Primeiro domingo de maio, dia das mães. Estava um clima frio em Storybrook, mas o sol aparecia de vez em quando. Regina e Emma foram acordadas de modo nada delicado por Henry, que com seu 16 anos e toda a altura adquirida nos últimos tempos pulou na cama delas, em cima das duas.

— Feliz dia das mães, mães! - Ele sorriu, zoando. Adorava o modo como aquilo soava: duas mães. Jamais imaginara algo tão bom quanto aquilo.

— Feliz dia dos seus dentes caindo. Caralho, Henry! - Emma se revirou na cama, e cobriu a cabeça com o cobertor e o travesseiro, ainda com a cara toda amassada e agora emburrada também.

— Ei! - Regina cutucou Emma com força. - Olha a boca. - A morena não gostava muito de palavrões em casa. - Bom dia, meu bem. - Ela se iluminou num sorriso e abriu os braços, acolhendo Henry num abraço apertado. - Obrigada pela recepção matutina, mas da próxima vez que pular na cama, eu pulo em cima do seu videogame.

Henry só ria. A reação de Emma não poderia ter sido diferente, nem a de Regina.

— Vamos, levantem! Eu fiz café da manhã pra vocês.

— Hum, que filho prestativo que eu tenho... Emma, você ouviu?

— Não. - A voz dela saiu abafada.

— Emma.

— Me deixa dormir!

—Não! - Henry descobriu a mãe loira.

— São sete fucking horas da manhã! O dia das mães poderia começar à partir das dez, pelo menos!

— Emma! Olha a boca! - Regina repreendeu de novo.

— Mas aí qual seria a graça? - Henry gargalhou e jogou o travesseiro em Emma. - Vamos, ou vai esfriar.

Regina levantou-se, colocou um robe, partiu para o banheiro escovar os dentes e enquanto isso, Henry tentava fazer Emma se levantar.

— Não! Eu não quero! Tá frio!

— Arg! - Regina bufou e meneou com a mão, transportando ela, a esposa e o filho para o andar debaixo, na cozinha.

— Eu odeio quando usa magia. - Emma emburrou, sentada à mesa.

— E eu odeio quando fala palavrão. - A morena sorriu sarcástica e deu um selinho na loira, sentando-se ao lado dela, onde havia um segundo prato preparado.

Henry havia preparado dois pratos com uma rosa amarela em cada um, e ao lado dos copos, duas pequenas caixas.

Enquanto ele punha as canecas de chocolate quente para elas, Regina já abriu o sorriso de criança feliz e abriu sua caixa.

— Ah! Que lindo, Henry! - A caixa guardava um par de brincos de argola dourada e uma corrente com um pingente minúsculo de strass. - Eu adorei. Vem cá! - A mãe morena puxou o menino num abraço e depositou alguns beijos ternos em seu rosto.

Emma brincava com o garfo para não dar o braço à torcer.

—Abre logo, Emma. - Regina pediu, enquanto o menino pegava mais algumas coisas na cozinha. - Ele fez tudo com o maior carinho pra nós.

A loira pegou a caixa nas mãos, amolecendo.

— Eu só queria dormir mais um pouco...

— Isso é drama demais.

Quando abriu a caixa, encontrou uma corrente prata com um pingente de cisne e um par de brincos, mas bem mais discretos que o de Regina.

— Obrigada, garoto. Eu adorei. - Emma confessou, mas ainda guardando um peso na voz.

— Ano que vem, eu acordo você uma hora mais cedo.

— Se continuar vivo até lá. - Emma rebateu e bebericou seu café.

Tomaram o café da manhã entre conversas e risadas, Regina e Henry atormentando Emma, que à medida que comia, mudava seu humor. Assim que terminaram, ela já estava sorridente como sempre. 

— Obrigada, garoto! - Ela agarrou o filho num abraço.

— Por nada, minhas rainhas...

— Tecnicamente, a única rainha aqui sou eu. - Regina brincou.

— Não discutirei. - Henry levantou as mãos num gesto de rendição. - Ah, a senhora minha vó ligou, disse para irmos almoçar lá.

Mais tarde, estavam reunidos no apartamento de Snow e David.

— Vem, David. Vamos buscar a sobremesa. Emma já voltamos, vamos buscar a encomenda na Bruxa Cega.

— Eu me ofereceria pra ir, mas depois disso, podem ir. - Regina se manifestou.

— Olhe o seu irmão. - David deixou a frase no ar enquanto fechava a porta atrás de si, pra ir buscar o bolo com a esposa.

— Cuidar. É. Algo. Muito. Específico. - Emma riu maldosa, enquanto mantinha o irmão preso em seu colo, porque brincavam de lutinha.

— Brincadeira de mão, Emma.

— Ah, qual é? - Emma reclamou para a noiva. - Ele quem começou.

— Emma! Me solta, agora. Preciso ir buscar uma coisa. - Neal pediu.

— Só porque a Regina tá aqui, né? Vacilão. Deixa... Quando você estiver sozinho, você vai ver só. - Ela o soltou e ele riu e subiu as escadas correndo.

— Não corre! - Regina pediu, já projetando a imagem do garoto de cinco anos caindo no lance alto de escadas da casa de Snow.

Minutos depois, o garoto voltou com as mãos escondidas atrás dele e pulou no colo de Emma, que estava distraída.

— Ah! Tá vendo, amor? Ele quem começou, agora.

— Problema seu. -Regina deu de ombros e sorriu sarcástica.

Henry estava totalmente imerso em seu vídeo game portátil com o jogo recém comprado rodando.

