Destino escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 3
Capítulo 2




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Ashley caminha apressada até chegar a entrada da mansão elisabetana , sendo recepcionada pela governanta, Daisy,a governanta de mais de setenta anos que serve a família Campbell há pelo menos seis gerações.

— Bom dia, Lady Ashley de Argyll. – cumprimenta Daisy .

— Bom dia, Daisy – responde Ashley, desanimada. — Por favor, avise ao Carter que o meu carro estragou na rodovia, mas que já foi conduzido à oficina. Peça que ele compareça ao local e verifique as condições do veículo e quanto tempo levará para ficar pronto... – ela dá mais alguns passos e então pede — E que apronte o outro, pois tenho um compromisso mais tarde.

— Sinto informar, mas isso não será possível – alega Daisy — O Sr. Smith não faz mais parte do corpo de funcionários da residência, My Lady.

— Desde quando? – questiona Ashley , surpresa.

— A Duquesa de Argyll o dispensou há alguns dias... Da mesma forma fez com o outro carro.

— A Duquesa de Argyll já acordou? – pergunta Ashley irritada.

— Sua graça a espera na sala de música – responde a governanta, sem rodeios.

—E como ela está? – questiona a jovem retirando o casaco, nervosa.

—Melhor que os outros dias, madame – responde a senhora pegando o casaco das mãos da patroa. Ela então nota que o casaco não a pertence, encarando com curiosidade.

— Obrigada – agradece Ashley ignorando o olhar curioso da governanta.

Ela caminha pelos tapetes vinhos que ficam sobre o piso de madeira envernizado enquanto analisa os quadros dos condes, marqueses, e duques de Argyll pendurados no hall da escada e suas paredes de madeira , tentando captar das pinturas a óleo o pouco de coragem que lhe falta para encarar a duquesa, mesmo ciente de que ela está em seus melhores dias. Nota também novos espaços onde outrora haviam quadros de grandes artistas adquiridos pelos seus antecessores. Sobe escolhendo o lado direito da dupla escada que dá acesso a sala de música. Percorre o corredor com calma apreciando a música que vai aumentando de tom conforme ela se aproxima, pelo visto ela está feliz, pois raramente a escuta tocar o piano.

Empurra com certo esforço a porta de madeira branca, fazendo surgir a sala de música , com sua parede de vidraças empilhadas. Abundância de janelas até o teto permite que a luz natural domine todo o ambiente,uma das coisas favoritas da jovem naquela sala que ainda possui cabeças de animais nas paredes, algumas criaturas já extintas que foram caçadas ao longo das gerações. A sala ainda possui uma Harpa irlandesa de 36 cordas , um violoncelo feito de madeira Acero no fundo e nas laterais, tampo superior de Abeto e acessórios em Ébano, um violino Guarnieri del Gesu,, Oboé, Flauta de Pã e os outros onze tipos de flautas existentes no mundo, como a transversal e a doce, Cornamusa, vielas de arco e de roda, Alaúde,Percussão, Rabeca, Saltério e um piano C. Bechsteins Art case decorado com ouro, detalhes esculpidos à mão e pintura angelical feitas à mão na caixa do mesmo. Ashley aprendeu a tocar todos eles, mas são poucos o que de fato chegou apreciar.

Fecha a porta e caminha em direção da senhora de cabelos curtos e grisalhos pelo tempo, mas perfeitamente arrumados, vestido bege esparramado pelo assento de madeira, alheia a presença da jovem. Uma imagem que causava inveja a todos os quadros da casa. Suas mãos manicuradas percorrem o piano com leveza, finalizando a música. Essa era deixa para Ashley anunciar sua chegada à Duquesa de Argyll:

— Olá, vovó.

****

Stephanie Elizabeth Catherine Mary Campbell , Duquesa de Argyll , se levanta analisando a neta dos pés a cabeça, com certo desprezo ,pois Ashley está diante dela molhada dos pés a cabeça, cabelos desgrenhados e a roupa está longe de ser algo aceitável para ela. A jovem tenta se ajeitar ao notar o olhar de sua avó , mas sabe que nada fará sua presença ser mais tolerável.

— Como foi sua entrevista? – pergunta a duquesa, sem qualquer interesse.

— Eu me atrasei – responde Ashley, nervosa.

— Você e os seus atrasos – comenta Stephanie revirando os olhos e sentando novamente.

— Eu nunca me atraso... – reage Ashley, indignada.

— Pelo menos dessa vez, vejo um lado bom. – fala ignorando a indignação da neta.

— Lado bom? Que lado bom, vovó? Eu perdi uma grande oportunidade, não há lado bom.

— Claro que há. Eu vejo seu atraso como um sinal para você desistir dessa loucura de querer trabalhar...

— Lá vem a senhora com essa discussão novamente.

