Eu te odeio, Midorima Shintarou escrita por Aquarius


Capítulo 5
Mensagens de texto


Notas iniciais do capítulo

Hey, guys. Como vai a vida? Aqui estou eu e trago comigo mais um capítulo, realmente espero que gostem, foi tenso de escrever. Sem mais delongas, desejo a vocês uma boa leitura! ♥ x)



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Se a garganta de Takao estava seca antes, agora parecia nunca ter visto um copo d'água. Sua voz soara horrivelmente rouca. Ele respirou fundo, tentando se acalmar, pensar em algo pra dizer que não resultasse em homicídio. Talvez Shin-chan não estivesse assim tão bravo, certo? O moreno arriscou uma olhada para o outro, mas não recebeu uma encarada furiosa como esperava. Na verdade, Shin-chan não estava nem mesmo olhando-o. Ele estava apenas parado, desviando o olhar e mudando o peso de um pé para o outro, e parecia estar... corando? É, com certeza estava corando.

Takao franziu o cenho. De repente, não tinha mais tanta certeza se entendia mesmo seu melhor amigo. Se ele pudesse arriscar um palpite, diria que Shin-chan parecia envergonhado, como se estivesse arrependido de alguma coisa.

O rosto de Takao se iluminou. Talvez ele tivesse percebido que tinha feito uma tempestade num copo d'água e quisesse voltar atrás, mas não tinha coragem pra pedir desculpa, sendo o tsundere que era. Porém, antes que pudesse dizer alguma coisa, Midorima quebrou o silêncio:

— Então... você leu as mensagens.

Isso com certeza era um sinal de que ele estava arrependido, certo? Takao quase podia sorrir.

— Bom, não todas. Sete delas foram o suficiente, sabe. Já tinha dado pra entender que você surtou. - disse ele, esperando a parte em que Shin-chan gaguejaria um pedido de desculpas, mas esse momento não veio.

O olhar de Midorima parecia surpreso e seu rosto havia voltado à coloração normal.

— Me dê seu celular.

Agora Takao estava realmente confuso.

— Por quê?

— Só passe-o pra mim.

A voz de Midorima soava quase trêmula, um pouco desesperada, mas Takao não pensou muito no fato, achando ser sua imaginação. Não querendo discutir por algo tão bobo, entregou o telefone como pedido, ainda confuso. Midorima estendeu uma mão trêmula e pegou o aparelho. O moreno esticou o pescoço, curioso, e viu que Shin-chan estava apagando as últimas três mensagens que ele havia recebido. Takao franziu as sobrancelhas pela enésima vez. Shin-chan ainda o faria ter muitas rugas.

— Por que você fez isso?

— Não vem ao caso.

A voz de Midorima soava firme como sempre agora, e subitamente Takao teve a impressão de que o ambiente havia esfriado alguns graus, porque lá estava o olhar fuzilante que ele estivera evitando. Sentiu-se momentaneamente aliviado por estarem em público: pelo menos haveria testemunhas caso Shin-chan o atacasse, e alguém poderia chamar a polícia antes que ele caísse morto na calçada.

Ao arriscar outra olhada para o amigo, Takao viu que Shin-chan não estava furioso, bufando ou qualquer coisa do tipo. Sua raiva era fria, como se houvesse sido remoída por horas a fio, moldada e resfriada. Era o tipo de raiva que se instalava no peito, até que você se acostumasse com ela. De certo modo, essa raiva era ainda mais assustadora, pois significava que o juízo e a racionalidade de Shin-chan não estavam nublados por ódio, e ele ainda sim parecia querer matar alguém. Era exatamente essa situação que ele temia. Mas quanto mais Takao pensava no assunto, mais confuso ficava: por que diabos Shin-chan estava tão nervoso? Tudo bem que o que ele havia feito era errado e tudo o mais, mas não era sua culpa. Além disso, não é como se ele houvesse posto sua vida em risco ou provocado a terceira guerra mundial. Não havia real motivo para toda aquela raiva. Um sermão, sim, um pescotapa, talvez, mas ser assassinado por ter sido drogado contra sua vontade? Takao realmente não achava justo.

— Shin-chan, eu não vejo como você poderia estar tão puto. Está sendo irracional.

O olho esquerdo de Midorima tremeu, como num tique nervoso.

— Você faz ideia do que me fez passar?

Ok, agora ele só estava sendo egoísta. Takao sentiu seu sangue esquentar.

