Signo

Às margens do rio, a alma desce à correnteza...

As vidas seguem seu curso, como dita a natureza.

Mas a alma, inquieta, questiona seu rumo.

Por que seguir adiante? Por que escolher ao inseguro?

São tantas perguntas, mas poucos se questionam...

Para onde o rio vai, e onde a água acaba.

Com goles a gota seca e a garganta falha.

É só água, em manancial, nas cachoeiras, nas cataratas.

Digno ser de um conhecimento além do círculo...

Suas dúvidas que emergem ainda seguem um ciclo.

Como a fotossíntese, ou a respiração ofegante...

Clássicos livros já discutiram isso antes.

Será Drummond ou Machado?

Talvez Clarisse ou Olavo?

Ora, meus caros, sou da literatura escravo...

O mistério uma vez esteve entre os mares não navegados...

E os que aspiravam grandezas se lançaram a dominá-los.

Até que barcos, navios, tecnologias; os alcançaram.

E o mítico dos mares se foi; assim como o medo da água...

Nós já o dominamos, nós já podemos controla-lo.

Seres que antes nos assustavam,

Agora são peixes que felizes nadam e nadam.

Com as noites a névoa trás uma nova lua entre outros olhares...

Narciso, seu caso não é mais um dos peculiares.

Aos céus aspiram-se novos mitos, novas lendas...

Por quanto tempo, ó fogueira?

Por quanto tempo irá queimar e dizer que a verdade vem das estrelas?

Até que nossos corações aspirem aos céus.

Até que nosso sangue corra pelo Sol.

E que serenamente se faça nossa pronúncia divinal aos alienígenas...

E o medo não mais ataque vossas vísceras.

O tempo ainda me passa, e envelheço, ó como sinto...

 Minhas orelhas surdas agora ouvem ao vento soprando fino.

E os olhos cansados folheiam textos lindos.

Ó Drummond, com admiração, os fito.

Mas ainda me cabe saber uma questão,

Qual o teu signo?

~Gabriel.