— Sim, até você entender que não é qualquer uma e que não precisa trabalhar. Uma Campbell, jamais deverá ser uma serviçal – dispara a duquesa ríspida.

— Eu também sou uma Davenport – defende-se a jovem.

— Não por escolha minha.

— Minha mãe trabalhava – argumenta Ashley, irritada.

— E onde ela está mesmo? – questiona Stephanie erguendo os braços ao redor.

—Não quero começar o dia discutindo com Vossa Graça a respeito dos meus pais  – intervém Ashley estendendo sua mão espalmada em direção a avó. Ela respira fundo e continua — Eu vim aqui pra falar a respeito da demissão do Carter Smith e também saber por que vendeu o outro carro. Aliás, por que não me diz o que está acontecendo?

—Não está acontecendo nada –  nega  a duquesa tranquilamente.

—Como assim nada? Semana passada, a senhora demitiu um segurança, uma das nossas melhores cozinheiras , além do mordomo.  Notei também que alguns quadros desapareceram... Então vou perguntar mais uma vez e espero que seja sincera: O que está acontecendo?

— E eu vou responder só uma vez: Esta casa é minha e não lhe devo satisfações. EU sou a duquesa e faço o que EU quiser com os MEUS criados e todos os MEUS bens.

—Obrigada por esclarecer o meu lugar nesta casa , madame – finaliza Ashley se inclinando levemente em direção a sua avó. Então caminha pisando duro em direção a porta.

— Não lhe dei permissão para sair – intervém Stephanie.

Ashley para diante da porta, sua vontade é de batê-la com toda violência e mostrar que o assunto estava encerrado. Aperta a maçaneta com toda a força e então a solta, se virando:

— O que mais temos para conversar, Your Grace?

— O vestido do seu casamento, querida – responde Stephanie, devagar.

— O que tem ele? – pergunta Ashley, cruzando os braços.

— Postura, Ashley – repreende a avó que se levanta e caminha em direção a neta. Segura os braços da jovem —  Uma lady nunca cruza os braços.

— O que tem o vestido de casamento, vovó ? – reforça Ashley ajeitando a postura.

— Eu o encontrei – responde Stephanie com um leve sorriso.

— Onde ele está? – pergunta Ashley, curiosa.

— Agora, ele está no seu quarto.

****

Mangas em balão que vão até o pulso, saia rodada , renda renascença contornando o decote levemente em V, pérolas do corset até a saia e o brasão da família no busto. Ali estava o vestido feito de seda e tafetá usado pelas mulheres da família Campbell desde 1810. Ashley toca com cuidado no vestido que até o momento só o conhecia através das fotos espalhadas pela casa.

— Procuramos em todas as casas, mas eu sabia que ele estava guardado nesta casa – comenta Stephanie, orgulhosa.

— Até por que esta é a única casa que lhe restou – murmura Ashley soltando as mangas que deslizam de volta para perto do vestido. — É um belo vestido.

— O vestido da próxima duquesa – enfatiza sua avó que pega a caixa azul de cima da cama de Ashley, e entrega para a neta que abre deixando o colar de pérolas e a pulseira de diamantes pertencentes à família surgirem — Bem como as jóias.

— A senhora sabe que se eu casar com Darwin, não serei a Duquesa de Argyll. – explica Ashley fechando a caixa.

— Se? Você irá se casar com Darwin! – responde a duquesa, irritada pegando a caixa de volta. – Você será a próxima Duquesa de Norfolk... E se casará com o vestido da casa dos Campbell.

— Vovó, sei que a senhora teve um enorme trabalho em encontrar o vestido, mas eu e Darwin andamos conversando e achamos melhor que eu não usasse o vestido de nossa família... Ou melhor, nenhuma das duas famílias.

— Como assim?– questiona Stephanie , horrorizada com as palavras de sua neta. —Por que não?

— Porque a senhora sabe a posição delicada em que Darwin se encontra agora. Qualquer passo que dermos será prejudicial para ele, ainda mais por conta do partido que ele representa.

— Progresso, mudança , desenvolvimento, crescimento, evolução... Eu sei bem do que ele está falando. Mas , a tradição vem antes de qualquer coisa. Nosso país é feito de tradição e isso é o que o torna forte, estável e memorável. – argumenta Stephanie ,encarando a neta —É isso que você irá enfiar na cabeça do seu futuro marido quando falar para ele que irá usar o vestido de nossa família. Precisa lembrá-lo porque o partido o indicou para a candidatura. Estamos entendidas?

— Vovó,eu não sei se ele aceitará  – responde Ashley.

— Então faça com que aceite – rebate a avó tocando no queixo da neta — Você é uma Campbell , antes de qualquer coisa.

— Tudo bem , vovó. Eu falarei com ele, quando surgir a oportunidade hoje no jantar que oficializará sua candidatura – concorda Ashley retirando a mão de sua avó.

