Missão Pop Star escrita por Amanda Flower


Capítulo 1
De repente, Pop Star


Notas iniciais do capítulo

Eu não tenho culpa se a inspiração chega na hora errada. Tantas histórias para continuar e eu aqui postando mais. A vida não é fácil, é difícil!



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Talvez o problema não seja eu, mas sim eles. Sei que precisam de mim. Sou uma peça importante nesse jogo. Mas, por que eu? Não poderia ser outra pessoa? Infelizmente já sei a resposta: não!

Sou a única garota que tem uma semelhança inacreditável com a “princesa do pop” Tiffany Wonder. Na verdade, somos idênticas. Tudo bem, nem tanto assim. Menos na personalidade. Ela já nasceu na frente dos holofotes em frente à câmera. Já eu, na frente do médico mesmo.

Nossas vidas são muito diferentes. Enquanto ela crescia em uma bela casa com uma família que a amasse, eu crescia sozinha junto com outras crianças no orfanato, onde sempre chamei de lar doce lar. Mas, isso não me impediu de ser feliz. Até me chamam de “a menina do sorriso”. Esse apelido é porque eu fico sorrindo o tempo todo: quando estou triste, feliz, nervosa, ansiosa, com dor de barriga e até com medo. A minha expressão é sempre a mesma.

Tiffany tem talento. Seja para cantar, dançar e até atuar. O único talento que tenho é fazer as pessoas rirem de mim. Sério, sou a pessoa mais atrapalhada do mundo. Esse é o meu jeito de ser e para ser sincera, gosto dele.

Com todas as diferenças, eu fui a escolhida para substituir temporariamente a famosa superstar. Muitos dizem que é um privilégio, outros até queriam ter esse tipo de trabalho. O que aconteceu com ela? Eu ainda não sei, mas vou descobrir. Estou aprendendo técnicas de investigação. Pelo menos já tenho uma profissão garantida.

Soube que Tiffany desapareceu logo após terminar o show. Ninguém da equipe a viu. Todos procuraram por ela, mas não a encontraram. Desde então, estão em uma busca incessante para descobrir o seu paradeiro.

Agora, eu também estou envolvida nisso. Não sou a pessoa certa, afinal, não sou nenhuma agente secreta do FBI nem da CIA. Posso dizer que tenho uma vida dupla e não é fácil seguir a risca todos os passos e a identidade de outra pessoa. Sinto-me como um extraterrestre na vida de Tiffany.

Ainda estou aprendendo a me comportar como ela. Por ser famosa, tem um excelente gosto para roupas e tem etiqueta. É uma garota refinada. Por onde passa, chama a atenção. Até quando anda parece que está desfilando.

Posso dizer que isso é um trabalho. O meu aprendizado vem da equipe super secreta, pela qual participo e que intitulei pelo nome de “Luz, Câmera, Ação”. É que eu me sinto em um filme. Não sou atriz, mas consigo me virar.

A equipe é formada por poucos integrantes. Ao todo são seis pessoas que me enchem a paciência toda vez que faço algo errado. Querem me tornar uma máquina que só repete as mesmas coisas o tempo todo.

Começando pelo empresário e assessor Josh Nender. Ele cuida de toda a agenda de shows, entrevistas, compromissos e até o horário que vou ao banheiro. Praticamente ele é a coluna da equipe. Também tem outro papel fundamental que é o de manter a minha imagem, ou seja, da Tiffany limpa, sem nenhum escândalo.

Em seguida vem o produtor Jean Pierre Mondé. Ele cuida do meu figurino, aparência. Me dá conselhos e me ajuda a atuar fingindo que sou a cantora que todos gostam. Além de fechar contratos e analisar o que é bom para minha carreira. Enganei-me de novo. É a carreira de Tiffany, não minha.

Outra integrante da equipe é Elise Peyton, a melhor amiga de Tiffany que sempre a acompanha em todos os lugares. Ela está me ajudando bastante com todas as informações de personalidade, jeito de ser e características de como agir em público. Elise é muito simpática comigo. Também queria ter uma amiga dessa.

