Capítulo 12 – Lanchonete Três Irmãs

-Desse jeito só chegaremos na Califórnia daqui a um mês e o solstício é daqui a quinze dias. - murmurei, com a cabeça virada para a janela. Percy dirigia muito devagar, e nem havia transito.

-Como você sabe quando...? Ah, esquece. - Percy disse. - A propósito, é impossível se levar um mês em uma viagem de carro.

-Não, não é. E olha que eu entendo de tempo. Perseu Jackson já fazem três horas que saímos! - eu disse.

-Eu estou com fome. - sussurrou Annabeth.

-E eu entediada. - disse Thalia.

-Por que vocês estão cochichando? - sussurrei.

-Ah, é que o Argie dormiu. - disse Annabeth.

-Nesse ritmo até a Thalia conseguiria dormir... - eu disse.

-Que horas são? - perguntou Annabeth.

-Onze horas, quinze minutos e quarenta e dois, agora quarenta e quatro segundos. - eu disse.

-Nossa. - murmurou Thalia.

Eu encostei a cabeça na janela.

-Liga o rádio. - murmurei.

Percy ligou o rádio e estava tocando Get Your Kicks On the Route 66, do Rolling Stones.

-“Well if you ever plan to motor west Just take my way that's the highway that's the best Get your kicks on Route 66” - Percy começou a cantar.

- “Well it winds from Chicago to L.A. More than 2000 miles all the way Get your kicks on Route 66” - Thalia também começou a cantar. Alguns segundos depois, estavam Percy, Thalia e Annabeth cantando:

- “Would you get hip to this kindly tip And go take that California trip Get your kicks on Route 66”

-Pelos deuses, calem a boca! - eu gritei, mudando de estação. A nova estação só tocava músicas eletrônicas, pop e rock. Eu deixei nela.

-IIIh! - disse Percy. - Tá de mau humor?

-Mais uma vez, cala a boca! - eu disse. - Não é mau humor, é que... vocês não são tipo Justin Timberlake e Beyonce.

-Ah, nós cantamos mau?

-Muito. - eu disse e nós rimos. - Tá legal, deixa eu dirigir, Percy. - eu disse e coloquei as mãos no volante.

-Não!... Espera! Solta...Aí! - Percy gritou enquanto eu o empurrava para sentar no banco de motorista e o carro balançava.

-Cuidado! - gritou Annabeth quando o carro deu um giro no asfalto.

-Sai Percy! Fora! - eu gritei, me sentando na ponta do banco. Percy pulou para o banco do passageiro.

-Você é louca. - ele murmurou.

-A-ham, agora coloque o sinto e fique quietinho aí. - eu disse. Percy reclamou em voz baixa, mas eu não ouvi, atraquei o carro em velocidade máxima.

-Uou, mais calma, Sel! - disse Annabeth caindo em cima de Argaios, que por mais incrível que pareça, não acordou.

-Você preferia que fosse a Thalia? - Percy perguntou a Annabeth.

-Definitivamente não. - ela respondeu.

Eu andava muito mais rápido do que o limite permitido, chegando a mais ou menos uns 200 por hora.

-Okay, ela dirige mais rápido que eu. - disse Thalia.

-Mas ela sabe dirigir. - disse Annabeth e eu ri.

-É, só que eu não vi a carteira dela... -Percy resmungou.

-Está aqui. - eu tirei minha carteira de motorista do bolso e a guardei de novo.

-Fooome. - gemeu Annabeth – Nós não tomamos café. E são onze e meia.

-Onze horas, trinta e um minutos e um segundo. - eu a corrigi.

-Tanto faz. - ela disse irritada.

-Está bem, eu paro em algum lugar. - eu disse. - Assim que aparecer a primeira saída da estrada.

Acelerei o carro o máximo que pude, procurando uma saída, quando avistei na estrada mesmo, uma pequena lanchonete, com uma placa de neon indicando: Lanchonete Três Irmãs.

-Aceitável? - perguntei, indicando o estabelecimento pintado de um vermelho fortíssimo.

-Pode ser. - disse Annabeth. - Argie, acorde! - Annabeth cutucou Argaios. - ACORDA LOGO!- ela gritou e ele pulou.

-Ahn? - ele perguntou.

-Vamos comer. - disse Annabeth.

-Okay. - Argaios disse. Eu desliguei o carro, guardei as chaves no bolso e saí.

-Lanchonete Três Irmãs. - disse Thalia, batendo a porta do carro. Uma plaquinha na frente da lanchonete indicava em grego e inglês:

Aberto

Aberto

-Isso é estranho... - eu murmurei.

-Eu sei. Escrever em grego na placa... não me parece coisa boa. - Annabeth disse.

-Eu não quis dizer isso. Quis dizer que eu olhei primeiro em grego o que estava escrito e soube o significado!

-Ah, é uma coisa de meio sangue. - disse Percy. - Vamos entrar?

-Não sei não... - disse Annabeth.

-Ora, o que pode haver de errado? - Percy disse e abriu a porta, entrando. Nós ficamos do lado de fora. De repente Percy gritou:

-Aaaaaaaah! Ajudem-me!

-Percy! - eu gritei e entrei. Mas quando eu vi, não havia nada de mais. Percy estava em pé, acendendo as luzes enquanto se matava de rir:

-Eu não acredito...haha...que você caiu nessa! HAHAHAHA! - ele ria e se dobrava de gargalhar.

-Muito engraçado, Percy. - eu disse empurrando-o.

Todos já estavam lá dentro. Era uma típica lanchonete americana, haviam um balcão ondulado com algumas banquetas e muitas mesas espalhadas.

