Dois dias após o combate contra o Star Fox, Andrew, utilizando uma nave reserva, chegou até Venom para tentar falar com Dash. Enquanto ele sobrevoava o planeta, ele ia se lembrando de como Venom era onze anos atrás, quando Andross administrava o Star Wolf ali, e como parecia que ele estava em um outro planeta de tão diferente que Venom se encontrava. O mar localizado ali era o que mais lhe chamava a atenção por agora possuir uma aparência completamente limpa, ao contrário do antigo mar de águas ácidas.

— Todos que duvidavam da capacidade do meu tio deveriam ver isso... — pensou Andrew, emocionado.

Andrew seguiu até onde antigamente era a base do Star Wolf imaginando que ela estaria vazia, mas para a sua surpresa esse era o local onde Dash estava pelo menos naquele momento, pois a sua nave da Cornerian Army se encontrava pousada ali.

— Ao menos eu não precisarei ficar procurando o Dash por aqui! — comentou para si mesmo Andrew.

Andrew pousou sua nave em um lugar próximo à base e ligou o transmissor dela tentando conseguir se comunicar com o local, e para a sua sorte o transmissor que havia ali onze anos atrás ainda estava lá, funcionando.

Ao ouvir que uma transmissão havia chegado, Dash foi até o transmissor e atendeu a chamada.

— Dash, você consegue me ouvir? — perguntou Andrew.

— Andrew? — estranhou Dash. — Sim, eu consigo te ouvir, mas não esperava te ver por aqui.

— Posso pousar minha nave aí na base e conversar um pouco com você? — questionou Andrew.

— Pode, sem problemas — disse Dash ainda estranhando Andrew estar em Venom.

Dash foi até a pista de pouso recepcionar Andrew, e após eles se cumprimentarem, Dash convidou Andrew para entrar.

— Só não repare na bagunça que está por aqui, é que eu estou pintando as paredes daqui — comentou Dash, apontando para uma lata de tinta.

— Sem problemas — disse Andrew. — Tem algum lugar para conversarmos?

— Sim, a sala de reunião já está pronta faz alguns dias, junto com o meu quarto foi um dos primeiros lugares que eu arrumei aqui dentro — respondeu Dash.

Antes de irem até a sala de reunião, Dash foi até a cozinha pegar uma garrafa de água e dois copos para levar até lá. Quando eles chegaram no local, que em nada lembrava a antiga sala de reunião, e se acomodaram, Andrew perguntou:

— É água daqui de Venom?

— Não, a nossa água ainda está levemente ácida, mas com certeza está bem melhor do que estava antes! — respondeu Dash. — E então, Andrew, sobre o que você veio conversar?

— Sobre Venom, estou vendo que aqui pode ser um planeta muito próspero no futuro — falou Andrew.

— E será, você pode ter certeza disso! — exclamou Dash, sorrindo.

— Por isso que eu gostaria de te perguntar se você não gostaria de alguém lhe auxiliando aqui, já que eu conheço bem Venom — propôs Andrew.

Ao ouvir a proposta de Andrew, Dash mudou a sua opinião sobre a visita dele de estranha para suspeita.

— Mas por que você não apareceu antes para me propor isso? — questionou Dash.

— Ah, infelizmente com a minha derrota na guerra eu tive que tirar alguns dias para me planejar outra vez, ver qual seria a melhor opção para o futuro, além de que eu só fiquei sabendo que você estava por aqui faz poucos dias — mentiu Andrew, já que após a guerra ele havia continuado os seus planos com Pigma.

— Sinceramente eu não sei, ainda não havia pensado em nomes para me auxiliar aqui em Venom... — comentou Dash, coçando a cabeça.

— E eu espero que o Andrew não seja um dos nomes que você está cogitando! — intrometeu-se Andross.

Dash fingiu que nada havia acontecido, mas para a sua surpresa Andrew ouviu aquilo e logo reconheceu aquela voz.

— Tio Andross??? — perguntou Andrew, espantado.

— Quer dizer que você também o ouve? — questionou Dash, também espantado.

— Como assim "também", quer dizer que você ouviu isso? — estranhou Andrew.

— Sim, e não foi a primeira vez, uns dois dias atrás ele veio falar comigo — respondeu Dash.

— Eu te disse que aquilo não era um sonho... — comentou Andross.

