Retrato de Família escrita por QueenSWaldorfBass


Capítulo 1
Piloto


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que o resumo ficou péssimo, mas eu juro que a fica é melhorzinha, apesar de também não estar uma das minhas melhores, rsrs. ¬¬p
Mas deem uma chance, please, rsrs.
Eu quero dedicar esta fic inteiramente a Helena Rodrigues que foi a verdadeira razão, pra que esta fic exista. Beijos, querida, espero que goste. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/680501/chapter/1

 

Cobra sorriu ao olhar sua foto com Karina no celular. Ele estava lhe dando uma chave de braço no pescoço e amarrotava o cabelo dela. Ele passou para a próxima foto em que ela o empurrava e foi passando pela que ela pulava em suas costas e a seguinte em que ela estava montada em suas costas, depois ele a segurava no colo e ela gritava. A próxima era com Bianca, em que ela abraçava o pescoço dele e o beijava no rosto e ele sorria com um dos olhos fechado. E então surgiu as que ele estava entre as duas, abraçando Bianca e dando uma chave de braço no pescoço de Karina e depois fazendo cara de mal com ela enquanto Bianca fazia sua cara de princesa. Depois uma em que ele estava com elas e Gael e por fim sua favorita, uma com os três e sua mãe e os irmãos mais novos.

Ele parou de olhar as fotos antes que chegasse às que estava sozinho com a mãe e os irmãos. Ele guardou o celular e olhou pela janela do ônibus de viagem. Estava inseguro sobre o que viria e sabia que sentiria falta da mãe e os irmãos, mas também estava animado com a mudança, então sorriu e deixou o destino levá-lo.

—OXOXOXOXOX-

— Ah pai, não é justo. – Reclamou Karina jogando as luvas para fora do ringue.

Duca prendeu o riso se segurando a corda do ringue.

— Pai, você prometeu. – Lembrou Bianca, parada ao lado da irmã, encarando o pai.

— Duca, você se lembra de eu ter prometido alguma coisa? – Gael voltou-se para o genro.

— Lembro não, mestre. – Defendeu o garoto.

— Seu traidor. – Exaltou-se Karina.

— Puxa saco. – Sibilou Bianca.

Duca caiu na gargalhada e Gael disfarçou o sorriso.

— Bom, vocês ouviram o Duca. – Pronunciou-se Gael. – Está resolvido.

Então ele saiu deixando Karina e Duca no ringue e Bianca parada perto deles.

— Peraí, pai, não acabei, isso não é justo. – Bianca o seguiu.

— Seu traidor. – Karina socou o braço de Duca.

— Ai, ai. – Duca reclamou rindo enquanto esfregava a mão no braço socado. – Chega, vai. Vamos treinar.

— Eu não vou treinar com você. – Afirmou Karina.

— Ah vai sim. – Duca sorriu e se posicionou.

Karina cruzou os braços e ficou parada.

— Ah, qual é, Ka, vamo lá. – Pediu Duca.

— Eu não treino com traidores. – Ironizou ela.

— É a sua chance de me bater. – Ele deu de ombros.

— Tá, mudei de ideia. – Ela se posicionou e ele riu.

Então os dois voltaram a treinar.

— Nossa, chamam isso de academia? Só vejo um bando de fracotes. – Disse Cobra jogando sua mala no chão.

Todos se viraram irritados para ele e Gael e Bianca pararam de discutir e olharam pela janela do escritório.

— COBRA!!! – Gritou Karina saindo do ringue correndo e pulando em cima dele.

 Cobra riu e a segurou enquanto a garota se pendurava nele.

Bianca esqueceu a discussão com o pai, abriu a porta do escritório e correu.

— Cobra. – Ela se jogou nos braços dele.

Cobra soltou Karina e abraçou Bianca enquanto esta beijava o seu rosto.

— Que saudade de você. – Ela disse se separando dele.

— Por que você não disse que viria? – Perguntou Karina.

— Quanto tempo você vai ficar? – Bianca sorriu.

— É tão bom ver você. – Karina o abraçou novamente.

— Filho. – Gael abriu os braços e foi em direção a Cobra.

O garoto soltou Karina e abraçou o pai.

— Como é bom ter você aqui. – Gael apertou o abraço.

— É bom estar aqui, pai. – Cobra sorriu ao se soltar do pai.

— Porque você não disse que viria? Nós teríamos te buscado na rodoviária. – Garantiu Gael.

