Pássaros Azuis escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 5
04 — Dúvidas de um coração ferido


Notas iniciais do capítulo

Yep pessoinhas! Depois de um bom tempo que vim aqui postar mais um capítulo ^^ Como o sexto ainda não está pronto, eu resolvi enrolar um pouquinho, mas finalmente cheguei :p Espero que gostem dele tanto quanto eu gostei de escrever :3 E aqui está a música para acompanhar o cap: https://www.youtube.com/watch?v=eGWJfJI6U0o

Por enquanto é só, boa leitura ♥



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Pássaros Azuis

Dívidas de um coração ferido

 

— Kyuubi... — Sasuke murmurou com os olhos negros ainda arregalados e com os sentimentos à flor-da-pele ao não conseguir sentir a mão que era estendia a ele, a mão que estava sempre quente em sua infância em sonhos. Um soluço se prendeu em sua garganta e ele pôde ver nos orbes azuis um igual desespero. — Naruto...

— Sasuke... — o louro sibilou, com lágrimas salgadas pendendo pelo rosto bonito. Não conseguir tocá-lo era ruim, horrível, e lhe trazia uma dor forte mesmo estando morto. Caiu de joelhos na frente do moreno, de braços abertos, hesitando em envolvê-lo ou não.

Os dois ficaram se encarando por alguns momentos, ambos com as respirações afetadas por culpa da emoção e do choro, sem saber ao certo o que deviam fazer.

 Tantos anos longe, sem um contanto verdadeiro, sem um toque com carinho como no passado, e agora o Uchiha descobria que ele estava morto. Talvez fosse melhor não ter ido buscar informações respeito do rapaz de fios dourados. Talvez fosse melhor continuar fingindo que era apenas um amigo imaginário. Talvez fosse melhor ter ignorado sua presença.

Mas não. Fizera tudo ao contrário e na realidade não se arrependia disso, não se arrependia de, quem sabe, conhecer Kyuubi um pouco melhor. Se foi esse o motivo que ele o abraçou primeiro, não se sabe. Sabe-se apenas que o moreno o apertou contra seu corpo com força, não o querendo soltar.

Podia sentir as gotas quentes caindo sobre sua jaqueta, a molhando aos poucos, e então pôde notar que podia tocá-lo, trazendo-o para mais perto de si e apertando os olhos para que as seu próprio pranto continuasse caindo devagar. E agora via que Naruto parecia um pouco menor que ele.

Hinata, um pouco mais afastada, não podia deixar de observar a cena pasmada. Não conseguia ver o Uzumaki e ninguém ali parecia notar aquilo, mas sentia sua presença ali enquanto Sasuke abraçava alguém invisível, e, por impulso, murmurou o nome do outro.

O Uzumaki levantou a cabeça e abriu um sorriso largo, sussurrando de forma rouca o nome da outra que hesitou, ouvindo aquela voz tão alegre ecoar por seus ouvidos. Há quantos anos não o escutava falar dessa maneira? Dez, onze anos? Lembrando disso, não pode evitar chorar e sorrir também.

Pouco depois, Sasuke se afastou um pouco dele, somente para ver aquele lindo sorriso que adornava os lábios brancos do louro. Esperara tanto tempo para poder vê-lo assim novamente, tão de perto! E agora sabia que não mais cairia numa abismo de escuridão.

Isso pelo menos foi o que pensou, antes de se lembrar que ele já não estava mais entre eles.

— Kyuu... Naruto! Você... Como você... Por que você...? — tentou perguntar, no entanto todas as vezes um soluço o interrompia de forma sofrida. — Por quê...?

Condoído, o jovem de olhos azuis levou dois dedos aos lábios do maior, impedindo que dissesse mais alguma coisa e mumurou um baixo "Shhh", para que não continuasse. Não iria destruir o momento tão agradável que tinham agora.

— Desculpe, Sasuke... Eu te fiz sofrer um pouco, não foi? — pediu com certa tristeza, acariciando os fios negros que caiam desorganizadamente pela face. — A você também, Hinata.

— Naruto-kun... — a adulta murmurou, ainda com uma pontada de descrença mesclada a alegria. Não conseguia vê-lo, mas ouvi-lo já era o bastante. — Você... Você está mesmo aí, Naruto-kun?

