Mais uma vez

O destino vai, volta, rodeia, dança...

O vento sopra, alcança, esfria, desmancha...

Tudo de novo, os rabiscos de uma página surrada,

Com folha tão velha e tão gasta que a tinta não escreve mais nada.

A caneta azul tornou-se amarelada; e borra a folha nas tentativas de palavra.

Sinto o frio mesmo na noite cálida.

Porque não importa o que está externo a mim,

Mas sim o interior que se esconde em escuras cavernas de memórias.

Ó, é a volta da minha donzela...

Minha musa, minha escolha, minha concubina.

Ora, depois de tanto tempo, ela volta.

E qual é seu efeito para mim agora?

Será que o amor permanece?

Ou a dor do buraco criado cresce?

Não foram suas palavras que me guiaram na escuridão...

Não foi das memórias dela que tirei força da solidão.

Porque a culpa era dela, e eu sabia disso...

E o que eu faço agora, ora?

Se ela foi minha idealizada,

Se ela foi a mulher dos meus sonhos...

O que eu faço agora que ela voltou, ora?

Mais uma vez ela volta,

Mais uma vez ela me afeta.

É como se nosso destino fosse uma roda,

Que no ápice me cega e no declínio me ignora.

Só que é rotineiro,

Porque mais uma vez ela volta.

O meu amor foi sincero, a minha despedida foi sofrida...

Mas o que será que eu espero dessa nova vida?

O que eu aprendi sem ela,

E o que eu esquecerei com sua volta?

As manchas marcadas no meu corpo serão as respostas?

Ó, isso é ruim, muito ruim.

Porque se nesse momento eu escrevo, mesmo que em linhas tortas...

E ainda pincelo um futuro na gasta aquarela,

Significa que eu ainda penso nela.

~Gabriel.