— Eu queria fazer uma surpresa. – Explicou o jovem.

— Uma bela surpresa. – Vibrou Bianca.

— Mas e ai, quanto tempo você vai ficar? – Perguntou Karina.

— Na verdade, eu conversei com a minha mãe e nós concordamos que agora que eu terminei a faculdade como vocês dois queriam, eu tenho liberdade pra perseguir o meu sonho. – Disse Cobra. – Então eu vim pro Rio pra treinar com o melhor mestre de muay thai do país.

— Cobra, você não fugiu, não é? – Repreendeu Gael sem se comover com o elogio do filho.

— Não, pai. – Cobra riu. – A minha mãe concordou em me deixar vir treinar com você pra ser um grande lutador como o senhor, mestre. A gente só não disse nada porque eu queria fazer surpresa mesmo.

— Então você vai ficar? – Alegrou-se Bianca.

— É a ideia. – Assentiu Cobra.

— Isso é demais. – Karina pulou de felicidade e agarrou o pescoço do irmão.

— Demais mesmo. – Concordou Bianca abraçando os dois.

— Eu pretendo ficar permanentemente no Rio e treinar aqui, mestre, até me tornar o melhor lutador de todos. – Continuou Cobra. – Isso se o senhor permitir, é claro, mestre.

— Se eu permito? – Gael sorriu. – Nada me deixaria mais feliz.

Cobra assentiu sorridente.

— Eu preciso pedir mais um favor. – Hesitou ele.

— Claro, o que quiser, filho. – Garantiu Gael.

— Eu queria saber se podia ficar com vocês até arranjar um lugar pra morar. – Pediu Cobra.

— Como assim "um lugar pra morar"? – Chocou-se Bianca.

— Nem precisa procurar, você já encontrou. – Disse Gael.

— Você vai ficar com a gente, é claro. – Completou Karina.

Cobra sorriu e as irmãs bagunçaram seu cabelo.

— Vem cá, deixa eu te apresentar para os meus alunos. – Gael puxou o filho pela nuca para o meio da academia. – Eu quero todo mundo aqui.

Todos os alunos se reuniram ao redor do mestre.

— Este aqui é o meu filho mais velho, o Ricardo. Pra quem não sabe, ele morava em Goiânia com a mãe dele, mas acabou de se mudar pra cá, pra minha casa. Ele vai estudar aqui a partir de agora.

Todos aplaudiram e deram as boas vindas a Cobra.

— É bom ter você aqui, filho. – Reforçou Gael. – Vem cá, quero te apresentar alguém. Duca.

Duca se aproximou e os dois jovens se encararam de cima a baixo. Os dois que ainda não se conheciam, mas que já tinham ouvido falar muito um do outro, se encararam desgostosos. Eles já sentiam como se estivessem disputando um posto. Cobra soube ali que eles não poderiam ser amigos.

— Filho, este é Duca, namorado da sua irmã e meu melhor aluno. – Apresentou Gael.

— Por enquanto. – Garantiu Cobra.

Duca riu.

— Se você acha que pode competir comigo, só está se iludindo. – Avisou Duca.

— Já vi que vocês vão se dar bem. – Gael sorriu. – O Duca é como se fosse um filho pra mim e eu quero que você ajude meu filho a se ajustar, Duca.

— Como quiser, mestre. – Assentiu Duca.

Os dois garotos se encararam novamente.

— Agora vou deixar você a vontade. – Disse Gael batendo a mão no ombro do filho. – Pode se trocar no banheiro e começar a treinar livre hoje, amanhã já começo pesado com você.

Cobra riu.

— É isso mesmo que eu quero, mestre.

Gael sorriu e deixou os jovens sozinhos.

Cobra e Duca se mediram e teriam ficado muito tempo assim se Bianca, Karina e Nat não os tivessem interrompido.

— Aê, você vai treinar comigo hoje. – Karina pulou nas costas do irmão.

Cobra riu e a segurou para que não caísse.

— E ai, Cobreloa. – Cumprimentou Nat.

— E ai, Nat. – Cobra sorriu e abraçou a velha amiga.

— Há quanto tempo. – Comentou a lutadora.

— Muito mesmo. – Concordou Cobra.

— Eu estou tão feliz por vocês dois finalmente se conhecerem. – Bianca sorriu.

— É. – Cobra e Duca concordaram a contra gosto.