-Acho que está abandonado. - sussurrou Thalia, abrindo as cortinas.

-Agie, vamos sair? - Annabeth disse para Argaios. Eu ia tocar seu braço e dizer algo como: Não se preocupe. Mas não consegui. No momento em que toquei seu braço, o amor que ela sentia por Agie me atingiu, como se tivesse forma, cor e textura. Foi como uma onda platina vindo em minha direção e eu pude reconhecer todas as pessoas que ela amava: Argaios, sua mãe, Quíron e seu pai. Eu só sentia aquilo, pois ela estava sentindo amor no momento, mas só aquele toque foi revelador de mais e eu pulei para trás.

-Selina! Selina o que foi?! - Percy me agarrou antes que eu pudesse cair no chão.

-Não sei... Annabeth... - eu sussurrei.

-Mas eu não fiz nada! - protestou Annabeth.

-Não, mas é que quando eu te toquei... - eu disse, sem consegui explicar. Fomos interrompidos por três mulheres que chegaram no ambiente.

-Olá! Bem-vindos a Lanchonete Três Irmãs! - disse a mais gorda. As três eram igualmente feias, usavam óculos de sol e usavam turbantes que cobriam o cabelo. Uma era magricela, outra gorducha e a outra era no meio-termo. - Sou Ale, esta é Eme – ela apontou para a meio-termo – E esta é Ester. Podemos ajudá-los, queridos?

-Ahn, podemos comer aqui? Temos dinheiro. - disse Percy, me soltando.

-Claro, meus queridos e de graça. Esperem um minutinho que nós vamos preparar um café delicioso. - disse Eme.

Quando elas saíram, eu me sentei no balcão, junto com Percy e Thalia.

-Não... - sussurrou Annabeth. - Pode. Ser.

-O que, Annie, meu bem? - perguntou Argaios.

-Temos que ir. Agora. - disse Annabeth, se dirigindo a porta da frente.

-Por quê? Comida de graça! Você não estava com fome? - perguntei.

-Temos que ir embora! - ela gritou e tentou abrir a porta. - Está trancada! Deve haver uma nos fundos...

-Annabeth! - eu gritei.

-Vocês não entendem? Vocês não sabem quem são elas? É tão óbvio! - Annabeth disse. - Euríale, Medusa e Esteno.

-Ah meus deuses. - eu disse.- As górgonas?! Uuu-uh, que medo. Você está louca? É claro que não são...

-Turbante, óculos, Ale, Eme e Ester! São elas sim! - disse Thalia.

-Tudo bem, queridos? - Eme chegou de repente.

-É... nós precisamos ir, uma tia ficou doente... - eu comecei a balbuciar.

-Ah, desculpe, mas vocês não vão a lugar algum. - Euríale chegou.

-Não mesmo. - Esteno disse.

-Vamos sim! - eu disse e corri para a porta. Eu a chutei mas ela não abriu. - Annabeth, deve haver outra! As janelas! - gritei.

-Vão ficar conosco! - gritaram as três irmãs juntas tirando os óculos e os turbantes.

-Fechem os olhos! - ordenou Annabeth.

-Droga! - gritei – Onde estão as porcarias das janelas?!

-Pode falar palavrão, é por.. - Thalia começou.

-Não é hora disso Thalia. - a interrompi. - Corram pelas suas vidas!

Eu gritei e tudo virou uma bagunça. Dava para perceber que todos estavam correndo sem direção. Eu esbarrei em algo.

-Uma porta! - gritei e empurrei. A porta abriu. - A porta abriu! Gente, a porta abriu, venham!

Eu abri os olhos. Estava num jardim.

-Você está sendo uma menina muito má, filha de Cronos. - Medusa disse atrás de mim.

-Droga! - gritei e fechei os olhos, correndo pelo jardim. Tirei Bernice da cabeça.

-Selina!? - gritou Percy.

-Aqui! - gritei. - Percy onde você está?!

-Aaah! - Percy gritou, mas eu não podia parar de correr. Corri até não ouvir os passos de Medusa e arrisquei abrir os olhos. Não havia ninguém. Olhei para trás e... merda! Medusa havia encurralado Percy. Talvez... Peguei Bernice e desejei com todas as forças acertar o pescoço de Medusa. Atirei.

-Aaah!!! - gritou Medusa e sua cabeça foi tirada do pescoço.

-O que aconteceu? - Percy gritou. Eu corri até ele.

-Percy sou eu, abra os olhos. - Percy abriu os olhos devagar.

-Selina! Ah! - ele me abraçou. Eu retribui o abraço.

-Você a matou? - ele perguntou, parando de me abraçar.

-Acho que sim... - apontei para a cabeça no chão.

-Socorro! - gritou Thalia.

-Thalia! - sussurrei para Percy. - Sem fazer ruídos, destampe sua espada.

-É Anaklusmos o nome dela.

-Que seja. Destampe. - ele destampou – Vamos olhar por ela, e tentar achar os outros.

-Selina, antes posso fazer uma coisa? - Percy perguntou.

-Pode, mas o que?

-Isso. - ele disse e me beijou. No começo, eu enrijeci. O que ele estava pensando? Me beijar no meio de uma luta! Depois me deixei levar e retribui o beijo com a mesma doçura. Toquei no seu braço e senti a mesma onda de amor que sentira fluir de Annabeth. Fazer o que, Volúpia era minha mãe. Eu cortei o beijo.

-Thalia. - eu disse meio grogue por causa de seu beijo.

-Thalia. - ele sorriu.