Still The One escrita por dora lupin


Capítulo 1
Still The One




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/679904/chapter/1

Still The One

Não foram os intensos raios solares ou algum ruído produzido inconscientemente por Alice que acordaram Lily Evans naquela manhã, tão pouco o seu despertador. A animação da menina não parecia deixá-la fechar os olhos novamente desde que resolvera checar as horas. Depois de alguns minutos tentando combater a sua ansiedade, Lily esticou todos os poros de seu corpo e levantou-se. Seus olhos varreram o quarto à sua volta e nenhuma de suas amigas tinha sequer ameaçado acordar.

Lily, culpando mentalmente sua euforia, apanhou sua varinha e sussurrou: “Sonorus”. Com um sorriso brincalhão no rosto, ela apontou o objeto para sua boca.

— Vamos acordar margaridas! – a voz de Lily soou ainda mais alta do que desejado. Não demorou nem mesmo um segundo para as suas quatro amigas acordarem. Alice, Mary e Dorcas se sentaram em suas camas, com os olhos amedrontados e as mãos nas orelhas. Marlene, por sua vez, rolou em seu colchão e caiu no tapete ao lado de sua cama.

No entanto, Lily não conseguia conter a sua gargalhada em um tom baixo e ela desejou ter fotografado a cena diante de seus olhos. Sua reação provocou um contra-ataque instantâneo das quatro meninas ainda assustadas. Em pouco tempo, almofadas e travesseiros eram jogados na direção de Lily, que, sem estar esperando, acabou caindo no chão.

— Fazer isso com quatro almas inocentes é injustiça! – ralhou Mary, sendo a primeira a contestar.

— Ainda mais em um domingo. – Marlene completou em um murmuro, com as mãos esfregando a testa.

— Nós não precisamos acordar às 8 horas. – Dorcas chiou e levantou-se de sua cama. - Você sabe que dia é hoje?

— Sei diferentemente de vocês.

— Jura? Conte a suas ignorantes, então, Evans.

— Com todo o prazer, McKinnon. – Lily respondeu e limpou sua garganta. – Hoje é a véspera da competição e eu preciso de nosso time e nossa dupla de apoio. – A ruiva apontou para Dorcas e Alice que, assim como as demais, observavam a amiga de maneira incrédula. – O que houve?

— A senhora mais sábia do quarto não reconhece mais nenhum evento para o dia de hoje? – ironizou Alice, seguida de uma risada moderada.

— Claro que não! Não há mais nada o que fazer hoje. – afirmou Lily, colocando as mãos em sua cintura. – Certo?

— Não iremos lhe falar mais nada, sabichona.

— Concordo plenamente com Dorcas. Não iremos responder nenhuma pergunta sua hoje. – declarou Mary.

Por fim, Lily revirou os olhos e entrou no banheiro do quarto que compartilhava com suas amigas. Enquanto isso, as próprias lançavam piscadelas e controlavam a satisfação divertida em suas feições. Dorcas fixou os seus olhos em Marlene e esperou que ela entendesse o que estava pensando.

— Eu estou só tentando ajudar. Não vai ser uma pegadinha tão grande. – cochichou Marlene, de forma que Lily não ouvisse.

— Ela vai arrancar nossas tripas. – reclamou Alice.

— Se vocês estão tagarelando sobre mim, eu vou mesmo, caso vocês não andem mais rápido. – ralhou Lily, saindo do banheiro com seu uniforme de líder de torcida. A blusa e a saia vermelhas eram detalhadas com linhas douradas em suas bordas e o nome do time, Lions, fora pintado da mesma cor na altura do peito. Na parte de trás da camisa, o contorno do símbolo da Grifinória, embaixo do sobrenome de Lily, distraía a todos.

As meninas se entreolharam, antes de se levantarem e iniciarem suas preparações matinais. Lily ajeitou a faixa de capitã em seu braço direito e acomodou-se em sua cama. Esperando por suas amigas, a menina entrou em uma reflexão que não cabia ser respondida no momento. O que elas estavam escondendo dela? Ela não conseguira pensar em mais nada a não ser a competição. O nervosismo com a competição contra o time de Sonserina e a pressão de produzir os feitiços corretos para incrementar a apresentação ocupavam sua mente e não pareciam ceder para qualquer outro assunto.