— Eu tenho certeza que vocês vão ser melhores amigos. – Iludiu-se Bianca.

Cobra e Duca desviaram seus olhares e depois Cobra subiu no ringue para treinar com Karina, Bianca foi para a Ribalta para suas aulas e Duca e Nat voltaram a treinar.

—X-

Quando as aulas da Ribalta acabaram, Cobra e Karina pararam de treinar e se apoiaram nas cordas do ringue, porque Cobra queria ver os alunos da escola de artes.

Quando Bianca desceu as escadas rindo com Ruiva, Cobra perguntou a Karina:

— Quem é aquela gostosa com a Bianca?

— Aquela é a Ruiva, a melhor amiga da Bianca. – Respondeu Karina. – Mas nem pense em chegar nela desse jeito. Ela é ativista e super feminista, odeia ser rotulada.

— Ah, entendi, ela é tipo feminazi? – Brincou Cobra.

— É, tipo isso. – Karina riu.

— Tá, então vou usar outra abordagem. – Explicou Cobra.

Bianca e Ruiva se aproximaram rindo e Bianca fez as apresentações:

— Ruiva, este é meu irmão mais velho, Cobra. Cobra, esta é a minha melhor amiga, Bárbara.

Cobra pegou a mão de Ruiva e a beijou.

— Encantado.

Ruiva fez careta e olhou estranhando.

— Você é algum daqueles cavalheiros do século XIX? – Ela zuou.

— De maneira nenhuma. – Cobra fingiu-se de ofendido. – Eu jamais poderia viver em uma época onde as mulheres eram tão inferiorizadas.

Bianca olhou para ele confusa e Karina prendeu o riso.

— Jura? – Ruiva se impressionou.

— Claro. – Garantiu Cobra. – Quer dizer, vocês mulheres são claramente seres muito superiores, e foram tão humilhadas, tão desprezadas por tanto tempo, eu me sinto revoltado por vocês.

— Desde quando você liga pros direitos das mulheres, Cobra? – Intrometeu-se Bianca.

— Eu sempre liguei, Bi. – Jurou Cobra.

— Aham. – Desdenhou Bianca.

— Bom, foi um prazer conhecer você, Cobra, mas eu tenho que me trocar pra treinar. – Avisou Ruiva.

— Você faz muay thai também? – Surpreendeu-se Cobra.

— Aham. – Assentiu Ruiva.

— Que incrível. – Comentou Cobra. – Artista e atleta. Eu não conheço tantas pessoas versáteis assim. É bem legal mesmo, demais.

— Quem sabe nós não possamos treinar juntos. – Sugeriu Ruiva.

— Só se você estiver preparada pra ir pro chão. – Avisou Cobra.

— Por quê? – Perguntou Ruiva. – Acha que só por que eu sou mulher, não posso te derrubar?

— Não, é que eu não costumo deixar ninguém me derrubar, ninguém. – Alertou Cobra.

— Tão convencido. – Jogou Ruiva. – Eu vou me trocar, daí nós veremos do que você é capaz.

— Vou esperar ansioso.

Ruiva sorriu maliciosa e saiu. Bianca olhou irritada para o irmão e seguiu Ruiva.

— Como você faz isso? – Karina finalmente se deixou rir.

— É um dom. – Cobra suspirou e deu de ombros.

— É isso mesmo, Brasil? – Sol começou a descer as escadas. – Ricardo Cobreloa veio nos servir com sua ilustre presença?

— Sol. – Cobra sorriu. – E ai?

Sol terminou de descer as escadas, foi até o ringue e abraçou Cobra.

— E ai, Cobra, como você tá? – Ela sorriu. – Quando você chegou?

— Hoje mesmo.

— E quanto tempo vai ficar desta vez?

— Então, agora a minha mudança é permanente. – Cobra sorriu.

— Para tudo, produção. – Arfou Sol. – É isso mesmo? O Rio vai ter a honra de ser morada oficial de um dos gatos mais gatos deste país?

Cobra e Karina riram.

— Exageraaaaada. – Brincou Cobra.

— Ow, Solange, qual é? – Wallace parou seu treino.

— “Qual é?” pergunto eu, Negão. – Discutiu Sol. – Tá me chamando de Solange por quê? Não te dei essas intimidades não.

Cobra e Karina riram de novo e Wallace virou a cara.