— Não, Shin-chan, eu não faço a menor ideia - cuspiu ele - eu estava ocupado passando mal numa cama, sem poder abrir a boca, com uma dor de cabeça dos infernos, esperando meu corpo lutar com uma droga que eu não pedi pra usar.

Midorima fitava-o com o cenho franzido, e Takao quase podia senti-lo ficando irritado. As palavras fluíam antes que ele pudesse repensá-las.

— Então me desculpe se seu mundo caiu quando eu não respondi suas preciosas mensagens. Oh, grande Midorima Shintarou, perdoe-me por ser um bastardo ignorante e fazê-lo passar por tanto sofrimento, deve ter sido tão difícil pra você! - disse, fazendo uma reverência debochada.

— Você não compreende. Você não estava lá. Quando Akashi me ligou...

Oh, agora ele havia colocado o dedo na ferida.

Odiava adimitir para si mesmo, mas toda vez que Shin-chan mencionava o ruivo, era como se um botão fosse pressionado e ele perdia a cabeça. Takao não se considerava uma pessoa ciumenta, mas Akashi mexia com seus nervos. Talvez fosse porque Seijuurou fosse seu perfeito oposto, e parecia se dar muito bem em tudo o que ele falhava. Na verdade, Akashi se dava muito bem em tudo. E isso incluía Midorima, o que o irritava imensamente. Shin-chan ocasionalmente falava sobre como os dois costumavam tocar juntos, ele no piano e Seijuurou no violino, mas, ao perceber a raiva de Takao, ele havia parado. Se Midorima tinha arranjado coragem para mencioná-lo assim, talvez não estivesse pensando com tanta clareza como pensara.

— Ah, ele ligou? E o que Akashi-san te disse? Te convidou para um chá e uma partida de xadrez na mansão dele?

Takao não se incomodou em fingir indiferença. Midorima, que até então parecia estar razoavelmente calmo, fechou a cara.

— Takao, não seja infantil.

— Eu sou infantil? Você não sabe de nada, Shin-chan, pare de agir como se fosse superior a todo mundo, porque você não é. Você nem sabe o quanto eu...

O moreno se interrompeu, bufando. O quanto eu tive dor de cotovelo por sua causa. É claro que não terminaria aquela frase. Ele poderia estar tremendo de raiva, mas não estragaria tudo assim tão fácil. Se dependesse dele, Shin-chan nunca saberia dos seus sentimentos.

— Você não sabe nada sobre o porquê eu fiz tudo aquilo. Não finja que sabe. Você não pode sempre saber de tudo, Shin-chan, lide com isso.

— Não é do meu interesse o porquê. O que me interessa é o quanto você foi inconsequente e irresponsável. Você poderia estar no hospital, Takao. Você ingeriu uma substância tóxica misturada ao álcool, compreende a seriedade disso?

Takao nem mesmo se incomodou em perguntar como Akashi sabia de todo o ocorrido em detalhes, desistira de descobrir como o ruivo conseguia manter todo o Japão em seu radar.

— E daí? Eu estou aqui, não estou?

O moreno não percebera que estivera gritando até que suas cordas vocais danificadas reclamaram. Assim sua voz não duraria muito mais tempo, mas já não importava.

— Mas poderia não estar!

Takao deu um passo atrás, pego de surpresa. Jamais vira Shin-chan levantar a voz antes. Mas, de algum modo, isso o deixou ainda mais irritado.

— Isso não é da sua conta.

Midorima pareceu realmente ofendido por isso, o que deixou Takao satisfeito.

— Por que você não simplesmente admite que o que você fez foi errado e perigoso?

— Shin-chan, quantas vezes eu vou ter que repetir, eu não quis que nada daquilo rolasse.

— Isso não me parece lógico, Takao. Se não quis que nada do tipo acontecesse, o que, em nome dos signos, você estava fazendo com Kise naquele... lugar fútil? E por que justamente Kise? - disse ele, enrugando o nariz ao terminar a frase.

— Queria que eu tivesse ido com quem, você? Que é, está com ciúmes agora?

Midorima endireitou a coluna e ajeitou os óculos, sua expressão impassível.

— E se eu estiver?

Takao paralisou, boquiaberto. Seu coração estava disparado.

