— Você tem certeza? – Peter perguntou pela decima vez, unindo suas mãos com as de Lydia – Posso esperar um pouco mais afastado daqui.  

Era um momento delicado que ambos estavam enfrentando. Ele abrindo mão de todo o seu poder, se sentindo fraco e impotente sem poder ajuda-la. Enquanto ela sabia que tinha que fazer aquilo sozinha, mesmo sem ter noção de como começar. Temia o que suas ancestrais tinham a lhe falar.

— Não acho que falariam algo com você por perto – disse – Com ninguém, na verdade.

O lobo suspirou derrotado.

— Me liga se precisar – falou e a ruiva assentiu – Eu não pra nenhuma festa onde há todos os tipos de mulheres mesmo, então... É só ligar.

Ele sabia que não era uma boa hora pra fazer piada, mas tinha que aliviar o clima.

— Obrigada – agradeceu.

— Eu que agradeço, Lydia – disse – De verdade.

Ela depositou um breve beijo em seus lábios, fechando a porta da sala em seguida. A Banshee passou a encarar as paredes brancas sem saber o que fazer. Lydia centrou sob suas pernas, no tapete – também branco – no centro da sala, como uma foto de sua avó nas mãos.

— Vovó? – chamou fechando os olhos e acreditando em cada palavra que saía de sua boca – Eu não sei o que está acontecendo, Derek e Peter acreditam que querem falar comigo. Então...

Uma madrugada inteira de tentativas não foi o suficiente para Lydia, quando o sol chegou ao céu, dando inicio a um novo dia, ela ainda estava ali, com as mãos cravadas no tapete branco, os olhos inchados de lagrimas que havia derramado. Em seu semblante o cansaço e o desespero eram extremamente visíveis. Não encontrava forma nenhuma de se comunicar com elas. Na verdade, ser uma Banshee era uma droga, na opinião de Lydia. Nunca teve ninguém que pudesse ajuda-la em relação aos seus poderes, e quando teve, a garota além de ser dada como maluca, morreu. O que ela poderia fazer se não tinha nenhum controle sob seu dom. A única coisa que fizera era gritar, e gritar.

Lydia arfou.

Não havia outra forma, ela tinha que tentar.

Fechou os olhos, agarrando mais ainda o tapete em seus mãos, deixando o grito estridente de uma Banshee atingir as quatro paredes daquele cômodo.

— Lydia – ouviu a voz chamar, mas permaneceu de olhos fechados – Você conseguiu.

A garota sorriu, brevemente.

— Vovó? – perguntou, se mantendo de olhos fechados o tempo inteiro.

— Preste atenção, Ariel – pediu – Tem nos matado de susto a muito tempo. Mas, você faz certo em estar sempre ao lado do seu bando, estamos orgulhosas por isso. Sabemos que não tem ninguém que possa ajuda-la, porque você está sozinha. E, acredite filha, isso é um problema até mesmo para nós.

— Um problema pra vocês? – franziu o cenho – Como?

— Você nunca havia escutado falar de nossa espécie antes de se tornar uma. Estamos a muitos anos em extinção, pequena. Eu sei que você não sabe disso, e que a culpa não é sua. Mas, Lydia, estamos confiando nossa salvação em você. A salvação da nossa espécie – houve uma pausa – É uma grande responsabilidade, eu sei disso. Porém, sei que ninguém mais capaz disso do que você.

— O que eu preciso fazer? – perguntou determinada.

— Cuide-se – a ruiva abriu os olhos sem entender. Era só isso? – Você e o Hale vem se envolvendo a alguns meses e, aceitamos isso, bem mais do que antes. Ele faz bem pra você, querida.

— Vó – Lydia a cortou – Onde o Peter entra nessa historia?

— Você sabe, ele tem muitos inimigos – disse – Precisa se proteger por conta disso. Eu sei, você ainda não entendeu direito e, nem se quer percebeu o que está acontecendo. Lydia, você está  dando origem a nossa linhagem, novamente. Você é a ultima! Não deixe que ninguém atinja você, ou o bebê.

— Bebê? – sua voz saiu um pouco mais forte do que deveria.

E então, Lydia não escutou mais nada, mesmo chamando varias outras vezes. Então era isso, a vida de sua espécie dependia apenas dela.

A ruiva levou sua mão até o ventre, sem nem ter percebido, um segundo coração batia dentro de si.