— Aquele é o Wallace. – Explicou Karina. – Ele é amarradão na da Sol desde sempre.

— É. – Concordou Sol. – Mas a gente não tem nada.

— Ainda. – Comentou Karina.

— Isso não vem ao caso. – Desconversou Sol. – Quero saber de você, Cobra. Deve ter deixado um monte de corações partidos em Goiânia e agora vai arrebentar com um monte de corações cariocas.

— Ele já começou, hein. – Avisou Karina.

— Mentira. – Vibrou Sol. – Para tudo, produção. E dona Bianca já sabe disso?

— Ainda teve que assistir de camarote. – Zombou Karina.

— Nossa, ela deve ter surtado. – Riu Sol.

— Vocês são muito exageradas. – Defendeu Cobra.

— Ah não, você vai me desculpar, mas a Bianca é HIPER ciumenta. – Disse Sol. – E quando o assunto é você, ela é o triplo disso.

— Não é assim.

— Quer um exemplo?

— Quero.

— Desde quando você conhece a Nat?

— Desde que ela se tornou a melhor amiga da Karina. – Cobra deu de ombros.

— E desde quando você me conhece?

— Desde que você se tornou uma das melhores amigas da Karina.

— Porque a Karina fez questão que você conhecesse as duas melhores amigas dela. – Explicou Sol. – As duas únicas amigas dela.

— Valeu, Sol. – Ironizou Karina.

— Desculpa, Ka, mas sou uma das suas melhores amigas, eu tenho que falar.

Cobra riu e Karina tentou se fazer de brava, mas não aguentou e sorriu também.

— Agora há quanto tempo você conhece a Ruiva? – Continuou Sol.

— Hã, há uns cinco minutos. – Cobra pensou.

— Porque elas acabaram de passar por aqui, acertei?

— É. – Cobra e Karina assentiram.

— Tá vendo? – Observou Sol. – A Bianca tem tanto ciúmes de você que nem te apresentou pra melhor amiga de anos dela.

— A Sol tem razão, a Bianca é bem ciumenta. – Concordou Karina.

— Não só ciumenta como possessiva com tudo o que ela considera dela. Escreve o que eu digo, Cobra, você vai sofrer agora que estão juntos. – Alertou Sol.

Cobra ficou pensativo e Sol suspirou.

— Agora eu tenho que ir. – Ela sorriu. – Vou almoçar com o Pedro, mas foi bom ver você de novo, Cobrinha, e estou feliz por você ficar por aqui.

— Valeu, Sol. – Cobra forçou um sorriso.

— Até mais, Ka.

— Até mais, Sol.

Então Sol saiu e deixou Cobra sozinho com Karina e seus pensamentos.

— Acha que ela tem razão? – Preocupou-se Cobra.

— Alguma razão. – Karina deu de ombros.

Cobra suspirou.

— Mas não precisa ficar grilado com isso, Cobra. – Consolou Karina. – A Bianca é ciumenta, mas não é nenhuma megera.

— Tem razão. – Concordou Cobra. – Tô com neura, eu devia era estar treinando e não me deixando enrolar por uma anãzinha.

— Anãzinha? – Queixou-se Karina. – Vou te mostrar a anãzinha.

Eles voltaram para o meio do ringue e quando Karina ameaçou dar o primeiro golpe, Cobra a derrubou e começou a fazer cócegas nela.

— NÃO, COBRA, NÃO. – Ela caiu na gargalhada.

Seus risos compulsivos chamaram a atenção de Pedro que estava descendo as escadas.

— Quem é esse cara com a minha esquentadinha? – Irritou-se ele.

Pedro se aproximou do ringue e gritou:

— KARINA, QUEM É ESSE CARA?

Cobra parou de fazer cócegas nela e os dois olharam para Pedro.

— Quem você pensa que é pra fazer cócegas na minha esquentadinha, seu aprendiz de lutador de quinta? – Brigou Pedro. – Só por que você é grande, forte atlético e bonitão acha que pode ir chegando e marcando território assim, é? Ela é gostosa, mas é minha.

— Como é que é, meu irmão? – Exaltou-se Cobra se levantando. – Você tá querendo morrer?

— Calma, Cobra. – Karina se levantou.

— Karina, quem é esse cara? – Esbravejou Cobra.

— Eu é que pergunto, Karina, quem é esse cara? – Repetiu Pedro.

Karina suspirou.

— Cobra, Pedro, Pedro, Cobra.

