A cabeça de Rin não conseguia parar de pensar naquilo. Nem ela entendia o porquê disso, visto que, em todos seus anos de vida, nunca havia se importado com tal coisa; seu único objetivo era ser uma boa maga e ganhar a guerra do Santo Graal, fim.

Porém, hoje à tarde, quando passou por um casal que se beijava timidamente, sentiu-se estranha. Nunca havia gostado realmente de um garoto ou pensou em namorar. Ela estava bem como estava... até aquele momento. Ao parar de caminhar para observar a cumplicidade daqueles dois, o modo como suas mãos se seguravam com carinho e como seus lábios se encostavam com amor e ternura, sentiu-se inesperadamente sozinha. E inexperiente.

Principalmente, inexperiente e Rin odiava isso.

Foi pensando nisso que ela chamou seu Servo, Archer. Ele materializou-se aos pés da cama onde Rin estava jogada de costas.

— Archer, você já beijou alguém? — perguntou direta, mesmo que estivesse com as bochechas pegando fogo de tanta vergonha.

O servo, surpreso com a pergunta, arregalou os olhos e encarou a garota.

— Isso tem a ver com a guerra?

Ela revirou os olhos. Queria uma resposta direta, só isso.

— Apenas responda!

— Já, sim.

Rin bufou. Levou uma almofada ao seu rosto, tampando-o. Não podia acreditar que até seu servo já havia beijado alguém e ela, não!

... Uma luz se acendeu na sua cabeça, e ela levantou rapidamente. Archer continuava parado ao pé da cama, estranhando o comportamento da menor.

— Archer — ela o chama —, me beije.

— Desculpe?

— Me beije. Você ficou surdo, por acaso? — Suas bochechas estavam avermelhadas, e Archer não podia negar que isso ficava extremamente fofo nela. — Anda, servo. Estou esperando!

— Eu realmente não acho que isso uma boa ideia... Isso vai além dos limites do contrato.

— Ninguém vai ficar sabendo! — Mesmo falando isso, ela sentiu a total hesitação do seu Servo.

Rin levantou-se da cama e impulsionou seu corpo para cima, apoiando as mãos pequenas no peito forte do seu servo. Encostou seus lábios nos dele, exatamente da mesma forma que o casal na rua havia feito mais cedo. Sentiu Archer tencionar seu corpo e jurou que ele iria empurrá-la para longe – já podia sentir a vergonha da rejeição tomando conta de si. Ele não a empurrou, porém.

Archer levou uma das suas mãos calejadas e grandes até a cintura fina de sua Mestra, dando mais apoio ao corpo dela. Ele pode jurar que seu coração deu um salto, mas resolveu colocar a culpa disso na surpresa.

Pararam o beijo aos poucos, ambos com as bochechas coloridas. Trocaram um olhar inesperadamente tímido, enquanto ainda se apoiavam um no outro.

— Obrigada pela ajuda, Servo.

Depois disso, nenhum deles comentou algo sobre o beijo. Mas ainda era possível notar os olhares dos dois nos lábios um do outro.