Cada suspiro que você der

Cada movimento que você fizer

Cada laço que você quebrar

Cada passo que você pisar

Eu estarei te observando

“― Nós não funcionamos, Natsu ― Era o que a loira falava ao rosado, segurando levemente suas mãos e o olhando nos olhos. ― Quer dizer, funcionamos como amigos, somos bons amigos e sempre fomos, mas como casal...― Deixou a frase morrer. Nesse momento Natsu pode ver que haviam algumas lágrimas nos orbes dela, mas Lucy era corajosa, e as segurou até o fim.

Natsu estava muito atordoado, muito surpreso por cada palavra falada por Lucy. Abriu a boca e tentou falar, mas nada saiu. Continuou apenas olhando para ela, no fundo dos olhos marejados da mesma. Ele já esperava que ela quisesse conversar, mas terminar e ainda dizer palavras tão profundas, isso ele não esperava. Ele não conseguia dizer nada.  Sabia que parte dos motivos dela ter dado aquele passo era culpa dele, mas ainda assim ele sofria. Desistiu de dizer alguma coisa, apenas de levantou e saiu dali o mais rápido que pôde. Ela apenas o observou cada movimento, cada passo enquanto ele se afastava. Naquele momento, Lucy quebrou o laço deles. “

Todo santo dia

Cada palavra que você disser

Cada jogo que você jogar

Cada noite que você ficar

Eu estarei te observando

A bebida havia virado sua melhor amiga. Nunca foi de beber, mas apenas aquela loira gelada para fazê-lo esquecer um pouco de uma outra loira. Já haviam se passado algumas semanas desde o término dele com Lucy e ainda assim aquelas palavras dela martelavam na sua mente de forma ininterrupta.

Colocou as cartas na mesa, finalizando a jogada e vencendo a partida, os outros jogadores o olharam com um pouco de raiva, mas Natsu não ligava. Ele não ligava para mais nada. Saiu da mesa, pagou sua conta do bar e deixou o troco para o garçom. Colocou o casaco. Estava frio lá fora. Abriu a porta e viu o céu estrelado daquela noite, suspirou pesadamente colocando as mãos no bolso da calça, olhando pra baixo e pensando numa forma milagrosa de esquecê-la. Andou pelas ruas de Magnólia sem destino, apenas pensando na sua vida. Ele só não sabia que era observado atentamente.

Oh, você não enxerga?

Você pertence a mim

Meu pobre coração sofre tanto

Com cada passo que você dá

Hoje ele não iria beber. Hoje faria diferente, até porque ontem acabou cometendo um erro. Transou com Lisanna, era uma velha amiga, não se sentiu bem fazendo aquilo com Lisanna, porém, na hora, estava bêbado demais para medir qualquer atitude. Se lembrou então da frase do pai “Nada que acontece depois das três da manhã é algo bom”, talvez Igneel estivesse certo...   Esperava que Lisanna pensasse o mesmo que ele, afinal, não queria perdê-la. Não queria perder mais ninguém. Já bastava ter perdido a mulher da sua vida, certo? Lucy, já não o pertencia mais, certo?

Com esses pensamentos nublando a mente, ele logo chegou em casa. Abriu a porta do apartamento e se dirigiu ao quarto, tentaria dormir, ao menos, um pouco.

Cada movimento que você fizer

Cada promessa que você quebrar

Cada sorriso que você fingir

Cada direito que você reivindicar

Eu estarei te observando

Ela havia tomado uma difícil decisão. Havia terminado seu primeiro relacionamento, não havia sido nada fácil, mas era melhor assim, não é? Melhor do que ver as brigas e desavenças destruírem todos os sentimentos dos dois até o ponto deles se odiarem. Era o que ela dizia a si mesma, mas não funcionava. Ainda assim sua mente lhe pregava peças. Sabia que ele havia a superado, foi melhor assim. Ela só o queria feliz. Soube que ele saiu acompanhado de Lisanna na noite anterior, não que ela estivesse o procurado, mas de uma forma ou de outra ela sempre o observava.

Desde que você se foi, eu tenho estado perdido sem direção

Eu sonho à noite e só consigo ver o seu rosto

Eu olho em volta, mas é você que eu não consigo substituir

Eu sinto tanto frio e desejo seu abraço

Eu continuo chorando, querida, querida, por favor

Acordou todo suado e ofegante. Tinha acabado de se ver caindo 30 andares abaixo, passou a mão pelo rosto suado e mexeu nos cabelos nervosamente tentando se acalmar “foi apenas um sonho” pensou. Ele viu sua vida passar diante de seus olhos e por incrível que pareça viu o rosto de Lucy em muitos momentos. Olhou em volta e viu que ela não estava ali, gostaria tanto que ela estivesse ali, para lhe acalmar, lhe abraçar e ajudá-lo a voltar a dormir. Sentiu as lágrimas virem e não pode mais segurá-las, chorou em silêncio como quanto o pai morreu na sua frente depois de um assalto.

