CIÚMES, EU????

(Toca o Telefone na casa dos Swan)

- Alô.

- Bella?

- Sim, é ela.

- Oi, Bella! É o Allan.

-  Allan!! Como vai você?  Nossa, que surpresa!

- Pois é, irei a Forks a trabalho e gostaria muito de te ver. Estou com saudades, Bella.

- Eu também! Vai ser ótimo te ver. Quando você vem?

- Amanhã. Eu te ligo assim que estiver livre.

- Tudo bem, estarei esperando.  

-  Tchau, linda!

- Tchau. Até amanhã.

(EDWARD)

Algumas horas depois...

- Ele é de Phoenix?

- É.

- Ele é seu amigo? – Perguntei.

- Pode-se dizer que sim.

Suas respostas vagas estavam me levando à loucura, mas disfarcei.

- Como assim?

- Bem, na verdade ele é amigo do Phill. Eles jogaram juntos. A gente se conhece há pouco tempo.

“Ótimo”, pensei. “Um atleta!”

- Que idade ele tem? – Se o cara era amigo do Phill provavelmente não era um adolescente.

- Acho que uns 30.

Tentei conter minha expressão de espanto e desespero. Minhas habilidades em me disfarçar estavam sendo muito úteis naquele momento.

- Ah! – Foi só o que consegui  falar.

- Ele ia muito na sua casa? – Continuei. Precisava saber que nível de envolvimento ele e Bella tinham tido.

- Ia.

Se ela me desse mais uma resposta editada eu não responderia por mim.

Por que eu estava tão incomodado? O que estava acontecendo comigo?  Por que eu não me sentia bem?  Será que estava doente?  Alguma coisa estava errada... Eu não adoecia há mais de 80 anos. Aliás, vampiros não adoeciam!  Se não era físico, então o que era?

- Vocês já?... – Continuei, mas minha voz falhou. Deixei a pergunta implícita.

- Vocês o quê? Edward, por favor, você está meio confuso hoje. O que tá havendo?  

Minha desorientação estava deixando Bella sem paciência. Eu geralmente era objetivo, mas hoje...

- Tudo bem, Bella – resolvi ser mais claro – o que eu quero saber é se você e esse... Hum!   Esse cara... É... Se vocês já... Bem... Se vocês tiveram algum tipo de relacionamento... você sabe, né?

- Edward, você bebeu sangue de ornitorrinco? Está tão estranho! – Ela riu, fazendo cara de quem não estava entendendo nada.

Meu senso de humor estava seriamente afetado no momento.

- Bella, sem gracinhas.  

- Edward, se o que quer saber é se já rolou alguma coisa entre nós – disse ela então - não, não rolou, porque “eu" não quis.

- ELE QUIS?? – Nem percebi que estava quase gritando.

 - Mas ele é muito velho pra você! – Abaixei o tom, mas a ansiedade em minha voz era alarmante.

Bella me lançou um olhar desconfiado, depois sorriu sarcasticamente.

- Eu atraio homens mais velhos – brincou.

Claro que atraía!! Um vampiro de 109 anos estava ali, desesperadamente apaixonado por ela  e morto de CIÚMES.  Pra falar a verdade eu estava  era “vivo de ciúmes”, pois era um sentimento muito humano para meu gosto. Um sentimento que eu não entendia direito, que me fazia ter dificuldades de pensar coerentemente.

Até conhecer Bella minha existência era linear, previsível. Eu sabia o que fazer, quando fazer e como fazer. Não havia surpresas. Então foi como se um tornado me surpreendesse, me jogando numa espiral de emoções desconhecidas. Minha humanidade  foi despertada e agora eu me via ali, agindo como um adolescente inseguro novamente. Era uma sensação estranha e ao mesmo tempo indescritível.

Abandonei meus devaneios. Bella já estava me dando nos nervos.

 - Você me entendeu, Bella. Não seja cínica!

Ela franziu o nariz e sorriu como que se desculpando.

- Edward, ele ficou interessado sim, mesmo sendo bem mais velho que eu – disse meio convencida. - Mas eu não estava afim. E nem Renée aprovaria.  Então deixei claro que seríamos apenas amigos.

Eis um cara pelo qual eu abandonaria minha dieta vegetariana sem remorso.  

- Humm...- falei. - Espero que esse tal Allan tenha entendido claramente a sua decisão, pois, caso tenha ficado alguma dúvida, terei o maior prazer em  “abrir sua cabeça” nesse sentido.

Bella começou a rir da minha irritação.

- Edward, você está com ciúmes?  Eu não acredito!

- Eu não estou com ciúmes, Bella – menti. – Só quero saber com quem você vai passar o dia amanhã. Sabe que estarei  fora e quero me certificar de que ficará segura . Esse cara pode se meter a engraçadinho com você e se tornar perigoso. – A explicação me pareceu coerente. - Ele é um homem vivido, experiente e pode usar isso para te convencer a fazer algo que não queira...  ou que queira...

 Aquele pensamento me deixou sem chão. Imaginar Bella nos braços de outro era mais dolorido do que imaginava.

Bella ficou um tempo em silêncio, pensativa, depois  olhou diretamente em meus olhos de uma forma que me fez tremer.

- Edward Cullen, me dá um beijo? – Pediu, da maneira mais sedutora que eu já tinha visto.

 Era desesperante não saber o que se passava na mente de Bella.  Mesmo não entendendo onde ela queria chegar com aquele pedido naquela hora, obedecer não me parecia uma idéia ruim.

Coloquei meus lábios nos seus e movi-os suavemente. Aos poucos o beijo foi se tornando mais audacioso, mais invasivo.  O gosto de Bella passava pela minha língua, e me enlouquecia. Ouvia seu coração se acelerar. Era sempre assim quando nos tocávamos. Uma explosão de emoções.

Desta vez foi Bella quem recuou. Ela me olhou nos olhos, ainda cheia de desejo, o rosto corado e finalmente falou.

- Espero que já que não consegue ler minha mente, seja capaz de ler meu corpo, Edward. – Suas palavras eram ditas sem pressa, com uma doçura indescritível, apesar do pouco fôlego.

Antes que pudesse dizer algo, ela continuou.

- Não há nada no mundo que eu queira mais que você. Não importa onde nem com quem eu esteja, Edward. Meu coração te pertence. Meu corpo te espera, como se sempre tivesse existido com o único propósito de ser seu.  Eu o amo, seu bobo.  Sempre irei amar... Eternamente! – Seus olhos estavam fixos nos meus e nossas mãos entrelaçadas.

De repente não fazia mais sentido algum a insegurança que eu sentia momentos atrás. O que tínhamos era único, eterno, inabalável.  

Desta vez ela não precisou pedir que eu a beijasse...

Bella era minha! Só minha.

(Mas não custava nada pedir a Alice que ficasse de olho no idiota do Allan...)

FIM

By  Valentina Lobo