo.

— Oi fofinha – disse ele secando as lagrimas com o dedo.

— Onde está o Castiel? – tia Íris perguntou.

— Ele sumiu... – foi tudo que eu disse.

Tio Armin acariciou minha cabeça.

— Não me preocupe, nós vamos achar ele.

De mãos dadas aos dois e começamos a andar pelo o shopping. Passamos por várias áreas do shopping, mas não vimos o maninho. Eu estava ficando bastante preocupada.

— Acho melhor nós irmos até o pessoal – disse Íris para Armin.

Fomos até um famoso café que havia no shopping e de longe vi dois rostos familiares.

— Tia Rosalya! Tio copo de leite! – eu exclamei, correndo até eles.

Copo de leite era o apelido que tinha dado a Leigh. Abracei os dois com força.

— Olha quem é, a maquiadora profissional Micaela – disse tia Rosalya sorrindo.

— Já estava com saudades – disse o tio acariciando minha cabeça.

Uma garota de cabelo curto, que segurava uma câmera em suas mãos, tirou uma foto de tia Íris e tio Armin juntos.

— O novo casal da Sweet Amoris – disse ela.

Os dois começaram a corar e garota começou a rir.

— Cala boca, Peggy – Armin desviou o olhar e enfiou as mãos nos bolsos no moletom.

— Ele ficou todo vermelho – riu um garoto de cabelos azuis e olhos cor de rosa.

  - Não ri do seu irmão, Alexy – disse uma garota de voz mais suave que pétalas de rosas e mais doce que mel.

— Ouça a Violet, Alexy – disse tio Armin.

— Tia Violette e tio Alexy – eu disse apontando a eles, mostrando ter aprendido seus nomes.

— Olha ela me chamou de tia, que fofa – disse tia Violet.

— Muito fofa – disse tio Alexy apertando minha bochecha.

Havia um garoto de cabelos prateados com uma mecha preta sentado na mesa da tia Rosalya e do tio, ele escrevia em um bloco de notas.

— Oi – disse acenando a ele.

Ele levantou a cabeça e me encarou com seus olhos estranhos, um verde, outro amarelo. Sua testa franziu e sua expressão era confusa.

— Você parece com a Star – disse ele, deixando se bloco de notas e sua caneta de lado.

— É a irmã da Star, seu lerdo – disse Alexy revirando os olhos, enquanto cruzava os braços.

— Ah, sim, você é a Micaela – disse ele segurando a minha mão com delicadeza e dando um beijo nela – Você é tão linda quanto sua irmã.

— Obrigada – respondi com o rosto corado.

— Que fofo, o Lysandre deixou a Mica com vergonha – ouvi uma voz falar atrás de mim e logo a reconheci.

— Tia Kathy – eu exclamei, correndo em sua direção.

Ela me levantou em seu colo, me dando um beijo na testa.

— Oi Mica – disse ela e então, ela olhou para os lados e perguntou – Onde está o Castiel?

— Ele sumiu – respondeu Armin – Procuramos por ele em todo lugar, mas sem resultado.

— Como assim? – ela perguntou com a testa franzida, me colocando no chão.

Eu expliquei a ela sobre tudo que tinha acontecido e ela ouviu atentamente. Digamos que ela não estava nada feliz. Ela deu um suspiro irritado e cruzou os braços.

— Não se preocupe, eu vou achá-lo.

 

Castiel Pov’on

 

Eu finalmente tinha saído do banheiro após não me sentir bem. Minha barriga ainda doía um pouco, mas não tanto quanto antes. Eu olhei as horas no meu celular e vi que tinha deixado a Micaela me esperando quase meia hora, não tinha percebido o tempo passar, esperava encontrar a pequena sentada no banco, exatamente onde havia a deixado, mas só encontrei um banco vazio. O medo me consumiu e eu congelei. Eu fiquei ali parado, apenas tentando processar o que estava acontecendo.

Eu tinha perdido a Micaela.