— Ótimo. – solta Stephanie com um sorriso de satisfação —É uma pena que eu já tenha um compromisso inadiável hoje. Porém, tenho plena certeza de que Daisy não se importará de acompanhá-la.

— Não será necessário, sei me virar sozinha, vovó.– informa Ashley.— Além do fato os pais dele também estarão presentes.

— Tudo bem, mas esteja em casa antes da meia noite – determina Stephanie.

— Vovó, nós estamos no século 21, meu carro não irá se tornar uma abóbora – zomba Ashley.

— Eu sei, mas eu não quero que fique até mais tarde na casa dele e depois saiam falando ao seu respeito. Para todos os efeitos, vocês dois são imaculados.

— Pode deixar , vovó. Até por que Darwin cumpre muito bem seu papel de cavalheiro. Então se tem uma coisa que eu ainda sou... É imaculada.

— É assim que uma lady deve agir. – afirma Stephanie.

— Tudo bem, vovó. Agora , por favor, pode me deixar descansar? Tive uma manhã difícil e agora tudo o que eu mais quero é um bom banho. – finaliza indicando para a porta. — Tenho que estar descansada para o evento de hoje à noite.

— Pedirei a Daisy para vir buscar o vestido– comenta a duquesa caminhando até a porta.

— Não precisa... Quero apreciá-lo mais um pouco – responde Ashley admirando o vestido mais uma vez.

A resposta vem com a porta se fechando, finalmente Ashley pode respirar fundo. Ela vai para perto da sua cama, abaixa e vasculha embaixo até encontrar seu sketchbook, um caderno com páginas de Canson Mi – teints sem pauta, frequentemente usado por Ashley para desenho até algumas pinturas, como parte do seu processo criativo até finalmente passar para a tela.

Algo que raramente acontecia, pois aquilo era apenas um hobby adquirido durante seu internato, como válvula de escape. Tinha vários rascunhos com retratos, cenários e o cotidiano do colégio. Em algum momento, a jovem pensou em tornar seu hobby uma profissão, mas não foi incentivada pela a duquesa , bem como a faculdade, mas sua avó acabou cedendo pelo último.

Ashley pega seu estojo e retira seu carvão em pau, afia com a navalha , se ajeita na cama e então começa a plasmar a atmosfera , a luz e outros componentes ao redor do vestido que está apenas com leves traços. De início, idealiza fazer todo o vestido, mas então surge uma nova ideia: fazer mais um retrato. Ela abandona o esboço e então decide usar a barra de carvão na página nova.

Analisa com cuidado, até que aos poucos os seus traços fluem no papel, combinando com o lápis grafite, dando valores tonais de claro e escuro para compor os detalhes do vestido a sua frente. Os traços variados estão ricos em efeitos, se transformando aos poucos em braços que se posicionam no colo do vestido, busto , os cabelos soltos com a fluidez de um véu. Os olhos são um desafio para a loira que toma o dobro de cuidado para que fique o mais próximo da realidade, bem como o nariz, boca, queixo. O rosto fica cada vez mais familiar, o que deixa Ashley satisfeita. Ajeita os últimos detalhes com a borracha pão, o pano de camurça e até sua própria mão.

Levanta o caderno e passa a camada de spray para fixar o retrato da única mulher que não usou o tradicional vestido dos Campbell: Janet Leonor Dorothy Campbell Davenport, sua mãe.

****

O táxi de Ashley desliza para dentro do estacionamento privado do imponente edifício localizado no coração do West End, centro de Londres. Sai do veículo e então caminha até o elevador privado que dá acesso ao oitavo andar. Confere seu visual no reflexo do elevador: vestido preto com renda que vai até o meio da coxa e seus cabelos presos em um coque solto. Verifica a maquiagem e então ajeita a postura enquanto espera as portas se abrirem quase dentro da penthouse de Darwin Henry Miles Edward Beaufort.

O apartamento tem proporções espetaculares, beneficiado ainda pela abundância de luz natural, além de uma vista panorâmica de Londres em quase todos os cômodos, agora com o pôr do sol como tela de fundo . A sala de recepção é composta por uma parede de plantas dando uma ambientação mais verde por entra as outras paredes brancas, sofás ovais púrpuras em harmonia com a mesa de centro também oval de vidro e o chão de madeira rústica.

O aparador de aço com fotos do casal que são admiradas por alguns dos vários convidados, é o divisor para a sala de mídia com o enorme e aconchegante conjunto de sofá cinza já tomado por algumas pessoas,  praticamente contorna toda a segunda sala. Além de ter um divã branco , mesa de centro vermelha e a televisão de 80 polegadas colocada dentro da parede branca que combina com o rack da mesma cor.

Os últimos raios de sol preenchem as salas, chamando atenção de Ashley para as janelas que vão do teto até o chão. No canto, uma pequena adega de onde surgem alguns garçons com as bebidas para serem servidas , além de alguns quadros contemporâneos sendo contemplados pelos presentes no recinto.