Oh, você não enxerga?

Você pertence a mim

Meu pobre coração sofre tanto

Com cada passo que você dá

Se lembrou dos vários momentos alegres com a moça e se martirizou mais por ter tentado sufocá-la com seus ciúmes bestas. Tinha aprendido da pior forma que quando se ama, apenas quer que o outro seja feliz, com ou sem você. Lembrava-se dela dizendo que era dele, dela prometendo e sofreu mais. Ele sofria calado e via a cada dia a sua ex-amiga, ex-confidente e ex-namorada o superar. Ele sabia que ela estava melhor sem ele, era o que todos diziam.  Não tinha tido mais contato direto com ela, mas por vezes ouvia Gray ou Gajeel falar sobre a loira e os planos dela. Estava claro, ela já o tinha superado. Ele tinha a perdido por ser burro, por ser ciumento a ponto de sufocar a melhor coisa que já havia encontrado na vida dele. Suspirou mais uma vez e olhou para a janela, mais precisamente para o céu estrelado como se esse pudesse o aconselhar. Suspirou novamente, se deitou e tentou dormir. Só tentou mesmo.

Cada movimento que você fizer

Cada promessa que você quebrar

Cada sorriso que você fingir

Cada direito que você reivindicar

Eu estarei te observando

Ela odiava o inverno e suas noites geladas, eles eram bons e gostosos quando havia a possibilidade de um certo rosado bater na sua porta na calada da noite, mas, hoje, essa possibilidade era inexistente, eles não eram mais um casal, eram apenas duas partes separadas. Pensava assim abrindo o portão do prédio em que morava. Estava voltando para casa depois de um dia de trabalho e de um encontro inesperado num bar que costumava ir às sextas com os amigos da redação.

Cada movimento que você fizer

Cada passo que você pisar

Eu estarei te observando

Depois de um banho, deitou na cama e começou a pensar no ocorrido daquela noite, se lembrando de cada momento.

“Ela havia acabado de chegar, estava prestes a tirar seu casaco quando viu ao longe um certo rosado jogando algum jogo de cartas com outras pessoas numa mesa afastada. Lucy paralisou por alguns momentos até Levy retirá-la do meio do bar e levá-la ao banheiro feminino.  Lá a loira deixou os sentimentos tomarem conta do seu corpo e chorou sendo acolhida e abraçada pela melhor amiga

― Talvez seja melhor você ir falar com ele, Lucy ― Falou depois da loira se acalmar.

― Para dizer o que? ― Fungou um pouco ao tentar respirar profundamente― Para dizer que eu me arrependi e quero voltar. ― Negou com a cabeça, sendo observada pela baixinha na sua frente― Se ele quisesse isso também não teria transado com a Lisanna! ― Declarou irritada
― Lucy, ele não é mais comprometido e se quer saber, ele e ela saíram bem bêbados desse bar! Lisanna se separou de Mest, parece que ele vai se mudar para algum lugar por causa do trabalho e eles não queriam um relacionamento à distância. Talvez, os dois apenas quisessem esquecer suas dores por uma noite. ― Alegou tentando defender o rosado ― Você mesmo pegou o Rogue para tentar esquecer o Natsu, então não dê uma de santinha.  Você e ele erraram tentando achar em outros corpos o que só encontram juntos. ― Completou deixando a amiga com uma expressão irada, mas que logo foi trocada por uma arrependida
― Eu sei, ― suspirou pesadamente― mas isso não me faz sentir menos ciúmes.
― Vocês deveriam conversar... ― Aconselhou o que só fez a loira suspirar novamente.
― Eu sei... Eu sei... Mas é que...― Sentiu as lágrimas quererem tomar os seus olhos novamente ― Eu não tenho coragem ― Declarou ― e tenho tanto medo. Natsu foi muito ciumento e nosso relacionamento estava cheio de briguinhas. Ele deve estar mais feliz sem mim ― Levy riu sem humor e replicou ironicamente
― Aham, claro, Natsu deve estar aos pulos sem você. ―  E depois de dar um peteleco na testa da loira, recomendou ― Deixe de ser idiota e vá atrás de quem ama. Vai logo, sua burra!