— Toma. Pra você, Em. - Neal estendeu uma das mãos. - Feliz dia das mães.

— Eu não sou sua mãe. - A loira ergueu uma sobrancelha, numa cara esperta.

— E daí? Você é mãe do Henry, e você cuida de mim, mas se não quiser, pode devolver que eu quero. - Neal devolveu mais esperto.

— Hahaha! Emma versão mini masculina. - Henry se manifestou. - Boa, Neal. - Os garotos fizeram um toque enquanto Emma revirava os olhos e abria o embrulho mal feito, mas fofo, feito claramente pelo irmão. Quando abriu, viu um desenho dela com o irmão, a típica frase se dia das mães e um bombom. 

— Ah, obrigada, lil'bro. Embora você seja chatinho, eu amo você.

— Não sei se isso foi um elogio. - Ele riu e correu de Emma, assim que ela demonstrou que ia agarrá-lo e lutar com ele de novo. Correu para atrás de Regina, sabendo que a irmã não ia atrás dele perto da noiva dela.

— Será que vocês dois podem parar de se implicar?

— É a Emma.

— Não, não... São os dois. Vem aqui. - Regina o pegou no colo. A pose de má se esvaía quando ela estava perto do garoto. Como sempre, não conseguia se manter Evil Queen perto de crianças e Neal era muito adorável.

O menino sentou no colo da morena e tirou a outra mão de suas costas.

— Esse é o seu, Regina.

A prefeita abriu a boca em sinal de surpresa. Não passara por sua cabeça que poderia ganhar algo de mais alguém, à não ser Henry e Emma.

— Pra... mim?

— É.

— Ah, que puxa-saco!!! - Emma provocou e Neal mostrou a língua pra irmã, fazendo-a gargalhar.

— Obrigada, pequeno. - Regina sorriu emocionada e abriu o embrulho. Viu um desenho dela com Neal. Notou que ela estava segurando uma maçã no desenho e não pode evitar uma risada. A frase típica e o bombom, como no presente de Emma, também foram para Regina.

— Obrigada por cuidar de mim, mas não obrigada pelas broncas. - ele riu. Regina, como sempre se emocionava muito fácil, segurava as lágrimas. Emma foi até o lado dela e a abraçou por trás da banqueta do balcão.

— Awn, vai chorar, amor? - Emma provocou e deu-lhe um beijo na bochecha.

— Você é muito chata, ma! - Henry riu.

— Como a mamãe diz, Emma é pentelha! - Neal riu. - Não liga pra minha irmã, Regina. - Ele deu um beijinho na bochecha da morena.

— Ah, eu também quero um beijo. Porque eu não ganhei um?

— Ciumenta... - Henry comentou.

Neal deu um beijo na bochecha da irmã também e desceu para brincar com qualquer coisa. Emma correu ao sofá e pulou em cima de Henry.

— Mãe! Que droga! Tô jogando!

— Ah, pra ficar fazendo comentário de mim, você não tava jogando, né? Se liga, garoto.

— Sai! Sai! - Emma começou a brincar com Henry de lutinha e cócegas. - Mãe! Mãe, tira a Ma daqui? Sai, ma!

— Emma Swan e Henry Daniel Mills, o que eu já falei sobre brincadeira de mão? - Regina deixou sua voz escapar autoritária como sempre.

A loira revirou os olhos e saiu de cima do filho, mas não sem antes jogar uma almofada nele, que devolveu, claro. Foi ao lado de Regina e sentou-se com ela, no balcão.

Emma revirou os olhos rindo e abriu seu bombom.

— Vai comer o seu? - Perguntou à noiva, apontando para o bombom dela.

— Claro que eu vou! - Regina tomou a pergunta como ofensa. Claro que iria comer, havia sido um presente inesperado e que ela tinha adorado demais.

— Ok. - Emma desanimou.

A prefeita abriu o bombom e comeu-o, depois ficou em pé, aproximando-se de Emma e falou à orelha dela.

— Mas você pode provar o meu... - Sussurrou.

Emma arregalou os olhos, rindo. Era sempre surpreendida por Regina. Ela gargalhou mais, agarrou-a pela cintura e a beijou. No mesmo momento, Snow e David abriram a porta com a sobremesa em mãos e pigarrearam, separando as duas.

— Olha o que eu ganhe-ei! - Emma esfregou seu desenho na cara de Snow, como uma criança.

— Ai, Emma! - Snow se esquivou da filha. - Ah, claro. Não sei porque se surpreende. Acho que se Neal pudesse, iria morar com você. - A mulher demonstrou ciúme.

— Eu posso? - Neal perguntou, fazendo piada.

— Haha. - Snow debochou com uma risada sem graça. - Muito engraçadinho.

Comeram a sobremesa, perderam um tempo tomando café, e David estava sentado ao lado de Emma, mexendo nos cabelos loiros da filha. Ficaram lá até o começo da noite, até que Regina decidiu ir embora. Despediram-se, Emma foi a última a dizer tchau para Neal. Abaixou-se na altura do irmão.

— Tchau, lil'bro. Eu te amo, tá?

— Tchau, big sis. Eu também. Amanhã você vem me ver?

— Vou buscar você e Henry na escola, ok?

— Tá bom. - O menino pendurou-se no pescoço dela, e foi quando ela viu a oportunidade de falar com o garoto algo mais privado.

— Obrigada pelo presente, e o mais importante: obrigada por ser legal com a Regina. Ela gosta muito de você, e... isso significa muito pra mim.

— De nada. Eu gosto muito dela também.

A loira sorriu e deu um beijinho no irmão, após fazer o toque secreto deles.