De volta a sala de aula, Ethan estava sentado em uma cadeira atrás de Lisa, e ao passar por ela a garota pode notar que ele tinha chorado. Ele se sentou esfregou os olhos com as mangas da blusa e tirou o celular do bolso.

— O que houve, amigo? – Ela tinha se virado para ele. – Você estava chorando?

— Há não. – Ele olhou para a tela do celular e depois voltou a olhar para ela. – Caiu algo no meu olho e eu cocei. Acho que cocei demais. – Ele soltou uma risadinha abafada.

   Lisa voltou a atenção para o quadro. Ethan se virou discretamente e olhou para Thomas, Natasha estava segurando a mão do menino, Thomas o encarou e ele voltou a olhar para o quadro.

   Ethan estava inquieto, pegava o celular a cada cinco minutos e checava se tinha alguma notificação, mas se decepcionava toda vez que o desbloqueava. O sinal tocou avisando aos alunos que as aulas de sexta-feira haviam chego ao fim, Lisa e Ethan foram um dos primeiros a deixar o local e caminharam lentamente pelos corredores em direção a saída.

— Já sei o que pode melhorar o meu final de semana. – Ela diminuiu a animação no resto da frase. – Já que aquela Insuportável da Mortasha estragou minha semana toda.

— Mortasha? – Ethan questionou num tom risonho.

— Sim, meu pequeno apelido para aquela loira de farmácia. Nós poderíamos pegar um cinema nesse fim de semana.

— Com qual dinheiro Lisa? – Ele voltou a olhar a amiga. – Esqueceu que fomos no cinema semana passada?

— Tá, então que tal uma praia no domingo? – Ela voltou a encará-lo.

— Praia?

— Há nem vem. Você foi pra piscina com o Thomas. – Ela cuspiu o nome do garoto. – Pode muito bem ir para a praia comigo.

   Eles continuavam a andar em direção a saída e Natasha caminhava apressadamente para acompanha-los, e quando conseguiu parou ao lado de Ethan.

— Então quer dizer que a dupla estranha vai à praia? – Ela checava o celular enquanto falava com eles. – Não faz isso com as pessoas que frequentam aquele lugar, eles não merecem ver essa desgraça que você chama de corpo Lisa.

   A garota jogou o cabelo e a encarou dando um sorrisinho como uma deixa, os dois continuaram andando e Ethan olhou para a garota que continuou muda sem saber o que falar. Ethan estava indignado com a situação, ficava encarando a amiga e vendo Natasha começar a se distanciar.

— Você se acha mesmo que é maravilhosa, Natasha? – Ethan disparou e a garota parou logo a diante e se virou para ele.

— Não só eu como a escola toda. – A garota enrolava a ponta dos cabelos.

— Eu não sou a escola toda.

— E você acha que você conta nessa escola? – Ela sorriu.

— Eu sinto pena de você, porém eu sinto mais ainda do Thomas.

— O Thomas? – Ela deu dois passos na direção do garoto. – Não sinta, digamos que ele é apenas o meu passatempo, meu cachorrinho, ele está comigo porque me ama. – Ela sorriu.

— Realmente, não irei sentir. – Ele continuava parado segurando os livros nos braços. – Na verdade, vocês se merecem.

— Amorzinho.

  A garota sorriu falsamente e jogou os cabelos novamente para traz. Thomas vinha em direção a garota, passou por Ethan esbarrando de leve no ombro do garoto e parou ao lado da namorada.

— Vamos meu lindinho?

— Vamos.

— Tchau, queridos. – Ethan sorriu de deboche e Lisa continuava calada ao lado do menino.

— Praia domingo. – Ethan confirmou e os dois seguiram para a saída.

   O Final de semana chegou, e no domingo de manhã Lisa e Ethan foram à praia e curtiram como dois amigos felizes, tomaram sorvetes, tiraram fotos, e ficaram sentados na areia com suas roupas de banho observando o mar.

