My Little Miracle escrita por Liids River


Capítulo 1
One.


Notas iniciais do capítulo

Olá internet
Essa One aqui é uma transição pra tudo que eu vou escrever mais pra frente ♥
eu tinha ela escrita aqui tem um tempinho já,antes mesmo de postar Keep U Safe pra falar a verdade asuhsausahash
eu me esqueci dela,mas aqui está.
Meu tempinho em casa chega ao fim amanhã e eu não postei nem metade do que pretendia :c
mas não se preocupem,sempre estarei aqui atualizando ♥
E não,eu não esqueci de Keep U Safe,já estou escrevendo a continuação aqui g.g
eu espero que vocês gostem,eu adorei ( adoro escrever o Percy todo preocupado e todo fofo com a Nina ) ♥



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No meu sonho,ele tinha os cabelos pretos e os olhos verdes. Ele tinha um sorrisinho tímido e a boquinha desdentada,fazendo com quê ele parecesse a coisa mais linda do mundo. Ele tinha as mãozinhas pequenas e os pezinhos menores ainda. Ele estava no colo da garota mais bonita do mundo.

E ele tinha os cabelos escuros e os olhos cinzentos,sorrindo e chamando-me : Vem papi,a gente precisa achar os dentes dele.

Ela estava tão bonita. Os cabelinhos enrolados e a camiseta grande no corpinho pequeno. Eu não via Annabeth em lugar algum,e era só o que faltava para que aquele sonho,fosse tudo que eu queria para o que me restava de vida.

O pequenininho enrolou as mãozinhas no cacho de Nina e puxou com força,fazendo-a rir. Certamente não passava de uma cosquinha para ela. Ele parou por um momento vendo-a rir,e fez novo,como se esperasse ouvir a risadinha dela de novo.

Dito e feito.

O Percy do sonho era um bobalhão e estava paralisado observando tudo. O Percy do sonho sorria e eu nunca tinha reparado em como eu fico bonito sorrindo.

Foco,Percy Real.Foco.

O pequenininho começou a se mexer no colo de Nina e a irritar-se sem motivos – bebês! – fazendo com quê Nina o segurasse com mais força.

—Eu acho que ele tá com fome – ela reclamou – Ele tá fazendo barulho na barriga. – Nina levantou a cabeça olhando diretamente para mim – O que a gente dá pra ele,papi?

—Onde está a sua mãe? –perguntei. Minha voz parecia a de um apresentador de televisão,e eu achei aquilo engraçado por um segundo. Cronologicamente,um segundo. O sorrisinho de Nina sumiu devagar e ela passou o corpinho pequeno do bebê para o outro braço.

—A saiu papai,faz um tempãaaaaao.

E eu acordei.

Eu me deparei com o teto escuro do nosso quarto, e já ia me levantar atrás de Annabeth quando ela mesma me chamou ao meu lado :

— Você disse o meu nome enquanto dormia.

Ela estava terrivelmente linda. Se eu soubesse que gravidez deixavam a minha mulher ainda mais bonita... eu já teria uns seis filhos com ela. O cabelo estava completamente bagunçado e jogado pelo travesseiro,a pele branca assumira um tom mais brilhoso nas ultimas semanas,o sorrisinho sonolento no rosto deixava explícito de que ela havia acabado de acordar.  O corpo coberto pela camiseta grande e o cobertor por cima do quadril. Ela estava deitada virada para o meu lado,com uma das mãos sobre a barriguinha de quatro meses.

E dentro de sua barriguinha estava o próximo Jackson.

Jack Jackson (não).

Nina colocou na cabeça de seria legal poder chamar o irmão de JJ,mas está fora de questão. Mas é coisa para final de relato.

— Eu .. –suspirei,voltando a me deitar de costas na cama,passando um dos braços pelos olhos – Eu só tive um sonho ruim.

—É a segunda vez na semana – ela sussurrou,puxando minha mão para a sua. – O que foi,Percy?

—Não é nada – suspirei,virando-me para encará-la. Os olhos cinzentos que eu tanto temia – e cá entre nós...ainda temo – estavam curiosos e irritados ao mesmo tempo. Eu nunca havia conhecido ninguém que pudesse transmitir tantas mensagens com os olhos como Annabeth.

Não conhecia mesmo.