Mas, no fundo, Lily sabia que se esquecia de algo importante. Lily sabia que se arrependeria depois.

Lily sabia que não havia sido uma boa hora para ativar seu orgulho. Não quando precisava de respostas.

*~*

Depois de tomarem seu café da manhã, as meninas e o resto de seu time se encaminharam para a quadra, o único local onde podiam treinar sem intervenções. Alice, que iria observar o treino, se desculpou com Lily e explicou que tinha um compromisso marcado; a mesma desculpa fora usada por Emmeline Vance, uma das integrantes do time, mas nenhuma das duas pôde se explicar. Não era como se Mary e Marlene haviam esquecido o dia sem questionamentos.

O treino havia começado com o pé direito; a maioria das atletas conseguiu se encaixar nos novos movimentos e aceitaram os feitiços que seriam aplicados durante o espetáculo. Não houvera nenhum desentendimento e Lily agradeceu internamente por isso. Foram quatro horas de ensaio até o almoço, somando com mais três depois de um descanso, e a evolução de todas era bem perceptível. Somente quando o sol começou a se pôr, as líderes de torcida se recolheram para repousarem.

Sendo a última a entrar no vestiário, Lily teve de esperar sua vez para tomar banho. A roupa encharcada de suor grudava em seu corpo e estava desesperada para tirar a mesma. Logo uma das duchas foi liberada e ela se despiu, deixando a água morna deslizar sobre seu corpo. Sem muitas delongas, Lily desligou o chuveiro e se enrolou na toalha. Assim que pisara do lado de fora do cubículo, ela se deparou com suas três amigas. Todas elas, sentadas no banco de madeira, encaravam a menina fixamente. Lily procurou outra presença no local, mas esse estava deserto.

— Eu fiz alguma besteira, não foi? – perguntou Lily, quebrando o silêncio.

— Não conosco. – admitiu Dorcas, balançando os ombros e segurando o seu romance favorito nas mãos. Até porque ela não havia prestado atenção em sete horas de rodopios mágicos no ar.

— Como nós entendemos que você não sabe mesmo do outro evento do dia, nós iremos lhe dizer. – explicou Mary, procurando alguma reação no rosto de sua amiga. Lily, porém, não parecia esboçar algum comportamento furioso – não naquele momento.

— Lily, ainda não se sabe como você foi esquecer, mas hoje é o Dia dos Namorados. E espero que você tenha se lembrado de comprar algo para James. – revelou Marlene, o tom cômico aparente em sua fala.

Foi só então que a menina demonstrou uma atitude diferente. Seus olhos esmeraldas praticamente saltaram de seu rosto e o vermelho em sua aparência não estava mais só em seu cabelo. Seu rosto deformou-se em uma expressão incrédula e seus passos lhe guiaram de um canto do vestiário para o outro, repetidamente. Sua mente, que já não estava mais lotada sobre assuntos esportivos, parecia explodir. Como ela pôde esquecer? James deveria estar enfurecido naquele momento. A inquietação estressante e passadiça em seu sistema, com eventos daquele tipo, provocava uma imensa bagunça em sua mente.

Lily parou diante de suas amigas novamente e respirou fundo, como se fosse auxiliar na difusão de uma calmaria pelas suas veias.

Não adiantou.

— Por acaso vocês checaram as sanidades mentais de vocês ultimamente? Provavelmente, elas têm prazo de validade e vocês não as renovaram. - repreendeu Lily, sua voz em uma tonalidade firme. – Pelas barbas de Merlin, por que vocês não me lembraram? Vocês sabem muito bem como eu sou quando há algo muito importante a fazer. Eu não consigo pensar em mais nada!

— Tente acertar as coisas com ele, vá atrás dele. – Dorcas foi a primeira a tentar domar a fera eminente em Lily.

— Se você continuar reclamando, daqui a pouco já vai ser dia quinze. É melhor você se apressar. – Marlene ressaltou, olhando no relógio e mostrando o mesmo para a amiga, ainda em pé, ainda sem rumo.