   Para Ethan aquele lugar só tinha corpos bronzeados e cheiro de protetor solar, já para lisa era como um catálogo com diversos homens usando apenas cuecas na qual ela sorrateiramente poderia observar.

   O final de semana de Thomas foi um mais pacato do que o de Ethan, o garoto ficou em casa, assistindo a séries e filmes. À namorada? Ela já não dava notícias desde a sexta-feira após o fim das aulas.

   Thomas já estava de saco cheio daquilo tudo, lutava contra si, para não responder nenhuma das mensagens de Ethan, mas seus dedos pareciam não querer obedecer. Por fim se deu por vencido e enviou uma mensagem.

“Oi? Não sei como você está, tudo andou

 muito estranho durante essa semana, eu

queria te pedir desculpa por tudo, queria

pedir desculpas por agir desse jeito com você.

Mas eu não sei o que está acontecendo

Comigo Ethan, estou sentindo a sua falta. ”

— Thomas, 15:42

   Por volta das três e meia Ethan e Lisa voltaram para casa, os corpos deles pediam por uma água doce e um sabonete. Eles se despediram assim que desceram do ônibus.

   Ethan chegou em casa e como já estava acostumado, não havia ninguém no local, subiu para o seu quarto e tomou um banho, longo e espumante, se secou e colocou uma sunga box, pegou o celular e chegou as mensagens haviam duas a primeira era da sua tia, ela estava avisando que não iria dormir em casa naquela noite que ela e seu tio foram para a casa de praia da amiga dela e de lá iriam direto para o trabalho.

   Ele colocou uma camisa e jogou a toalha nos ombros, seus cabelos molhados pingavam no chão do quarto, pulou para a outra mensagem e viu que era de Thomas, ele a leu e assim que terminou de ler a campainha tocou. Ele pendurou a toalha no banheiro e desceu as escadas, a campainha tocou novamente.

— Já estou indo.

   A porta não havia olho magico então ele a abriu apenas um pouco e se escondeu atrás dela.

— Oi.

   Seu coração disparou, sua respiração congelou, suas pernas tremiam por detrás da porta e ele ficou em silêncio. Estava com saudade daquela voz, daquele cheiro gostoso que o deixava hipnotizado.

— Achei que não iria responder a minha mensagem, e vi que era ridículo pedir desculpas pela internet, então decidi vir pessoalmente. – Thomas continuava parado na porta com um olhar de cachorro abandonado. – Não vai me convidar para entrar?

— É. – Ethan continuava sem saber o que falar. – Claro. Quer entrar? – Thomas soltou uma risadinha e Ethan gostou do que ouviu, sua risada o encantava, o desestabilizado.

— Me desculpe pelo shopping, me desculpe naquele dia da escola. – Ethan fechou a porta e Thomas se sentou na escada diante dele. – ME desculpe por tudo.

— Eu estou fazendo o que você me pediu, mas vindo aqui você não está ajudando. – Ethan sacudiu os cabelos. – Tudo bem Thomas, só que eu não consigo entender o que está acontecendo comigo, com você, com o que aconteceu no cinema.

— Ethan. – Ele se levantou da escada. – Eu sinto alguma algo por você, me parece tão errado, mas ao mesmo tempo parece tão certo.

— Eu... – Ele ficou calado.

— Tem como você subir e colocar um short? Você está me desconcentrando. – Ele olhou para si mesmo e se lembrou que estava apenas de cueca.

— Espera aqui.

   Ethan passou por ele e subiu o primeiro degrau, mas Thomas segurou o pulso dele o fazendo virar.

— Não. – Ele o olhou nós olhos. – Você fica muito lindo só de cueca.

— O que?

   Ethan ficou parado, Thomas ficou um degrau a baixo dele, segurou na cintura dele e o olhou nos olhos.

— O que você está fazendo? – Ethan conseguia sentir a respiração dele.

— O que eu deveria ter feito no cinema. – Seus lábios foram chegando cada vez mais perto dos de Ethan. – Se você não quiser pede para que eu pare. – Ele sussurrou.

   Mas foi surpreendido.

— Por favor, continue.