Não menos importante vem o guarda-costas Michael Reese. Ele é o meu segurança particular. Não importa onde quer que eu vá, ele fica junto de mim. Parece chiclete e isso me irrita. Ele parece um dos personagens de Mib, homens de preto. Sinceramente, às vezes ele me assusta.

Por último vêm os mentores, mestres, magos. Não sei como chamar eles. Talvez eu deva chama-los de pais provisórios. Rebecca e Nicholas são pais de Tiffany. Em todo o tempo me pressionam dizendo que devo descobrir o paradeiro da filha. Não se importam muito comigo. Só querem que eu faça tudo do jeito que a filhinha faz. Sinto muito, isso é impossível.

Eu estou no meio dessa bagunça, sem saber o que fazer e como sair dessa encrenca. Às vezes fico pensando se tudo fosse diferente, mas ao tentar buscar as respostas acabo me entristecendo.

A minha vida mudou de uma hora para outra. Tudo teve inicio quando cheguei da escola. O orfanato no horário da tarde era vazio, pois a maioria das crianças estudava nesse período. Era um dia qualquer como outro. Saí da escola e chegando ao orfanato vi a senhora Margareth andando de um lado para o outro. Parecia um pouco nervosa.

— Lucy! –Virou-se apressadamente até mim. – Estava te esperando. Você tem uma entrevista de adoção. Estão te esperando. –Informou-me sorridente.

— Como assim? Já perdi minhas esperanças senhora Margareth. Já tenho dezesseis anos, quem vai querer me adotar?

— A esperança é a última que morre. Agora entre lá e arrase garota! –o ânimo dela me contagiou.

A senhora Margareth sempre foi muito animada. Cuidou de mim desde bebê. Sempre me contou suas experiências de vida. Ela é como uma mãe para mim. Talvez eu nunca demonstrei o grande carinho que sinto por ela. Nem parece que passou dos cinquenta anos. Sua energia é de jovem.

Enfim, Margareth deu uma ajeitada em meu cabelo e fez-me tirar o meu lindo gorro rosa. Olhou em meus olhos e suspirou. Abriu um leve sorriso em seu rosto e me levou até a administração. Ao Abrir a porta, ela me deu passagem para entrar e me apresentou ao casal ali presente.

Entrei lentamente olhando para o chão. Sentei-me na poltrona em frente a eles. Ambos não eram tão jovens e nem tão velhos. Só eram maduros, pareciam ser experientes. A mulher era ruiva e tinha certa elegância. Enquanto o homem era mais simpático que ela.

— Agora vou deixá-los a sós! –Despediu-se Margareth dando-me tapas nos ombros com um olhar de “agora é com você”.

Eu fiquei em silêncio por um instante e o homem que apresentou-se como Nicholas deu inicio a conversa. Ele inclinou-se para a frente com a mão junto ao queixo pensativo e me olhava fixamente. Com seus olhos esbugalhados apertou a minha mão em sinal de saudação.

— Olá! –Sorriu. –Você deve ser a Lucy, a famosa garota desse orfanato.

— Sim, sou eu! –Respondi com certa clareza. Era óbvio que ele estava fazendo perguntas sem nenhuma noção.

— Eu sou Nicholas e essa é a minha esposa Rebecca. Estamos felizes de estar aqui, não é mesmo querida?

—Sim, com certeza!

Não entendi a razão, mas naquele momento não fui com a cara de Rebecca. Seu olhar era diferente, tinha esnobe e orgulho. Não suporto pessoas arrogantes que se acham a “tal”. Que sem elas, o mundo não seria o mesmo.

A conversa não estava tomando um rumo certo. Me senti em um interrogatório. Os dois me encheram de perguntas sem sentido. Como por exemplo: Você gosta de cantar? Ou O que você acharia se ficasse famosa de um dia para o outro?