Ela poderia tanto estar dizendo : Ei,olha pra mim. Eu amo você,vai dar tudo certo. Estamos juntos nessa,lembra?

Quando poderia estar dizendo : Escuta aqui seu Cabeça de Algas bobalhão ! Ou você me conta o que tá rolando ou a sua cabeça vai rolar! Pelo chão do quarto. E com muito sangue!

E nesse momento,ela parecia estar dizendo a segunda opção.

— Não há motivos para você se preocupar,Percy –ela sussurrou.

Ah,aí é que você se engana jovem filha de Atena.

Eu tenho todos os motivos para me peocupar. Analisem comigo :

Ser semideus já é assinar os termos de morte,certo? Ser semideus filho de um dos três grandes,já é estar com um dos pés no caixão,correto? Ser um casal de semideuses,é assinar o outro contrato de perseguição de monstros constantes na nossas vidas,estou certo? Ser um casal de semideuses perseguidos por monstros constantes em nossa vida morando no centro da cidade,é praticamente estar enterrado até o pescoço,estou certo novamente? Agora,ser um casal de semideuses perseguidos por monstros constantemente em nossas portas morando no centro da cidade tendo uma filha – extremamente teimosa – e um outro bebê à caminho com sangue de dois deuses correndo pelas veias,é ou não é pedir para morrer?

Então sim querida,eu acho que tenho motivos para me preocupar.

Apesar de os Deuses terem feito conselhos de acordos para proteção de filhos dos semideuses,nada disso funcionava. Os Deuses continuavam pensando apenas em si mesmos,e quando precisavam de nós,sabiam onde nos achar.

Ter um papel assinado pelos Deuses é o mesmo que ter uma carta do deck de Yu Gi Oh repetida. É legal,mas não vale de nada.

—Eu sei – respondi tentando parecer convincente. Mas esses sonhos sem Annabeth se tornaram frequentes tem um tempo. Não que a segunda gravidez fosse – humanamente – perigosa,ou algo assim. Era o outro lado das nossas vidas que me preocupava. Eu não consigo pensar em Annabeth correndo para se desviar de algum monstro,que eu já tenho vontade de dizimar cada um deles.

E não,não pensem que o equilíbrio na força estava restaurado depois de tudo que fizemos para os Deuses. Depois de todas as nossas lutas e brigas. Não,de jeito nenhum.

Ontem mesmo Nico foi atacado por duas Harpias que deveriam ser companheiras do Acampamento.

Harpias mau!

E eu não penso apenas em Annabeth e no nosso outro bebê,não. Eu digo que meu próprio meio irmão sequestrou a minha filha há algum tempo. Também não vamos pensar nisso essa hora da manhã,porque eu ainda não havia conseguido me vingar do jeito que deveria.

Mas eu iria.

Se o meu próprio meio irmão consegue sequestrar a minha filha... porquê um monstro qualquer não faria o mesmo com Annabeth e o nosso bebê?!

Então eu digo e repito : eu tenho motivos para me preocupar.

— Você não consegue mentir – ela murmurou,aproximando-se ainda mais do meu corpo,passando uma das mãos pelo meu cabelo e sorrindo de lado – Eu sei me cuidar,Percy.

—Eu sei disso – murmurei – Mas as coisas ficarão mais preocupantes agora com...ele.

—Ou ela – ela riu – E você não precisa se preocupar com isso também!

—Annabeth – murmurei,sentindo um nó no meu estômago só de lembrar das palavras de Nina em meu sonho – Eu não vou deixar nada acontecer com você.

—Eu sei disso – ela sussurrou,olhando-me da forma mais apaixonada que eu já havia visto – E eu confio em você.

Eu só esperava que aquilo tudo fosse o suficiente.

—x-

Quando levantamos mais tarde,eu já me sentia melhor. Talvez por ver Annabeth toda disposta ou talvez por ser sábado e estar um dia ótimo para não fazermos nada.

—Por que você não vai acordar a Nina? Eu preparo as coisas aqui – ela sugeriu,de frente para a geladeira pensando no que fazer. Ela estava tão bonita que se eu não subisse e chamasse a Nina,eu teria que limpar a baba do chão. – Se você não subir e chamar a Nina,eu faria você limpar toda essa baba do chão.

Ela e a sua habilidade de saber o que eu estava pensando.