Ela caminha pelo corredor, acompanhada pelo pôr do sol e chega ao terraço e a piscina transparente com raia. Olha para cima e encontra algumas estrelas no céu. Entra no quarto principal, no quarto de vestir ,sobe as escadas e admira a decoração das outras três suítes daquele andar.  Ashley decide finalizar sua busca pelo noivo,desce e caminha até a sala de jantar onde encontra Darwindistraído saboreando um vinho tinto enquanto conversa seriamente com uma bela senhora de cabelos em corte Chanel harmonicamente grisalhos, usando um vestido preto de decote levemente escaleno e mangas longas, mas deixando suas pernas bem a mostra e seu salto da mesma cor..Ela observa o belo rapaz de cabelos acobreados, tentando desvendar o que se passa em sua mente.Conhece o noivo muito bem para saber que a forma como seus lábios se comprimem, indica que as coisas não estão correndo como gostaria.

Ashley e Darwin se conheceram na Brillantmont, onde ele também era interno. Assim que contou para sua avó que era amiga de Darwin , Marquês de Beaufort, recebeu aprovação imediata para a amizade.

O ducado de Beaufort é um dos últimos títulos britânicos que detém o direito hereditário de fazer parte da Câmara dos Lordes, e o seu detentor é designado como Premier Duke, ou o Primeiro Duque no Pariato da Inglaterra e, adicionalmente, detém também o título de Earl Marshal e Marechal Hereditário da Inglaterra. Historicamente, foi uma das primeiras famílias aristocráticas da Inglaterra. A família é tradicionalmente católica e  reside oficialmente em Badminton House, perto de Chipping Sodbury, em Gloucestershire.

Conforme os anos foram passando , os seus objetivos passaram a ser direcionados por suas famílias.Cresceram sabendo que estavam predestinados a viverem juntos, tanto que o pedido de namoro foi feito por Henry John Albert Wellington Beaufort, pai de Darwin à sua avó, que o concedeu. Aliás, sua avó tinha o imenso prazer em ter o próximo Duque de Beaufort e  Lord Speaker, como parente direto.

Apesar de seu noivo ainda não ser o Duque de Beaufort, ele passou a fazer parte da Câmara dos Lordes, para ser preparado como o próximo Lord speaker. Foi então que o jovem decidiu que passaria a morar em Londres, comprando a Ambika para sua residência, até que se torne duque,o que acontecerá assim que casar com Ashley. Aliás, foi ela quem decorou toda a penthouse, se tornando referência em decoração. Com o noivado, passaram a ser o casal mais influente de todo o Reino Unido, ficando atrás apenas dos membros da família real.

Ashley pega uma taça de champanhe com um dos garçons e então se aproxima devagar tentando não incomodá-los, mas acaba atraindo a atenção da mulher e de seu noivo para sua chegada. Ele sorri e segura na mão da jovem enquanto aproxima seu rosto , o colocando por entre seus cabelos, como se fosse beijá-la, quando na verdade está sussurrando algumas palavras levemente ríspidas:

— Está atrasada –  ele se afasta e então sorri em direção a Harriet — Ashley, essa é  Harriet Miller, atual líder do partido conservador. Harriet, essa é Ashley...

—  Lady Ashley de Argyll – completa Harriet inclinando sua cabeça levemente em direção a loira.

— Pelo visto, já se conhecem – comenta Darwin a contragosto terminando o vinho com um gole só.

—De forma alguma – nega Harriet com um leve sorriso enquanto admira Ashley — Mas é impossível  não notar a semelhança.

— Então a senhora conheceu a minha mãe – deduz Ashley. Com o passar dos anos se acostumou com o fato de todos dizerem o quanto ambas eram parecidas, quase possível de confundi-las quando Ashley passou a pintar seus cabelos na mesma tonalidade dos fios de sua mãe.

—Sim, conheci Janet, uma grande mulher. Porém, eu a reconheci mais pelo Phillip, o nosso memorável Lord Chancellor e seu avô. – explica a líder do partido , deixando a jovem levemente emocionada de ver alguém falando tão bem de sua família.

— E em breve ela terá a honra e ser reconhecida como esposa do quinto Lorde Speaker e  Duquesa de Beaufort.– completa Darwin beijando a mão de sua noiva.

—  Acredito que é o senhor, My Lorde , quem terá a honra de fazer parte de uma família tão distinta e comprometida com o nosso país, como são os Campbell – rebate Harriet apreciando sua taça lentamente. Ela sorri e continua encarando Ashley — Sabe, a semelhança é tamanha que até posso vê-la ingressando na política, My Lady... Já chegou a analisar essa possibilidade?

—Bom, eu... – começa Ashley.

