Não Me Deixe, Maninho escrita por Katmew


Capítulo 10
Bullying


Notas iniciais do capítulo

Desculpe demora! Finalmente um novo capítulo! No meu aniver eu tinha ganhado uma mesa digitalizadora intuos e eu venho treinando para usar um desenho feito nele para a fanfic, espero que gostem! bjos



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— Vamos, Mica! – eu chamei Micaela enquanto estávamos nos arrumando para escola.

Era uma manhã de quinta-feira, estava esperando Micaela se arrumar para que poderíamos sair. Ela demorou alguns minutos a mais do que o normal e quando terminou, a Micaela que desceu os degraus não era a mesma garotinha radiante e alegre de sempre. De cabeça baixa, ela desceu a escada, arrastando sua mochila no chão. Preocupado, eu me abaixei diante dela e acariciei seus braços.

— Mica, está bem?

Ela levantou a cabeça. Vendo seus olhos, eu sentia que ela queria me falar algo.

— Maninho, eu preciso ir para escola hoje? – ela perguntou, com esperança de eu dizer “não”.

— Se não estiver doente ou se sentindo mal, sim. Está sentindo algo?

Ela hesitou em responder, mas então disse:

— Não, não é isso. Esquece.

Com isso, ela passou por mim e foi até a porta.

Chegamos no colégio em dez minutos. Durante a caminho, Mica ficou em silêncio, o que não era comum, já que ela amava conversar. Eu me abaixei mais uma vez para me despedir dela.

— Tchau, Mica – dei um beijo em sua testa.

— Tchau, maninho – ela me deu um forte abraço e parecia não querer soltar.

— Mica, preciso ir... – disse, mas ela continuou pendurada em meu pescoço – Se sentir-se mal, peça para ligar para o tio Leigh. Tudo bem?

Ela soltou-se de mim e assentiu com a cabeça. Acariciei seus cabelos.

— Te amo, maninho.

Eu sorri.

— Também te amo.

Esperei ela passar pelo portão e entrar no prédio antes de ir para a Sweet Amoris. Chegando lá, fui direto para meu armário, Lysandre estava no corredor e escrevia no seu bloco de notas. Ele estava tão concentrado que não notou quando eu o cumprimentei, porém, no fundo eu senti que ele estava me ignorando.

Deixei esse sentimento de lado e fui para sala. Katherine estava lendo um livro quando me aproximei dela.

— Oi – eu disse sentando na carteira ao seu lado.

Ela estava apoiando o queixo com uma mão quando seus olhos deixaram o livro e se fixaram em mim. Katherine sorriu e fechou o livro.

— Oi, Cast. Tudo bem?

— Comigo, sim. Já com a Micaela, não posso dizer o mesmo.

Ela franziu a testa.

— Como assim? O que aconteceu?

— Hoje ela pediu para não ir para escola, mas eu não deixei porque ela não está doente. Eu percebi que ultimamente ela está bem triste.

Com uma mão no queixo, ela disse:

— Eu sabia... Senti que algo estava errado, tenho quase certeza que tem a ver com a escola dela. Vou buscá-la com você hoje para ver como ela está.

Nesse momento o professor entrou na sala e a aula começou.

 

Micaela Pov’on.

 

Entrei no colégio silenciosamente e cabisbaixa. Tentei chegar na sala de aula sem chamar muita atenção, mas acabei esbarrando em algumas crianças, que resmungavam. Tudo que estava me dando energia para vim à escola todo dia era o fato de que eu tinha o melhor maninho do mundo. Sentei na carteira, deitei a cabeça nos meus braços e comecei a desejar está em casa.

Toda vez era o mesmo sofrimento.

— De novo não, por favor – sussurrei para ninguém ouvir.

Passaram-se alguns minutos, e eu apenas ouvia o barulho de todos meus “colegas” de classe conversando.

— Micaela – eu ouvi meu nome ser chamado no meio de toda aquela conversa e gritaria.

Eu fingir que não tinha ouvido e continuei de cabeça baixa.

— Micaela – a fonte do som tinha se aproximado e meu nome foi cantarolado em uma melodia arrepiante.

Continuei ignorando, pois já sabia quem era que estava diante de mim, esperando eu olhar para ela. Senti um leve tapa no meu braço e levantei rapidamente, dando de cara com Juliana Gomes, meu pesadelo de todos os dias.

— Boa Menina – ela sorriu maliciosamente, acariciando minha cabeça como se eu fosse um cachorro – Vamos brincar muito hoje.

Eu apenas fiquei cabisbaixa, pois já sabia o que “brincar” significava. A sala inteira me tratava daquele jeito, com crueldade e malvadeza, eu sofria bastante por estar sempre sozinha, mas nem sempre foi assim. Tudo isso começou quando ela chegou. Eu era amiga de todos e sempre eram gentis comigo, porém, quando ela chegou, convenceu todo mundo a parar de falar comigo e de pouco em pouco, fui perdendo meus amigos. De acordo com Juliana, ninguém poderia falar comigo e foi isso que aconteceu.