Subi os degrais e parei em frente a porta azul Tardis do quarto de nossa garotinha.Abrindo a porta,me deparei com um copinho pequeno jogado sobre a cama de um ângulo que ela poderia até acordar com problemas.

Não fora assim que eu a deixei ontem,mas tudo bem.

Uma das perninhas estava pendurada para fora da cama,as mãos por cima da cabeça,o pijama amarrotado e a boca aberta correndo um fio de baba por ali.

De tantas coisas que ela poderia puxar de mim...

Eu sei,vocês sabem,todos os Deuses estão cientes da beleza de Nina Jackson. Mas eu  nunca me cansaria de descrevê-la. Nunca.

Ela tem os cabelos escuros,os olhos cinzentos e a pele sedosa. Isso é o básico que todos devem saber.

Mas ... Deuses,eu poderia fazer uma reverência todas as vezes em que ela simplesmente respira. Nina não é só uma criança fofa e cheia de teimosia que eu faço parecer nos meus relatos. Não. Ok,talvez ela seja isso.

Mas o mais importante de tudo....Nina Jackson é um milagre.

O meu milagre. Todas as vezes em que eu penso em desistir e ceder a insanidade mental,dizimar todos os monstros que nos perseguem e desafiar todos os Deuses,eu penso nela.

É como se ela,Annabeth e Jack ( definitivamente não) fossem a minha âncora.

Os meus milagres pessoais.

Abaixei-me ao pé da sua cama e sorri,vendo-a babar por todo o cabelinho preto. O pijama azul,a barriguinha pra fora...eu tive que conter as minhas mãos para não fazer cosquinha nela.

Não queríamos problemas de xixi na cama,vocês sabem.

—Ei – sussurrei,passando a mão direita em seu cabelo,tirando-o do seu rastro de baba. – É hora de levantar.

Nada. Nina parecia uma pedra enquanto dormia. Você pode até chutá-la,e ela não acorda de jeito nenhum.

Mas ninguém vai chutar a minha filha. Foi só uma expressão.

Ela fez um barulho engraçado e virou de lado,ficando de costas para mim.

—Ei – balancei seu corpinho de novo. Eu não culpava ela em nada. Era sábado ,mas ela tinha os horários dela de alimentação. E Annabeth levava os horários a sério. – Vamos babybird,hora de levantar.

—Mas é de manhã – ela murmurou com a voz baixinha.

—É hora de tomar café – sentei-me em sua cama,pegando em seu pé – Se você não levantar agora,vai acionar o monstro da cosquinha...

—Eu já tô levantando – ela se sentou rapidamente,fazendo os cachinhos do cabelo caírem pelos ombrinhos finos. Ela era a coisinha mais doce do universo inteiro e nada –nunca – vai superar isso. Nina sorriu para mim,mostrando a sua janelinha nos dentinhos de baixo e pulou em meu colo,entrelaçando as mãozinhas no meu pescoço e enchendo-me de beijos.

Eu sei....quem diria,hun? Eu juro,juro que sou o mesmo cara que lutou contra Cronos,mas até mesmo você sucumbiria aos beijinhos de Nina pela manhã.

Ela beijou minha bochecha e bocejou deitando a cabeça no meu ombro.

—Papai – sussurrou,apertando-me e sorrindo.

Abracei-lhe mais apertado e suspirei.

Essa parte era tão boa. Ter toda uma mistura minha e de Annabeth para apertar e dizer que era minha.

—Eu sei – sussurrei,beijando o topo de sua cabeça – Vamos ajudar a mamãe no café.

—Vamos! – ela pulou do meu colo,puxando minha mão – Eu quero dar Oi pro Jack.

—Nina....

—Papai... –ela cruzou os bracinhos fazendo beicinho – Você prometeu.

É verdade. Eu ...ah,eu achei legal antes. Agora a ideia não me parece boa.

—Eu sei,meu amor – sorri sem graça – Mas ele está na barriga da mamãe,e ela não gostou da idéia.

—Eu posso convencer a mamãe – ela começou a sair do quarto,fazendo-me segui-la – Eu sei fazendo convencimento muito bem.

Peguei-a no colo de novo,fazendo-a rir e comecei a descer as escadas com ela.

—Bom... – coloquei-a nos meus ombros – Você poderia começar dizendo que o seu vocabulário tá bem melhor.