Depois de alguns segundos e três lançamentos do mesmo olhar desconfiado, um para cada colega ali presente, Lily se dirigiu até o seu armário, em busca de suas vestes. Após certificar que havia colocado todos os seus pertences em sua bolsa, olhou seu reflexo pairando no espelho a sua frente e prendeu seu cabelo, tentando se apressar. Lily buscou um pedaço de papel em sua bolsa e escreveu algumas informações. Suas amigas estavam em pé, perto de onde estava, e observavam seus movimentos precisos. Ela, ao terminar, virou-se para Marlene, Dorcas e Mary, que estavam ansiosas para saber seu plano.

— Eu preciso ir, meninas. – disse Lily, caminhando na direção da porta. - Eu prometo contar tudo a vocês depois. – foi a última coisa a ser dita por Lily antes de sair do vestiário. No fundo, ela pôde ouvir risadinhas e suspeitou de suas amigas.

Em poucos minutos, a menina se encontrou correndo pelo jardim de Hogwarts, a fim de chegar o mais rápido possível a seu destino. Mentalmente, ela agradeceu pela falta de lama na grama e pela facilidade de se locomover no local, sem precisar de muitos esforços. Ao virar em um dos corredores, Lily se deparou com alguns casais, que aparentavam sorrir mais do que em qualquer outro dia. Até mesmo Alice e Frank foram avistados pela menina, de mãos dadas e rindo de qualquer piada que Frank havia feito. Tentando se desvencilhar do pensamento de que ela poderia estar com James, naquele instante, caso não tivesse cometido essa grande falha, Lily Evans voltou a sua atenção para a sua missão, seu passo acelerando involuntariamente.

Antes que ela pudesse sair da passagem dos apaixonados, seus movimentos foram interrompidos por um choque de seu corpo contra outro.

— Ei, olhe por onde anda! – Lily exclamou, sem perceber com quem falava. Ao constatar a gravata da mesma cor que a sua e o distintivo de monitor, seus olhos foram erguidos até o rosto do indivíduo. Não era nem mais, nem menos que um de seus amigos mais próximos – e aquele que parecia ter caído do céu, em um momento de desespero: - Remus! Eu preciso da sua ajuda.

— Boa noite para você também. – ele respondeu, com um tom divertidamente sarcástico. – Apesar de já ter ouvido isso hoje algumas vezes vindo da mesma pessoa, eu posso te ajudar.

— Foi de Sirius, não foi?

— Ele estava um tanto que frenético com o dia de hoje. – Remus balançou sua cabeça, sorrindo ao lembrar-se das ideias mirabolantes de seu amigo. – Mas isso não importa no momento. O que houve?

Lily tentou não imaginar um Sirius animado e saltitante pelos corredores de Hogwarts ao buscar pelo papel, que acabara de jogar em sua bolsa.

— Você pode entregar isso para James, assim que o ver, por favor? – pediu Lily, esticando o papel dobrado para Remus, que assentiu, sem necessidade de insistência. Ele colocou o papel no bolso da calça e Lily sabia que podia confiar nele. – Muito obrigada. Eu acho que fiz uma burrada e preciso consertar.

— Você vai conseguir. – afirmou Remus. – Agora, se a senhorita me dá licença, tenho uma entrega a fazer. – ele piscou, singelamente, na direção de Lily e subiu as escadas que conduziam os alunos à sala comunal da Grifinória. Desapareceu diante do campo de visão de Lily e ela seguiu seu caminho.

Afinal, Lily não tinha tanto tempo disposto a ser perdido.

*~*

O tilintar do cordão de ouro em suas mãos, pendulando de um lado para o outro, não era páreo para o que James contemplava. Deitado em sua cama, no quarto que dividia com seus melhores amigos, o garoto observava o movimento do acessório, hipnoticamente. Mas não era como se sua cabeça estivesse provida de vozes questionadoras.

Tinha sido realmente uma boa ideia iniciar uma briga, resultando no corte dos laços entre os dois? Tudo aquilo que demorara tanto tempo para conquistar havia decido por água a baixo. E o motivo não era nada mais nada menos que a irritação de James por não estar em primeiro plano.