Eu respondi normalmente, mas não estava levando a sério. Eles me encaravam. Nem piscavam seus olhos e então comecei a sentir medo. Sempre pensei que eu fosse a pessoa mais estranha, mas felizmente eles ganharam esse título.

— Por que vocês querem me adotar? –Perguntei na tentativa de buscar o segredo daquele estranho casal.

— Nós somos muito sozinhos. Infelizmente perdemos a nossa filha e precisamos seguir em frente, mas com alguém que possa se tornar parte da família.

— Então eu acho que seria mais fácil vocês adotarem um cachorro. Quer dizer, sinto muito. –tossi. É que estou aqui há muito tempo desde que nasci e as pessoas tendem a adotar bebês ou crianças, não adolescentes. –Suspirou Rebecca.

— Nós não nos importamos. Principalmente eu que não tenho paciência para trocar fraldas e ficar sem dormir à noite. Crianças dão muito trabalho.

Os dois responderam todos os meus questionamentos, mas ainda assim não me cativaram. Quando não tínhamos nada para conversar, o silêncio reinava. Eu olhava para a parede, janela, mas ainda assim aqueles benditos olhos me cercavam.

— Posso fazer só mais uma pergunta? –Ambos consentiram que sim. –Vocês são algum tipo de terroristas, traficantes de órgãos, vendedores?

— Não! –responderam em uníssono som. –Por quê? –Rebecca perguntou me lançando um olhar fuzilante.

— Vocês ficam me olhando o tempo todo. Eu me sinto a caça enquanto vocês os caçadores. Vocês são do bem?

— É que você nos lembra a nossa filha! E nós somos pessoas do bem! –Me senti uma idiota por ter feito aquela pergunta.

Nicholas começou a ter um ataque de risos e Rebecca ficou muito séria. “Será que fiz algo errado?” logo pensei isso. Ao ouvir a risada de Nicholas, não resisti e soltei a minha gargalhada que chega a quebrar até a janela da esquina. Ri tanto que a barriga começou a doer, até que depois não teve mais graça e voltei à normalidade.

A nossa conversa durou aproximadamente meia hora. Foi muito rápido para eles, mas para mim durou uma eternidade. Saí da sala e fui até ao dormitório. Deitei em minha cama e aguardava ansiosamente a resposta. Toda vez que alguém queria me adotar, eu sempre cometia alguma burrada. Dessa vez não foi diferente.

Fiquei um bom tempo pensando na vida e nos erros que cometi. Fui interrompida quando ouvi passos chegando em direção ao dormitório. Margareth entrou e fez suspense me olhando com cara de mistério, enigmática.

— Parabéns Lucy. Você foi adotada! –deu-me um forte e longo abraço. Pude sentir a alegria de Margareth.

— Sério? Depois de eu ter feito tanta burrada? – Abracei-a mais forte ainda.

Aquele momento foi mágico. Finalmente iria ter uma família que me amasse e me enchesse de carinho. Foi o dia mais feliz da minha vida. Tudo era novo. Tudo o que sempre sonhei estava se tornando realidade.

Margareth me ajudou a arrumar a mala. Eu só tinha poucas roupas. Que pertenciam a outros jovens que não estavam mais no orfanato. Fechei a mala e admirei pela última vez o quarto onde compartilhei tantas histórias e alegrias. A minha “mãe de coração” segurou a minha mão e então descemos as escadas.

Nicholas e Rebecca estavam ali, me esperando como pais de verdade. Só torcia para que eles não mudassem de ideia, pois ainda dava tempo. Encontrei-me junto a eles e me despedi de Margareth.

— Lucy, boa sorte nessa nova caminhada. Nunca se esqueça de mim. As portas estão abertas para você. Seja feliz! –Seus olhos estavam marejados, mas ela era dura na queda. Eu nunca vi ela chorar.

— Só espero que eles realmente sejam do bem. Se acontecer alguma coisa comigo, eu culpo você Margareth. –Sussurrei e ela riu.