—Mas eu não sei falar vococa – ela suspirou e apertou minhas mãos enquanto eu descia as escadas – Isso aí que você disse.

—Então vamos ter que escolher outro nome –sorri.

Annabeth havia colocado a mesa e já estava devidamente sentada em seu lugar. Coloquei Nina no chão e ela logo correu para abraçar a barriga dela,sorrindo de orelha à orelha.

—Oi,menino –ela sorriu – Ou menina.

Annabeth sorriu arrumando os cabelinhos dela e suspirou.

Ela sentia exatamente o mesmo.

Nina sorriu para Annabeth e as duas ficaram se olhando um tempo. Sempre que isso acontecia eu me sentia um intruso. Todo mundo diz que Nina tem mais de mim do que eu mesmo,mas eu discordo com cada palavra. O sorriso,o jeitinho teimoso,a forma de se expressar e a demonstração de inseguranças às vezes....é tudo de Annabeth. Quando uma olhava para a outra,eu me sentia como um ladrão vendo outro ladrão roubando alguma coisa.

Era um momento delas. Mas eu não tinha como não ficar admirado com aquilo.

— Vocês querem que eu saia? –perguntei levantando a sobrancelha.

Annabeth revirou os olhos,beijando o nariz da menina e ajudando-a a se sentar.

O papai está com ciúme – ela murmurou baixinho para ela – Porque nós temos,olha – ela apontou os dedos para os olhos de Nina e para os dela – Nós temos isso aqui.

—....

—....entendeu?

—... olho cinza? – Nina perguntou coçando a nuca,confusa.

Certo,talvez a lerdeza seja a minha. Mas só talvez.

Annabeth riu,sentando-se de novo e colocando o cereal para o nosso bebê. Eu quase podia ouvir seus pensamentos.

Tão Cabeça de Algas quanto você!

Enquanto tomávamos café,eu observei cada movimento de Nina.Era evidente que Annabeth era inspiração para ela,mas de vez em quando eu podia captar movimentos meus. O coçar da nuca,a testa franzida,o beicinho fofo e a negação de tomar o eleito com chocolate.

Esse negócio horrível.

—... então eu fiz uma lista,e eu acho que seria bom irmos hoje – Annabeth terminou de falar.

Eu darei cinquenta pratas pra quem me disser o que diabos ela estava falando.

— Hn,claro – conrodei,olhando para as minhas unhas.

—Percy? –ela chamou. – Você não ouviu uma palavra do que eu disse,não é?

Nina mordia o lábio tentando não rir. Garotinha sacana.

—Ela também não! – apontei para Nina – Puxa o pé dela também.

—Mamãe disse que seria bom comprar as coisas todas que não tem no armário de comidas – ela explicou. – Nina um,papai zero.

Revirei os olhos para as duas.

—Mamãe!- Nina exclamou chocada – Papai tá fazendo coisa sem educação.

—Revirar os olhos não tem-

—Percy não revire os olhos para a Nina – Annabeth brincou.

—Mas-

— Isso mesmo – Nina apontou o indicador – Isso tá na categoria de gesto feio. Uma moeda no pote de gestos feios!

Revirei os olhos novamente.

—Duas moedas agora,papi – ela cerrou os olhos.

Revirei novamente.

—Três moedas.

Revirei de novo.

— Mamãe de novo! – ela fez beicinho – Assim não vale.

Sorri para ela e mostrei a língua.

—Olha só papi – ela fez careta – Você vai ficar sem o dinheiro do sovete!

Annabeth riu,puxando Nina para o seu colo e suspirou,beijando-lhe os cabelos.

—Você tem que prometer ser sempre essas coisinha fofa – murmurou – Ou o papai vai perder as estribeiras.

—x-

Esse era para ser um relato simples e sem muitas informações,e era assim que seria se não tivéssemos saído de casa naquela manhã...mas saímos. Fomos ao Walmart mais próximo, estacionamos o carro e saímos carregando nosso carrinho pelos corredores.

Annabeth havia colocado uma calça jeans e uma camseta mais larga. Ela ainda não havia começado a reclamar que as roupas ficaram pequenas,e eu já dava graças aos Deuses por ter a Nina quando ela começasse a reclamar. A pequeninha estava dentro do carrinha e achava tudo aquilo muito divertido por estar sendo carregada.