Babaca. Ele relembrou-se do que realmente era. Nada mais do que um babaca.

Por outro lado, o orgulho lotando seu peito parecia esvaziar qualquer ideia de tentar se desculpar. Sabia que havia exagerado em suas reclamações, mas não esperava uma atitude tão drástica de Lily.

James, então, conheceu a solidão. Aquela gélida sensação de desocupação já corroia todos os poros de seu corpo por duas semanas. E, acostumado a ter tudo o que sempre quis, James nunca aprendera a abrir mão de bens tão necessários.

Ignorar o problema até que ele desaparecesse já não era mais uma solução. Três dias evitando o ocorrido acarretou um mau humor incessante e até mesmo Peter, o mais indiferente de seus amigos, reclamou. A partir dali, a sua rabugice desapareceu e o silêncio o dominou, visto que todos os seus pensamentos sobre ela não haviam desvanecido.

Além do protesto de Peter, James precisou do ombro amigo de Remus e animações matinais de Sirius para entrar no dilema do que deveria fazer. Agradeceu no subconsciente por ter amigos solidários aos seus momentos catastróficos, mesmo que dois desses estivessem no mesmo cômodo que James e que ele estivesse em condição física de fazê-lo pessoalmente.

Mas não em condições psicológicas.

Os seus devaneios foram gradualmente apagados com uma nova movimentação no quarto. Seus olhos transcorreram o vazio do teto até a cena tão rotineira. Remus havia chegado ao local e Sirius e Peter enchiam-lhe de perguntas, festivamente, com expressões elétricas. James, quem normalmente iniciava o fuzuê, estava, no momento, sentado sem preocupações e admirando a alegria de seus amigos.

— Nós achamos que Murta tinha te sequestrado, ela te adora. – satirizou Sirius, apoiando seu peso sobre o corpo comprido e esguio de Remus.

— Será que Madame Pomfrey não ficou com ciúmes? – disse Peter, após se recuperar de uma sessão de gargalhadas e iniciar outra.

— Eu não irei dizer para onde eu quero que vocês se encaminhem no momento porque estou muito feliz com o recado que tenho para dar. – murmurou Remus, um meio sorriso aparecendo no canto da boca, os olhos procurando o amigo calado pelo quarto. Peter e Sirius seguiram o olhar do amigo e os três encaravam um James confuso, perdido.

— O quê? – perguntou ele.

— Lily mandou te entregar isso. – anunciou Remus, esticando o papel dobrado em sua direção. James alternou sua atenção do papel para o rosto do amigo, tentando decifrar o que havia de errado no episódio diante de seus olhos.

— É algum tipo de piada ou...?

— Você realmente acha que eu brincaria com algo tão sério como isso, James? – indagou Remus, com a postura firme. Os dois amigos brincalhões estavam calados e pareciam estar mais ansiosos do que James.

Mas não estavam.

James agarrou o papel, assim que lembrou como Remus era confiável. Abriu o papel sem cautela e leu a frase escrita em uma letra fina e apressada:

Encontre-me sozinho na Sala Precisa às 21hrs. Tome cuidado.

Com amor, Lily.

Relendo mais algumas vezes, James percebeu que não precisaria de nenhum beliscão, nenhum estalar de dedos para acordar. Aquilo era mesmo real. James pegou a sua Capa da Invisibilidade, depois de dar um pulo para fora da cama, e ouviu as brincadeiras dos amigos, que liam o recado de Lily.

Em poucos minutos, ele estava andando pelos corredores, sem que fosse notado. Os seus passos velozes eram abafados por baixo da capa enquanto subia as escadas. Os corredores não estavam mais tão cheios de casais apaixonados e muitos elfos já recolhiam as decorações. A maioria dos professores já haviam se recolhido, mas James fez questão de checar qualquer presença por perto.

Ao chegar ao sétimo andar, seu coração batia depressa – não sabia se era pela rapidez de seu andar ou pela aflição em seu peito. Ele seguiu ao seu destino e parou um pouco antes da tapeçaria rústica dos tragos dançantes. James tinha que pensar naquilo que mais desejava e não precisou de esforços nenhum para ter o níveo rosto de Lily em sua mente.

