A Vida de uma Anônima escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 8
Capítulo 25




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/680422/chapter/8

Você matou o meu filho! Assassina!

Betina olhava para mim que estava parada com uma cara de espanto, a minha mão gelou e eu estava paralisada ao ouvir Tereza berrar aquilo várias vezes.

— Não vai falar nada sua assassina?! - Berra Tereza no telefone.

— Catarina, você ta bem? Quem ta gritando no telefone? - Questiona Betina para mim.

As lágrimas correm por meu rosto, meus pensamentos estavam acelerados, eu não conseguia dizer nada e parecia que minha garganta havia criado um nó que estava me causando uma dor. 

— O Jean… Está morto? Onde ele está? - Questiono enquanto recobrava a consciência.

— Agora se importa com ele? - Diz Tereza.— Ele está entre a vida e a morte no hospital por sua culpa. - Tereza desliga a chamada do telefone.

Seguro o telefone em minhas mãos olhando para o visor que ainda era uma foto minha com ele. Eu não poderia acreditar que Jean havia tentado tirar sua vida, eu não queria acreditar que ele poderia estar quase morrendo. Seria a minha culpa? Eu tenho culpa? Betina me abraça e eu choro compulsivamente. 

— Ele se matou Betina, por minha culpa… é minha culpa.

— Calma Catarina, talvez ele não tenha se matado e seja apenas drama da mãe dele. - Ela me solta do abraço e limpa meu rosto. - Ele pode estar fazendo isso para fazer chantagem e voltar com você.

— Acho que não Betina, ele estava desesperado nas mensagens e nas chamadas. 

— Vai mesmo cair nessa? Catarina esse é o joguinho dele, muito baixo mas é tudo mentira.

A única coisa que eu queria naquele momento era ver Jean com meus próprios olhos para saber da situação dele, ver se ele estava bem e depois eu decidir o que faria, se entraria no ônibus de hoje e ir embora para BH ou ficar.

Entro em um táxi, decido ir para o hospital que o pai dele trabalha. O dia que antes estava ensolarado muda para um tempo nublado e uma chuva forte começa a cair para deixar mais triste ainda aquele dia. Ao chegar no hospital entro correndo por conta da chuva, vou direto na recepção aonde tinham algumas enfermeiras.

— Boa tarde, eu procuro o paciente Jean Vasconcelos. - Pergunto ofegante para as enfermeiras.

— A senhora é o que do paciente. - Pergunta uma que estava atrás do balcão mexendo. 

Eu olho para a minha mão que está sem a aliança e escondo no bolso da calça.

— Sou a noiva dele. - Digo de maneira segura olhando para ela.

— Ele está no sexto andar, quarto 603 é só a senhora pegar o elevador e se guiar pelas placas numéricas.

Faço como a enfermeira havia me orientado, chego no quarto do Jean, ele estava deitado na cama com alguns fios ligando ele a alguns aparelhos e um dos braços recebia o soro e mais algum medicamento. O quarto era grande havia alguns sofás e uma cama para o acompanhante. 

Me aproximo de Jean que estava dormindo de maneira serena, ele estava pálido, a região de seus olhos estavam escuras e quando toco suavemente em seu rosto ele estava frio. Aquela cena era realmente impactante para mim, eu nunca iria imaginar ver Jean daquele jeito. Eu me aproximo de seu rosto e dou um beijo em sua testa.

— O que faz aqui? Quem te deixou entrar?. - Diz Tereza surgindo na porta do quarto.

— Eu vim ver Jean e me deixaram entrar por ser a noiva dele.

— Ex noiva.

— Eu não vim discutir com você Tereza, apenas quero ver Jean e cuidar dele. - Digo olhando para ele, mas saindo de perto enquanto Tereza se aproximava da cama dele também.

— Agora você se importa com ele? Você é muito hipócrita, eu quero você fora daqui! - Berra Tereza.

— Tereza não tem necessidade disso.

— Eu vou chamar os seguranças para você!

Quando Tereza estava para sair do quarto, uma medica loira entra no quarto segurando um prontuário.

— Vocês são a família do Senhor Vasconcelos? - Diz a médica que se aproxima da cama do Jean e começa o analisar.

— Eu sou a mãe dele. - Diz Tereza indo ficar ao lado de Jean.

— Como ele está doutora? - Pergunto.

— O quadro do Jean é estável no momento, ainda vou realizar alguns exames nele e ele pode receber alta amanhã mesmo. - Responde a doutora.

— Graças a Deus. - Diz Tereza.

— Foi por pouco que algo mais grave não aconteceu, se ele tomasse mais uma dose do remédio que ele ingeriu… Não teria como salvar a vida dele. - Diz a Doutora. — A enfermeira virá para trocar o medicamento, ele pode acordar a qualquer momento.

A médica sai do quarto me deixando sozinha com Tereza que está agarrada ao Jean. Fico aliviada em saber que ele está fora de risco e o pior já passou, mas me sinto culpada por saber que ele atentou contra sua própria vida por minha causa.

