P.O.V. Jeremy

Eu olhava para os lados nervosamente. Vão tentar nos atacar? Ou será que não? Senti uma mão em meu ombro e gritei.

—Wow, o que foi isso?-era Vincent.

—D...desculpe. A...achei que fosse a...alguém tentando m...me m...matar.

—Não acho que se quisessem te matar tocariam em seu ombro. Simplesmente atirariam e pronto.

Arregalei os olhos. Socorro.

—Está assustando ele, Vincent-Mike falou.

Vincent riu. Ele adora assustar as pessoas.

—Vince, deixa o garoto em paz-Scott pediu, se aproximando.

Ele corou. Acho que o fato de Scott ser uns dois palmos mais alto que Vincent o incomoda. Ou talvez Mike tenha razão e eu seja inocente de mais.

—Do que está com tanto medo?-Mike perguntou.

—E se...e se o assassino t...tentar matar a g...gente?

—Não se preocupe, ele não deve atacar de dia.

—Como pode ter tanta certeza?-Scott questionou.

—Simples. De noite ele entrou e atravessou a pizzaria pelos pontos cegos das câmeras. O cara parece gostar de atacar escondido, não tentaria matar alguém com tanta gente por perto.

—Mas temos que tomar cuidado. Ele até roubou a caixinha do Puppet.

—Como se você se importasse-Mike revirou os olhos.

—O quê?-Scott olhou para ele.

—Você detesta o Puppet. Deve estar pouco se fodendo para isso.

—Você também detesta ele.

—Mas quem estava fingindo que liga para o sumiço da caixinha chata era você.

—Querem parar os dois?-pedi.

Ambos se calaram e Mike bufou. Vincent pegou Scott pela mão e o tirou de lá antes que ele começasse a discutir de novo.

—Eu acho que vou dormir-disse Fritz, que acabara de trocar uma lâmpada.

Não sei se Mike mencionou, mas todos nós ficamos na pizzaria tipo...24 horas por dia. Tem uma sala, onde não há câmeras, que tem algumas camas para dormirmos.

—Você acabou de acordar, Fritz-Mike falou.

—Gente, alguém viu minha chave de fenda?-perguntou John, o cara que cuida dos robôs.

—Já olhou no palco? Vi você com ela lá há uns minutos-respondi.

Ele correu para o palco e riu ao achá-la lá.

—Valeu, Jere!-ele gritou.

—Já vamos abrir-Scott avisou, indo até a porta.

—Goldie já voltou para o porão?-perguntei a Vincent, que passava por perto.

—Vi ele descendo há uns cinco minutos-respondeu.

Scott abriu a pizzaria. Durante um tempinho, ninguém entrou. Mas logo o lugar ficou lotado de crianças.

O dia passou normalmente, tirando o fato de que as pessoas apareciam quase toda hora perguntando o que acontecera com a caixinha de música. Nós simplesmente dizíamos que estava sob reparo.

Eu estava preocupado com a noite. Tinha medo de alguém tentar nos matar. Mike tentou me convencer de que tudo ficaria bem, mas eu ainda estava assustado.

Ao finzinho da tarde, faltando uns dez minutos para fechar a pizzaria, o Balloon Boy correu até nós, chorando. Ou o mais próximo que um robô não programado para derramar qualquer espécie de líquido pelos olhos pode chegar de chorar. Puppet, que estava conversando com Vincent, veio ver o que estava acontecendo.

—Hey, por que está chorando, garotinho?-perguntou.

BB o abraçou.

—M...meus balões. Roub...aram. S...só s...sobrou u...um.

Puppet retribuiu o abraço e me olhou como se dissesse "aconteceu de novo".

—Hey, calma. Está tudo bem.

—As coisas estão sumindo bem debaixo do nossos narizes!-disse Mike, irritado.

—Precisamos fazer algo a respeito disso-Vincent falou-Ficarei acordado com vocês durante a noite. Se o ladrão tentar atacar de novo, vamos tentar achá-lo.

—Eu fico também-Scott falou, colocando a mão no ombro de Vincent.

—Alguém disse comida?-Fritz perguntou.

—Vai dormir!-Mike mandou.

Fritz revirou os olhos, pegou uns pedaços de pizza e foi para a cama.

—Sinto que os animatrônicos vão ficar mais ativos hoje. Vai ter muita gente aqui. Talvez o ladrão nem volte-falei, tentando me manter otimista.

—É. O ladrão não vai nos matar, mas os robôs sim. Me sinto bem melhor-Mike ironizou e eu estremeci.

—MIKE!-Scott e Vincent gritaram em um tom que dizia: cala a boca.

Ele revirou os olhos em resposta e foi até o Escritório.

—Não ligue para ele, Jere-disse Scott-Mike é muito pessimista e irritante. Vai ficar tudo bem.

—Mikey não é irritante-falei, sem entender o porquê de ele dizer aquilo de Mike.

—Ah, qual é-Vincent me olhou-Vocês trabalham sozinhos todas as noites. Vai me dizer que ele não é nem um pouquinho chato?

—Claro que não. Ele é muito legal.

Vince e Scott trocaram olhares.

—Isso é...estranho-disse o mais alto.

—Por quê?-perguntei.

—Ah, é só que Mike é...como posso dizer isso?

—Insuportável?-Vincent sugeriu.

—Uh...é.

—Claro que não-falei-Ele é uma ótima pessoa. Sempre me ajuda e faz de tudo para me deixar feliz. Só que...do jeito dele.

Scott e Vincent trocaram olhares de novo.

—Estranho...-murmuraram ao mesmo tempo.

Quando deu meia noite, ficamos os quatro no Escritório. Puppet, Balloon Boy, Goldie e Foxy vieram ficar conosco (mesmo que Golden Freddy ficasse afastado de todos).

Bonnie e Chica tentaram nos atacar várias vezes, mas conseguimos nos livrar delas.

Puppet estava sentado no chão, abraçando suas pernas. Coitado, deveria estar com saudade da caixinha de música.

Balloon Boy estendeu o seu balão para Puppet, que falou:

—Pensei que era seu último balão.

—E é. Mas você precisa mais do que eu-BB disse.

—Aw, isso quase me fez detestar esses dois menos-Mike comentou.

—Sei que achou isso fofo-sorri e dei um empurrãozinho nele.

Mike riu e me empurrou também. Ficamos nesse empurra-empurra por um tempo, até Scott pigarrear.

—São quase seis horas e eu estou cansado. Provavelmente não vai acontecer mais nada-ele disse e saiu andando.

Quando já faltava um pouquinho para as seis, ouvimos um tiro. Dei um grito e Mike foi até Vincent, que vigiava as câmeras.

—O que foi isso?-perguntou.

—Não sei!-Vince respondeu-Não vi ninguém nas câmeras.

—Usaram os pontos cegos de novo!-Mike disse, irritado, e socou a mesa.

—Será que o tiro acertou alguém?-questionei.

Vincent procurou nas câmeras e vimos que mais um funcionário foi assassinado. Mike suspirou.

—Estão morrendo um a um. Temos que descobrir quem é essa pessoa e pará-la antes que mate todos nós.