Preciso me encontrar com Lily. Ele montou a frase em sua cabeça na primeira vez que passou pelo local necessário. Suas mãos suadas estavam unidas, como se James estivesse rezando. Preciso me encontrar com Lily. Ele pediu mais uma vez, dessa vez sussurrando uma súplica. Pedia, também, por um conselho sobre que fazer. Preciso me encontrar com Lily. As palavras saíram suavemente em conjunto com o seu pensamento. Parecia estar sem rumo; mas, sabia que deveria continuar. Mesmo que não o que deveria falar, o que deveria deixar-se sentir. Preciso me encon-. A quarta tentativa era realmente em vão. As duas portas grandes, de madeira pintada e bordada, já se situavam à sua frente. Sem mais delongas, James abriu a porta. Preciso me encontrar com Lily. Ele repetiu, dispensavelmente; dessa vez, a frase soava como uma motivação, como um mantra.

Entrando na sala, James se viu surpreso. Não, não era porque ela estava ali, em pé, parada a alguns metros dele, desamassando a saia de seu uniforme, sem desgrudar os grandes olhos esmeraldas e inquietos dele. O que ele não estava esperando era encontrar, ao redor de Lily um trilho de velas que iluminavam a cena. Uma toalha de mesa havia sido posta e nela havia pratos e cestas de comida. James também achou as sapatilhas de Lily deixadas de lado e uma rosa vermelha à espera de alguma utilidade.

— Oh não. – suspirou Lily, colocando o rosto entre as mãos. – Eu não posso acreditar nisso.

— Algum problema? – questionou James, ainda analisado o cômodo no qual se encontravam.

— Não era para eu estar aqui, muito menos você! Eu caí numa estúpida pegadinha, de novo.

— Pegadinha? Você quer dizer que Remus arranjou isso tudo?

— Não, ele não tem nada a ver com isso. – explicou Lily, a expressão enfurecida em seu rosto. – Tudo culpa de minhas grandes amigas e de minha memória de vento.

— Do quê você está falando, Lily? – James chamou seu nome, pela primeira vez depois do término. A dúvida e a confusão lhe fizeram se aproximar de Lily, como se estivesse prestes a tocá-la.

— As meninas montaram uma tremenda armadilha. Elas sabiam que eu não estava ligando para o grande evento do dia, tão pouco para a nossa relação, já que hoje é a véspera da competição. Então, elas simplesmente fingiram que eu havia feito uma besteira em esquecer o Dia dos Namorados, pois supostamente eu ainda estou namorando você. – clarificou Lily com a voz trêmula e frenética. – Além disso, elas se aproveitaram do fato de ser algo recente, e claro eu ainda não ter superado, e eu estar com a cabeça nas nuvens, pensando sobre a competição. Desculpe-me pelo mal entendido, James. Não era minha intenção, eu-

— Lily. – James a convocou mais uma vez e o silêncio se instaurou. – Eu não me importo, de verdade. Eu só realmente achei que você queria conversar, mas isso não é culpa sua. Foi só uma brincadeira porque elas sabem como você se concentra em algo e dá tudo de si naquilo que você se esquece do resto do mundo.

— Não leve isso para o lado de nossa briga, James.

— Eu não estou. - James disse e balançou os ombros. – Eu realmente admiro isso em você. Talvez, eu só estivesse com ciúmes. Porque, quando é comigo, você não consegue se desligar do que há ao seu redor.

— Você sabe que isso é uma grande bobagem! – ralhou Lily.

— Bobagem? Você vai me dizer que em algum momento você pensou somente em nós?

— Vou porque eu realmente o fiz! – Lily aumentou seu tom de voz e sentiu a raiva queimar em suas veias. – Eu não conseguia parar de pensar no erro hipotético que eu havia cometido, não conseguia parar de pensar em como você estaria decepcionado comigo por deixar você de lado. E agora, estou aqui ao seu lado, discutindo com a sua figura orgulhosa e estúpida. Mas mesmo assim, eu não consigo parar de pensar em você e o quanto eu odeio ficar longe de você. Então, não relate o que você não conhece, James.