— Isso não me diz nada. – Irritou-se Cobra.

— Nem pra mim. – Vociferou Pedro.

— Relaxa aí, Pedro. – Reclamou Karina. – O Cobra é meu irmão.

— Irmão? – Estranhou Pedro. – Você tem outro irmão além do Miguel.

— Sim. – Assentiu Karina. – Meu irmão mais velho, o Cobra. E relaxa, Cobra. O Pedro é aluno da Ribalta, ele é guitarrista e o melhor amigo do João, ele é meio retardado, mas inofensivo.

— Inofensivo. – Bufou Cobra. – Sei. Eu já tive a idade desse cara, eu sei o quão inofensivo ele pode ser.

— Ah, mas está tudo bem agora. – Pedro sorriu. – Agora que eu sei que você é irmão da Karina podemos nos abraçar e fazer as pazes. Toca aqui, cunhado.

— Eu vou dar uma surra nesse cara. – Cobra segurou a corda e ameaçou sair do ringue.

— Aaaaaaaaaaah. – Gritou Pedro. – Não me bate não, por favor, eu sou um cara da paz e também sou muito sensível e minha mãezinha não vai ficar nada feliz se eu chegar em casa todo roxo.

— Relaxa, Cobra. – Karina segurou o irmão. – É como eu disse, o Pe é inofensivo.

— Sei. – Cedeu Cobra. – Eu tô de olho em você.

Cobra apontou os dedos para os olhos e depois para Pedro.

— Logo se vê que você é filho do mestre cruel. – Comentou Pedro. – Vocês tem o mesmo...

Cobra encarou Pedro que se acovardou e disse:

— Senso de humor. Isso aí, vocês dois tem o mesmo senso de humor, os mesmos belos olhos, o mesmo porte atlético, até a pose de galã é a mesma.

— OH, CAPIROTO. – Gael berrou.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAI. – Pedro gritou e levantou os braços para se proteger.

— Eu posso saber por que você está interrompendo o meu treino e atormentando os meus filhos?

— Nada não, mestre, eu inclusive já tava de saída. – Garantiu Pedro. – Tchau, mestre cruel, tchau, mestrinho cruel, foi um prazer e até mais, esquentadinha.

Ele saiu correndo.

— Mestre cruel? – Cobra riu.

Gael e Karina sorriram e assentiram.

— Que figura. – Cobra caiu na gargalhada.

— É. – Concordou Gael. – Eu adoro esse garoto.

— Sabe que eu gostei dele. – Confirmou Cobra, mas depois seu sorriso morreu e ele se voltou sério para Karina: - Você não tá namorando com ele não, tá?

— Claro que não. – Negou Karina.

— Acho bom. – Avisou Cobra. – Você é muito nova pra namorar.

— Isso aí, filho. – Elogiou Gael. – Toma conta da sua irmã.

Então ele saiu e deixou os filhos sozinhos.

— Por que a Bianca pode namorar e eu não?

— Porque eu não estava aqui pra impedir a Bianca. – Ele sorriu sarcasticamente.

Karina revirou os olhos e ele sorriu.

Cobra olhou para a escada novamente e seus olhos encontraram a garota mais linda que ele já tinha visto.

— Karina, quem é aquela? – Ele perguntou encantado.

Karina olhou para cima e viu Jade descendo as escadas com Vicki, Joaquina, Lírio e Jeff.

— A do cabelão ou das mechas loiras? – Questionou Karina.

— A do cabelão. – Cobra respondeu rapidamente.

— É a Jade.

— Linda. – Cobra suspirou.

— É melhor que isso nem passe pela sua cabeça. – Alertou Karina.

— Por que não? – Cobra desviou seus olhos de Jade para a irmã.

— Jade. O nome não te diz nada?

— Deveria?

Karina virou os olhos.

— A Jade é a arqui inimiga da Bianca. – Explicou Karina. – Se você chegar perto dela, a Bianca tem um surto.

— Sério? – Lastimou Cobra.

— Sim. – Confirmou Karina. – Elas se odeiam.

— Saco.

— E além do mais, a Jade tem namorado.

— Ah com um namorado, eu posso lidar. – Riu Cobra. – Mas não vou querer irritar a Bianca, ainda mais agora que eu acabei de chegar.

Karina assentiu.

Jade passou direto, sem notar Cobra, mas Joaquina o viu e o encarou com o que ela pretendia ser sua cara sexy.

