Para evitar relacionamentos eu adotei um gato e nomeei-o de Church. Church é um gato ranzinzo, gordo e de pelagem cinzenta. Ele gosta de brincar com ratinhos de brinquedo que compro à ele, gosta de ração das mais caras e de carinho da barriga. Incrivelmente, essa coisa fofa odeia a maioria das pessoas.

Sorrio ao me lembrar do episódio com Izzy. Era a minha primeira semana em meu novo apartamento em Manhattan, minha irmã veio me visitar junto de Jace e sua namorada Clarissa, estávamos todos na sala assistindo a reprise de The Walking Dead quando Church apareceu. Izzy correu para pegá-lo no colo e o mesmo a arranhou na face, desde então descobri que Church não gosta de qualquer um.

Me sento na cadeira da sala de espera, há algumas pessoas esperando com seus animais a sua vez para passar no consultório veterinário. Sinto pena de Church dentro de uma gaiola rosnando para o poodle preso a coleira que uma senhora segura.

Quando chega sua vez, a velha arrasta seu cachorro em direção a sala do veterinário. Com sua saída tenho a visão do outro limite da sala, onde se encontra um rapaz de cabelos negros arrepiados, assim como eu, ele segura uma gaiola.

O rapaz vira sua cabeça em minha direção, noto o delineado dourado sobre seus olhos verdes avelãs, seus lábios se curvam dos lados e eu me surpreendo ao constar que é para mim. Hesito, mas sorrio para ele também.

Talvez tenha sido um convite para ele se aproximar, ou talvez eu apenas estivesse sendo simpático, mas o asiático se levanta, pega em sua gaiola e senta-se ao meu lado.

— Um pouco injusto nossos animais estarem engaiolados enquanto cachorros podem ficar, na maioria, solta — ele afirma, a voz melodiosa ecoando em meus ouvidos.

— Sim — concordo, não sabendo mais o que dizer.

— Posso vê-lo? — o rapaz pergunta e eu me sinto um pouco perdido em seus olhos, mas lentamente levanto a gaiola onde Church está preso e entrego à ele.

Observo de forma absorta enquanto o rapaz tira meu gato de dentro de seu local e o pega.

— Church não gosta de pessoas — o alerto, mas já é tarde demais.

O gato se aconchega nos braços do rapaz e com o carinho atrás da orelha ele começa a ronronar, os encaro surpreso demais para dizer algo.

— Aparentemente ele gosta de mim — responde e sorri logo em seguida. — Sou Magnus, Magnus Bane.

Suas duas mãos estão ocupadas demais fazendo carinho e segurando Church, então não posso cumprimenta-lo.

— Alec. Alexander... Alexander Lightwood — atrapalho-me um pouco com as palavras o que lhe faz rir.

— Sabe Alexander, darei uma festa em meu apartamento este fim de semana. Você gostaria de ir?

Não respondo. Church precisa de carinho e de mim em todo meu tempo livre, ir à uma festa que não era prioridade fazia eu entrar em pânico, mas ao olhar para Magnus com meu gato em seu colo, o gato que odeia até mesmo minha irmã, faz com uma sensação quente se apodere de meu coração. Não, não posso aceitar, havia pego Church exatamente por isso: fugir.

— Eu gostaria — respondo, contrariando todo meu pensamento anterior. Jace poderia cuidar de Church para mim. Era apenas uma noite e depois tudo voltaria ao normal.

Sinto-me um pouco estúpido quando Magnus sorri para mim, e acidentalmente, acabo sorrindo de volta.