 Ela não pode negar, por algum tempo pensou em enveredar por esse caminho,seguir os passos de todos os membros da família Campbell, incluindo o de sua própria mãe. Lembra-se perfeitamente dos passeios que já realizou ao Palácio de Westminster, sede do Parlamento britânico. Em um deles, sua mãe fez questão de lhe mostrar a gritante diferença entre a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns. A Câmara dos Lordes era enorme e luxuosa, com seus ornamentos em ouro , além  dos assentos com seus belos estofados de couro vermelho. E claro , o belíssimo trono do Monarca, feito de ouro puro. Lembra-se de ter ficado encantada com o lugar e com as palavras de Janet que lhe narrava a história de alguns dos membros que fizeram parte da Câmara, até chegar em seu avô.

—A senhora também ficará aqui? – pergunta Ashley, curiosa olhando em direção ao trono.

— No Palácio , sim. Nesta Câmara, não – responde Janet colocando um enorme ponto de interrogação no rosto de sua filha. Ela estende a mão em direção a Ashley — Venha, vamos conhecer o novo lugar de trabalho da mamãe.

As duas caminham animadas até chegar na Câmara dos Comuns.A sala tem estofado na cor verde e não há a luxuosa ornamentação da Câmara dos Lordes. Tampouco existem detalhes em ouro. A beleza fica por conta da madeira talhada. O espaço é pequeno e  claramente não há assentos para todos os parlamentares. 

— Por que a senhora vai ficar aqui? – pergunta Ashley desapontada com o espaço.

— Porque fui eleita e aqui é o lugar dos eleitos pelo povo – responde Janet sorridente, ao contrário de sua filha — O que foi, Ashley.

—Aqui é feio, mamãe – responde Ashley rapidamente.

— Ashley – chama Janet se ajoelhando na frente criança. Ela ajeita os cabelos negros de sua filha atrás de sua pequena orelha — Não importa se o lugar é feio, mas sim o que nós somos capazes de fazer para torná-lo melhor.O importante é dar o nosso melhor, independente de onde e como estamos, entendeu?

— Sim – responde Ashley sacudindo a cabeça.

— E você dará o seu melhor para o mundo?

— Impossível – intervém Darwin  trazendo Ashley de volta a realidade.  — Ashley está mais voltada a deixar o mundo um lugar mais belo e elegante.

— É verdade, eu havia me esquecido que  se formou na área de decoração. Parabéns. – comenta Harriet sorrindo para Ashley.

— Obrigada – agradece Ashley lisonjeada com o elogio.

— Não era bem sobre a profissão dela que eu estava falando, mas sim de ser uma mulher bela e elegante, como uma esposa deve ser. Esse é o talento da minha noiva. – afirma Darwin sorridente para Ashley. Ele se vira para Harriet com a mesma amabilidade — Enquanto o meu talento é estar a frente da Câmara dos Lordes, orientá-los e representá-los tanto no Reino Unido quanto em qualquer lugar do mundo.

—Porém, My Lorde, você precisa convencer os outros nobres de que seu talento é esse...

— Eu estou fazendo isso – alega Darwin engolindo seco o comentário ácido de Harriet.

— Terá de fazer mais e melhor do que já está, se realmente quiser mostrar esse seu... talento – rebate Harriet entregando sua taça ao rapaz. Ela ergue sua mão em direção a Ashley — Um prazer conhecê-la, My Lady.

— O prazer foi todo meu, madame – retribui Ashley que observa a senhora inclinar levemente a cabeça em direção a Darwin antes de se afastar , caminhando em direção a outros nobres e políticos ali presentes. Ela se vira em direção ao noivo que está com semblante fechado — Eu perdi alguma coisa?

— Não, isso é apenas Harriet tentando ser a próxima Tatcher. – alega Darwin respirando fundo. O ruivo encara sua noiva, irritado —  Por que chegou atrasada?

— Digamos que meu dia não foi nada como o esperado – responde Ashley tomando um gole de sua taça.

— O que você quer dizer com isso? – questiona Darwin, preocupado com as palavras da noiva.

Ela o encara mordendo levemente os lábios, o que para ele significa que o que Ashley tem a dizer  era pior do que imaginava. A loira se prepara para revelar o que havia acontecido em seu dia quando seu noivo  desvia o olhar, tendo sua atenção atraída para outro lugar, ou melhor alguém.

May  Barnes , a mulher de longos cabelos ondulados e olhos de zafira que acabara de entrar no ambiente em seu  justíssimo vestido vermelho escarlate, sendo admirada pelo homens e invejada pelas mulheres, exceto por Ashley que já está acostumada com as entradas marcantes da assistente de Darwin. A morena não demonstra a menor importância com os olhares enquanto caminha pelo espaço sorrindo em direção a seu chefe. Ela se aproxima e então beija levemente o rosto de Darwin, fazendo o mesmo com Ashley, logo em seguida:

—Desculpem-me o atraso – pede May sorrindo para ambos. — Tive dificuldade em encontrar alguém para me deixar razoável para essa noite.

