Capítulo 25 – A traição

-Aquilo foi totalmente macabro. - Percy ria quando chegamos no térreo. - E, meu deus, quantas vezes você já falou a palavra traseiro desde que saímos do mundo inferior? Umas quinhentas! Mas, eu tenho que admitir, você é demais, Sel.

Eu sorri. Bem, eu sabia de uma coisa. Zeus me odiava. Mas, tudo bem. Pois como eu havia dito para ele: um dia ele vai precisar de mim. Quando Cronos voltar. E eu vou dizer: não. E depois vou dizer: Zuera maninho, eu sei que eu sou demais, por isso você precisa de mim. Mas é claro que eu não havia dito essa parte para Zeus. Ele me mataria se eu o chamasse de Maninho. Ah, ele me mataria de qualquer forma!

-Bom, vamos voltar. - falei.

Depois de contar para Annabeth, Luke e Argaios o que tinha acontecido, nós mandamos uma mensagem de Ísis para Quíron e ele disse que estava vindo. Então eu percebi uma coisa:

-No fim, seis irão voltar. Percy, eu entendi! - falei de repente.

-O que? - ele perguntou.

-Quíron vai vir nos buscar sozinho. Nós seis, eu, você, Annabeth, Argaios, Luke e Quíron vamos voltar! - falei feliz. Mas Percy não sorriu.

-Mas Thalia não voltou. - ele disse, triste. Imediatamente meu sorriso sumiu.

-Thalia... ela tem que estar bem! Se não Zeus já teria enlouquecido e... oh meu deus, Thalia! - comecei a chorar. Eu não havia pensado nisso. Onde estava Thalia?!

-Não chore, pequena criança. - alguém disse, mas não era Percy. Me virei e dei de cara com...

-Ártemis! - exclamei.

-Sshh. - a deusa disse. - Venha, vamos conversar um momento. - ela me levou para um banco ali perto, depois que eu pedi para o pessoal esperar. Nos sentamos e eu disparei a falar:

-Obrigada pelo presente, Bernince tem sido muito útil, ah você sabe que eu te defenderia, eu não disse aquilo por querer, quer dizer, Zeus me irrita!

Ártemis me olhou calma. Então percebi uma coisa: ela estava mais nova. Ainda parecia Ártemis. Mas estava com uns dez anos a menos. Na verdade, parecia que ela tinha uns doze anos!

-O que aconteceu com você? - perguntei.

-Hum? Oh, nada. - ela disse -Eu prefiro ficar assim, como uma eterna moça do que como eu estava lá em cima. Olhe, Selina, Zeus irrita a todos. Eu sei que você é uma boa menina, e que irá nos defender. Mas tenho outro assunto para falar com você. Você lembra do bilhete que estava junto com Bernice?

-Sim, aliás, por que ela se chama Bernice? - perguntei.

-Bernice significa “aquela que protege”. - Ártemis disse. - Enfim, eu vim perguntar se você quer se unir a mim. Posso já saber a resposta, mas ainda assim... Bem, Thalia se uniu...

-O que? - perguntei. - Então, Thalia está bem?

-Sim. - Ártemis sorriu. - Fiz uma visita a ela, depois do incidente com Quimera. Ela aceitou se unir a mim e às caçadoras. E você, Selina? Quer se unir a nós e viver para sempre, como uma eterna donzela?

Eu olhei para baixo. Depois olhei para Percy, a apenas alguns metros dali. Nossos olhares se encontraram por um breve momento, até que eu sorri e voltei a olhar Ártemis.

-Lady Ártemis, eu aprecio muito sua proposta. Mas o amor... ah, o amor, é uma coisa incrível, Ártemis. E eu amo tanto o Percy... você não imagina o quanto! Ele é o que me mantem aqui. Ele é tudo, ele é... ele é o 'cor' pro meu 'ação'. - eu disse. Ártemis me olhou com um sorriso de boca fechada:

-Eu imaginei que diria algo assim. Afinal, você é neta de Eros... mas os homens, Selina! Eles não prestam!Bem, se um dia você mudar de ideia... eu vou estar te ouvindo. - Ártemis deu um último sorriso e evaporou no ar.