A loira bem que tentou sair e conversar com o rosado, mas só conseguiu o observar sair do bar e ir embora. Minutos depois ela fez o mesmo, para Lucy aquela noite havia acabado. ”

Eu estarei te observando

(Cada suspiro que você der

Cada movimento que você fizer

Cada laço que você quebrar

Cada passo que você pisar)

Haviam se passado dois dias desde que Lucy viu Natsu pela última vez, a loira se encontrava num café com um nome um tanto peculiar “Fairy Tail” era o nome que lia no copo de sua bebida. Se pegou mais uma vez pensando no ex-namorado quando ouviu uma voz doce e conhecida por ela a chamar

― Lucy? Oh, graças à Kami-Sama eu te achei!  ― A albina proferiu se sentando na cadeira em frente a loira. Lucy apenas a observou e respirou fundo. Ainda tinha raiva de Lisanna pela noite de amor dela com o homem que ela amava.

― Claro que pode sentar aqui, Lisanna ― Falou sarcástica e a albina apenas suspirou como se tomasse coragem para falar algo

― Me desculpe, Lucy, mas eu vim aqui apenas para conversar, então, por favor, me escute ― A Heartfillia apenas a olhou meio chocada, mas decidiu dar atenção a Strauss.

― Lucy, eu não vou dizer que não amo o Natsu, se eu dissesse isso estaria sendo hipócrita, mas eu não o amo como você o ama. Eu tenho ele apenas como meu irmão, meu amigo, meu parceiro de brincadeiras. Eu já fui muito apaixonada por ele, na adolescência, mas como toda paixão, ela terminou. Eu amo o Mest, mesmo que não possamos ficar juntos, agora. ― Lucy ouvia atentamente as palavras da albina, olhando a nos olhos e vendo a sinceridade com que ela as dizia. ― Eu sei que o Natsu é um idiota, ― riu ― eu o conheço desde pequeno. Não é novidade nenhuma para mim. Mas eu também sei que ele te ama, ama muito e ama como nunca poderia e poderá amar outra. ― Pegou as mãos de Lucy a fazendo, mais uma vez, fitar os olhos azuis de Lisanna ― Me escute, aquela noite com o Natsu não significou nada para mim e tenho certeza que também não significou para ele. Nós dois estávamos com os corações machucados além de bêbados. Tínhamos perdido quem amamos, cada um por um motivo diferente. Foi apenas sexo. ― Lucy a olhou feio, ao ouvir aquela última palavra e Lisanna riu ― Olha, eu sei que é ruim ouvir isso, mas é a verdade. Nós transamos, mas não foi nada demais. Lucy, é sério, o Natsu está sofrendo! Você não pode ficar aí parada sofrendo por ele aqui e ele sofrendo por você lá!  ― Lucy arregalou os olhos com as palavras da Strauss. Mesmo que não quisesse admitir, Lisanna estava certa.

― M-mas... eu pensei que... ele tivesse me superado ― Gaguejou um pouco, respondendo-a num sussurro

― Não, querida, ele nunca poderia te superar. Ele te ama e eu não estou dizendo que ele simplesmente é apegado em você, ele te AMA com todas as letras e possibilidades¹. Eu sei que ele deve ter errado bastante, mas acho que ele aprendeu. Aprendeu tanto que ele te deixou ir, não é verdade? ― Questionou e a loira confirmou com a cabeça ― Lucy, ― continuou― eu aprendi da pior maneira que quando se ama, deixa o outro ir, sabe por quê? ― Heartfillia negou ― Porque o amor verdadeiro é diz "Eu te amo, por isso quero que você seja feliz, mesmo se eu não estiver incluído” e o Natsu te deixou ir porque ele acha que você será mais feliz sem ele. ― Lucy arqueou uma das sobrancelhas e disse

― Aquele idiota não sabe que eu não posso ser feliz sem ele? O que ele pensa que está fazendo? ― Bradou a plenos pulmões fazendo a albina sorrir

― Então vá atrás dele, e diga isso porque, como você disse, ele é idiota demais para perceber isso. ― Incentivou a loira e logo pôde vê-la jogar uma quantia de dinheiro às pressas e ir embora do café. Lisanna sorriu mais uma vez e sentiu seu coração mais leve. Poderia não ser feliz com o amor de sua vida, mas, ao menos, aqueles dois seriam.