— May, você sempre está deslumbrante – elogia Darwin sorrindo para a morena.

— Eu sei – admite May sorrindo para  seu chefe . Ela se vira para Ashley — Como está, My Lady?

— Estou bem. E vejo que você, roubando as palavras de Darwin, está deslumbrante.

— Obrigada, My Lady. Porém, jamais chegarei aos seus pés – alega May, modesta. Ela se vira para Darwin , retirando seu perfeito sorriso dos lábios — Já anunciaram o jantar?

—Ainda não. Temos alguns minutos – responde Darwin olhando para o seu relógio de pulso, atentamente. Ele encara sua assistente — Alguma coisa importante?

—Depois do que aconteceu essa tarde, precisamos rever muitas coisas em sua campanha – alega May, séria.

— O que aconteceu essa tarde? – pergunta Ashley ao noivo.

— Nada de que precise se preocupar – alega Darwin, sério. Ele dá um beijo rápido na testa de sua noiva— Vou para o escritório com May, posso contar com você para ser a anfitriã da festa , enquanto isso?

— Claro que sim. – responde Ashley com um leve sorriso em direção ao noivo que se afasta tocando levemente nas costas nuas de May , a conduzindo em direção ao escritório.

Ashley respira fundo enquanto se vira observando os convidados. Aquela não era a primeira vez em que ficava encarregada em representar Darwin em uma festa realizada por ele, enquanto o mesmo terminava de resolver os assuntos de trabalho com a May. Tenta puxar na memória quantas vezes ficou circulando sozinha pelo salão sorrindo e conversando trivialidades com os convidados de seu noivo, muitos dos quais não tinha a menor noção de quem era. Conclui que sempre foi assim e que sem duvida será um hábito que irá se manter após Darwin se eleger como Lord Speaker. 

— Mais uma vez sozinha... 

Ashley se vira com um grande sorriso nos lábios para cumprimentar ninguém menos que Charlotte Margaret Smith-Stanley. Charlotte, ou Lady Charlotte  de Derby, vem de uma família proprietária de terras de longa data e muita rica, cuja residência principal era Knowsley Hall em Lancashire.  Assim como Lady Argyll e Darwin, freqüentou Brillantmont, inclusive era da mesma sala que o Marquês de Beaufort. Por laguns anos eles chegaram a se envolver romanticamente,  o que a tornou  uma candidata em potencial para ser a próxima Duquesa de Beaufort.  

Porém,  durante um Mochilão pela America Latina, foi informado para a família do rapaz que ela se envolveu com um dos participantes,algo que ela negou relutante, mas acabou sendo colocada em posição de “Moça não virginal” e os Beaufort eliminaram qualquer possibilidade do namoro prosseguir. Mesmo após o término , tanto Charlotte quanto Darwin prosseguiram sendo grandes amigos, tanto que quando começaram a surgir os primeiros boatos do envolvimento da Lady de Argyll com Darwin, a Lady de Derby deu sua total aprovação , ajudando assim Ashley e Darwin a se aproximarem. Com essa prova, Ashley viu que poderia ter na loira uma grande amiga , a ponto de chamá-la para ser sua madrinha de casamento.

— Como sempre – responde Ashley enquanto toca levemente seu rosto no da amiga duas vezes. — Pelo menos agora não ficarei sozinha.

— E posso saber onde está o seu noivo? – pergunta Charlotte ajeitando seus cabelos curtos levemente repicados.

— No escritório... com a May – responde Ashley com cautela , pois sabe que sua amiga nunca reage bem ao ouvir o nome da assistente de Darwin.

—Não acredito! – exclama a Lady de Derby, irritada, assustando o garçom que passava perto das duas. Ela pega uma taça e vira a bebida em um gole só — Desculpe-me, mas até na festa da candidatura , os dois estão trabalhando... Não é possível.

— Parece que algo deu errado esta tarde, mas não sei absolutamente nada a respeito.

— Papai disse algo a respeito da pré- votação hoje... Pelo o que entendi Darwin não está muito cotado para ser o Lorde Speaker, ainda mais com o Duque de Wilkinson demonstrando seu total interesse para que a Baronesa de Bootle seja a próxima representante. 

— Duque de Wilkinson? – questiona Ashley , surpresa. 

—Sim, o pior é que ele tem influência em um número considerável de nobres da Câmara, além de ter apoio dos Partidos Trabalhista e Social democrata. Ou seja... 

— Tio Flávio está com a carta nas mãos... – conclui Ashley pensativa. 

— Tio? 

—Your Grace – fala Charlotte inclinando a cabeça rapidamente em direção a  Clementine Henrietta Alexandra Elizabeth Beaufort , atual Duquesa de Beaufort que surgiu atrás de Ashley. 

