Segredo Virtual escrita por Alehandro Duarte


Capítulo 23
Capítulo 23 Fim dos Jogos


Notas iniciais do capítulo

É esse capítulo que eu anuncio a minha penúltima postagem em Segredo Virtual. O penúltimo e o capítulos serão postados juntos, e assim encerrarei a história de Sara. Mas esse não é o fim definitivo, ainda terão mais duas temporadas, e não irei abandonar essa ideia. Segredo Virtual vai completar um ano desde seu primeiro capítulo ser postado no dia 24/02/2016! Obrigado a todos que acompanharam a história até aqui e prometo surpresas nos próximos e futuros capítulos que escreverei.



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A maca vinha rodando rápido até a sala de cirurgia, Lídia estava em um estado grave, tubos já estavam ligados a partes superiores de seu corpo, e Daniel que a acompanhava, não sabia se ela conseguiria aguentar um tiro quase acertado em cheio no coração:
— Eu preciso ir junto!- Ordenava ele, mas uma enfermeira o segurou antes de entrar na sala junto aos outros médicos.
— Não pode entrar ali, senhor.- A enfermeira diz.- Precisa confiar na gente. Quando eu souber de algum resultado, irei lhe informar.- Levando as mãos à cabeça, ele se senta em um banco, levando a mão até a cabeça como sinal de preocupação. Ao seu lado havia uma menina de vestido branco que o encarava sem piscar e se mexer.
— Você é o Daniel?- Perguntou a menina de cabelos loiros quase branco e olhos esverdeados. Parecia ter em média sete ou oito anos.
— Sim, sou eu.
— Senhorita Mary me pediu para te entregar isto.- Do bolso do vestido retirou duas alianças.- São de ouro.
— Quem é Senhorita Mary?- Sem entender nada, pegou as alianças dadas por ela.
— A avó de Sara.- Ao se levantar do banco, o mais velho a segurou.
— Não estou te entendendo...- Ela sorriu mostrando seus dentes completamente brancos, assim como sua pele pálida.
— Ela quer que vocês tenham um final feliz, pelo menos por enquanto.- Ele a solta, a deixando caminhar calmamente.- Ah, não se preocupe, não faço parte da organização. Só estou aqui para guia-los ao caminho certo na hora certa.
— Você não me disse seu nome.- Falou Daniel estando curioso e totalmente desconfiado.
— Me chamo Amélia.- A menina sorri e novamente volta a caminhar. Estava descalça e andando lentamente. Abriu a porta de uma sala e entrou fechando a mesma. Daniel andou rapidamente até onde ela havia entrado. Abriu a porta e simplesmente não havia nada além de uma estante de ferro, grande e um pouco curvada para frente. Ao olhar para o alto dela, viu uma boneca idêntica a menina, o mesmo cabelo, mesmos olhos e o mesmo vestido, até do mesmo tamanho, que a fazia parecer humana.
— São da mesma altura!- Exclamou para si mesmo, enquanto ficava na ponta dos pés para alcançá-la. Após se esforçar mais, enfim consegue encostar em seus pés e começa a puxá-la para si. Uma faxineira inesperadamente abre a porta, o que faz Daniel se afastar imediatamente da boneca que estava quase a ser pega.
— O que está fazendo aqui?- Ela o questiona.
— Apenas...- Seu olhos se direcionaram ao alto da estante. Sua reação foi imediata; Estava assustado, boquiaberto. A boneca simplesmente não existia mais.-

 