— Quem é a maluca me encarando? – Indagou Cobra.

Joaquina passou por eles e mostrou suas garras como se fosse uma tigresa e piscou para ele. Lírio a olhou como se ela fosse doida e depois olhou para Cobra e virou os olhos. Cobra arregalou os olhos assustado.

— Maluca é a palavra que a define. – Suspirou Karina. – Aquela é a Joaquina, ela é maluquinha.

— Tô vendo. Então, um dos caras que tava com ela é gay e o outro é o namorado dela?

— O que você está sugerindo que é gay, é o Jeff e ninguém sabe se ele é realmente gay, mas ele e a Jade são grandes amigos, só isso. – Esclareceu Karina. – O outro é o Lírio, o melhor amigo da Jade, mas você pode ficar tranquilo, ele não é o seu concorrente, não pela Jade pelo menos. O Lírio é gamadão no seu interesse anterior.

— A Ruiva?

— Isso. – Confirmou ela. – O namorado da Jade é o Paulista, ele não passou por aqui ainda, quando eu o vir, te mostro.

Cobra concordou com a cabeça.

— Grande Cobra. – João apareceu no topo da escada.

— Grande João. – Cobra sorriu.

— A Bianca foi avisar a mim e a minha mãe que você chegou de mala e cuia pra filar a boia lá em casa pelos próximos anos. – João se aproximou do ringue.

— Pois é. – Cobra riu.

— Seja bem vindo. – João estendeu o braço.

— Valeu. – Cobra bateu na mão dele e eles deram um toque.

— Só não vai ficar com todas as gatinhas. – Pediu João.

— Pode deixar. – Caçoou Cobra. – Você me diz qual você quer pegar e eu fico bem longe dela.

— Você com certeza vai ficar longe dela. – Apostou Karina.

— Por quê? – Cobra perguntou divertido.

— Porque a paixão do João é a Bianca. – Ela respondeu.

Cobra olhou para João e pensou por um minuto antes de falar:

— É, pode ficar despreocupado, porque eu não vou nem chegar perto.

João riu e completou:

— Tem a segunda opção, se você puder ficar longe dela também, eu agradeceria muito.

— Ótimo. – Concordou Cobra. – É bom já esclarecermos essas coisas desde já. Quem é a segunda opção?

— A melhor amiga da sua deusa proibida. – Disse Karina.

— “Deusa proibida”? – Divertiu-se João.

— O Cobra ficou caidaço pela Jade. – Explicou ela.

— Ah. – Compreendeu João. – Gostosa, né?

Cobra assentiu lamentando.

— Mas é melhor ficar longe, ela tem um histórico problemático com a Bianquinha.

— É, já tô sabendo. – Lamentou Cobra. – Para a minha tristeza.

— A segunda opção do João é a Vicki, melhor amiga da Jade. – Terminou Karina. – A garota das mechas loiras.

— Ah. – Lembrou-se Cobra. – Bonita.

João assentiu com um sorriso malicioso.

— Ow, hoje à noite vai ter uma festa na Ribalta, você podia aparecer. – Convidou João.

— Ah, beleza. – Concordou Cobra.

— Pronto pra ser derrubado por uma garota, Cobra? – Perguntou Ruiva se aproximando.

— Pronto pra fazer uma garota chorar. – Brincou Cobra.

Então Karina desceu do ringue e Ruiva entrou no seu lugar e os dois começaram a treinar.

—X-

À noite todos estavam na festa e Cobra jogava seu charme em cima de Ruiva para o desespero de Bianca que assistia a tudo de longe.

— Ele acabou de chegar, nem passou um tempo com a irmã dele e já tá cantando minha melhor amiga? – Reclamou Bianca para Duca.

— Faria diferença se fosse outra garota? – Perguntou Duca.

— Faria. – Garantiu Bianca. – Eu preferia que ele ficasse com uma qualquer, agora eu tenho que dividir meu irmão E minha melhor amiga e se o lance deles der errado, ainda corro risco de perder a Ruiva.

— “Lance deles”? – Duca prendeu o riso. – Bi, eles acabaram de se conhecer, não tem lance nenhum e deixa seu irmão curtir.

— Ele podia curtir com outra garota, Duca. – Bufou Bianca.

— Você ficaria irritada com qualquer uma com quem ele ficasse. – Duca deu de ombros. – Quer seu irmão só pra você e não pras outras garotas, você tem ciúmes dele até com a Karina.