Star me protegia deles, ela era minha heroína. Eu não precisava me preocupar com nada, porque ela estava lá para me defender deles, mas depois que ela sumiu, meus tormentos voltaram ainda piores.

Quando tocou o sinal, peguei minha caixinha de música que Castiel tinha me dado e meu lanche, correndo para o banheiro e trancando-me em uma das cabines. Nos recreios era somente eu, minha caixa e meu lanche. Era nojento, mas já tinha me acostumado a comer lá. Não era a primeira vez.

Lagrimas caíam enquanto eu dava mordidas em meu sanduiche. Abri minha caixa e girei a chave, deixando a linda melodia me acalmar, como ela sempre fazia. A bailarina começou a rodar lentamente e eu peguei a foto de mim e de Star que tinha guardado lá. Olhei para nossos sorrisos e pensei:

“Maninha, onde você está?”

           

Castiel Pov’on

 

Eu e Katherine estávamos a caminho do colégio da Mica. Íamos questionar a diretoria sobre a Micaela e sua relação com os outros alunos, nem precisamos perguntar para descobrir. Antes mesmo de chegar no portão, ouvimos vários risos infantis e um choro baixo, o que meu deixou preocupado, e essa preocupação aumentou quando vi que Mica não estava no seu balanço onde sempre me esperava. Ouvi o barulho de algo quebrando, mais risos e o choro ficou mais desesperado.

Aproximei-me de grupo de crianças e vi que quem chorava era Micaela. Seu choro era alto e desesperado, o objeto que havia quebrado era a caixa de música que eu tinha dado de presente. Vê-la daquele jeito e aqueles pirralhos demoníacos rindo dela me fez querer explodir de raiva, mas eu me controlei, porque mesmo que estavam fazendo algo errado, eram apenas crianças. Crianças do diabo.

— O que estão fazendo? – eu falei alto, tentando controlar meu tom de voz.

Todos pararam de rir e olharam para mim com rostos pálidos. Dava para ver o medo em seus olhos.

— Saiam daqui, agora! – eu disse, dava para sentir a raiva na minha frase e todos saíram correndo.

Eu fui até Micaela, que ainda estava chorando, sentada no chão, com as mãos cobrindo seu rosto. Peguei-a no colo, tentando a acalmar.

— Você está bem? – eu perguntei, enquanto procurava por ferimentos.

Sua bochecha esquerda estava avermelhada, como se tivesse levado um tapa e seu cabelo estava bagunçado, alguém havia puxado suas marias-chiquinhas. Ela apontou para a caixa e disse:

— Minha caixinha... quebrou... – mais lágrimas caíram de seus olhos.

Eu acariciei sua cabeça, tentando confortá-la.

— Calma. Podemos conserta, só precisamos das peças – disse Katherine, que começou a juntar as partes da caixa.

Me juntei a Katherine para ajudá-la, foi então que notei que um garoto estava lá, observando Micaela com tristeza nos olhos. Pegando a bailarina da sua caixa de música, ele foi até ela e sentou-se ao seu lado.

Ela levantou a cabeça para encará-lo, ainda com lágrimas nos olhos.

— Aqui – ele entregou a bailarina a ela.

Ela deu um pequeno sorriso agradecido, limpando as lágrimas da bochecha.

— Desculpe sobre minha irmã – sussurrou ele, olhando para o chão.

Micaela colocou a mão em cima da dele, fazendo ele olhar para ela.

— Tudo bem... Pelo menos você não é como ela, Miguel.

Ele sorriu e lhe deu um rápido beijo na bochecha. Depois levantou-se e acenou, antes de desaparecer pelo portão.

Fui na diretoria saber por que o rosto de Micaela estava machucado e ela insistiu em dizer que foi um acidente, mas eu sabia que era mentira e não precisava pergunta a Micaela para ter certeza.

Na volta para casa, eu segurava Mica no colo enquanto ela descansava a cabeça no meu ombro. Eu estava no mundo da lua, pensando em o que fazer sobre os Bullys da Micaela quando eu ouvir ela sussurrar:

— Desculpe, Maninho.

Aquilo me pegou de surpresa e eu ia perguntar por que diabos ela estava pedindo desculpa, e então eu me toquei. Ela achava que eu estava com raiva dela porque eu fiquei de cara fechada desde de quando saímos do colégio, mas minha irritação sumiu quando ouvir Micaela dizer aquelas palavras. Parei de andar e coloquei uma mão na sua bochecha, fazendo ela olhar para mim.

— Micaela, entenda uma coisa – agora ela olhava no fundo dos meus olhos – A culpa não é sua. Eu sei que não foi um acidente e não quero ti ver nem magoada, nem machucada. Você tem que se defender, dizer a eles ti deixarem em paz, nunca deixar que eles te batam. Nunca. Entendeu? Bata neles se for necessário, mas eu nunca mais quero ver você desse jeito.

Mica não disse nada, mas pude ver que ela tinha entendido. Eu lhe dei um forte abraço.

— Você promete?

— Sim, maninho...