— Rose!- Gritou Jessica ao entrar em sua casa, desesperadamente.
— Estou aqui!- Uma voz fina e infantil a respondeu. Jessica seguiu a voz até o quarto e abriu a porta, se deparando com a filha sentada na cama enquanto olhava para a parede vazia do lado escuro do quarto.
— Eu estava tão preocupada.- Como em um pulo, Jessica se jogou para abraçá-la.- .O que fizeram com você?
— Não fizeram nada, mãe. Consegui fugir delas.- Rose se afasta da mãe, e caminha até ficar alguns centímetros próxima da parede.- Tio Dylan cuidou de mim nesse tempo.
— Como?- Simplesmente não estava entendendo coisa alguma. " Como assim tio Dylan ", ela pensou.
— Ele sempre lê histórias para mim e faz tranças no meu cabelo.- Ela abraça algo invisível, como se abraçasse o ar.
— Não tenho tempo agora para brincar com você, filha.- Jessica se aproxima de Rose e acaricia seus longos cabelos ruivos.
— Ele disse que só quem pode vê-lo é quem acredita em sua existência...O que significa " existência "?- Jessica ficou sem reação por alguns segundos, mas ao ouvir a pergunta da pequena, resolveu falar.
— Algo que existe. Diferente do " Tio Dylan ".
— Mas ele existe, você apenas não consegue vê-lo.
— Rose, não tenho tempo para isso. Preciso te deixar trancada junto com o seu primo. É um assunto de adultos.
— Mas não tem nada para fazer lá, Lícia está quase sempre cuidado do bebê.- Resmungou, enquanto fazia um bico. Sem paciência, Jessica a pega pelo braço severamente e a arrasta até ficarem enfrente ao espelho na parede do corredor.- Eu não quero ir!- Ela abre o espelho. Havia uma escada que levava até um porão secreto.
— Você não tem querer. Desça e fique com ela!- Jessica fecha o espelho, enquanto Rose desce vagamente os degraus, um por um.
— O que houve, pequena?- Perguntou uma mulher jovem, magra e pálida, com uma aparência asiática. A mesma segurava o filho de Sara nos braços, o balançando. Seu pé direito estava algemada até uma corrente pregada na parede.
— Problemas.- Respondeu Rose.- Apenas mais problemas, Lícia...
— Importantes ou não, é melhor não mencioná-los para ninguém. Sabe como sua mãe ficou da última vez.
— Tia Sara e ela brigaram...
— Exatamente. Você precisa ter mais sigilo.

 

" Só há dois lugares onde Jason pode estar ", pensava Sara em sua mente confusa e perturbada, " Na antiga cafeteria ou na pousada ". Decidiu ir até ao Restaurante que um dia foi a sua querida cafeteria. Lembrar do cheiro de café fazia Sara sentir nostalgia daquele tempo, mesmo tendo sido difícil. Estava mais perto dele, mesmo não sabendo se conseguiria arrombá-lo a tempo de salvar Jason, se é que ele realmente estava lá. Já estava virando a rua para chegar ao local, quando avistou uma loja com bonecas sinistras na vitrine. Sim, era A Loja de Bonecas da Senhora Mary, como dizia no cartaz velho e degastado em cima da loja. Sara se aproxima, hesitando abrir a porta, mas sua curiosidade foi maior que sua própria intuição de não abri-la:
— Olá, minha bonequinha.- Diz S.Mary calmamente, atrás do balcão velho de sempre. Penteado os cabelos de uma boneca loira com um pente de madeira antigo.
— Oi, vovó morte. Há quanto tempo, não?- Ela vai até uma prateleira. Analisa cada boneca, como se procurasse uma em especial. Ao olhar para todas aquelas 12, pega uma que se diferencia, uma com aparência mais humana e de alguém que conhecia. Lídia.
— Sim, faz tempo...- A idosa sai de trás do bancão, indo até a mulher que segurava uma de suas bonecas favoritas, e ao chegar perto a encara gentilmente.- Não se preocupe com a sua amiga, ela vai ficar bem.
— Você sabe de tudo, não é?- Sara coloca a boneca de volta na prateleira, então desvia o olhar para um pote de vidro. Uma boneca idêntica a Sara, pairava sentada sobre os membros rasgados das outras bonecas no pote.- Por que " mini-sara "está dentro daquilo?
— Ali é aonde se encontra todos as minhas preciosidades, que infelizmente tiveram que deixar essa história fabulosa. E vamos ser sinceros, minha querida neta. Ninguém precisa mais de você nesse enrendo.
— Vai me matar?- Perguntou, andando até o pote e percebendo a cabeça de sua mãe adotiva no fundo em uma forma menor e de pano.
— Tudo o que você está vivendo, tudo o que está sofrendo, eu fiz acontecer. Assim como os seus poucos momentos felizes. Eu controlo tudo e a todos, você já sabe disso, não sei como, mas sabe. Só faço o melhor para que isso continua empolgante...Para mim.
— Então pretende dar um fim em sua protagonista?
— Você não é mais minha protagonista.
— De qual quer jeito eu sou importante nesse universo que você criou, eu que iniciei tudo.- S.Mary colocou sua mão sobre o ombro trêmulo da neta, que suava friamente por causa da correria.
— Quem começou tudo foi Dylan.
— Dylan já está morto.
— Existe mais de um jeito de ressuscitar um boneco do que você imagina.
— Somos humanos, não sua marionete.- Esbraveja, para então empurrar a mão para fora de seu ombro.
— Você não sabe o quão parecidos são.- As duas ficam em silêncio por um tempo, até se derem conta que já estavam sem tempo.
— Tenho que ir...- A mão fria e enrugada de sua avó, segura o seu braço de uma forma impressionantemente forte. Ela estende a mão, mostrando uma chave em sua palma. Sara a pega.- Não tenho medo de morrer.
— Eu sei.- A jovem parte de lá, ouvindo essas duas palavras repetirem na cabeça; " Eu sei ". Sara sabia tão pouco, enquanto todos sabiam em excesso e escondiam os seus segredos por trás de belas miragens. Ela abria mão deles, até perceber que nunca iria ser retribuída.