—Vamos, Jarbas – ela levantou,ficando de frente para mim,fazendo pose – Carregue a princesa!

Eu não tinha como não achar uma graça.

—A senhorita anda muito da realeza esses dias – brinquei,beijando-lhe a bochecha enquanto Annabeth olhava uns pacotes de macarrão.

—Por que nós não colocamos a mamãe aqui e carregamos ela,papi? – ela sugeriu olhando Annabeth – Eu acho que deve ser pesado carregar um bebê.

—A mamãe jamais aceitaria isso – inclinei-me sobre ela,beijando-lhe a testa – Mas é muito atencioso da sua parte pensar assim.

—Eu só quero que a mãe fica bem descansada para não fica cansada – ela entrelaçou os bracinhos no meu pescoço – E não vejo o tempo de ter o Jack pra brincá. – sorri,beijando-lhe a testa de novo.

— Eu não vejo a hora de ver você e o seu irmão brincando – sorri – E quebrando as coisas.

—A gente não vamos quebrar-

—Não vai – corrigi – Vamos ter que ensiná-lo a falar,sabia? – provoquei.

Ela revirou os olhinhos e colocou a mãozinha pequena na boca logo em seguida.

—Eu não tenho moedas pro pote – ela sussurrou,olhando d eladinho para Annabeth – Vamo manter isso em segredo,né? – ela levantou o dedinho mindinho para mim,fazendo-me rir.

Como eu disse,meu milagre pessoal.

Olhei novamente para Annabeth. Ela conversava  desconfiada com uma outra moça sobre os pacotes de macarrão e gesticulava com os braços sobre a barriga. Ela parecia nervosa. A mulher com quem ela conversava usava uma jaqueta enorme e uma saia engraçada. Ela tinha os cabelos vermelhos e as unhas grandes de onde eu podia ver.  Annabeth se esquivou para o lado direito e ela a acompanhou apesar de já terem parado a conversa.

Eu tinha duas coisas em mente :

Ou Annabeth tinha um passado secreto com aquela moça.

Ou ela estava com problemas e eu estava ali olhando tudo feito um bobalhçao.

—Amorzinho – tirei Nina do carrinho,colocando-a no chão ainda olhando a moça se aproximar de Annabeth. Mais dois passos e eu cortaria aquela jaqueta em dois – Por que..hn,você não vai ver biscoitos? – olhei nos olhos cinzentos e confusos da minha menina. – Qualquer um que você quiser.

—Qualquer um? –ela perguntou,virando a cabeça de lado e cerrando os olhinhos – O que tá contecendo pai?

—Nada,meu amor – acariciei seu rostinho meigo – Eu já vou lá com você,só vou...ajudar a mamãe com o macarrão,certo? Não queremos ela carregando peso – olhei novamente,enquanto Annabeth virava o corredor e a moça continuava atrás dela.

—Tudo bem –ela cerrou os olhinhos – Não vai embora sem mim!

—Jamais – sorri,beijando-lhe a testa.

Eu sei o que vocês estão pensando....você acabou de mandar a sua filha andar sozinha pelo supermercado? Você tem probleminhas,Percy Jackson? A idade está afetando o seu cérebro ou...?

Acreditem...se isso aqui se trata do que eu acho que se trata,é melhor que ela não esteja presente.

Esperei enquanto ela caminhava para o outro corredor,dando-lhe um aceno com a mão e assim que sumiu,corri atrás de Annabeth e da moça que a seguia.

A moça já não era mais uma moça. Ela era um pássaro feio e bocó que estava cercando a minha esposa grávida. Os pedaços de pano jogados no chão do corredor de molhos de tomates deixavam a mostra as garras no lugar dos pés da ave esquisita. A jaqueta se transformou em asas enormes e cheias de penas pretas,assim como o resto do corpo que de repente tinha a cabeça de mulher e o corpo de pássaro.

Só podia ser brincadeira.

Não tínhamos resolvido nossos problemas? A raça dela não tinha umas comidas para roubar? Que diabos!

— Olha,eu não sei o que você tá querendo,mas eu acho melhor me deixar em paz! – Annabeth argumentou. Obviamente,ela não estava com a sua adaga nem nada disso.

Deuses,era pra ser apenas uma ida ao mercado normal!

