Scars escrita por Aomine Daiko


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Como eu amo AoKise... ♥
Boa leitura pra quem veio visitar o/



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Aomine observava Ryouta Kise dormir nu sobre a sua cama, enrolado em finos lençóis de cetim brancos, que, com a luz fraca que entrava pela janela, passando pelas cortinas finas davam um tom roseado ao pano. Tudo aquilo dava um ar angelical ao loiro deitado tranquilamente naquela cama enorme.  

Era em momentos como aquele que Aomine realmente acreditava que o tempo poderia parar para que pudesse admirar seu amado. Cada mínima curva, cada pequeno detalhe... Aomine Daiki poderia ficar dias ali, apenas observando a beleza do modelo e jamais se cansaria.  

Naquele entardecer, em especial, queria ficar ali, sentado naquela cadeira em frente à cama simplesmente observando Kise ressonar baixo, com a luz fraca batendo contra sua pele, que parecia tão mais macia naquele momento. Poderia ficar ali apenas pensando em como era apaixonado por aquele homem, no quanto se apaixonava mais toda vez que o observava. 

Aomine sorriu fraco e ajeitou seu robe também de cetim, mas preto. Levou a xícara de café que segurava até os lábios e bebericou o líquido quente, para então se levantar. Suspirou baixo e rodeou a cama, até ficar de frente para Kise; sorriu fraco ao ver seu rosto amassado contra o travesseiro, os lábios abertos, os cílios grandes, o cabelo bagunçado...  

E então pôde ver os olhos amendoados abrirem devagar. E foi como uma magia observar a luz do sol contra aqueles olhos cor de mel, contrastando com a pele clara e o cabelo loiro. Observou um fraco sorriso aparecer nos lábios pouco carnudos de Kise e suspirou.  

— Bom dia, Daiki... de novo – sussurrou o modelo, levando a mão até a bochecha do maior. Kise sorriu sentindo seus dedos passando pela pele negra de Aomine. Era macia, tão macia, um pouco áspera na bochecha por conta da barba que já voltava a crescer, mas o resto era macio e quente.  

— Oi, anjo – a voz rouca de Aomine se espalhou pelo quarto e Kise suspirou se afastando um pouco. Em seguida, o loiro bateu de leve contra o espaço livre na cama, num pedido mudo para que o maior se deitasse.  

— Tire esse robe... quero sentir a sua pele – murmurou e Aomine o obedeceu. A xícara de café já estava no criado-mudo, seu robe foi para o chão e então subiu na cama. Deitou-se e esperou que Kise se aninhasse ao seu corpo, para então abraçá-lo.  

— Eu senti a sua falta – Aomine beijou a testa do loiro após afastar alguns fios rebeldes. – Você nunca ficou tanto tempo fora – o maior passava as pontas dos dedos pelo braço acessível do modelo, fazendo desenhos aleatórios.  

— Eu não podia ignorar um evento tão importante, principalmente em Paris, meu amor – Kise se ajeitou e deitou de barriga para baixo, assim poderia observar Aomine direito. Sorriu fraco e roubou um beijo do amado, enquanto fazia carinho nos pequenos fios azuis de seu cabelo. – Mas eu estou aqui, não estou? 

— Eu sei, amor, eu sei... – Aomine sorriu e se impulsionou para frente, fazendo Kise rolar na cama e então deitou sobre o modelo. Observou os olhos que tanto amava e beijou a testa do namorado. – Sabe... eu estava aqui pensando nesse tempo que ficou fora. Nós estamos namorando há sete anos já, em breve vamos fazer oito anos de namoro – Kise acenou, seus olhos brilharam de felicidade e Aomine não conseguiu evitar retribuir o sorriso. – E, bem, nós moramos juntos, temos a nossa casa, dividimos nossas despesas... Eu estive pensando... nós poderíamos dar um passo adiante, não? Oficializar tudo isso.  

Kise ficou quieto por algum tempo, observando os olhos azuis de Aomine, repassando as palavras do maior em sua mente. Quando notou que Aomine estava realmente falando sério, sentiu seus olhos lacrimejarem e riu fraco.  

— Casa comigo – pediu Aomine num sussurro, após unir sua testa à de Kise. – Seja Aomine Ryouta... ou eu serei Kise Daiki? – Riu junto ao loiro, que agora já chorava baixo. – Vamos usar alianças e fazer uma cerimônia de noivado linda, vamos dançar juntos e fazer votos eternos... – Aomine sentiu sua garganta fechar e os olhos umedecerem. – Eu te amo tanto, Ryou. Te amo tanto. Esse deve ter sido o pedido de casamento mais idiota do mundo – riu fraco, tentando limpar os olhos. – Mas eu realmente quero isso...  

— Eu também, seu bobo – Kise riu e segurou o rosto de Aomine, observando bem a face do maior. – Eu amo você. Todo o meu ser ama você. E é claro que eu vou casar com você – sorriu fraco e puxou Aomine para um beijo apaixonado.  