— Isso não é verdade. – Discordou Bianca.

Duca lançou um olhar significativo pra garota.

— Tá. – Cedeu Bianca. – É um pouco verdade.

Duca sorriu debochado.

— Olha lá. – Bianca voltou-se para Cobra e Ruiva. – Agora eles estão se pegando.

Duca olhou para Cobra e Ruiva se beijando.

— Você achou que eles fossem ficar só na conversa?

— Você disse que não tinha lance nenhum. – Lembrou Bianca.

— E ainda não tem. – Disse Duca. – Eles estão ficando numa festa, isso não quer dizer nada. Mas também não quer dizer que não vá haver um lance.

Bianca o olhou irritada.

— O que? – Perguntou ele. – Você preferia que eu mentisse?

Bianca revirou os olhos e saiu.

—OXOXOXOXOX-

Depois que Ruiva já tinha ido pra casa, Cobra estava conversando com Karina e Natt, quando todos ouviram os gritos de Jade:

— ME ERRA, HENRIQUE!!! – Ela saiu como um furacão e esbarrou em Cobra, derrubando a bebida que ele segurava em sua camiseta. – Ai, meu Deus, me desculpa. – Ela levou as mãos à boca com surpresa.

Cobra olhou para sua camiseta manchada e fez careta.

— Olha, pode deixar que eu limpo. – Ela começou a passar a mão na camiseta dele freneticamente.

— Não é por nada não, mas acho que não vai secar assim. – Brincou Cobra.

— É, né? – Jade sorriu constrangida. – Olha, desculpa, mas eu vou lá no banheiro pegar papel e eu limpo, juro.

— Relaxa, minha dama. – Cobra fez pouco caso.

Jade sorriu agradecida para ele.

— Jade. – Chamou Henrique.

— Eu já mandei me deixar em paz. – Ela se voltou para o namorado.

— Jade, já disse que não aconteceu nada. – Jurou Henrique. – Deixa eu explicar.

— Jade, não é o que você tá pensando. – Bianca se aproximou. – Não conta pro Duca.

— Não conta o que pro Duca? – Duca chegou por trás de Cobra e Karina.

Bianca prendeu a respiração assustada.

— Que sua namoradinha e meu namorado estavam se agarrando lá atrás. – Despejou Jade.

— O que? – Exaltou-se Duca.

— Duca, não é o que você está pensando. – Apressou-se Bianca. – Eu não fiz nada, foi o Henrique que me beijou.

— Como é que é? – O lutador se adiantou em direção ao artista.

— Isso mesmo. – Reafirmou Jade. – Eu peguei os dois na maior pegação lá atrás.

— Não foi assim. – Defendeu-se Bianca.

— Ah, agora você vai dizer que eu alucinei? – Debochou Jade.

— Não, você viu muito bem. – Provocou Bianca. – Seu namorado me beijou, porque você não é mulher o suficiente pra segurá-lo.

— Como é que é? – Jade se aproximou de Bianca.

— Ele prefere a mim, porque sou mil vezes melhor que você. – Cuspiu Bianca.

Jade avançou pra cima dela, mas Cobra a segurou.

— Ow, calma aí, gatinha.

— Me solta. – Vociferou Jade.

— Vai, Cobra, solta ela, deixa ela tentar. – Disse Bianca. – Ela não é mulher o bastante nem pra isso.

— Para de provocar, Bianca. – Repreendeu Cobra.

— Me solta, eu vou arrancar os olhos dessa vaca. – Rosnou Jade.

— Olha, de verdade, eu adoraria te soltar, porque na boa, briga de mulher é uma coisa que eu ADORO assistir, especialmente quando elas são gatas assim. – Brincou Cobra. – Mas acho que meu pai não vai ficar nada feliz se na minha primeira noite em casa, minha irmã chegar cheia de hematomas. Especialmente, a princesinha dele, arranjar briga é tarefa da Ka e minha.

Karina riu pra o irmão.

— Irmã? – Estranhou Jade. – Você é irmão da Bianca?

— É sim. – Respondeu Bianca. – Algum problema com isso?

— Meu único problema aqui é você.

— Tá legal, já chega. – Interveio Cobra. – Por que você não me deixa te levar pra casa?

— Isso, leva ela pra se esconder debaixo da saia da mãe dela. – Continuou Bianca.