— Como nunca estive. Por isso, não chore. — a moça assentiu, ainda emocionada. Via o peito dela subir e descer de forma desregular. — Você também não, Sasuke — com cuidado, limpou sua lágrimas, deixando que seu nariz se encostasse no do outro. —, homem não chora, Dattebayo!

O moreno também sorriu, mesmo que seu coração doesse como se tivesse sido atravessado por uma espada. A personalidade dele não havia mudado nada, mesmo depois de tanto tempo.

Seu idiota!

 

Os olhos verdes de Sakura encaravam o pôr-do-Sol de forma melancólica enquanto apertava o telefone celular em seus dedos, tentada a ligar para Hinata e perguntar se ela havia encontrado Sasuke. Se ele tivesse se encontrado com Kushina, com certeza teria sérios problemas com a mulher.

Itachi passava a mão por seus fios rosados com afeto, pedindo para que falasse. Há três dias tentava descobrir pela boca de sua noiva quem era Naruto, e por que ela ficara abalada daquela maneira quando contou tudo sobre Kyuubi, o amigo imaginário do irmão caçula.

— Sakura...

— Naruto era meu melhor amigo... — disse, após um suspiro. — Ele... Ele morreu. Há dez anos...

O Uchiha mais velho arregalou os olhos negros, sem esboçar uma reação que não fosse espanto. Sasuke falava todo aquele tempo com um simples espírito? Espera aí, simples não! Sasuke falava com um espírito!

— O... O que...? O Kyuu... Kyuubi estava morto o tempo todo? — perguntou, descrente, e agora fazia os cálculos. O Uzumaki morrera quando Sasuke tinha apenas oito aninhos. — Sakura, isso é algum tipo de brincadeira? Porque não te graça!

— Acha que eu ia brincar com isso? — a Haruno se levantou no impulso, berrando, e depois se sentou, com as mãos cobrindo os olhos chorosos. — Ele... Ele tinha só dezesseis anos! Tinha toda uma vida pela frente! Tantos sonhos... Tanta... Tanta coisa para acontecer! E... E a culpa foi minha!

O Uchiha, incrédulo, tocou em seus ombros e a puxou para um abraço. Sakura nunca o contara sobre essa parte de seu passado, e por mais que soubesse que ela escondia nada, nunca perguntou. Até porque, também havia deixado toda a história sobre o louro muito bem enterrada.

Claro, era impossível crer que sua flor de cerejeira era culpada pela morte de seu melhor amigo. Devia estar enganada. Com certeza.

Saky... Não diga besteiras... — disse, beijando os cabelos rosados da futura esposa. — Eu não sei o que aconteceu, mas duvido que logo você era culpada de algo.

— Se... Se você soubesse tudo desde o início... — a médica sibilou, afastando um pouco o marido de si. — Ele era... Tão novo... Tão feliz, um idiota que ira até para o vento... — abriu um sorriso triste ao se lembrar das palhaçadas do louro no passado. Ah! Como desejava que ele ainda estivesse ali! — E se foi tão cedo...

— Quantos anos ele tinha?

— Dezesseis. Era bem novo, ativo, comia muito! Muito mesmo, Shannaro! — a exclamação soou com uma pontada de saudades. Eram tantas recordações que tinha guardado do jovem Uzumaki... Não sabia como tivera forças suficientes para tentar esquecer. — Ele era um garoto incrível, Itachi.

— E... — o moreno parou no meio da pergunta, mirando a cirurgiã em sua frente. Precisou de um tempo para criar coragem e a questionar. — Ele morreu de que...?

Um suspirou pesado ecoou pelo cômodo de maneira fúnebre, e entreabrindo os lábios Sakura respondeu:

— Ele...

 

 

Sasuke acariciou as costas magras de Naruto antes de se levantarem, tendo um incrível cuidado ao colocar o rapaz de fios dourados em pé. Olhava de forma terna para o amigo que o acompanhara em diversas aventuras fantasiosas quando ainda era pequeno, e acariciou aquele rosto que há muito não tocava, sentindo a textura de sua pele.

Kyuubi lhe sorriu docemente, depositando um beijo carinhoso em sua testa, nas pontas dos pés por conta da diferença de altura visível. Sasuke estava ali de verdade, e não o mandaria embora. Receoso, tocou o colar que há anos deixara em seu pescoço. Tinha cuidado tão bem dele que se impressionava.

