O Vale dos Suicidas escrita por Vick Gomez


Capítulo 1
Capítulo Único




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Talvez você já tenha ouvido falar no Vale dos Suicidas. Embora acredite ou não, preste muita atenção no que vou lhe contar.

Meu nome é Jessie e há 7 anos atentei contra minha própria vida, me jogando da ponte Bay Bridge em direção a uma aterrissagem fatal. O que me pareceu o fim de minhas dores se tornou o início dos meus maiores pesadelos. Enquanto percorria meu trajeto até o Vale, fui dominada por uma terrível força que me proporcionava sensações desesperadoras de tormento e dores lancinantes, como facas rasgando minha carne e brasas adentrando queimando minhas entranhas. O que seria uma rápida viagem me pareceu um trajeto doloroso, angustiante e sem fim.

Quando cheguei ao temido Vale dos Suicidas, encontrei um lugar com características primitivas e com um odor característico de enxofre. Através do seu paredão de rochas era possível sentir o calor que dali exalava. Sua atmosfera era negra, fria e tenebrosa. O ar quente e úmido se misturava aos mais fétidos odores, sendo capaz de sufocar qualquer um que ali permanecia.

A vegetação não era a das mais bonitas. As plantas ali presentes eram secas e mortas, sem qualquer resquício de vida. A água que das pedras escorria era fedida e imunda.

Gritar, gemer e implorar por socorro não foram suficientes para me levar a uma realidade melhor e mais agradável. Eu não queria ficar naquele lugar horrível e obscuro, sentindo as piores dores e sensações. O problema era que aquele lugar fora resultado de uma escolha feita por mim em vida. E agora eu deveria arcar com meus atos errôneos na morte.

Enquanto perambulava por aquele lugar em busca de uma saída, não pude deixar de notar um vasto pântano que resultava na saída dali. Tomada por uma sensação momentânea de esperança, decidi atravessá-lo, acreditando que logo chegaria ao Outro Lado e me livraria de todo aquele tormento. Ao mergulhar meus pés naquela água podre, senti um leve formigamento que lentamente invadiu meu corpo. Dezenas de corpos e pedaços humanos boiavam ali e à cada avanço meu, notei que o formigamento aumentava cada vez mais, tornando-se insuportável e me obrigando a retornar à margem.

Enquanto vagueava sem rumo, percebi muitas cavernas e paredões rochosos. Homens e mulheres maltrapilhos e cambaleantes gemiam de dor enquanto caminhavam a passos trôpegos para lugar nenhum, sem realmente saber o que queriam ou aonde iriam parar. Por todo canto havia pessoas mutiladas, com pescoços quebrados e tombados para o lado ou com buracos de bala em seus corpos. Todos carregavam um olhar vazio e triste, balbuciando palavras que ninguém poderia entender ou gritando a plenos pulmões, desesperados por ajuda, fartos de tanto sofrimento que sentiam na pele e ainda iriam sentir.

Mas e eu? Eu sou apenas mais uma pobre e infeliz alma suicida, vagando sem rumo e em busca de consolo enquanto procuro me arrepender de meu maior pecado.

Bem-vindo ao Vale dos Suicidas, um lugar onde as trevas, a dor e o sofrimento são recorrentes, insuportáveis e parecem não ter fim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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