Konseki escrita por hiyoshisakuno


Capítulo 1
oneshot


Notas iniciais do capítulo

Avisando mais uma vez: Essa fanfic é Alec/Clary (não gosta, não leia...)



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A chuva que caíra mais cedo havia molhado o solo, deixando um profundo cheiro de terra molhada. Apesar de ser verão, era comum cair aquela chuva fina que refrescava o início do período mais quente do ano. E, normalmente, tal coisa seria motivo de felicidade, mas chuva lembrava à figura ruiva de olhos verdes do quanto suas lágrimas caíram quando soube da notícia que malmente poderia recordar, sem derramar mais um longo punhado de lágrimas e de se sentir triste e perdida.

Desde que se mudara do Instituto para uma casinha simples (na opinião dele, claro, já que Clary sempre morara em locais simples a vida inteira, e ele fizera questão de deixar a casa o mais confortável possível, apesar de não ser tão grande, decorada e espaçosa quanto o Instituto), Clary nunca se sentira sozinha, mesmo durante todas as ausências – as longas ausências que ela tanto detestava e a tanto preocupavam – dele, enquanto realizava seu trabalho como um caçador de sombras.

A ruiva raramente ia junto. Não que não quisesse ir, já na verdade sempre ressaltava o quão útil poderia ser com sua habilidade de criar novas runas, e frequentemente pedia para ir nas missões, mas porque seu marido achava deveras perigoso para alguém que não havia sido treinada desde pequeno, como eles. Achava besteira. Havia sido treinada por tempo suficiente para se virar sozinha. Demônios não mais a assustavam... As lâminas lhe eram familiares agora, e, acima de tudo, nunca teve nenhum problema com as estelas. Muito pelo contrário, era o que ela mais tinha facilidade em utilizar, afinal de contas.

Brigara para não ficar sozinha durante as longas ausências, mas agora ela estava só. Sem os olhos azuis de Alec que a tanto confortava. E só lágrimas caíam. Lágrimas que mal podiam ser secadas, porque seriam logo substituídas por mais e mais que não paravam de sair dos delicados olhos verdes.

Recusara a proposta de voltar de imediato ao instituto. Isabelle havia lhe insistido que era a melhor opção quando a visitara, mas Clary não estava preparada para largar todas as memórias daquele lugar. “Shadowhunters morrem cedo”, lembrara que aquilo já lhe tinha sido dito a algum tempo, mas ainda assim, quando acontece... Quando é tão próximo... Não conseguia ser forte como gostaria de ser.

—x-

O longo vestido branco sujava suas bordas na terra molhada a beira do rio. Clary decidira manter os hábitos que sempre tivera com Alec, especialmente o de andar pela borda do rio ao pôr-do-sol, enquanto conversavam sobre trivialidades como o jantar, ou o plano de formar uma família. Sentia mais lágrimas caírem ao pensar que o sonho de ter pequenos caçadores de sombra ruivos de olhos azuis correndo pela casa e bagunçando tudo... ah, este nunca se tornaria realidade... Justo quando tudo parecia estar dando certo, quando estavam tão felizes...

E a vontade de gritar se tornava maior a cada momento, “Por que você tinha que ir? Por que você tinha que me deixar?”

Clary e Alec enfrentaram muitas coisas juntos e para ficar juntos. A primeira coisa; eles mesmos. A ruiva, se achando apaixonada por outra pessoa... Ele, sem nunca acreditar que poderia gostar do sexo oposto. E um susto quando, num momento de raiva, eram apenas os dois, e ele a jogou contra a parede.

Ora, a ruiva poderia ter esperado qualquer outra reação dele. E ela ainda lembrava o quanto ela achava que ele iria bater nela, lhe matar, lhe dizer coisas horríveis... Mas tão somente ela pôde sentir os lábios dele contra os dela, e seu corpo relaxara. Se deixara ser presa pela sensação, e por mais que não compreendesse naquele momento, desde então ela sempre soube que queria ser dele.

Para Alec, o sentimento de negação fora mais longo e doloroso, apesar do beijo vir dele. Demorara até que ele pudesse compreender que era sim, possível, gostar dela, apesar de tudo. Gostava dela, como pessoa, sentia-se bem ao lado dela, e isso bastara em primeiro momento. E, ao lado dela, fora aprendendo a gostar mais ainda. E por mais que ela fosse a única mulher por quem ele sentia alguma atração, ele parara de negar a si próprio esta atração.

—x-

Os sorrisos de cuidado, e o desejo de desenhar as runas no corpo dele, cada vez que ele saía para a batalha. E na volta, o cuidado de reaplicar cada runa curativa sobre a pele, para que ele pudesse ficar bom logo...

E agora, mais nada. Morto. Não voltaria. E Clary tinha medo que ela, de alguma forma, aquele sentimento bom dos momentos que passara ao lado dele pudesse desaparecer. Amara Alec... Não, ainda amava. Nunca conseguiria esquecê-lo, ou apagar aquele sentimento.

—x-

Sentara próximo ao local onde costumavam fazer picnic. Um campo florido, cheio de verde da grama e violeta das flores que cresciam ali, próximo à margem do rio. E Clary sentia como se a vida fossem essas pequenas flores, que nasciam ali, mas depois de um tempo, murchavam completamente. Elas era lindas, mas nunca durariam para sempre.

Deitada à beira do rio, esperando o anoitecer, os dedos passeando pela água levemente morna e as lágrimas sem parar de cair de tantas lembranças. Lembrava de quando eram os dois, ali, quando o restinho do sol fazia sombras se formarem no lago. De como a seriedade dele era quebrada, quando ela jogava o primeiro punhado de água, e aquilo se tornava uma pequena guerra para ver quem saía mais molhado. E eram risos, alegria e água sendo jogados... Algo que não voltaria, naquele momento, era somente ela.

—x-

Os meses passaram, e as lembranças permaneceram. As lágrimas já não caiam tanto, e Clary já não se sentia mais desesperada como nos primeiros momentos. Ainda se sentia triste, e ainda se questionava porque aquilo tudo tivera que acontecer, mas agora era mais a saudade que a incomodava, do que a dor. Isabelle continuava insistindo para que voltasse ao Instituto, mas Clary somente cedeu no momento em que tivera uma outra razão para chorar. Se dera conta daquele atraso, mas em meio a tanta confusão e à morte de Alec, só ignorara. Os sintomas continuaram aparecendo, e Clary pode chorar de felicidade em algum momento.

A volta para o Instituto fora necessária – era um lugar onde ela poderia estar protegida durante aquele momento, onde ela esperava uma criança. Um filho. O filho que ela e Alec sempre quiseram.

“ano hi umeta kokoro no tane wa hatsuka sugi ni ne wo fukimashita... sugata katachi chigaedo kawaranu ai yasashii hikari”¹


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Notas finais do capítulo

¹ - (D)A semente plantada no meu coração naquele dia, brotos cresceram vinte dias depois... Em aparência e forma, é diferente, mas meu amor não muda. Aquela luz gentil.



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