—  Your Grace – cumprimenta noiva de Darwin. 

—Charlotte... Ashley – retribui a duquesa encarando a nora com surpresa — Lady Charlotte  de Derby, poderia verificar se falta muito ainda para servirem o jantar? 

—Com todo prazer, Your Grace – responde Charlotte se afastando da amiga. 

— Desculpe-me, mas eu tive a impressão de ouvi-la dizer que Flávio Peixoto Wilkinson é o seu tio. – comenta a duquesa oferecendo seu braço para a nora.  

—De consideração, Your Grace – responde Ashley , nervosa enquanto apóia no braço da sogra  — Eles foram escolhidos pelos meus pais para serem os meus padrinhos. Inclusive passei muitas férias  na residência deles no Rio de Janeiro, onde tive o prazer de conviver com o filho deles. 

— Interessante, como eu nunca fiquei sabendo disso? – questiona ajeitando seu vestido verde oliva escolhido justamente para aquela ocasião. 

—É algo que a minha avó preferiu pautar como proibido. – responde Ashley com um leve sorriso. 

— Quer  dizer então que você tem vínculo  com eles? – pergunta a duquesa  caminhando com a jovem pela sala. 

— Tinha. Depois que fui para Suíça, esse vínculo se perdeu... – responde Ashley quase como um sussurro. 

— Minha cara, quero que saiba que  nossa família está radiante com a união  de vocês – comenta Clementine acariciando a mão de Ashey levemente. Ela para de caminhar e então encara a nora sorrindo, apesar de seus olhos verdes estarem sérios  — Porém, My Lady,  em nossa família não existem assuntos proibidos. Ainda mais quando essa informação pode ser  valiosa. 

— O jantar está servido – avisa  a governanta chamando atenção de todos. 

— Finalmente – exclama Clementine sorridente. Ela aperta a mão de sua nora — Saiba que foi muito bom saber dessa sua ligação com os Wilkinson. Espero poder conversar mais com você hoje, sobre alguns detalhes do casamento... Como o seu vestido de noiva. Já providenciei que a prova dos vestidos seja em Gloucestershire para amanhã. E claro, também estou deixando o vestido de nossa família disponível, afinal , não há dúvidas que ele ficará divino em você.

—  Muito obrigada, Your Grace, por ter feito isso por mim. Porém...

— Não me agradeça – intervém Clementine — Você é da família, o que mais eu deveria fazer? Agora, se me der licença, preciso me sentar ao lado de meu marido.

A duquesa inclina levemente sua cabeça deixando que alguns de seus cachos acobreados deslizassem pelo seu pescoço em direção a nora e então se afasta em direção a sala de jantar, deixando Ashley curiosa para saber do interesse de sua sogra com o seu passado. 

**** 

Todos conversavam animados após apreciarem a codorna com ervas finas servidas como prato principal.  Ashley vai até a sacada admirar a bela vista a iluminada Londres, toca levemente em seu  anel de noivado vitoriano, de ouro 15 quilates  e diamantes de corte rosa-claro levemente acentuados enquanto pensa na conversa que teve com seu sogro.Darwin pede para servirem duas taças de vinho e então decide ir até sua noiva, dizendo: 

— Então, que tal você me explicar  sobre o que aconteceu no seu dia – sugere o rapaz entregando uma taça para Ashley. 

— Obrigada – agradece Ashley antes de tomar o seu vinho com um gole só. Ela respira fundo e então começa — Eu cheguei atrasada para a entrevista, meu carro  pode estar com o motor fundido e para completar, acredito que minha avó possa ter voltado ao seu antigo vício: Jogo. 

— Você não conseguiu a vaga da L& D. Como você pôde perder essa reunião tão importante para as nossas vidas? – pergunta Darwin, nervoso ignorando todas as outras informações. Ele passa a mão nos cabelos acobreados e continua — Por que não me ligou ? 

— Porque meu celular descarregou , meu carro fundiu o motor – responde Ashley, nervosa. Ela para de comer e o encara — De qualquer forma , preciso de um outro plano, já que a minha avó pode estar apostando e vendendo as coisas da única casa que nos restou. 

— Não tem outro plano. Eu preciso de uma companheira que tenha sucesso. – alega Darwin,irritado. Ele  toma um gole de vinho e então encara Ashley , sério — Sabe , eu tenho um dia muito ocupado para ter sempre de me dispor a encarar eventualidades que não deveriam ser de minha responsabilidade. Então, você me disse que não precisava se preocupar e eu acreditei que você tinha planejado tudo... Confiei em você. 

— Eu sinto muito, Darwin, mas eu posso tentar a Candy & Candy novamente – argumenta Ashley tentando inutilmente arrancar um sorriso do noivo. 