 

— De todas os túneis que levam para a pousada, você escolheu justo o mais longo.- Reclama Rebeca, andando em uma espécia de túnel estreito, em quanto Ellen iluminava na frente com uma lanterna verde já um pouco gasta.
— Apenas esse túnel leva para a pousada.- Argumenta, enquanto coloca o capuz de sua capa cor de vinho. A trilha de luz estava fraca, e a poeira sobressaia nela. Os olhos das duas não haviam se acostumado com o escuro, ainda mais por apenas olharem para a iluminação estabelecida pela lanterna.
— Acha que eles vão matá-lo?- Questiona ela, um pouco assutada com a situação que iria acontecer.- Eu com certeza infartaria se estivesse no mesmo lugar que ele.
— Mesmos se não funciona, não precisamos nos preocupar com isso. Temos que focar em Sara.- Os passos de algo correndo ecoaram pelo túnel, fazendo elas se virarem para trás para ver o que havia sido. Era um homem com uniforme de policial. O mesmo que havia perseguido Lídia junto com um comparsa. Ele caminhava se apoiando nas paredes, clareando com a luz de seu celular, que não fazia muito efeito. Ellen ilumina seu rosto, e suspira aliviada.
— Vai precisar de mim para mais alguma coisa?- Perguntou-lhe, olhando para uma escada que ficara para trás.
— Pode ir embora. Faço o trabalho daqui para frente sozinha.- Respondeu Ellen, demostrando confiança.
— Tem certeza disso? Apenas um deles está oficialmente morto.- Questionou mais uma vez, não confiando totalmente na mulher de batom vermelho nos lábios.- O que acha, Rebeca?
— Eu quem mando aqui, e você vai me obedecer!- Fala com uma voz firme, em tom de braveza.- Rebeca, não é a líder do Cold Blood.
— Pelo o que eu sei, você já foi expulsa do grupo pelo Jason.- Ele a provoca.
— Isso foi na época em que Jason ainda era digno de tal cargo junto a mim. Mas agora é só um treinador para nossa organização.
— Vocês estão perdendo tempo!- Exclama Rebeca, encarando os dois que enfim decidem parar com aquela discussão desnecessário.
— Então vou indo.- Ele se direciona para trás, voltando para a escada que havia passado. As duas voltam a andar na escuridão, lembrando de coisas que as fizeram chegar até esse ponto. Como chegaram a um jogo tão perturbador? Como as coisas caminharam até aqui? E o porquê de tudo isso ter acontecido. Não importava mais, mesmo que quisessem, agora já estavam mais envolvidas e apegadas do que nunca, não dava para voltar atrás. Ao chegarem mais para frente, avistam algo no chão, eram fotos.
— O que isso faz aqui?- Ao olharem mais de perto, não havia apenas uma, haviam várias. Ellen se abaixa para pegá-las, estava de queixo caído com o que via nas imagens; Foto tirada de uma janela enquanto colocavam o cadáver de um porco na casa abandonada, na festa fantasia quando Girl Blood estava frente a frente com Sara, de Sara na calçada enfrente a casa quando conseguiu escapar do incêndio nela junto com a mãe, da vez em que Guy mirou uma arma para um taxista junto a Sara que estava lá dentro. Havia também a foto mais recente, a reação delas no Baile de Máscaras ao serem reveladas como membro do Cold Blood.
— Não acredito...- Rebeca arregalou os olhos, assustada.
— Alguém esteve nos vigiando todo esse tempo.- Ela carrega as fotos e volta a caminhar.- E vamos descobrir quem é.