 

Deixei ali a minha história e quem realmente eu era para iniciar uma nova jornada que jamais pensei que passaria. Ao sair, Nicholas segurou a minha mala. Logo percebi um carro com vidros fumê e totalmente de cor preta.

As minhas pernas não me obedeciam, ainda sentia medo. Muito medo. Rebecca abriu a porta do passageiro e logo entrei. Surpreendi-me quando vi um homem de terno e óculos escuros. Ele olhou para mim e retirou os óculos lentamente.

— Bem vinda! – Mediu-me da cabeça aos pés.

—Quem é ele? –perguntei esperando a resposta de alguém.

— Muito prazer senhorita Lucy. Sou Josh, o seu empresário e assessor.

As surpresas não pararam por aí. Tudo estava muito confuso. Me senti a menina mais privilegiada da terra. Fiquei rica do dia para noite. Nicholas dirigia o carro e paramos no meio da estrada. Eu estava acostumada a morar em cidade pequena, mas isso acabou pra mim.

— Lucy, nós iremos para Los Angeles. Você vai conhecer o seu novo lar e sua nova vida. – Nicholas não estava mais com o sorriso de antes. Agora estava tomado por suor.

As minhas bochechas doíam de tanto abrir um sorriso a cada notícia. Los Angeles? Aquilo era uma pegadinha ou o quê? Não queria saber, tudo estava indo muito bem. No meio do trajeto paramos em uma luxuosa casa que ficava um pouco afastada da população.

Josh pegou a minha mala e então nos acomodamos naquela casa, pois já estava anoitecendo. Tinha até lareira. Ao chegarmos à mesa já estava pronta. A minha barriga roncava de fome e fazia cada barulho que parecia que iria explodir.

Tudo era bom demais para ser verdade e a felicidade durou pouco. É aí que a história começa e que a missão se inicia. Lá estava eu comendo uma belíssima carne que nem sequer sabia o nome.

— Acho que já está na hora dela saber! –Josh falou seriamente me assustando. Parei de comer e um olhava para a cara do outro.

— Ainda é cedo. – Nicholas retrucou e Rebecca concordou com Josh.

Os três olhavam para mim. Tinha algo de errado e eu tinha certeza disso. Josh tomou um copo de água e engoliu a seco. Tomou coragem e começou a fazer um imenso discurso que parecia roteiro de filme.

— Lucy, você não está aqui por acaso. –Deu uma pausa. –Nós precisamos de você. A partir de agora, você tem uma missão ou trabalho, chame do que quiser.

—Missão?-Interrompi.

— Depois de muito trabalho, encontramos você. A filha deles é a cantora Tiffanny Wonder, que é para quem trabalho. Ela sumiu a duas semanas atrás e não sabemos onde se encontra. Conseguimos obter um software que permite encontrar pessoas que possuem características idênticas com outro tipo de dna. Você possui os traços idênticos de Tifffany.

Tive mais um motivo para acreditar que aquilo era uma pegadinha ou que estavam tentando fazer uma lavagem cerebral. Ou também me fazer enlouquecer em pouco tempo. Talvez todos esses motivos.

— A partir de agora você não é mais Lucy. Ao sair dessa casa, você se torna a famosa pop star Tiffanny Wonder. E vai nos ajudar a desvendar o desaparecimento dela. – Josh falava mais que a boca. Parecia um gravador que só repetia as mesmas palavras.

Belisquei meu braço, pois achei que estava tendo pesadelos. A dor foi real, então tudo aquilo também era. A adoção foi só um pretexto. Iriam me tornar uma pessoa que jamais poderia ser. De repente, me tornei Pop Star. Essa ainda é a minha missão. Vou fazer de tudo para sair dessa bagunça e ser quem realmente eu sou. A minha história começa aqui.

 


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Notas finais do capítulo

E então pessoal, o que acharam? Até o próximo capítulo!



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