Sentiu sua raiva enfraquecendo aos poucos. Seria possível que Shin-chan... Não. Não. De jeito nenhum ele ia se iludir daquele jeito. Shin-chan estava dizendo da boca pra fora, estava apenas provocando-o. Ele não seria tão facilmente manipulado assim, não deixaria que seus sentimentos alterassem seu juízo. Seu sangue voltou a ferver, e Takao sentiu-se ainda mais furioso que antes. Shin-chan podia derrubá-lo com um sopro, ele era a sua própria fraqueza personificada, e isso o irritava profundamente.

— Bom, você não tem o direito de ter ciúmes. Eu não sou um esquisito como você, tenho outros amigos.

No momento em que as palavras deixaram sua boca, ele quis pegá-las de volta. A culpa inundou seu corpo, e seus ombros se encolheram. Mas Midorima não parecia menos determinado.

— Não acho que o que Kise fez seja algo que um amigo faria. E tudo aquilo pra quê? Diversão? Não imagino que seja muito divertido ficar se embriagando.

— Por favor, Shin-chan. O que você sabe sobre se divertir?

— Sei que não tem nada a ver com o que você vem fazendo.

— Eu não preciso que você fique no meu pé, muito obrigado. Cuide dos seus próprios problemas, que aliás são mais urgentes que os meus. Pergunte ao seu pai.

Takao sentiu-se imediatamente um completo lixo. Havia passado dos limites.

— Shin-chan...

— Não precisa dizer nada. Eu já entendi.

Assim, Midorima virou-se e foi embora, deixando Takao plantado na calçada, o coração pesado e a garganta constrita.

— Ótimo. Vai embora. - resmungou, mais para si mesmo que para o outro.

Ele observou o amigo dar passo por passo, sem sair do lugar. Queria ir atrás dele, gritar que era um idiota e não sabia o que estava dizendo, que Midorima era tudo menos esquisito, que ele trocaria mil Kises por ele... mas continuou ali, em choque.

Quando Shin-chan dobrou a esquina e sumiu de vista, Takao levou as mãos à cabeça, bagunçando o cabelo nervosamente. Talvez ele realmente tivesse pisado na bola.

Olhando em volta, percebeu que algumas pessoas o encaravam, e ele se perguntou como seria assistir a toda aquela cena. Sentiu-se envergonhado e tomou o caminho de casa, ignorando os olhares que lhe eram lançados.

Takao quis voltar atrás. Não sabia bem o porquê de ter ficado tão fora de si em um período de tempo tão curto. Num momento estava tentando se redimir, e no outro estava gritando e dizendo coisas ridículas. O moreno resolveu culpar o amigo, por ter esfregado em sua cara que ainda mantia contato com Akashi. Talvez os dois ainda tocassem juntos, saíssem para jantar, falavam sobre como Takao era inferior e insignificante...

No fundo, ele sabia que estava sendo ridículo e um completo imbecil, além de um péssimo amigo, mas continuava dizendo para si mesmo que Shin-chan havia merecido tudo aquilo. Se ele não houvesse agido como o sabe tudo certinho, como se fosse seu pai e mandasse em sua vida, Takao não teria ficado tão bravo. A culpa era de Midorima... certo? O moreno suspirou, repassando a discussão vez após vez em sua cabeça, tentando descobrir o que o amigo estava pensando durante a briga.

Foi quando estava jogado no sofá, zapeando pelos canais de esporte enquanto suas palavras ecoavam em sua mente pela enésima vez, que uma dúvida lhe surgiu: O que havia de tão importante naquelas últimas mensagens que Midorima havia apagado que o deixaram tão inquieto?

Takao estava tão imerso em pensamentos que não reparou quando sua mãe havia chegado e trazia consigo visitas.

— Kazu, querido, você pode vir aqui um segundo?

Takao suspirou, desligando a televisão e dirigindo-se à porta.

— O que f...

As palavras do moreno morreram em sua garganta.

— Kazunari, onde estão seus modos? Cumprimente seu amigo! Eu e Seijuurou-kun nos encontramos no caminho por acaso e o convidei para jantar conosco. Não é maravilhoso?

Suando frio, Takao encarou um par de olhos heterocromáticos que o analisavam fria e calculadamente.

— Boa noite, Kazunari.


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Notas finais do capítulo

Galera, eu só queria dizer o quanto faz falta quando vocês não comentam. Senti falta de alguns leitores no último capítulo. Comuniquem-se comigo, pessoal! Please?
Kissus ♥