Inocente escrita por GraziHCullen


Capítulo 1
Único




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A garotinha olhou em volta novamente. Suspirou, cansada. Ela já tinha olhado naquele lugar um milhão de vezes e nunca achava alguém para brincar!

 

Por que sua mamãe a fez mudar de casa mesmo? Esse lugar era tão chato! Ela se encostou melhor no balanço, batendo as perninhas no ar, sem conseguir tocar no chão. Seu cabelo cheio de cachinhos marrons caia pela bochecha corada, enquanto as mãozinhas pequenas seguravam as cordas do balanço.

 

Ela finalmente cansou do brinquedo, seguindo para outro. O escorregador colorido era sua opção. Brincar sozinha fazia com que ela cansasse dos brinquedos logo. Feliz ela correu em direção ao próximo brinquedo, tão focada na nova brincadeira que não prestou atenção por onde andava. Seu pezinho foi ao encontro de uma pedra e ela sentiu seu pequeno corpo indo ao chão. Uma dor já conhecida por ela chegou. A mesma dor que ela sentia toda vez que caia. E cá entre nós, essas ocasiões não eram poucas!

 

Mas e agora? Aquele “dodói” estava doendo tanto! E sua mamãe não estava perto para ajudar. Sua boca rosada e puramente infantil se enrugou em um biquinho que tremia levemente avisando que logo chegaria o choro. Mas ela deu um pulinho de susto quando sentiu duas mãozinhas em seus ombros.

 

_Você caiu? – Uma voz infantil de menino foi ouvida. Ela virou a cabeça ainda fazendo biquinho, mas dessa vez com vontade de bater na cabeça do menino e dizer um “dã!” assim como sua prima fazia. Afinal, era obvio que ela tinha caído! Mas em vez de fazer isso ela simplesmente fez que sim com a cabeça.

 

_Vem, vou te levar até minha mãe! Ela sempre cura meus “dodois” - Ele disse de novo, enquanto esticava sua mãozinha para a garota, inocentemente e sorrindo feliz.

 

A menina olhou para ele, espantada. A mãe dela sempre avisou para que ela não fosse com estranhos, mas a ela não estava aqui para olhar mesmo, não é? O que custava? Se a mãe desse garotinho realmente cuidasse de dodóis seria muito mais fácil, e o seu joelho pararia de doer. Mas primeiro ela teria que saber o nome do garoto.

 

_Meu nome é Bella. Qual o seu?

 

_É Edward! – Ele disse feliz. Bella finalmente aceitou sua mão e ele a puxou em direção a sua casa. Mas quando a garotinha firmou os pés uma pontada de dor chegou ao seu joelho. Ele sentiu pena dela. Aquele corte deve ter doido... Pensando nisso, passou os braços da garota por volta de seu ombro para diminuir o peso pra ela, assim como ele viu seu pai fazer com sua mãe um dia. Ele sentiu dificuldade para levar aquela garota, mas não iria desistir.

 

Mancando, fora os dois andando por aquela cidade chuvosa. Tudo era verde lá. Mas a mãe de Edward sempre contou que manchas imaginarias de vermelho pintavam aquele lugar. Manchas de amor... O amor que cada um sentia pelo outro. E que um dia ele sentiria por alguém... Ele não entendeu no momento, mas sua mãe prometeu que no futuro ele entenderia, assim como as rosas do seu jardim um dia abririam, lindas, revelando seu perfume.

 

Quando entrou em sua casa com a Bella, Edward foi logo gritando pela mãe. A garotinha tinha perdido tanto sangue... Será que ela teria que fazer aquela coisa que seu pai tinha falado esses dias? Tranfu... Tafu.. Transfusão de sangue? Nossa! E se for grave?

 

Assustado ele gritou pela mãe.

 

Dona Esme entrou em sua sala correndo assim que ouviu a voz urgente do filho. Por Deus, ele nunca gritava! Mas ele ficou muito surpresa quando viu uma garotinha muito fofa sentada em seu sofá, enquanto seu filho de apenas 6 anos se ajoelhava em sua frente, assoprando um arranhão no joelho. Mas que cena bizarra, afinal!

 

_Querido, o que foi? – Ela disse, chamando seu filho. Surpreendeu-se quando viu que ele tinha lagrimas nos olhos.

 

_Ela ta perdendo sangue, mamãe! Ela vai morrer?

 

A garotinha pulou de susto quando Edward disse a palavra “morrer”. Nossa, ela só tinha 6 anos! Como ela poderia morrer? Ela fez seu beicinho de choro de novo. Mas a mãe de Edward correu para sua frente, enquanto tocava no seu dodói.

 

Esme não podia deixar de dizer que estava divertida. Seu menino estava cuidando de uma garota! Rindo por dentro, foi em direção à garota, depois de já ter pegado uma caixinha de primeiros socorros. Jogou carinhosamente o remédio por cima do machucado logo depois de ter lavado com soro fisiológico. Assoprou quando a menina gemeu de dor. Pela visão periférica pode ver seu filho sentado na poltrona ao lado com a carinha fofa enrugada de preocupação.

 

_Ela vai viver, não é? – Ele disse, temeroso.

 

Esme decidiu fazer uma pequena brincadeirinha. Por que não ver até onde seu pequeno menino se preocupava com aquela garota? Sorrindo, disse:

 

_Talvez... Mas você tem que dar um beijinho na bochecha dela.

 

Tanto Edward como a Bella coraram loucamente. Afinal, beijar é coisa de gente grande! E Edward ainda estava na faze de nunca se relacionar com uma garota!

 

_Mas mamãe... Não pode você beijar? – Ele perguntou esperançoso.

 

_Não querido... Mamãe esta com problemas na boca – Mentiu Esme.

 

Para seu divertimento, seu filho sentou-se ao lado da garota.

 

_É rapidinho, ta bom? –ele disse para a garota, ela em resposta fez que sim com a cabeça, corando ainda mais.

 

Esme pegou a câmera fotográfica e deixou preparada. Ela não poderia perder aquilo de jeito nenhum!

 

Edward se aproximou da bochecha da garota em puro nojo. Eca! Ele não pode beijar uma garota. Mas se não beijar ela vai morrer, ne? E ele não pode deixar isso acontecer. Enrugando os lábios em um biquinho, encostou a boca na bochecha macia e corada da Bella, para logo sentir um clarão.

 

“Mas que bonitinho!” Esme pensava. O primeiro beijo de seu filho! Riu para si mesma. Tinha conseguido fotografar na hora exata que os lábios de seu filinho encostaram na bochecha da garota. Agora os dois estavam lá, com as bochechas coradas, sem conseguir olhar um para o outro.

 

Esme decidiu quebrar o gelo. Já fez seu filho sofrer de mais, afinal.

 

Mas nenhum deles sabia que aquele garotinho e aquela garotinha se casariam no futuro. E dariam muitos beijos como aquele, e muitos na boca também. E que no futuro olhariam para aquela foto tirada naquele dia felizes por se conheceram desse jeito tão fofo.

 

Afinal, quando crianças... Levamos tudo na inocência.

 

 

 


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