Andrew ficou parado por um tempo olhando para Dash e, começando a ficar irritado, se levantou e disse, olhando para o alto:

— Como assim você quis falar primeiro com ele e não comigo, tio Andross???

— Por que eu teria que falar com você primeiro? — perguntou Andross.

— Porque eu sempre estive ao seu lado na época do Star Wolf, fiz de tudo para ser o que você foi, era eu que merecia estar tomando conta de Venom hoje! — respondeu Andrew.

— Você que merecia? — questionou Andross. — Você herdou tudo o que sobrou do meu exército, com exceção do Star Wolf de onde você foi expulso merecidamente, se preparou por nove anos e na hora da guerra você conseguiu pôr tudo a perder em um único combate!

— Você só não se lembra do Aparoid me atacando... — retrucou Andrew, irritado.

— O Aparoid foi apenas o desfecho da tragédia que você fez, antes o Star Fox não precisou de nenhum Aparoid para acabar com o exército em Fortuna, além de que mesmo sem Aparoid eles teriam te derrotado do mesmo jeito — disse Andross já com um tom de voz mais agressivo. — Por essas e outras que eu prefiro o Dash me sucedendo, o pouco que eu vi dele em ação já me agradou mais do que tudo o que você tentou.

Andrew, que ainda olhava para o alto, ficou um tempo em silêncio deixando algumas lágrimas escorrerem de seus olhos devido a tanta raiva que ele sentia naquele momento, até que passando a encarar Dash, que apenas observava tudo à distância, ele disse:

— Até você, tio Andross, me considera fraco... Então hoje eu mostrarei quem é o fraco! — e ao dizer esta última parte praticamente gritando, Andrew sacou sua Blaster e deu um tiro na direção de Dash, porém acertando a parede. Imediatamente Dash também se levantou e sacou a sua Blaster, apontando-a na direção de Andrew.

— Você está louco, Andrew??? — perguntou Dash, desesperado. — Não precisamos resolver isso dessa maneira, então abaixe essa Blaster!

— Faça o que ele está mandando, Andrew! — ordenou Andross, preocupado.

— Nem pensar, eu vim aqui para obter um futuro em Venom e não irei sair daqui sem isso, independente do que eu tenha que fazer para alcançar o meu objetivo! — disse Andrew, irritado.

— Tudo bem, vamos conversar sobre isso agora, mas para conversarmos direito e com calma eu preciso que você abaixe essa Blaster! — falou Dash.

— Não vou abaixar e me fale logo o que você tem a me oferecer antes que eu atire outra vez! — ordenou Andrew.

— E você quer que eu pense como no que eu posso te oferecer se você fica me ameaçando dessa maneira? — questionou Dash.

— Andrew, ajude se você quer ser ajudado! — disse Andross, irritado.

— Não me venha com lições de moral agora, tio Andross! — retrucou Andrew, olhando para o alto.

Ao ver que Andrew havia se distraído, instintivamente Dash puxou o gatilho de sua Blaster, acertando um tiro no peito de Andrew que apenas olhou para Dash e caiu após isso.

Sem conseguir acreditar no que havia acabado de fazer, Dash colocou sua Blaster bem lentamente sobre a mesa e se ajoelhou com as duas patas em sua cabeça.

— Eu... matei... ele... — falou Dash de maneira pausada e com os olhos cheios de lágrimas. Levantando-se rapidamente, ele disse enquanto corria em direção ao seu transmissor:

— Eu preciso de um médico urgente!

Do outro lado de Lylat, o Star Fox, novamente sem Slippy que havia retornado para Aquas, estava na Great Fox II realizando a ronda em Corneria como de costume, até que eles receberam o alerta de uma transmissão sendo recebida, que Fox, tranquilamente, foi até o transmissor atender.

— Senhor McCloud, por favor, venha logo até Venom! — disse Dash chorando desesperadamente do outro lado da transmissão.

— Acalme-se, Dash, o que aconteceu? — perguntou Fox, preocupado.

— Eu... eu acho... que eu matei o Andrew! — respondeu Dash.

Ao ouvirem isso, Falco e Krystal correram até onde Fox estava, enquanto ele, sem conseguir acreditar no que havia acabado de ouvir, falou:

— Faça os primeiros socorros nele e chame um médico e um policial que vamos agora para Venom, mas não iremos conseguir chegar ainda hoje.

— Sim... Já falei com o hospital, só a polícia que não existe aqui, pelo menos não na parte terrestre — avisou Dash.

