The Feeler escrita por Gabrielus
Chuva
O dia amanheceu frio...
Sob os olhos dos fantasmas que me olhavam pelo vazio,
Das órbitas que seu corpo extinguiu.
Enquanto a presença deles tornava a assombrar,
E a indagar, e a perguntar e a reclamar,
Seus devaneios não me traziam morte como pareciam conclamar;
Mas sim uma vida que eu não gostaria de experimentar.
Das gotas que caem do teto,
O choro parece um lamuriar.
E o chão que recebe as lágrimas,
Daquela dor parece compartilhar.
Que doce inveja da vida,
Que arrogante semelhança ao mar.
É só um piso encharcado pelas águas turvas de uma chuva irregular.
A janela mostra uma enchente nas ruas...
E as escassas pessoas que passam com barcos,
Como em um passeio à Veneza.
Os ratos se deleitam da violência causada,
Enquanto a água contaminada vaza, vaza e vaza.
Em uma epifania minha alma foi presa...
Como se seguisse a força daquela correnteza,
Que guia os barcos pela sua natureza,
E os afunda, ó como afunda, com certeza...
Só que a água ainda cai do teto em intervalos regulares,
E agora os fantasmas ganham rostos quase familiares.
A janela se afasta da tentação de meus olhares...
Enquanto a chuva cai.
Pois é, a chuva cai...
Afinal, é só mais um dia como outro qualquer.
Mais uma poesia como outra qualquer.
Mas sem sentido, quanto outra qualquer.
Se a chuva ainda cai, irregular...
Por que meu piso regularmente veio a alagar?
~Gabriel.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!