Dany

Fomos tomar café da manhã. Sentei com Newt, Brenda e Teresa em uma mesa mais afastada. Até que ele chegou. O asiático musculoso e bonitão. O cara que me trouxe de volta para a Clareira. Que me arrastou para o Amansador. Ele.

Fechei a cara na hora.

— Bom dia - cumprimentou.

— Olá Minho - responderam todos, menos eu.

— Ora, ora - disse - a fugitiva está conosco. Está mais calma novata?

— Meu nome é Dany - disse, apenas.

— Bom, Dany - disse Minho - você até que leva jeito para ser uma corredora.

— Bom, Minho - o imitei, com uma pontada de irritação na voz ao pronunciar seu nome - eu quero ser uma corredora. Como faço para ser uma?

— Você precisa passar pelos testes - ele me disse com uma pontada de deboche na voz.

— Beleza - digo - quero tentar.

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A primeira prova era de corrida. Todos os corredores que não estavam no Labirinto participariam da prova. E eu? Teria que manter o ritmo e ficar entre eles. O trajeto da corrida seria correr de um lado a outro na Clareira, e voltar pelo mesmo caminho.

Todos estavam assistindo. Queriam saber se uma garota poderia ser corredora.

Estávamos em posição. Eu estava no centro, com Minho de um lado e e um garoto chamado Nick do outro.

Newt contou até três e deu a largada.

Começei a correr com tudo. Deixei Nick para trás com facilidade e começei a acelerar mais o passo a medida que outros corredores eram deixados para trás. Mas eu ainda não havia ultrapassado Minho. O garoto era rápido, mas eu ainda não estava no meu limite, e conseguia respirar normalmente. Chegamos a outra extremidade, metade do percurso estava completo. Me virei e corri novamente no encalço do asiático. Estávamos lado a lado. Acelerei um pouco mais. Estava na frente agora. Corri com vontade para ele não me ultrapassar, e ele não conseguiu. Cheguei antes. Eu era a mais rápida.

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Estava na hora da segunda prova. Me levaram para uma sala vazia na Sede. Apenas Newt e Minho estavam comigo. Descobri que Minho é o encarregado dos corredores, ou seja, se eu conseguir, ele vai ser tipo o meu chefe. Que sorte... De repente Minho fala:

— A segunda prova serve para avaliarmos a memória. A sua memória é boa? - Ri com a própria piada, já que sabe que não lembro de nada além do meu nome. - Enfim. Sua tarefa é desenhar o trajeto que você realizou ontem na sua tentativa de fuga. Se você não errar nada, é uma corredora.

Um mapa básico do Labirinto fora deixado em um cartaz em um lado da parede, para me localizar e poder desenhar. Me lembrava do trajeto como se tivesse o realizado sempre, e não tive problemas em desenhá-lo e demarcar as áreas por onde passei. Depois que acabei, Minho começou a analisar e procurar falhas em meu desenho. Mas não encontrou nenhuma. Finalmente falou:

— Parabéns, você é uma corredora.

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Mal apenas amanheceu e senti alguém cutucar meu ombro. Abri os olhos devagar. Era Minho. Ele disse:

— Acorda trolha, hora de correr.

— Meu nome é Dany.

— Eu sei.

Eu tinha ganhado um quarto na Sede. Afinal, era uma corredora agora. Minho saiu para mim me arrumar. Troquei de roupa, prendi os cabelos em um rabo de cavalo meio bagunçado, com alguns fios soltos, coloquei os coturnos e a mochila que ganhei de Minho ontem, junto com uma faca. Fazia parte do "uniforme dos Corredores". Fui até a cozinha e Minho já estava lá, colocando frutas, sanduíches e água em sua mochila. Fiz o mesmo com a minha. Assim que os portões se abriram saímos correndo. Em alguns trechos Minho me mostrava como cortar a hera para ajudar a marcar o caminho, ou me mostrava pontos de referência nas paredes. Quando olhamos para o relógio, vimos que já se passava do meio-dia. Paramos para comer.