O silêncio de Katherine confirmou que ela não discordava de nada que eu tinha dito. Nós só queríamos o bem dela.

 

Micaela Pov’on

 

Era uma nova manhã, uma nova Micaela. Após o incidente no pátio, todos esperavam que chegasse acabada e desmotivada, mas eu estava sorrindo e não estava nem ai para ninguém. Tinha acabado de me despedir de Castiel e Katherine, nada de chororô. A conversar do dia anterior tinha me deixado mais forte e confiante. Eu ia cumprir minha promessa, nunca mais ia deixa alguém me botar para baixo, por mim e pelo meu maninho.

Quando entrei na sala, tentaram chamar minha atenção de todos os modos, porém, fingi que nem ouvi. Todos começaram a estranhar a minha mudança de atitude, principalmente a Juliana, pois não estavam mais dando atenção a ela.

No recreio, eu decidi ir comer meu lanche no meu balanço favorito, chega de comer no banheiro. Com a lancheira na mão, eu saí em direção ao pátio quando Juliana apareceu com sua gang.

— Onde pensa que vai? – ela sorriu.

Eu revirei os olhos.

— Isso não te interessa – eu respondi.

Diante da minha arrogância, ela se irritou, fazendo uma careta.

— É o que?

— Você não tem nada mais para fazer não?

Ela se aproximou de mim e me empurrou com as duas mãos.

— Quem você pensa que é?

Ela me empurrou mais uma vez.

— Você não é ninguém.

— Me deixa em paz, Juliana – eu disse, sem levantar o tom de voz.

— Eu não vou, então fica na sua, feinha.

De canto de olho, vi que Miguel observava tudo, com a mesma expressão triste do dia anterior. Olhando no fundo dos olhos de Juliana, eu fiz o que tinha que fazer. Levantei a mão e ela voou diretamente para a bochecha dela, deixando uma marca vermelha em seu rosto.

— Me deixa em PAZ.

Suas amigas ficaram chocadas, enquanto Miguel ria da própria irmã. Juliana lentamente voltou a me encarar com fúria, mas lágrimas começaram a descer. Eu sabia que contaria às professoras, porém, estava satisfeita comigo mesma. Ninguém podia me machucar. Não mais.

 

Castiel Pov’on

 

Eu estava fazendo anotações na aula de biologia quando me chamaram para a diretoria e o meu coração parou quando disseram que a escola da Mica que tinha ligado e precisavam de mim lá urgentemente. Nunca tinha corrido tanto na minha vida como naquele dia. Quando cheguei na sala de coordenação, a coordenadora me esperava com Micaela, que estava cabisbaixa, sem fala nenhuma palavra.

— O que aconteceu? – perguntei preocupado, sentando na cadeira ao lado de Micaela.

— O que aconteceu? – ela começou com um tom de ignorância e arqueou uma das sobrancelhas - Micaela agrediu sua colega de classe e temos testemunhas. Isso é inaceitável aqui no meu colégio, Micaela será suspensa por uma semana.

— Uma semana? Por que tudo isso?

— Esse é o tempo de suspensão para esse tipo de situação – ela olhou para Micaela com desprezo.

Por que não tinham dado essa punição para os demoniozinhos que bateram na Micaela? Eu estava com muito ódio e raiva daquele colégio inteiro, porém, meu rosto continuou neutro, quase sem expressão. Eu concordei com a coordenadora e depois fomos embora.

Quando saímos pelo portão, eu olhei para Mica e pude ver algumas lágrimas em seus olhos. Tinha certeza que eu brigaria com ela, então, eu a peguei no colo, pegando-a de surpresa.

— Que foi, baby girl? Por que está chorando? – perguntei sorrindo e enxugando suas lágrimas.

— Você não vai brigar? – ela perguntou com inocência.

— Claro que não. Você é uma menininha muito doce, minha baby girl, eu sei que não bateria em ninguém se não fosse necessário. Você se defendeu e eu estou muito orgulhoso de você. Você provou que é forte e bruta – eu ri – Que nem seu irmãozão. Você realmente é a irmã de Castiel Bayer.

Micaela, emocionada, não conseguiu conter suas lágrimas, que agora eram de alegria.

— Te amo, Maninho – disse ela, me dando um forte abraço.

Eu lhe dei um beijo na testa e disse:

— Eu também. Agora vamos para casa, você vai dormi cedo.

Ela franziu a testa.

— Por quê? Eu não vou para escola amanhã.

— Você não vai para sua escola amanhã.

 Ela continuou sem entender nada, esperando uma explicação.

— Amanhã, você vai visitar a Sweet Amoris, o meu colégio.

Quase fiquei surdo com o grito de felicidade dela.

— Você é o melhor! – ela quase me enforcou com seus braços quando me abraçou.

Eu ri e baguncei seu cabelo.

— Para você, eu sou.

 

CONTINUA...

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanharem a fanfic! Até o próximo capítulo!
(Galera de 2017, acabei de postar o 10 e vou para o próximo cap. agora mesmo.)
Kat, 29/12/2017