Meu coração começou a acelerar e minha respiração ficou pesada. Eu olhava ao meu redor, procurando-a, mas não via nada. Nem um rastro dela. Comecei a procurá-la na área perto do banheiro, depois, procurei em lojas, e depois disso, procurei na área dos brinquedos, mas não a encontrei. Minha testa e minhas mãos começaram a suar, enquanto eu segurava minha cabeça, tentando não entrar em pânico. O medo não estava deixando eu raciocinar, por isso não fui até o centro de segurança do shopping, tudo que eu conseguia pensar era “porque eu não dei um celular para essa menina”.

Uma lágrima de frustação escorreu pela minha bochecha enquanto eu imaginava o que poderia ter acontecido com ela. Com uma mão na testa, fiquei andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer.

Eu estava no automático quando comecei a andar sem rumo e acabei no mesmo lugar em que Micaela tinha desaparecido. Minha visão estava embaçada com as lágrimas e suor, mas consegui enxerguei algo de longe: o banco onde eu havia deixado Micaela. Tinha alguém sentado lá. Meu coração se encheu de esperança, mesmo que com uma possibilidade de que não fosse ela. Andei rapidamente até o banco, enquanto limpava as lágrimas dos meus olhos, parei a dois metros do banco e finalmente tinha limpado a minha vista, mas não vi o que eu esperava. Não era a Micaela, mas a Katherine. Ela mexia no seu celular freneticamente, sem saber que eu estava ali.

Ela levantou a cabeça e me viu, dando um pulo do banco.

— Castiel, onde você estava? Eu ti liguei dez vezes já – disse ela andando em minha direção.

Eu ainda estava muito mal, não conseguia falar direito.

— Eu... Eu... P-perdi a.. – comecei falando, mas não consegui terminar.

— Perdeu o que, Castiel? – perguntou ela, colocando a mão na cintura.

Continuei sem dizer nada, apenas estava pensando em como dizer a ela que eu tinha perdido Micaela. E então, ela perguntou:

— Você está falando da Micaela? Ela está com o pessoal do colégio, no café Sweet Kisses.

Essa frase foi como música para meus ouvidos. O peso na minha consciência e meu coração foi dissipando e a sensação de alívio tomou seu lugar em mim.

— Graças à Deus – eu disse, colocando a mão no peito – Você não sabe pelo o que eu passei.

— Não, não sei, mas sei pelo o que a Micaela passou. Sério que você a deixou aqui? – ela apontou para o banco, ainda indignada e depois cruzou os braços.

O peso da culpa logo caiu sobre meus ombros mais uma vez e eu simplesmente baixei a cabeça.

— Eu sei, eu sou um péssimo irmão – eu disse colocando uma mão na testa – Eu não devia ter a deixado aqui.

 Com isso, Katherine percebeu o quanto eu estava mal. Ela descruzou os braços e suas feições suavizaram, parecia um pouco envergonhada por ter brigado comigo. Aproximando-se de mim, ela colocou uma mão em meu braço.

— Está tudo bem agora, ela está bem – disse ela, tentado me confortar.

Sua mão subiu meu braço, passando pelo meu ombro, subindo meu pescoço, parando na minha bochecha. Sua mão era macia e ela me acariciava com o polegar. Meu rosto começou a esquentar e ela se aproximou de mim, sua boca ficando centímetros da minha.

— Castiel... – ela disse meu nome docemente.

Sua mão subiu mais um pouco até chegar na minha orelha e a puxou com muita força, algo parecido com o que as mães fazem quando seus filhos enchem seus sacos. Total quebra de expectativa.

— Nunca mais faça isso! Entendeu? – ela exclamou, soltando a minha orelha.

— Desculpe! Desculpe! Desculpe! – eu exclamei, segurando minha orelha vermelha.

— Ok, agora vamos – ela disse, segurando a minha mão – A Mica quer o irmão dela de volta.

Estávamos a caminho do café onde Mica e os outros estavam enquanto Katherine me contava o que tinha acontecido com a Mica, o que me fez sentir um idiota. Uma experiência que eu nunca vou esquecer.

— Espero que você tenha aprendido sua lição – disse ela, apertando a minha bochecha.

— Por favor, pare de me tratar com um garoto de oito anos – respondi tirando sua mão da minha bochecha.