 

Daniel bebia água em um copo descartável, ao lado do bebedouro. Estava perdido em seus pensamentos, assim como todos nessa madrugada. Já havia preenchido um formulário, mas ainda não havia recebido uma notícia de Lídia. Encarava a porta da sala de cirurgia, a espera que a enfermeira o informasse de algo. Ruby saiu do quarto em que sua filha estava, e afitou o homem alto ao lado do bebedouro:
— Daniel!- Ela o chama, ele decide ir até lá.- Eu já te mandei ir embora.- Fala enquanto cruza os longos braços já cansados.
— Lídia levou um tiro.- Disse sem " Rodeios ". Envergonhada e sem saber o que estava acontecendo, Ruby apenas o encara, com uma expressão de quem não está entendo nada.
— Meu Deus...e como ela está?
— Eu não sei.- Em um gesto de impulso, Ruby o abraça, tentando lhe dar um pouco de conforto.
— Como isso aconteceu?- Daniel engoliu a seco. Não sabia como explicar o que vivenciaram nessa noite.
— Eu realmente não sei...Estávamos juntos e então houve um disparo...Pode ter sido o Cold Blood.- Seus olhos encheram de lágrimas, não eram totalmente verdadeiras, mesmo estando depressivo com aquilo, apenas queria fugir de ter que dar respostas para uma pessoa que não sabia de nada.
— Está bem, não quer falar sobre isso. Entra.- Ruby segura sua mão e o leva para dentro do quarto. Marina abre os olhos, olhando os dois entrarem calmamente.
— Daniel?- Ela se levanta e se senta na cama.
— Oi.- Ele responde.
— Daniel está aqui no hospital por causa que a namorada dele levou um tiro.- Disse logo a mãe, tentando evitar perguntas futuras.- Estavam na rua, parece que foi o Cold Blood.- Marina e Daniel apenas se encararam, sem expressões no rosto.- Eu tenho que ir pegar um copo d`água, vocês querem?- Eles negaram em coro com a cabeça. Ruby então saiu.
— Sinto muito por Lídia, espero que esteja bem. Mas eu não posso ficar de enrolação com você...Eu ajudei Thiago a expôr o Cold Blood.- O rosto de Daniel demonstrava surpresa após aquela revelação.- Sim, eu sei sobre o Cold Blood, e sou uma renegada. Mas agora tem algo em especial que eu quero que você saiba.- Ela abre gaveta da cômoda, e de lá retira a carta que havia sido deixada junto com a caixa. Marina se esforça pra esticar sua mão até Daniel, e enfim consegue dá-lo.
— Eu estou...
— Eu sei como está. Isso venho junto com uma caixinha há algumas horas, dentro havia um dedo.- Daniel ergue as sobrancelhas em uma expressão de " Sério? ".- Até então, a coisa mais estranha ainda não tinha acontecido...ou percebido. A caligrafia nessa carta, é a mesma que de Dylan.
— Você tem certeza quanto a isso?
— Eu fui amiga virtual de Dylan, conheço a caligrafia dele em fotos que ele mandava. Presenciei morte de dele...Talvez seja algum amigo dele querendo começar um jogo...- Ruby volta ao quarto, carregando consigo um copo descartável com água.
— Bem, acabou de sair uma enfermeira da sala de cirurgia, acho melhor você ir vê-la.