— Sasuke... Me desculpe... — disse, baixinho, sem notar o olhar de surpresa do mair sobre si. — Hinata, eu... Posso?

— Pode, Naruto-kun. — a adulta respondeu, estendendo para o Uchiha mais novo duas chaves presas por um chaveiro de raposa já desgastado. — Fui lá hoje de manhã, por isso as chaves estava, comigo... Vai lá, Sasuke-kun... Vai lá...

De início o moreno não entendeu, e apenas se pôs a seguir o Uzumaki que acenava com a mão direita. Se despediu da Hyuuga com um movimento de cabeça, e essa fez o mesmo com o coração na mão. O adolescente ia sofrer muito, e sabia disso, mas se era essa o desejo de Naruto, ela iria realizar, como não conseguira fazer em vida.

Os dois andavam lado a lado, e ora ou outra alguém trombava no louro, sem perceber que ele estava lá, pareciam atravessa-lo por mais que parecesse tão sólidos aos olhos de Sasuke. Ele, acabava por se esquecer do tempo. Logo o pôr-do-Sol iria embora e a noite começaria a cair sem que voltasse para casa, sem que ligase para Mikoto.

Não se lembrava desse detalhe enquanto caminhava ao lado do outro, conversando sobre amenidades de sua infância, sobre as vezes que enfrentaram dragões e dinossauros em seu quintal durante as tardes brincando na terra. Os bons tempos de uma inocência que não retornaria jamais.

Juntos, atravessaram ruas, calçadas, vielas e becos em direção a algum lugar que Sasuke achava desconhecer, mas que no fim reconhecia de seus sonhos, o sobrado pintado de branco e laranja adornado com vasos de flores, agora tinha sua tinta se despedaçando e os vasos vazios, com trepadeiras dando um aspecto tão envelhecido ao lugar bonito. O lugar pelo jeito fora abandonado.

Sentiu um aperto forte em sua mão e se virou para Naruto, que mirava o local com certa melancolia nos orbes cerúleos. Via tanta dor naquelas duas imensidões azuladas que teve vontade de perguntar algo, mas foi puxado para mais perto antes.

A porta de madeira estava velha e com alguns buracos causados por cupins, soltando algumas farpas, mas mesmo assim o Uzumaki encostou sua mão nela. Se estivesse vivo, com certeza sairia ferido disso.

— Abra a porta, Dattebayo. — pediu, e Sasuke arqueou uma sobrancelha. — A Hinata te deu a chave.

O Uchiha obedeceu e enfiou o pequeno objeto na fechadura, ouvindo a madeira ranger quando a porta foi empurrada. Um cheiro irritante de pó e mofo adentrou por suas narinas e sem querer ele espirrou, tirando uma gargalhada fraca por parte do rapaz menor.

Entraram, e sem esperar muito Naruto começou a puxá-lo pela escada barulhenta do lugar, sem dar muito tempo a Sasuke para notar os móveis e fotos cobertos por lençóis brancos e teias de aranha. O moreno poderia ver isso depois.

No andar de cima pediu para que usasse a outra chave para abrir um cômodo, e em seguida entrou, respirando o ar tão nostálgio que o quarto tinha. Estava limpo, provavelmente pelas mãos da Hyuuga. Pelo menos seu cantinho continuava como se lembrava.

Foi até um criado-mudo, onde estava um buquê de rosas amarelas e um porta-retratos, que tocou com afeto antes de pegá-lo e se mostrar para Sasuke. Na fotografia o maior podia vê-lo ainda criança, sorridente e fazendo sinal de paz e amor para câmera, nas costas de um adulto praticamente idêntico. Ao lado os dois, uma bela ruiva sorria, e esta ele conseguiu reconhecer como Kushina. Sasuke também pôde notar que na cabeça de Kyuubi havia pousado um pássaro azul.

— São meus pais, e aqui foi minha casa nos últimos dias da minha vida. — contou, e sobre os olhar curioso do Uchiha andou até a varando, vendo os pequenos pássaros de cor celeste brincarem em meio ao quintal. — Foi aqui onde eu me suicidei.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e que perdoem minha demora ^^ Beijos e até o próximo ♥



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