Estávamos nos aproximando do café quando começamos a ouvir um tumulto vindo dele.  De longe, vi uma cena terrível: Micaela chorava aos prantos no colo de Alexy, enquanto ele encarava, juntamente com os outros, Ambre, Li e Charlote dando gargalhadas.

— Olha – ela disse apontando para Mica – A horrorosa está chorando – e ela voltou a rir.

— Não se olha no espelho não? – perguntou Li.

— Por que vocês estão tão pobres que viraram babás foi? – Charlote comentou.

— Passa chapinha nesse frizz dela – disse Li com uma mecha de cabelo da Micaela enrolado no dedo.

Alexy deu um tapa na mão dela, fazendo ela soltar a mecha e recuar.

— Suas idiotas – disse Rosalya dando um passo à frente – Ela é só uma criança. Deixem ela em paz.

Ambre virou-se para encará-la e colocando a mão na cintura, respondeu:

— E daí? Ela é feinha.

— Para, Ambre. Ela é a irmã do... – começou Armin, mas foi interrompido antes que pudesse dizer o meu nome.

— Não me importa se ela é irmã de um de vocês – respondeu Ambre, batendo o pé.

Eu e Katherine tremíamos de raiva. Com as mãos ainda entrelaçadas, aproximamos do grupo e foi quando Ambre nos viu que seu sorriso desapareceu.

— O que você está fazendo, Ambre? – perguntei tentando controlar a minha raiva.

Com o som da minha voz, Mica levantou o rosto do peitoral do Alexy para me encarar com olhos cheios de lágrimas.

— Castiel – ela gritou, enticando os braços em minha direção.

Alexy a botou no chão e ela veio correndo para meus braços. Eu a abracei, acariciando seu cabelo.

— O que é isso? – perguntou Ambre sem entender o que estava acontecendo.

Nesse momento, Micaela virou-se para ela e seus olhos encontraram. Ela já tinha visto aqueles olhos antes, aquelas feições, aqueles lábios, aquelas lágrimas. O rosto Ambre empalideceu quando ela percebeu a semelhança.

— Ela é... – Ambre começou a dar passos para trás enquanto apontava o dedo -  Ela é a irmã da...

— Não. Ela é a minha irmã agora – eu respondi me levantando, com Micaela agarrada na minha perna.

Ambre congelou, sem consegui solta mais veneno.

— Primeiro a Star e agora a Mica. Quantas vezes você vai ter que quebrar a cara para nos deixar em paz? – essas palavras saíram da minha boca enquanto eu a encarava.

Eu dei as costas para ela, pegando a Micaela no colo.

— Vamos galera.

Todos me seguiram, deixando as imbecis para trás.

Para animar a Micaela, a levamos para escolher um novo brinquedo e depois para comer bolo, e logo ela estava sorrindo mais uma vez, deixando o incidente com Ambre de lado.

— Castiel, onde você esteve esse tempo todo? – perguntou Armin aproximando-se enquanto caminhávamos até a confeitaria.

— No banheiro – respondeu Katherine antes que eu pudesse abrir a boca.

— Você ficou no banheiro por mais de quarenta minutos? Você estava... cagando?

— O quê? – foi tudo que eu disse antes de todo mundo cair na gargalhada – Eu não estava cagando.

— Nenhum homem vai ao banheiro e passa 40 minutos a não ser que ele esteja cagando – disse Armin, rindo mais.

— Ok, chega de falar de fezes, por favor – disse Rosalya – Assim ninguém vai conseguir comer bolo de chocolate.

— Bolo! Uruu! – exclamou Micaela, saltitando a nossa frente, dando soquinhos no ar fazendo todos rir.

Mica parou na minha frente, esticando os braços para mim. Eu ri, pegando-a no colo e ela se pendurou no meu pescoço, como sempre. Abraçando-a forte, eu fiquei grato por nada de ruim ter acontecido com ela porque agora, ela era tudo para mim.

 

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

(Galera de 2017, consegui posta o sétimo agora e já vou tentar postar o oitavo hoje. Talvez eu consiga postar todos hoje, juntamente com o novo capítulo que tanto esperavam)
Kat, 27/12/2017 14:57