 

A porta do restaurante se Abre. Sara entra cautelosamente, e fecha a porta com delicadeza. Ela começa a caminhar pelo local, procurando alguma pista de que Ellen ou Rebeca estiveram lá. Procurou nos assentos, nas mesas, atrás do balcão, até ir para a cozinha. Passou por um monte de fogões com fornos embaixo, balcões de metal com prato e talhares sobre ele, pias vazias, geladeiras e um Microondas branco. Chegou até no cômodo de estoque. Andou, olhando fixamente para as estantes cheias de ingredientes, haviam muitas prateleiras, 10 em cada estante, e Sara fazia questão de olhar cada uma com bastante atenção. Após alguns minutos olhando, percebeu que não acharia nada lá, então resolveu se retirar. Já estava para dar o primeiro passo fora dali quando um latindo foi dado dentro da parede. Ela rapidamente se dirige até as paredes do lugar, procurando saber da onde vinha o som. Ao afastar um pedaço de papelão que cobria quase toda a parede, percebeu uma porta de metal, estava trancada, mas mesmo assim tento usar a chave que usara para abrir a entrada, e por incrível que parece...a abriu!:
— Vovó morte e seus objetos mágicos.- Comentou para si mesma, enquanto adentrava no lugar. Estava tudo escuro, Sara caminhava encostada na parede, a procura de um interruptor, até passar por um e enfim acender a luz. Com o clareamento no local, avistou Jason no fundo da sala, preso em uma cadeira por algemas em seus pés e mãos .- Jason!- Sonolento e zonzo, ele abre um os olhos, mudando seus olhos de Sara para algo perto dela.
— Sara, não...- Sem poder terminar a frase, ela corre até ele, mas tropeçando em uma alavanca no chão. Ao olhar para o lado em o canto da outra parede, um Pit Bull enfurecido a olhava, enquanto latinha bravamente dentro de uma jaula que estava se abrindo lentamente. O cachorro corre em sua direção, Sara tenta se afastar, mas ele pula em sua perna, a mordendo com força, a fazendo cair no chão bruscamente. Ela grita, enquanto tenta acertá-lo com as próprias mãos, mas não consegue. Ao olhar para trás de si, vê um pedaço de ferro grande, e entre gritos de dor consegue esticar a mão e se aproximar-se para pegá-lo. Sara enfia o pedaço de ferro no olho do animal e chuta a sua orelha com a outra perna, ele se afasta enquanto late de dor, com o seu olho direito sangrando. Ao conseguir ficar um pouco longe, dele, ela se ergue, dando uma pausa, mas voltando a andar mancando, ainda dando gemidos pela mordida, mas tentando ser rápida.- Tem um machado ali no canto...- Ele aponta o lugar com a cabeça, e ela se dirige até lá, andando puxando sua perna, tentando não provocar uma dor maior do que já estava sendo. Sara coloca suas mãos no machado, e de repente, sem latidos ou qual quer tipo de aviso, o cão pula para acertá-la. Com um gesto impulso, ela enfia o machado fortemente na cabeça do Pit Bull, o fazendo cair para trás, morto.
— Meu...- Suspira, coloca suas mãos sobre a cabeça, olhando para o cadáver do animal que acabara de matar violentamente.
— Sara.- Jason a chama, fazendo-na tomar consciência que tinham que sair dali. Ela se aproxima do animal e tenta tirar o machado de sua cabeça, mas estava muito bem cravado.- Tire logo isso daí.- Exigiu ele. Sara coloca seu pé sobe o corpo do cachorro e puxa o machado, que enfim se solta. Aproxima-se das algemas de Jason, e as quebra, logo depois Sara deixa o machado cair no chão. Ele se levanta, e a ajuda a se ergue, colocando o braço dela em volta de seu pescoço. Os dois saem do armazenamento de estoque e vão para a parte da frente do Restaurante.
— Espere.- Sara o leva até uma mesa, e se senta na cadeira enfrente a ela. Ela pega duas flores de um buquê dentro um jarro de vidro e dá para Jason, que se senta ao seu lado.
— Pra quê isso?
— Flores para um semi-morto.- Ele a encara, sem entender aquilo, mas então se recorda do buquê de flores que a havia mandado com a mesma frase.- Vou ligar para Jessica.