—De forma alguma – recusa Darwin , pegando seu celular que começou a tocar  sem encarar a noiva — Só um momento. 

Ele se levanta e sai falando ao telefone , deixando Ashley pensativa. Como ela conseguiu destruir o sonho dos dois , tão rapidamente? Sente-se culpada , pois sente que acabou prejudicando ainda mais a campanha de seu noivo. Ela está com as mãos na cabeça quando Darwin volta para a sacada. Ele toca levemente no ombro da noiva: 

— Tenho de ir, o pessoal da campanha está me esperando para uma reunião, você compreende, não é? 

— Espera, e quanto aos seus convidados ? – pergunta Ashley apontando em direção ao apartamento. 

— Eu tenho plena confiança que você saberá se portar como a verdadeira anfitriã dessa casa... Em breve nossa casa – responde Darwin dando um beijo rápido nos lábios de Ashley que mal o sente.  

— Tudo bem, mas só pra reforçar que estou sem carro para voltar pra casa... Você precisará informar minha avó que terei de dormir aqui – explica Ashley, nervosa. Sabe muito bem que está indo contra ao que combinou com a sua avó. 

—Não precisa,  deixarei Louis de prontidão para conduzi-la tranquilamente até sua casa. Aliás, deixarei a sua disposição até que seu carro fique pronto. 

— Obrigada – agradece Ashley recebendo um beijo rápido na testa. Ela demora um tempo e então o chama — Darwin? 

— Sim? – responde  Darwin secamente vestindo seu paletó. 

— Eu te amo. – declara Ashley segurando a mão de seu noivo. 

— Eu também – responde Darwin tirando a mão. 

— Muito obrigada por tudo o que está fazendo por nós. 

— alguém tem que fazer algo. Aliás , como seremos um casal exemplo para a sociedade , se um de nós não representa o que significa ser um casal?Para que tenhamos sucesso, eu preciso me superar e você também. É como se fossemos uma empresa, entendeu? Precisamos manter a excelência. 

— Sim,entendi - responde Ashley, intimidada. 

— Ótimo , achei que tivesse de explicar novamente para você. Tenho de ir... E , por favor , tente reverter essa situação. 

Enquanto o noivo se afasta, a jovem pensa no que precisa para mostrar a Darwin do que é capaz. 

**** 

Os empregados terminavam de organizar a mansão dos Campbell, quando Ashley chegou. Ela entrega seu casaco para um deles e caminha em direção as escadas quando se assusta com a presença de sua avó no topo já com sua roupa de dormir. 

— Você chegou cedo – satiriza a duquesa. — Como foi o jantar? 

— Solitário. Darwin tinha uma reunião com o partido. – responde Ashley subindo as escadas. 

— Falou com ele a respeito do vestido? – pergunta Stephanie,curiosa. 

— Não , vovó. Ele já ficou bastante irritado com o que aconteceu hoje de manhã, não achei conveniente perturbá-lo com um assunto tão banal. 

— Ashley, esse assunto é crucial – reage sua avó segurando em seu braço — Fale com ele o quanto antes. 

— Tenho outras coisas mais importantes para me preocupar agora, vovó. – retruca Ashley soltando seu braço. — Tenha uma boa noite. 

Ela continua em direção ao seu quarto tentando não olhar para trás. Assim que entra , solta a respiração e caminha até seu closet , onde troca seu vestido por um pijama de flanela ,solta seus cabelos e se joga na cama tentando não pensar  no dia que teve.  Preciso dar um jeito de reverter essa situação, pensa a jovem colocando o celular no criado mudo . Nem bem o faz e ele vibra, a assustando. 

— Alô ? – atende Ashley, apreensiva. 

—Boa noite, meu nome é Ludwig Hofstader , gostaria de falar com a Lady de Argyll. – responde uma voz masculina do outro lado da linha. — Ela se encontra?

—Sim , sou eu – responde Ashley , nervosa por estar falar diretamente com Ludwig.

—Gostaria de marcar um almoço com você amanhã no Bibedun, ao meio dia. Estará disponível esse horário , My Lady?

— Sim , estarei sim. – responde a jovem , sentando na cama.

— Ótimo , está marcado – responde Ludwig prestes a desligar o telefone — Por favor, não se atrase.

—Tudo bem. Gostaria que eu reservasse a sala de convenções para que eu possa mostrar a minha apresentação ao senhor? – pergunta Ashley, mordendo os lábios em seguida.

— Não será necessário. Tenho uma proposta melhor para fazer a você. Até amanhã. – finaliza Ludwig.

O celular fica mudo e a mente de Ashley, cheia de perguntas. Que proposta seria essa? O que faria  Ludwig Hofstader em pessoa ligar aquele horário? Será que dessa vez conseguirá desfazer a impressão que deixou para Ludwig? Será que dessa vez conseguirá deixar  todos orgulhosos, principalmente a Darwin ?


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