— Agora você já sabe como ele está, quero que vá embora e deixe Jean em paz. - Diz Tereza sem olhar para mim.

Olho mais uma vez para Jean, seguro meu choro e começo a andar em direção a porta.

— Ca...Ta...Ri...Na. - Sussurra Jean. - Cata...rina.

Ao ouvir Jean chamando meu nome, eu paro no caminho e olho para ele que acorda aos poucos. Ele abre os olhos e tenta se sentar sobre a cama e com ajuda de Tereza ele consegue. Eu me aproximo dele pelo outro lado da cama e seguro sua mão.

— To aqui. - Digo sorrindo para ele emocionada.

— Catarina… Você não vai embora né? - Diz Jean com uma certa dificuldade, ainda parecia estar sobre efeito do remédio.

— Não meu filho, a Catarina só estava indo para casa descansar. - Mente Tereza.

— Não vá Catarina, fica comigo por favor. - Diz Jean.

Eu estava dividida entre ir e ficar, sei que não era bem vinda ali de novo por Tereza, mas Jean precisava de mim, era a minha culpa ele estar no estado que estava naquele momento.

— Eu to aqui… Eu vou ficar aqui com você. 

— Mamãe pega uma água para mim? - Diz Jean olhando para sua mãe que apenas consente e sai do quarto me deixando sozinha com ele. - Vem cá meu leãozinho.

Jean abre um espaço para mim na cama dele, eu sento ao seu lado e o abraço com força, no mesmo instante eu choro tanto por ver que ele esta bem e está ali comigo. Não consigo pensar na ideia da morte de Jean, mesmo que ele tenha me chateado um pouco, eu o amei e na verdade ainda o amo, não quero que ele morra.

— Estou feliz que esteja aqui meu leãozinho.

— Por que você fez isso? - Questiono.

— Porque eu não quero viver uma vida sem ter você ao meu lado… Prefiro a morte… Volta para mim Catarina. - Diz Jean fazendo carinho em meu rosto. — Eu faço de tudo por você.

Ele aproxima com dificuldade seu rosto ao meu e me dá um selinho. Tereza entra no quarto nos flagrando juntos e eu saio da cama do Jean.

— Eu preciso ir Jean. - Digo um pouco tímida com a presença de Tereza.

— Catarina… Por favor não vá embora. - Diz Jean segurando a minha mão.

 — Querido… Deixe ela ir, mamãe ta aqui para te cuidar. - Diz Tereza olhando para mim enquanto faz carinho nos cabelos de Jean.

— Catarina, eu te imploro meu amor… Não vá. - Pede Jean que começa a chora.

— Está bem...eu fico. - Digo e olho para Tereza que revira os olhos.

A maior parte do tempo Jean dormia, acordava me chamando, eu ajudei ele a comer e ir ao banheiro por estar debilitado ainda. Tereza não trocou uma palavra comigo se quer durante o tempo que estava ali.

A noite havia caído e eu queria ir para casa descansar, Tereza havia ido para casa para tomar banho e pegar algumas roupas para Jean receber alta amanhã.

— Catarina. - Diz Jean acordando mais uma vez.

— Estou aqui. - Digo segurando na mão de Jean.

— Vamos conversar amanhã?. 

— Está bem....

— Obrigado por ter voltado Catarina.

Ele acaba adormecendo novamente, eu não aguentava mais ficar naquela cadeira, levanto um pouco para andar pelo quarto, um enfermeiro entra para ver como Jean estava e eu saio um pouco do quarto, logo que eu saio me deparo com Tereza voltando.

— Posso falar com você Catarina? - Diz Tereza .

— Claro. 

— Eu não sei por que você voltou, mas o Jean.. - Ela faz uma pausa estava nitidamente emocionada mas ela segura sua emoção e volta a ter a postura de antes. — Jean é meu único filho vivo, eu como mãe só quero o melhor para ele e… se for para você voltar para ele, saiba que eu quero que você o faça muito feliz… Não sei como vou dizer isso mas… Catarina o Jean precisa de você e eu preciso do meu Jean. 

Ela toca em meu braço, mas logo me solta e entra no quarto me deixando sem chance de responder a ela. Fico olhando os cuidados e o carinho dela com o Jean e vou para a pensão. 

Estava exausta do dia, só queria um banho e poder ir dormir, mas a minha cabeça não parou, eu me sinto culpada pelo que aconteceu ao Jean e não sei se é o certo eu pensar em ir embora. 

Chego na pensão, as meninas estão reunidas na sala comendo sorvete em seus pijamas e tinham algumas caixas de lenços com elas, era a noite dos filmes românticos.

— Cat, que bom que chegou, vem chora um pouco a gente. - Diz Alissa.

— Meninas estou exausta, só quero um banho e dormir. 

— Onde esteve? - Pergunta Jennifer. 

Todas elas me olham curiosa e sinto que não tenho saída a não ser responder.

— Eu estive no hospital… com o Jean. 

— Está grávida? - Questiona Tiemi. 