Minho não tinha falado mais do que o necessário comigo até agora, e eu tinha feito o mesmo. Mas o rapaz começou a puxar conversa:

— Você foi muito bem na prova ontem. Ninguém nunca me venceu em uma corrida.

— Obrigada.

— Tive que trabalhar na reconstrução do meu orgulho a noite toda.

Tive que rir.

— Não deboche de mim na próxima.

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Mais um dia no Labirinto. Correndo. Mapeando. E sem achar nada. Faz um mês que estou nesta rotina, e continuo achando que estamos deixando algum detalhe passar. Hoje a Caixa subiu novamente com uma nova clareana, mas algo me diz que isso não vai prestar.

Eu e Minho nos aproximamos no decorrer deste um mês que passou. Somos muito amigos agora, e até rimos das estranhadas que tivemos no começo.

Estávamos voltando para a Clareira quando escutei um barulho seguido de um "ai" atrás de mim. Minho se enrolou na hera cortada e acabou caindo.

— Você está bem? - perguntei.

— Não, torci o meu pé. Essa mértila sabe doer- grunhiu.

— Vem, eu te ajudo.

Apoiei Minho nos meus ombros e tentamos ir o mais rápido que podíamos, mas, plong, como ele era pesado. Minhas costas, braços, meu corpo inteiro para falar a verdade, doía com o esforço. Mas não o deixaria para trás.

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Conseguimos chegar na Clareira poucos minutos antes de as portas se fecharem. Desabamos no chão. Chamei os Socorristas e eles levaram Minho para a enfermaria. Eu queria ver como Minho estava mas precisava comer algo. Arrastar ele até aqui praticamente esgotou com as minhas forças.

Encontrei um pedaço de lasanha na geladeira, coloquei no microondas e depois começei a devorá-lo. Caçarola (o cozinheiro) mandava muito bem com a comida.

Fui ver como Minho estava. Ele estava bem, fora o pé torcido. Mas estava muito estressado, pois teria que ficar alguns dias de repouso. Ele brigou muito com Clint e Jeff, os socorristas.

Logo Newt apareceu para ver como Minho estava. Conversamos um pouco até que Newt disse:

— E agora cara? Os corredores vão ficar sem um Encarregado?

— Já pensei nisso - Minho disse - vou nomear um encarregado temporário enquanto estiver de cama.

— E quem vai ser? - Newt perguntou.

— Dany - ele disse.

Levou uns cinco segundos para cair a ficha.

— Eu? - digo, surpresa - por que?

— Porque confio em você mais do que naqueles trolhos.

Isso me surpreendeu.

— Obrigada, eu acho.

De repente, a porta se abre de um rompante, e uma garota com longos e sedosos cabelos negros entrou por ela. Deve ser a novata.

— Newt, eu me recuso a dormir num saco no chão - falou reclamando.

Não gostei dela.

— Todos dormem no chão, Allana - Newt disse sem emoção.

— Vai me dizer que todas as garotas dormem no chão? - ela diz indignada.

— Sim! - ele disse quase gritando.

— Você aceita dormir no chão? - dirige sua palavra para mim.

— Não, eu tenho um quarto. Com cama.

— Por que ela pode e eu não Newt?

Quando Newt ia responder, Minho se intromete.

— Porque ela é corredora.

— Obrigada Newt - Allana diz sarcástica - quero ser uma corredora também. Como eu faço?

— Você passa por alguns testes - diz Minho.

— Newt, eu quero ser uma corredora sem passar nos testes.

— Fale com o encarregado. - ele diz.

— Não - digo - minha resposta é não.

— Desde quando você é a encarregada? - Minho diz.

— Você me nomeou a cinco minutos atrás - respondo.

— Você é a encarregada a partir de amanhã - ele rebate - Allana, você é uma corredora. Você corre com a Dany até aprender a se virar.

— Bem melhor - Allana diz e sai de lá.

Encaro Minho furiosa.

— Por que fez isso? - pergunto.

— Não aguentava mais ela insistindo. Ela não iria parar.

— E só por isso vai sobrar pra mim? - digo, indignada - Céus, como eu te odeio, Minho. Nunca quis tanto te matar como hoje.

Saí batendo a porta furiosa.

Ele me paga.