— Cala a boca, Bianca. – Ralho Cobra.

— Jade, olha... – Começou Henrique.

— Cala a boca, Henrique. – Ela disse ríspida. – Acabou, me esquece, me deixa.

— Mas, Jade...

— Que parte do A-CA-BOU você não entende? Quer que eu desenhe pra você?

— Querida, se você tiver pra desenho tanto talento quanto você tem pra dança ou pra atuação, melhor deixar tudo nas entrelinhas mesmo.

Jade gritou e Cobra a segurou firme para que ela não se soltasse.

— Caramba, Bianca. – Reclamou Cobra. – Tá pedindo pra morrer mesmo?

— Que isso, Cobra, essa garota, não consegue nem chegar perto de mim. – Bianca sorriu maliciosa.

— Cobra, leva logo ela daqui. – Aconselhou Nat.

— Tá. – Concordou Cobra. – Ka, eu vou pegar o carro.

— E como eu e a Bianca vamos pra casa?

— Eu levo vocês. – Ofereceu Duca. – Tira logo ela daqui, Cobra.

Cobra assentiu e saiu com Jade.

—X-

Cobra chegou à casa de Jade e estacionou o carro. A garota suspirou e soltou seu cinto.

— Obrigada pela carona. – Ela disse interrompendo o silêncio que os dominou a viagem inteira.

— Não por isso. – Cobra deu de ombros.

— Eu devia ter ficado com medo de pegar carona com um completo desconhecido, mas tava tão irritada que nem pensei nisso.

— É, eu vi. – Concordou Cobra. – Tava com sangue nos olhos.

— É. – Riu Jade. – Então, obrigada. Obrigada por me trazer em casa em segurança e não ser um assassino ou estuprador.

Cobra riu.

— De nada.

— Eu sou a Jade, aliás. – Ela estendeu a mão. – Não quero que você seja um completo desconhecido.

Cobra sorriu e aceitou a mão dela.

— Cobra.

— Muito prazer, Cobra, e o seu nome é?

— Ricardo. – Ele sorriu novamente. – Ricardo Cobreloa Duarte ao seu dispor.

Jade sorriu e suspirou.

— E você é mesmo irmão da Bianca? – Entristeceu-se ela.

— Meio irmão. – Explicou Cobra. – Eu sou filho do Gael com um caso de uma noite. Minha mãe mora em Goiânia com meus dois irmãos mais novos.

— E você e a Bianca são muito próximos?

— É, bem próximos.

— Que pena. – Lastimou Jade.

— Moça, você acabou de terminar com o seu namorado. – Riu Cobra.

— E daí? – Jade abaixou o quebra sol e arrumou seu batom no espelho. – Eu pareço o tipo de garota que fica chorando a perda de um ex namorado cretino?

— Nem um pouco. – Cobra sorriu fascinado.

— É porque eu não sou. – Garantiu ela fechando o quebra sol. – A fila anda, existem muitos peixes no mar, eu encontro alguém melhor e todos esses clichês de fim de namoro.

Cobra olhava para ela fascinado.

— Bem, obrigada de novo, Cobra e me desculpe pela sua camiseta.

Cobra olhou para a camiseta se lembrando do ocorrido.

— Ah, não foi nada.

— Você pode me entregar ela depois e eu lavo pra você.

— Não esquenta com isso.

Jade abriu a porta do carro e disse:

— Dá um beijinho na Bianca por mim. Espero que o lutador tenha acabado com ela E com o idiota do Henrique. De maneiras diferentes, é claro.

Cobra riu e Jade desceu do carro.

— Boa noite, Cobra. A gente se vê por aí.

— Eu espero que sim.

Jade sorriu maliciosa, fechou a porta do carro e entrou na sua casa.

Cobra a assistiu entrar encantado, depois que Jade fechou a porta de casa ele voltou a si e bateu as mãos no volante.

— Que isso, Cobra? Você veio aqui pra treinar com o seu pai, não pra arranjar treta com a sua irmã. Mas olha que por essa morena, eu entrava numa briga fácil, fácil.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero dedicar essa fic a Helena Rodrigues. Desculpa a demora, querida, mas é tudo pra você, espero que goste. :*PS: Não deu tempo de revisar, então desculpem por ser humana e cometer erros, rsrs.Reviews, mesmo que for pra me xingar, rsrs.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Retrato de Família" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.