— Não! - Grito e elas fazem sinal de silêncio por conta de Dona Esther que já esta dormindo. — Jean está internado pois ele tentou se matar… Por minha culpa.

Eu sento no sofá no meio delas, todas ficam atentas enquanto conto tudo que aconteceu com o Jean, sobre as mensagens e ligação que eu ignorei e como foi a tentativa de suicídio dele.

— Que horror Catarina. - Diz Alissa. 

— Mas e amanhã? Vai voltar com ele né? Depois de tudo que ele fez por você e se mostrando arrependido, eu voltaria com ele. - Diz Jennifer.

— Olha Catarina, se você não voltar com o Jean amanhã, significa que você nunca o amou, o cara fez de tudo por você e está muito arrependido até atentar contra a própria vida ele fez por você, o mínimo que você tem que fazer é voltar com ele e se casar. - Diz Tiemi.

— Mas se eu voltar… Não quero me casar ainda, se for do jeito que estava antes eu não quero.

— Então põe limites, estabeleça as regras e diz que só vai casar se for do seu jeito. - Diz Tiemi.

— Acho que farei isso… Agora preciso de um banho para tirar esse cheiro de hospital.

— Vai lá, aproveita e dorme um pouco na cama da Betina, ela não está em casa hoje.

Tomo um banho quente e demorado, penso bastante nas palavras que as meninas dizem. Será que eu estou sendo ruim se não voltar com ele? Talvez Tiemi tenha razão, eu estou sendo ruim depois de tudo que ele fez, ele já se mostrou arrependido o suficiente do que ele fez, mas preciso conversar e resolver com ele as nossas questões antes de voltar com ele. Caio dura na cama e durmo igual uma pedra.

A alta do Jean seria pela manhã, então decido me arrumar e o encontrar na casa dele. Eu não queria nunca mais pisar naquele lugar, mas hoje seria necessário para ver Jean e resolver nossas questões. Quando eu chego, a governanta me informa que ele está no quarto e eu vou diretamente para lá, sem cruzar com Tereza.

Jean estava em pé olhando pela janela, não parecia nem um pouco com o homem de ontem debilitado, ele me vê e sorri para mim.

— Você veio leãozinho. - Ele vem em minha direção, antes que eu pudesse fazer algo ele me beija na boca. — Desculpe…. Estava com saudade de você.

— Tudo bem… - Digo dando um passo para trás. - O que quer conversar Jean?

Ele segura minha mão me guiando para dentro do quarto e vamos para a varanda para nos sentar nas cadeiras.

— Catarina… Eu amo muito você, mais do que a mim mesmo… Você é minha razão do meu viver.

— Jean…

Ele se ajoelha abraçando minhas pernas e colocando sua cabeça sobre meu colo.

— Eu faço de tudo para voce voltar para mim, o que for preciso eu farei… Me fala Catarina o que eu preciso para ter você de volta meu amor… Eu não quero uma vida sem você, eu preciso de você na minha vida, quero acordar todos os dias da minha vida ao seu lado, ver seu olhar, seu sorriso, ver meu leãozinho de juba levantada, quero ouvir sua risada gostosa que me encanta… Ah Catarina com você eu me tornei um homem melhor, mais focado no futuro, você me motiva a sempre buscar o melhor para nós pois você é meu futuro Catarina, quero construir com você esse futuro…. Você me ensinou o que é felicidade, o sentido da vida e me tornei feliz ao seu lado. Me diga o que eu preciso fazer para você voltar pra mim, me diz e eu farei tudo por você.

— Jean… Primeiro se senta e vamos conversar sobre isso.

— Pode falar meu amor. - Diz Jean sentando novamente a minha frente e ele segura as minhas mãos e da alguns beijos nelas.

— Eu pensei bastante sobre nós… Eu não quero me casar da maneira como estava antes… Corrido demais.

— Então você escolhe a data. - Diz Jean.

— Eu quero escolher tudo para o nosso casamento e sem ajuda da sua mãe. - Digo.

— Será como você quer. - Diz Jean sorrindo para mim.

— Eu quero convidar meus pais presencialmente para o nosso casamento.

— Então nós iremos meu amor.

— Jean… o vestido e o bolo será eu quem decido.

— Tudo que você quiser meu amor, mas eu quero que você tenha ajuda profissional para o nosso casamento e você que vai escolher tudo.

— Sem pressa e sem pressão? 

— Sem pressa e sem pressão.

Ele se ajoelha novamente a minha frente, tira do bolso uma aliança e oferece para mim.

— Catarina… Você pode me dar a honra de ser o homem mais feliz do mundo, se tornando a minha esposa? Quer ainda casar comigo. - Pergunta Jean.

Olho para ele, olho para a aliança e por um momento fico na dúvida se devo aceitar voltar ou não para ele, mas depois de tudo que ele está fazendo e está disposto a fazer, não tem dúvida que Jean me ama muito e é o amor da minha vida.

— Sim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Vida de uma Anônima" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.