Eu estarei te observando

(Todo santo dia

Cada palavra que você disser

Cada jogo que você jogar

Cada noite que você ficar)

Natsu, mais uma vez, saiu de casa, pensando o que faria naquele início de noite. Havia chegado do trabalho e não queria beber naquele dia. Decidiu dar uma volta, coisa que havia se tornado rotineira desde tê-la perdido. O que estragava sua saúde com as bebedeiras, melhorava um pouco com as caminhadas. Colocou as mãos nos bolsos no casaco de inverno e andou pelas ruas da bela cidade de Magnólia. Depois de algum tempo parou para olhar aonde estava e se viu numa rua cortada pelo rio da cidade em frente a uma casa de fachada alaranjada. Ele estava numa rua tão conhecida por ele em frente a uma casa tão conhecida por ele. Foi impossível não se lembrar de Lucy. Saiu correndo dali e andou mais algum tempo sem rumo.

Eu estarei te observando

(Cada movimento que você fizer

Cada promessa que você quebrar

Cada sorriso que você fingir

Cada direito que você reivindicar)

Depois de sair do café, às pressas, correu por alguns lugares conhecidos pelos dois e já havia desistido de achá-lo quando uma névoa começou a encobrir a cidade. A loira fechou seu casaco e andou mais um pouco, olhando para os pés e se martirizando por ter terminado seu relacionamento invés de tentar conversar mais um pouco com o rosado. Olhou para o céu e o mesmo já havia sido encoberto pela névoa. Andaria mais um pouco e quem sabe daria a sorte de encontrá-lo naquela noite fria.

Eu estarei te observando

(Todo santo dia

Cada palavra que você disser

Cada jogo que você jogar

Cada noite que você ficar)

Observou a pessoa na sua frente, parecia tão conhecida. Parecia que a conhecia de algum lugar, mas não se conseguia ver direito, a névoa havia se tornado um pouco mais densa, atrapalhando sua visão e para melhorar a loira estava sem suas lentes de contatos que a permitiam enxergar de longe. Apenas viu o movimento do homem a sua frente, o observando e vendo o quanto ele lembrava Natsu.

Ah devia estar enlouquecendo! Era isso! O procurou tanto pela cidade que agora seu cérebro devia estar dando-lhe alucinações no inverno. Não podia ser ele, seria sorte demais. Ficou observando o homem que andava na sua frente, esperando por algum movimento para lhe dar mais certeza que era seu rosado. O ouviu suspirar e então...

Eu estarei te observando

(Cada suspiro que você der

Cada movimento que você fizer

Cada laço que você quebrar

Cada passo que você pisar)

Ele se sentia incomodado, parecia que estava sendo vigiado. Balançou a cabeça algumas vezes tentando fazer aquela sensação ir embora, mas nada feito. A rua estava calma e não conseguia ver ninguém por perto, nada que o chamasse a atenção. Inspirou profundamente e percebeu um aroma familiar, sentia cheiro de baunilha e chocolate em meio àquela névoa gelada. Um perfume adocicado que ele conhecia bem, parecia o cheiro dela. Olhou para os lados e não conseguiu identificar de onde vinha aquele aroma tão gostoso. Olhou para trás e viu uma mulher andando e o encarando. A mulher era loira e quando a névoa o permitiu ver quem era ele não pode acreditar...

Eu estarei te observando

(Todo santo dia

Cada palavra que você disser

Cada jogo que você jogar

Cada noite que você ficar)

Estavam agora frente e frente, depois de tanto tempo sem que ambos vissem um ao outro, de alguma forma os olhares de ambos se encontraram e a tensão no lugar aumentou. Nenhum deles conseguia dizer nenhuma palavra, apenas se observavam atentamente. Natsu olhou para baixo e suspirou tentando tomar coragem de falar alguma coisa com ela, sentiu o corpo dela com o seu. As mãos de Lucy contornaram a cintura dele e ela afundou seu rosto no peitoral dele, deixando Natsu sem reação por alguns instantes. Ela havia o abraçado, foi naquele momento que ele se tocou que tudo aquilo era real e a abraçou, de volta, de forma protetora.

― Me desculpe ― A fala da jovem saiu abafada pela cabeça dela estar afundada no peito dele ― Eu sou uma idiota ― Ela levantou a cabeça devagar e ele abaixou a dele para olhá-la ― Eu te amo, Natsu ― Ele ficou algum tempo olhando aqueles olhos castanhos e só conseguiu dizer

― Eu também te amo, Luce. ― Ela sorriu docemente e ele a abraçou mais forte.

Ficaram ali algum tempo sem se importar que estavam no meio da rua ou se estava frio, ficaram ali apenas com a certeza que nada mais os separaria.