Dany

Percebi que estava em um labirinto.

Não prestei atenção por onde corria, que direção tomava, apenas deixei meus pés me guiarem. Não sei por quanto tempo corri, mas corri bastante, percorrendo uma grande distância, e percebi que estava em boa forma, pois ainda não estava cansada.

Em uma das curvas esbarrei com força em algo duro, e acabei caindo no chão frio daquele lugar, e a "coisa" com a qual esbarrei também caiu. Quando prestei mais atenção, percebi que se tratava de um garoto - jura? só vi garotos.

Eu me sentei e ele fez o mesmo, pondo a mão na cabeça.

— Ou eu bati minha cabeça com muita força em um dos muros e agora estou delirando - disse - ou você não deveria estar aqui.

Ele era asiático, alto, moreno, forte, com músculos bem definidos visíveis sob a camiseta. Levantei e ele fez o mesmo. Peguei minha faca e a apontei para ele. Ele ficou me encarando sem um fio de preocupação no olhar.

Antes que eu pudesse sequer pensar em algo, ele arrancou a faca da minha mão, lançando-a longe, e me jogou contra a parede, pressionando seu corpo contra o meu, não deixando nenhuma opção de fuga.

— Quem é você e o que está fazendo aqui? - perguntou.

Senti um arrepio percorrer minha espinha, uma mistura de medo, adrenalina e... desejo? Sim, eu estava gostando disso, da proximidade de nossos corpos, não podia negar. Como não respondi, ele falou:

— Só vou repetir mais uma vez sua trolha, quem é você e o que está fazendo aqui?

— Me solta - digo, tentando me desvencilhar dele, mas não consigo, ele é muito forte.

Com uma mão, ele segurou meus meus pulsos acima da minha cabeça e com a mão livre ele pegou uma faca detrás de suas costas e  disse:

— Você acha que é a única que tem brinquedos aqui? Me responda logo.

Não tive outra escolha senão começar a falar. Contei tudo, desde que acordei naquele elevador maluco, até a fuga para dentro do labirinto.

— Então, - finalizei - não lembro de nada, nem do meu nome, e estou fugindo daquela prisão cheia de muros.

Ele me soltou e guardou a faca.

— O que você vai fazer comigo? - perguntei esfregando os pulsos.

Ele se voltou para mim e me encarou profundamente.

— Vou te levar de volta para aquela prisão cheia de muros.