-Deuses. - murmurei enquanto voltava para perto de Percy e o pessoal. Contem a eles sobre Thalia, e depois somente a Percy sobre a proposta de Ártemis.

-Que bom que sou o 'cor' do seu 'ação'. - ele disse e eu sorri, no mesmo instante em que Quíron chegou.

Voltamos para o acampamento, tomamos banho e jantamos. Todos os campistas estavam loucos para saber o que tinha acontecido. Depois da janta, eu, Percy, Charles, Desirée e Silena fomos a praia. Eu contei a eles tudo o que tinha acontecido – editando algumas partes particulares. Desirée e Silena arfavam quando chegavam as partes emocionantes, enquanto Charles só falava: 'maneiro' ou 'animal'.

-Irado! - Charles disse quando terminei de contar. Pelo menos ele tinha achado uma palavra nova.

-Percy, Selina! - Luke chamou. - Annabeth está nos esperando na floresta. Venham. - nos levantamos mas ele acrescentou: - Só vocês. - eu me despedi da Silena, do Charles e da Desirée e, junto com Percy, comecei a seguir Luke, enquanto ele entrava mais profundamente na floresta.

-Sabe, - Luke começou a falar. - Tantas coisas aconteceram...

Nós continuamos a andar.

-E elas me provaram uma coisa que eu já sabia faz um tempo... - Luke parou de andar e eu e Percy também. - Vocês são patéticos. Burros, ridículos. Idiotas.

Eu o olhei horrorizada.

-Cadê Annabeth? - Perguntei com raiva.

-Viu? Patéticos. - Luke riu. - Vocês realmente acham que era verdade que Annabeth chamou vocês? É claro que não. E o raio, vocês acharam mesmo que eu tinha achado eles na praia? - Luke riu novamente. - Como vocês são inúteis!

-Cala a boca, Luke Castellan. - falei, já imaginando a confissão que ele iria fazer.

-O que você está dizendo, Luke? - Percy perguntou.

-Quieto, Jackson. - Luke prosseguiu. - Nunca gostei de você. - ele apontou para Percy. - Sempre recebendo a atenção de todos “Uuh, eu sou o filho de Poseidon, uuh”. E então chega você – ele apontou para mim. - e mais uma vez rouba a atenção de todos. Mas eu gostava de você. Achei que você compreenderia. Achei que gostasse de seu pai. Mas é claro que eu estava errado. Querem saber? - ele perguntou com um sorriso, enquanto tirava algo do bolso. - Eu roubei o raio. Eu ia escondê-lo naquela maldita praia, afinal, não fazia ideia de que vocês iriam para lá! Mas, não. Vocês tinham que estragar tudo de novo!- ah meus deuses. Era um escorpião. Um escorpião que ele tirou do bolso! Luke deve ter percebido que eu olhava o escorpião, pois disse: - É bonito, não é? Seu veneno é fatal. Ele corrói o sangue fazendo a pessoa ter uma morte lenta e dolorosa.

-Luke. - falei. - Por que você roubou o raio?

-Ora, por que... - ele sorriu – eu odeio esses deuses! Odeio todos, mas meu pai é o pior. Selina, alguma vez sua mãe te visitou? - ele perguntou. Eu neguei a contra gosto. - Viu! Meu pai também não. Os deuses não se importam com a gente. Só com eles. Nós não somos nada para eles. Eles são egoístas e manipuladores. - Epa. Eu já ouvi isso antes.

-Luke, por favor não me diga que você se aliou a meu pai! - implorei.

Luke sorriu.

-Mas é claro que eu me aliei, Sel. - ele disse – É o que me impede de jogar este escorpião em você agora. Mas não me impede de jogar nele – Luke disse e jogou o escorpião em Percy. Eu gritei. -Seu pai é um mestre. E ele vai voltar. - foi a última coisa que ele disse, antes de fugir floresta a fora.

-Percy! - gritei e fui ao lado dele. O escorpião estava em seu braço e Percy estava imóvel.

-Eu te amo. - ele disse, no momento em que o escorpião o picou e ele desmaiou.