— Tudo bem, o hospital era o mais importante mesmo... Vou desligar para não te atrapalhar na hora que os médicos chegarem — falou Fox, desligando a transmissão. — ROB, vamos a toda velocidade para Venom.

— Entendido — respondeu ROB.

No dia seguinte a Great Fox II enfim conseguiu chegar até Venom, sendo pousada em um local próximo à base onde Dash estava, pois ela não caberia ali dentro. Mal Fox e os outros saíram de dentro da nave, Dash saiu da base e foi correndo em direção a eles, abraçando Fox.

— Não foi minha culpa, senhor McCloud, eu garanto que não tinha a intenção de atirar nele! — disse Dash, chorando.

— Acalme-se, Dash, não podemos amassar isto aqui! — avisou Fox levantando um papel que ele trazia em uma das patas. — Antes que eu me esqueça, este é o documento que o Peppy assinou te dispensando da Cornerian Army para que você possa ficar aqui, cuidando de Venom.

Após entregar o documento para Dash, que já havia o soltado, Fox continuou:

— Bom, vamos lá: O que aconteceu e onde tudo aconteceu?

— Foi tudo na sala de reunião da base, o Andrew apareceu aqui ontem falando que queria me ajudar a controlar Venom. Eu relutei um pouco por ele ter vindo só agora falar comigo, aí no meio de uma discussão ele sacou a Blaster dele e atirou em mim, mas pra minha sorte ele errou. Então discutimos mais e em um momento que ele se distraiu eu acabei atirando nele, não sei o que deu em mim... — explicou Dash enquanto ele levava todos até o local onde tudo aconteceu.

Ao chegarem na sala de reunião todos do Star Fox logo notaram um pouco de sangue do Andrew no chão junto com a Blaster dele, além da marca do tiro que acertou a parede.

— Ele ainda ficou com a Blaster apontada para você depois de ter atirado? — perguntou Fox.

— Sim, acho que foi isso que me deixou tenso ao ponto de ter feito o que eu fiz... — explicou Dash tentando não chorar outra vez. — Por que eu fiz isso, por quê?

— Acalme-se, Dash, você é o menos culpado dessa história — consolou Krystal.

— Krystal tem razão, Andrew que provocou tudo isso — concordou Fox. — Aliás, alguma notícia se ele morreu mesmo?

— Eu não tive coragem de obter alguma notícia dele, eu só quero esquecer tudo isso o mais rápido possível — falou Dash.

— Então volte conosco para Corneria e fique um pouco com a sua família, isso vai te ajudar — propôs Fox.

— Acho que não, senhor McCloud, se eu voltar e contar tudo o que aconteceu não me deixarão voltar para cá — respondeu Dash.

— Você que sabe... — disse Fox. — Deu para ver que você agiu em legítima defesa, então não há o menor risco de ocorrer alguma coisa com você, portanto vamos indo e qualquer coisa pode fazer outra transmissão que conversamos com calma.

— Certo. Obrigado a todos vocês por terem vindo, mas eu não entendi por que o Slippy não está aqui — falou Dash.

— Ele casou, agora ele tem que ficar em Aquas alguns dias para não arrumar problemas — disse Falco.

— Sim, e só mais duas coisinhas, Dash: Primeiro é se podemos levar a sua nave da Cornerian Army? — perguntou Fox.

— Sim, ela está no hangar da base — respondeu Dash.

— Certo, e segundo: Onde é o hospital que o Andrew está? — questionou Fox.

— Uns quinhentos metros ao sul, mas não me avisem como ele está, quando eu me sentir pronto irei até lá e descubro — explicou Dash.

— Tudo bem. Dash, leve a Krystal até a nave, Falco e eu já iremos para a Great Fox preparar o hangar para guardá-la — orientou Fox.

Após colocarem a ex-nave de Dash na Great Fox II e se despedirem dele, o Star Fox foi até o hospital de Venom, onde descobriram que Andrew já havia chegado ali morto. Ao retornarem para a Great Fox II e partirem em direção à Corneria, Fox comentou:

— Odeio vir até Venom, sempre eu fico com uma sensação ruim por causa de todas as tragédias que já ocorreram aqui...

— Sim, mas com o Dash aqui a tendência é tudo melhorar em Venom — comentou Krystal.

— Ainda mais que a pior influência que ele poderia ter morreu — completou Falco.