— Ora garota – ela falou,a voz pingado – não literalmente – ácidos no rosto de Annabeth – Vocês semideuses....vocês estão procriando pelo mundo,e nós que somos os monstros!

—Do que diabos você está falando? – Annabeth reclamou dando passos contidos para trás. Ela desviou os olhos para mim e eu fiz sinal de silêncio para ela. A minha prioridade era tirá-la daquele corredor e corrermos atrás de Nina. Ela voltou os olhos rapidamente para as prateleiras de molhos e ela cerrou os olhos.

Ou ela teve uma ideia ou ela teve uma ideia.

Por favor,tenha uma ideia.

— Os Deuses – a Harpia soltou fazendo uma pausa teatral. Tudo que eu mais odeia são pausas teatrais de criaturas que ameaçam a minha família – Nunca serão capazes de proteger todos os filhos de semideuses que existem,querida.

— Eles estão fazendo o que podem – Annabeth murmurou com a voz firme.

Eu analisei a distância entre o monstro bobalhão e a minha esposa. Eu não queria ter outra experiência de alguém sequestrando alguém da minha família. A Harpia tinha mais ou menos uns 1.90 de altura e estava a alguns metros de Annabeth.Atrás dela,já começava a seção de limpeza do mercado,talvez se eu conseguisse passar por elas sem ser percebido.

E aí você esqueceu que você cheira há quilômetros de distância como um maldito filho de Poseidon?

Touché.

— Não estão,querida – a ave sinistra disse – Os Deuses estão comendo uvas e tomando tequila lá no Olimpo,enquanto vocês – ela apontou para Annabeth com a pata seja – Estão aqui....tentando sobreviver.

—Cala a boca – Annabeth sibilou com raiva.

Epa.

—Como...como é? – a harpia perguntou confusa.

Epa.Epa.Epa.

Eu sei que você tem sempre uma resposta sempre,meu amor mas só hoje...só agora ...

Não responde.

—Cala – Annabeth fez uma pausa – a boca.

Santo Poseidon!

—Annabeth! –suspirei,achando outro jeito de correr atrás dela.

—Vocês meio-sangues –ela respirou fundo – Sempre e acham os superiores. Sempre se acham os donos da razão.

Annabeth deu mais um passou para trás,pegando um sachê de molho de tomate no caminho. A harpia avançou sobre ela,me despertanto e fazendo-me correr até o corredor de limpeza. Annabeth apertou o sachê de molho de tomate,derrubando o conteúdo no chão,fazendo a harpia se desequilibrar e cair de costas.

—Ora sua-

Abri uma garrafa que peguei no corredor,puxando Annabeth pela mão e colocando-a atrás de mim,senti a barriguinha saliente nas minhas costas e me lembrei de que não era apenas Annabeth ali....isso me deu ainda mais raiva. Despejei o conteúdo no rosto da Harpia e sorri.

— Isso deve arder um pouquinho! – joguei a garrafa no rosto da harpia e caminhei para trás com Annabeth.

Ficou mais claro que tudo que meu único objetivo era tirá-la daqui?

—Isso é Amaciante,Percy! – Annabeth apertou meu braço. – Não tem nada ardido nisso!

Cacetada.

Olhei para ela. Agora os olhos mais confiantes e mais brilhosos.

—Eu tô bem – ela sussurrou e me puxou para o final do corredor.

—Você , mais do que qualquer outo semideus imundo – a harpia levantou,as patas cheias de molho de tomate,e a cara grudada com amaciante azul – Deveria saber que os Deuses não dão a mínima pra vocês – ela começou a caminhar até nós. Coloquei a mão no bolso procurando pela minha espada,mas ela não estava lá.

Agora vocês,que sabem de tudo. Absolutamente tudo.... desde quando eu coloco a mão no bolso e não encontro minha espada?

Houve algum momento da minha vida em que Contracorrente não estivesse comigo?

—Pery? – Annabeth me cutucou – Cadê a Nina?

—Shiu – pedi,enquanto a harpia continuava seu monólogo. Eu até podia concordar com ela,mas dar uma dica de que a Nina estivesse consoco,era pedir meu descontrole.  – Tá tud-

Então caíram milhares de pacotes de papel higiênico em cima de nós.

Que bom,pelo menos é fofinho,certo?