O som do local foi rapidamente extinto; o único ruído vinha de James, engolindo em seco. Ele sabia, no fundo, que havia sido injusto com ela, mas não estava em sua rotina ser deixado em segundo lugar. Ele não estava acostumado a isso, mas sabia que precisava tentar a se adaptar. Ainda mais quando Lily era sua namorada. Uma menina atarefada e dedicada, a capitã das líderes de torcida, cheia de amigos, monitora-chefe. E ela não era obrigada passar todas as horas de seus dias com James, ele sabia disso.

Mesmo que fosse o que James mais queria.

— Lily, eu não vim para brigar. Eu me descontrolei, eu sei. Não era para eu ter tocado nesse assunto mas... – sua fala foi interrompida pela falta de palavras. – Mas, a verdade é que eu preciso que você me ajude a separar do que eu devo ou não sentir ciúmes, de quando devo aceitar que não serei sua primeira tarefa do dia. Eu preciso que você me ajude a ser essa pessoa, uma pessoa melhor. Para isso, eu vou precisar que você se mantenha ao meu lado. Mesmo que eu seja orgulhoso demais para admitir meu erro, estúpido demais para perceber que eu não posso deixar você se afastar desse jeito, nunca mais. – James respirou fundo e olhou mais uma vez naquele universo dentro das íris de Lily. – Você me ajudaria?

A expressão de Lily não fora de surpresa; fora uma mistura de satisfação, de felicidade. Apresentar-se ali, sendo testemunha de um pedido indireto de desculpas de James Potter, era gratificante. Ela também sabia que havia passado dos limites ao dar um basta na relação por uma briga daquelas. Fundamento no que fazia? Poderia ter. Vontade? Nunca.

A sua única vontade era de tê-lo de volta. E com uma palavra, ela poderia.

Mas Lily nunca gostou de palavras. Ela preferia ações.

Foi, então, que ela pisou na ponta de seus pés para empurrar a cabeça de James em direção da sua. Seus lábios foram grudados de maneira imediata, urgentemente, e dançavam em uma sincronia sem igual, se encaixando como duas peças de um quebra-cabeça.

O suor frio das mãos de James foi enxugado ao tocar no corpo morno de Lily. Elas desciam pelas costas da menina e absorviam sua fervura, transformando-a em sua.

E ela era sua. Lily era totalmente sua.

Sem ninguém para separá-los, sem preocupações com o exterior, eles saciavam a falta do outro, dentro do beijo. Permaneceram unidos por mais alguns segundos e buscaram por ar ao se separarem.

A sensação de ter Lily de volta não cabia dentro de seu peito. O sorrisinho alegre, maroto, brincava nos lábios de James e ainda assim era pouco para mostrar o tamanho de seu contentamento. Ele buscou o cordão em seus bolsos, o presente que ele havia comprado com um mês de antecedência. Esticou a sua mão para Lily e ela encarou o pingente da silhueta de um leão, com um sorriso tão largo quanto o dele.

Ela pegou o mesmo e colocou em seu pescoço, sem precisar de ajuda.

— Ficou ótimo em você. Como eu previa. – opinou James, encostando sua testa na de Lily. A visão de seu rosto parecia melhor daquele ângulo, tão perto do seu.

— Como eu senti a sua falta. – cochichou Lily, pegando nas mãos do garoto e entrelaçando os seus dedos nos dele.

Ela não precisou se movimentar novamente. James já segurava seu rosto e acariciava seus cabelos, beijando-a de maneira suave. Ela anotou mentalmente que deveria agradecer suas amigas depois.

Lily se sentia revigorada, ao saborear os lábios de James nos seus. Parecia viajar no tempo e voltar ao primeiro beijo dos dois. Era como se fosse pela primeira vez. Seu coração saltava em sua boca, a respiração ofegante, o desejo de se manter junto a ele para o resto de sua vida. E Lily tinha feito uma burrada; havia pensado que eles nunca ficariam juntos de novo, que a sua relação era uma rua sem saída e que acabariam colidindo.

Grande burrada, Lily. Afinal de contas, James sempre foi – e sempre seria – único para Lily.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Still The One" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.