Suspiraram em meio ao beijo e Aomine suspirou e, quando inspirou novamente... foi como voltar do paraíso.  

E voltar do paraíso nunca é bom.  

Sentiu seu corpo estremecer, seu peito ficar pesado e as lágrimas caíram abundantes por seus olhos. Observou o quarto escuro e as garrafas ao seu redor. A janela estava aberta e caía neve em seu quarto, mas não encontrou motivação alguma para ir até lá e fechar a janela. Manteve-se ali, chorando e soluçando por conta de mais um delírio, mais uma lembrança, mais uma porcaria memória que não iria embora... não importa o quanto bebesse, as memórias nunca o abandonavam. Elas nunca iam embora.  

Vinham para tortura-lo toda noite.  

Desde aquele dia. Desde o dia que viu seu marido, o amor de sua vida, ser assassinado diante de si, sem poder fazer nada além de observar e gritar. Desde então sua vida perdera todo o sentido, todo o brilho e a felicidade. 

Agora, quando observava a cama, via apenas lençóis desbotados e velhos, a cortina já não farfalhava com o vento, a luz não iluminava como antes. Nada lhe parecia mágico. Era tudo real demais, frio demais. Depois de perder Kise, perdeu todo o resto de sua vida... seus amigos, seu trabalho, sua família e, aos poucos, estava perdendo seu dinheiro também.  

Levantou-se e cambaleou até a escrivaninha, que antes ficava com as coisas de estudo e trabalho de Kise, agora só servia para ficar com as bebidas de Aomine. Observou a corda presa no teto do quarto e a mesa pronta para que subisse.  

Há quantos dias havia preparado aquilo?  

Já não sabia e nem sequer se importava.  

Pegou mais uma bebida e a abriu com calma, levou-a aos lábios e jogou a cabeça para trás, sentindo o líquido fazer sua garganta arder. Riu com sua decadência e foi até a mesa, subiu com dificuldade e ficou encarando a corda. Pronta para quebrar o seu pescoço, pronta para enforca-lo.  

Colocou a corda com cuidado ao redor de seu próprio pescoço e ficou observando o quarto escuro, frio e silencioso. Ainda assim, a coragem lhe faltava. Mordeu o lábio inferior e virou mais alguns goles da bebida, depois, num ato brusco, retirou a corda de seu pescoço e pulou da mesa. Correu até a televisão e colocou um DVD, uma compilação que havia feito de vídeos e fotos com Kise. Chorou por quase duas horas observando as cenas até ter o mínimo de coragem lhe aparecer novamente. Bebeu mais um pouco e voltou à mesa.  

Chorou observando e ouvindo a risada de Kise na televisão enquanto Aomine o fazia cócegas. Mordeu o lábio inferior e respirou fundo, apertando o nó da corda em seu pescoço.  

— Vamos, Daiki... dê um fim a isso logo – choramingou e colocou a mão livre no rosto, tentando limpar as lágrimas. Mas a memória do assassinato de Kise não parava de preencher seus olhos. Sua mente estava bagunçada pela risada de Kise e pela lembrança de seus gritos ao ser esfaqueado diversas vezes. – Droga... – a garrafa caiu de sua mão e quebrou ao chão. Seu choro ficava alto agora enquanto observava Kise sorrir para a câmera e dizer “eu amo você, Daiki!”. – Droga!  

Num ato de fúria, Aomine começou a balançar a mesa, até que a mesma caísse, fazendo com que perdesse o apoio e ficasse pendurado apenas pela corda em seu pescoço. Começava a sufocar, suas pernas mexiam buscando por um apoio inexistente, suas mãos mexiam-se no ar, agitadas. Seus olhos foram para a imagem de Kise beijando-o com carinho. 

A agonia estava torturando-o. O ar não chegava e a corda o apertava quanto mais se mexia, já não conseguia ouvir ou ver direito.  

Até que o último som que Aomine Daiki expusera foi o quebrar de seu pescoço. E, naquele recinto, no qual, meses antes poderiam ouvir risadas e juras de amor apaixonadas, ouvia-se apenas o ranger de uma madeira perdido nos sons da televisão. De risadas que jamais voltariam ao mundo real, ficariam eternamente presas ao mundo virtual... como uma memória dolorosa e vívida de duas pessoas que, um dia, conheceram o amor.  

E, horas depois, o som do grito de Momoi Satsuki se uniria ao som das risadas, o ranger da madeira há muito teria parado. Desligariam a televisão e, finalmente, aquele amor seria apenas uma memória, uma memória morta. Algo que apenas aqueles dois conheceram.  

E ninguém se atreveria a tentar ouvir aquelas risadas novamente.  

Apesar de toda a felicidade contida nelas, a tristeza era muito maior. Afinal, nem toda lembrança feliz, nos traz sensações igualmente felizes. Às vezes, lembranças são cicatrizes que sempre voltavam a doer. 


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Notas finais do capítulo

É... eu amo AoKise, mas amo muito DeathFic também. Daí dá nessas coisa...
Beijão pra quem chegou aqui :*



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