Errado. Milhares desses pacotes gigantescos podem me causar um traumatismo. Pulei em cima de Annabeth quando me dei conta do que estava acontecendo e coloquei-a embaixo de mim.Ela estava com os olhos fechados e a testa franzida. As mãos por cima da barriga e os dentes nos lábios.

Então seria assim daqui pra frente? Seríamos perseguidos a cada volta no mercado? A cada ida ao trabalho?Nem que eu tenha que passar dia e noite matando cada monstro,meus filhos cresceriam do jeito certo.

E não da mesma forma que eu.

Puxei Annabeth para fora daquela pilha de pacotes e quando estava pronto para atacar a Harpia com minhas próprias mãos.... deparei-me com uma cena um tanto peculiar.

Nina Jackson,meu pequeno milagre.

Ela estava com os cabelinhos bagunçados,a camisetinha suja de pó e penas. Ao lado dela,minha espada estava jogada no chão com sangue. Ela virou a cabeça assustada para nós dois e colocou a mãozinha no coração depois que nos viu.

—Mamãe! Papi! – Nina correu até a gente,puxando os pacotes de papel pra longe. Annabeth sentou-se no chão,a respiração acelerada e os olhos correndo pelo corpinho da nossa menina,procurando alguma coisa. Nina abraçou o pescoço dela e suspirou contente – Vocês foram soterrados por pape giênico mamãe?

Annabeth soltou um riso nervoso e apertou Nina ainda mais.

— Tudo bem,meu amor? – perguntei,passando as mãos nas costas de Annabeth. Ela assentiu sem me olhar e apertou Nina ainda mais.

—Ai mamãe,minhas costinhas – reclamou baixinho.

Fui até a minha espada e encontrei a tampa da caneta caída no chão.Peguei-a e encostei na ponta da minha espada,transformando-a em caneta de novo. Virei-me para as minhas meninas e as duas olhavam-me da mesma forma.

Curiosas.

—Vamos pra casa. – suspirei.

—x-

— Onde você vai? – perguntou Annabeth quando terminei de lavar a louça do almoço.

Tivemos que nos virar com que tínhamos em casa. Pior do que sermos encurralados por uma harpia no mercado,destruir duas seções desse mesmo lugar e voltar para casa em um silêncio mórbido,foi ter que voltar correndo para casa porquê fizemos um bagunça e iam chamar os seguranças.

É tão injusto!

—Vou...hn...comprar macarrão – respondi com as chaves do caro nas mãos – Você sabe....e os biscoitos. E as coisas da lista.

—Você está mentindo – ela acusou com os olhos cerrados – Você vai ver os Deuses!

—Eu odeio quando você entra aqui – apontei para a minha própria cabeça.

—Percy-

—Não! – exclamei,puxando seu pulso para mais próximo de mim – Chega. Eu não vou criar os meus filhos com medo de sair pra comprar sorvete e ser atacado por uma fúria,ou seja lá o que for.Os Deuses prometeram proteção às crianças...eu quero ter certeza de que estão fazendo isso.

—Você só vai arrumar mais problemas – ela suspirou – Foi só hoje.

—Não Annabeth,não é só hoje! – gritei com raiva. Nem todo mundo é um poço de coisas boas o tempo todo,dá um tempo. – Foi hoje,foi aquele dia em que o meu próprio meio irmão levou a Nina,vai ser daqui quatro meses quando nosso filho nascer e tirarem você de mim!

Annabeth franziu as sobrancelhas e olhou-me de novo.

Eu devia estar mesmo muito apavorado para que ela me desse aquele olhar.

—Percy....- ela suspirou – Vamos ter essa conversa de novo.

—Você não teve os sonhos que eu tive – acusei em voz baixa. Nina assistia tv na sala e já parecia mais tranquila. Mas eu não estava.

Ver a minha filha depois de matar um monstro,não estava bem na minha lista de coisinhas que eu gostaria de ver nem tão cedo. E o pior disso tudo,é que ela nem se lembra de onde arrumou força para fazer o que fez. Ela não se lembra.

— Você não me conta os sonhos que tem!

—Isso porquê eles são terríveis e eu quero poupar você disso! – expliquei.

—Percy –ela balançou a cabeça – Não funciona assim!

—Certo então,neles eu sou um idiota que não se mexe,a Nina está com nosso bebê no colo e você não está lá! – acusei. – Onde você estava Annabeth?