 

— Sara e os outros estão bem?- Pergunta Lídia, olhando para Daniel que estava sentado ao seu lado na cama.
— Não recebi notícias ainda, logo eu vou liga, não se preocupe.- Ele estende a mão, e Lídia a segura.- Vai ficar tudo bem. Você tem Dextrocardia, teve sorte e isso é raro, importante.
— Não sou importante por ter o coração do lado oposto do peito.
— É importante por ser você mesma, e pra mim...- Daniel se aproxima do rosto da namorada, e beija sua testa delicadamente.-...Você é importante por ser a mulher que eu mais amo.- Marina adentra no quarto, um pouco tímida ao ver a cena dos dois.
— Não quero atrapalhar, mas queria saber como você estava.- Disse gentilmente.
— Levei um tiro no peito, mas acho que estou cem porcento bem!- Ironiza Lídia, tentando se descontrair um pouco. Marina força um sorriso pequeno.
— Bem...Tenho algo para te pedir, Lídia.- Daniel enfia a mão em seu bolso, segurando a aliança e a puxando para fora. As duas ficam chocadas ao verem aquele pedaço de ouro redondo.- Eu...Depois de tudo que a gente passou, quero ter um final feliz, junto com você. Lídia, quer se casa comigo?- Ela se encontrava imóvel, boquiaberta e encarando o rosto de seu namorado e a aliança que ele segurava.
— Como se diz " Sim" sem parecer clichê?- Os dois se abraçam e em seguida se beijam, Marina dá um sorriso bobo, e logo depois deu os parabéns. O celular de Lídia que estava em cima de uma bancada começa a tocar, mas ela o ignora, querendo comemorar o momento.
— Acho melhor ver quem está ligando, podem ser os outros.- Daniel pega o celular e lê quem ligava.- é um Sebastian...- Lídia pega o aparelho de sua mão.- Quem é Sebastian?.- Ela atende o celular.
— Alô?
— Filha, é você?- Pergunta a voz do outro lado da linha.
— Sim, sou eu, pai.

 

Sara dava altos gemidos agoniantes, a cada toque que Jessica dava no ferimento com um pano úmido:
— Tente fazer menos barulho, alguém pode ouvir.- Resmungou a mais velha, tentando ser mais cuidadosa enquanto limpava.
— Isso dói demais.- Sara, fazia caretas enquanto olhava ela cuidando da mordida.
— Pensar algo que você goste, pode ajudar.- Disse Jason, tentando ajudar.
— Tipo o que...Aiii!
— Tipo eu nu na cama, cobrido por flores vermelhas.- Jessica deu uma risada histérica, enquanto Sara revirava os olhos em uma expressão de tédio.
— Acho que eu prefiro uma visão de você sendo castrado.- Ela dá um sorriso malicioso e ao mesmo tempo irritante.
— Vocês poderiam escrever uma peça de teatro.- Comentou, enquanto pegava uma pomada em uma caixa de primeiros socorros.
— Quem guarda uma caixa de primeiros socorros em um carro?- Perguntou Sara.
— Uma pessoa preparada, para no caso de uma garota ser mordida por um Pit Bull enquanto tenta salvar o namoradinho.
— Nós...- Ela apenas bufou, com estresse demais para continuar a frase.- Aiii!- O celular de Jessica faz o som de como se tivesse recebido uma mensagem, Jason o pega e lê a mensagem enviada pelo numero de Sara; " Pousada, Sara. Venha sozinha ou seja mortinha :D ".
— Acho que elas não tem noção do ridículo.- Ele mostra a mensagem para as duas.
— Não tem a menor condição de você ir! Acabou de ser mordida por um cão.- Argumenta Jessica.
— Não tenho muitas escolhas quanto isso.

 

As batidas de seu salto no silencioso da noite, era a única coisa que dava para se ouvir entre as lápides empoeiradas de pessoas esquecidas. Carregava um buquê de lírios vermelhos e o deposita em cima de uma lápide. " Dylan Augustos " estava escrito, e embaixo o ano de seu nascimento e falecimento. Sofia encarava aquilo, e ao tirar seus óculos pretos, parecia ameaçar despejar lágrimas a qual quer momento. Uma pessoa aproxima-se e coloca a mão enluvada em seu ombro coberto pela blusa verde:
— Recebi todas as suas cartas.- Disse ela, abraçando aquela presença.- Estarei dada como morta amanhã cedo. - E poderemos ir em bora de nossas vidas cotidiana, não é isso que dizia em todas as suas cartas, irmão?
— Não creio que Jason concordou com isso, muito menos Ellen.- Respondeu uma voz firme e grossa, era de um homem.
— Também tenho contatos da organização.
— Eu quero voltar para a cidade, Sofia. Rever a minha filha.
— Nós concordamos que iriamos sair fora dos lugares que estávamos presos por obrigações familiares, Sebastian!- Exclama ela. Uma outra pessoa, aproximou-se deles. Vestia roupas pretas e usava uma máscara usada pelo Cold Blood. Sentou-se sobre o chão onde ficava a lápide e retirou de seu bolso uma foto, uma foto de " Sara " ao pular do alto da pousada, há quase dois ano atrás.