—No seu sonho?! Ora me diga você! – ela revirou os olhos,gesticulando com as mãos. Suspirou e se aproximou de mim,colocando ambas as mãos em meu rosto – Você nunca foi bom em interpretar sonhos...

—E com tudo isso acontecendo,eu tenho medo de que seja verdade – resmunguei,abraçando-lhe e revelando um dos meus maiores medos – Eu não posso perder você.

Vocês me imaginam criando duas crianças sem Annabeth?

Eu não me imagino nem respirando sem Annabeth,quanto mais fazendo qualquer outra coisa.

Annabeth respirou fundo e deixou a cabeça descansar em meu ombro.

—Nos meus,você não está comigo –ela revelou baixinho. – Parece que os filhos de Hipnos estão brincando conosco – Annabeth encostou sua testa na minha e acariciou meu nariz com o seu,sorrindo de lado – Eles vão se ver com a gente quando estivermos prontos para eles.

—Ah se vão! – reclamei,beijando-lhe o nariz – E todas as Harpias também.

—isso vai acontecer com mais frequência,Percy –ela olhou-me nos olhos – Você é poderoso-

—Somos poderosos.

—...e todos os nossos filhos serão também – ela sorriu de lado – Vamos ter que saber lidar com isso sem que você fique grisalho antes da hora,tudo bem?

—Tudo bem –concordei,beijando-lhe de leve – Por enquanto.

—x-

Mais tarde quando eu fui colocar nossa filha para dormir – até porquê Annabeth já estava dormindo há muito tempo...eu me dei conta de que tudo aquilo que passei quando ela estava grávida de Nina ia acontecer de novo. Só que dessa vez eu não estaria sozinho. –ela me revelou algumas coisas.

—...então quando eu vi você e mamãe embaixo dos papéias de banheiro,eu pensei que vocês tinham sido engolidos pelo monstro de papeis de banheiro – ela dizia envergonhada. As bochechinhas rosadas e as mãozinhas ao redor da minha. – Que bom que eu tavo lá pra salvar vocês né,papai?

—Com certeza- sorri,beijando-lhe na testa.

—Se bem que a moça de arco e flecha também me ajudou,sabia?-ela falou distraída – Ela disse que era grande amiga sua e então era grande amiga minha.

— Moça...moça de arco e flecha? – perguntei confuso.

Não me lembro de ter visto mais ninguém além de Nina no corredor com a Harpia já em fragmentos.

—Sim – ela balançou a cabeça e sorriu – Ela disse que o nome dela era Lítia. – ela fez careta – Não foi assim que ela disse,mas é uma coisa assim.

— Lítia? – perguntei e sorri. –Isso não faz sentido nenhum,mas vou aceitar já que ela salvou as nossas vidas.

—Eu salvei muitas vidas! – ela fez careta e beicinho.

—É claro que salvou,meu amo – beijei sua mãozinha pequena. O que eu seria sem essa mãozinha pequena?

—Então... –ela se remexeu e abraçou meu pescoço – Parece que eu posso ter sovete pro jantar amanhã?

—A mamãe nunca vai concordar com isso,mas como você,meu pequeno passarinho salvou o dia de novo ...  – estreitei os olhos e beijei sua testa – Então sim!

Ela gargalhou e encostou as mãozinhas nas minhas bochechas sorrindo de lado.

—Amo você mais que tudo e mais que todos os mundos e todas as galáxias – ela sussurrou.

Eu quase esmaguei seu corpinho pequeno contra o meu e suspirei sentindo a calma voltar para o meu corpo,como há muito tempo não acontecia.

Eu amo maior— respondi.

—x-

Eu tinha certeza de que não seria fácil daqui pra frente. Tinha certeza de que tinha alguém olhando pela minha filha e por Annabeth e tinha certeza de que tinha que proteger com todas as minhas forças as coisas que eu mais amava no mundo.

E de que não seria mesmo fácil....mas que eu sempre poderia contar com aquilo que começou tudo.

Meu pequeno milagre.


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Notas finais do capítulo

Tem muitos sentimentos pessoais envolvidos nessa One então se ficou confuso,é pra ficar assim mesmo e meio chatinho,perdãomas eu precisava escrever e o universo de PJO sempre me ajudou nisso ♥(não revisei,perdão).