 

— Tem certeza que vai fazer isso?- Questionou Jason, dentro do carro de Jessica, no banco do carona.- É melhor irmos juntos.
— " Venha sozinha ou será mortinha ".- Ela repete com uma voz psicótica. Sara desce do carro mancando e caminha até a pousada. Os dois a encaravam dentro do automóvel, até perderam ela de vista. Jessica abre a porta do carro, a coloca seu pé para fora.
— O que está fazendo?
— Não vou esperar, ela se ferrar.- Do lado de dentro, a pousada estava completamente vazia, não se ouvia um som de televisão ligada, ar-condicionado e nem havia um empregado sequer. Sara sobe correndo até seu quarto e o abre, na esperança de achar algo logo de cara, mas ao entrar, não havia absolutamente nada diferente. Procura nos quartos ao lado, que estavam estranhamente com as portas destrancadas, mas também não havia nada lá. Exaustivamente passa por todos os quartos de cada andar, sem achar nenhuma pista, até descer novamente no primeiro andar e ir procurar em um lugar que nunca havia entrado antes. Era um quarto que levava para uma escadaria, descendo como se fosse um alçapão secreto em forma de quarto. Até chegar em uma sala totalmente escura, não conseguia ver nada naquela lugar, mas continuou andando, até ouvir algo barulhento caindo como um metal sendo arremessado. As luzes se acedem, e Sara se vê presa em uma jaula, do lado de fora estava Ellen, apontando uma arma em direção a sua testa e logo atrás dela diversos caminhos, túneis que levavam em direções distintas.
— Faz tempo desde que nos conhecemos pessoalmente, não concorda, Sara?- Ela dá um pequeno sorriso no canto dos lábios, segurando fortemente a arma nas mãos.- Como Girl Blood me conheceu na festa à fantasia. Já como a filha do prefeito, na rua. Eu sempre senti que você era interessante, e minha intuição acertou o alvo.
— Onde está Rebeca?
— O jogo serve para todos, até para minha ajudante.- As duas permaneceram caladas, uma esperando a outra mencionar algo.
—Então...é o fim?
— Não precisamos mais de você. O jogo acabou! E sinto muito por ter feito sua vida um inferno, mas foi você que procurou por isso.- Lágrimas começam a cair dos olhos da protagonista, que agora encarava a morte de frente, como encarou diversas vezes ao longo do percurso, mas pensou consigo mesma que agora era a hora de enfim dizer adeus.- Fim dos Jogos, Sara.- Ela fechou os olhos, e apenas ouviu o barulho do tiro. Pensou em suas mães, o seu pai, seus filhos, as pessoas que matou, Lídia, Jason e Dylan, mesmo estando diante da morte, seus sentimentos de ódio por Dylan não haviam sumido, nem por um instante. Não sentia nenhuma dor, ou sensação de que foi baleada. Ao abrir os olhomos novamente, se deparou com Ellen de olhos arregalados, caída enfrente a jaula, e atrás Jessica, segurando um revolve e ainda o apontando para o cadáver. Ela se agacha para pegar a chave no bolso de Ellen e o pega, abre a jaula e Sara sai de lá aos prantos, abraça a mãe e chora em seu peito.
— Fim dos Jogos, Sara.- Disse sua mãe. Jason chega por um túnel e se aproxima das duas, enquanto encara o corpo morto.
—Fim dos Jogos para sempre!- Repetiu Sara em voz de choro. Mas não era o fim para sempre. O Cold Blood havia sido apenas o início da desgraça de todos, ainda tinham muitos monstros para enfrentar, e muitas pessoas para matar.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

>< >< >< u.u e.e o.o



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