Poison & Wine escrita por Poi Peterson


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa fic era um presente antigo e esquecido para a Casketting like a boss. Quando acaba, eu a perturbei tanto que ela também ajudou a escrever um pedaço. XD

Surgiu um comentário sobre a letra da música Poison & Wine para fazer uma fic.
Usei a letra incorporada ao texto em negrito, fazendo parte do mesmo e não somente como uma citação, como comumente é visto em uma songfic.

Thx, Iza, por betar. =*



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Poison & Wine

A tormenta que varria violentamente a cidade de Nova York era sentida com a mesma intensidade pela alma aflita naquele sótão. A dor de perder quem você ama, sem nem ao menos poder mostrar ao mundo tudo que você está sentindo. Definitivamente, Castle precisava ser forte.

Cada palavra proferida naquela sala de interrogatório o atingiu como pequenas lâminas de gelo, que foram infiltrando-se pelo seu corpo, ferindo seu coração pela frieza daquela mulher, dilacerando-o a cada golpe. Sua boca era um veneno, sua boca era um vinho. Beckett brincou com seus sentimentos, pois se lembrava de cada palavra proferida no fatídico dia em que ela, açoitada em pleno funeral, quase se uniu aos ali sepultados. Ali ele se declarou enquanto a via fenecer em seus braços. Ali seus sentimentos mais puros foram expostos e aspergidos junto ao sangue que se esvaia do corpo de sua musa.

 Beckett nnão o amava, pelo menos não com a mesma intensidade. Ele sabia tudo o que ela não queria que ele soubesse, mas o que a detetive não imaginava é que ela apenas sabia o que ele queria. Ela não o conhecia realmente e o que era capaz de fazer quando ferido.

Como foi tolo! Pensava que poderia ter um futuro ao lado dela. Esperaria o tempo que fosse preciso, esperaria por Beckett, seu grande amor. Mas para ela tudo não passou de uma piada. Sempre soube, por todo esse tempo, e não disse uma única palavra.

Castle não podia desligar esse sentimento como se fosse um interruptor, mas poderia construir uma parede contra a dor, da mesma forma que ela o fez. Bloqueá-la de seu pensamento, de seu coração e de sua vida, era isso que deveria fazer, era isso que iria fazer a todo custo.

Dias se passaram, mas não somente ele sofreu com a mudança. Kate, por sua vez, percebeu algo estava errado, entretanto, não sabia do motivo.

Inicialmente conheceu um escritor desregrado e namorador, cada dia com uma mulher diferente. Com o passar do tempo, após tantos casos e momentos divididos ela sabia: Castle não estava ali só pelos livros. Ele a amava e a queria, mas ela não estava pronta.

Agora, mais uma vez tudo parecia diferente. Não era mais aquele “Richard Castle” por quem se afeiçoou.

Aventuras desvairadas com mulheres desconhecidas, desinteresse por novos casos policiais, desinteresse por saber o que ela tinha a dizer, realmente ele estava diferente.

.

“E se esperei tempo demais? E se ele não me ama mais?” Beckett divagava em pensamentos, procurando uma resposta que não vinha.

Enquanto Castle observava a paisagem de sua janela, não firmando a vista em algo específico, fortalecia seu sentimento de repulsa e medo, convencendo-se: Eu não te amo, não mais”.

Não muito longe dali, outra oração era serenamente entoada por uma mulher de coração partido: Eu sempre te amarei. Como gostaria de ter coragem para finalmente dizer a você isto. Meu amigo, meu parceiro, meu muito mais...”.

Eu não te amo. Ele reforçava sua repulsa. “Ela devia ter dito isso de uma vez. Beckett deveria ter sido sincera comigo como fui com ela. Honestidade dói menos que atitudes dissimuladas.” Castle não se perdoava por não ter notado antes. Tão fácil perceber que ela fugia do assunto. Agia assim por não sentir o mesmo. Havia o iludido, brincado com seus sentimentos.

Você apenas sabe o que eu quero que você saiba enganava-se ela pensando que seu segredo ainda era desconhecido.

Eu sei tudo o que você não quer que eu saiba o escritor afirmava em seus pensamentos. “Mudo minha vida agora para longe de você. Construo meu muro porque cansei de tentar derrubar o seu.”

“Eu sempre amarei”. A detetive sabia que desde o primeiro dia, desde o primeiro instante, onde foi arrebatada por um sentimento indescritível, magnético e irrevogável. Independente dos perigos que corriam juntos, por estar um ao lado do outro, ela sabia que tudo terminaria bem. De alguma forma tudo terminaria bem porque ele estava ali, segurando sua mão, protegendo-a.

“Gostaria que você me segurasse quando eu viro as minhas costas”. Castle sempre a esperou, almejando que ela se recordasse daquele fatídico dia. Aguardou pacientemente que ela voltasse para ele, mas agora era tarde, ele só queria partir, ir para longe de tudo que o feria, ir para longe de sua musa, seu único e verdadeiro amor.

Eu não tenho escolha, mas eu continuarei escolhendo você. Ah, Castle. Se ao menos você entendesse que estou quase pronta, que é quase chegada a hora de te aceitar, de aceitar tudo que foi dito aquele dia.”

Suas mãos podem curar, suas mãos podem ferir. Quantos momentos mágicos, extraordinários e perigosos passamos juntos? E agora me pergunto se algo foi real”.  Ele decidiu naquele instante que o melhor a fazer era se afastar, ir para longe dela e da dor que o perseguia. “Eu não te amo! Não Quero mais te amar!”.

Em seu leito, Beckett olhava para o teto lutando contra a insônia e a dor de cabeça lancinante. Como poderia curar seu físico, se era sua alma que padecia enfermidade? Pensou em ligar, em utilizar sua astuta mente policial para arrancar dele a verdade. Algo aconteceu e precisava saber o que era, pois ele estava distante. Será que não a amava mais?

Enquanto, no sótão, ele sequer conjecturou deitar-se, pois sabia que o sono não viria. Precisava de um plano.

Eu não te amo”. Rick continuava seu mantra, tentando sugestionar-se do impossível.

Eu sempre te amarei. Beckett sofria pensando no que a fez perdê-lo.

Tocou na tela, sentindo uma pontada no coração quando a foto dela surgiu rodeada de tantas outras pessoas que, num liame intrincado e insolúvel, tiveram suas vidas ceifadas cedo demais. Apenas um toque e aquilo não existiria mais. Todas as informações se foram. Desejou naquele instante possuir algo tão mágico, mas simples, para apagar por completo seus sentimentos. Uma última vez pronunciou as odiadas palavras, na tentativa de convencer-se: Eu não te amo”.

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Nas primeiras horas do dia seguinte, Beckett já se aprontava para sair. A inimizade com o sono só seria revogada se ela confessasse. Decidida, sentou-se e, analisando relatórios, aguardava que ele chegasse com seu café e com seus lindos olhos azuis.

Horas se passaram, mas a cafeína ainda não estava em seu sistema. Horas se passaram, mas a cadeira ainda remanescia vazia. Horas se passaram até que ela se conscientizou do pior: ele não viria.

Pensou em telefonar, convocá-lo para um novo caso que não existia. Preferiu esperar. Conhecia Castle e sabia que ele diria algo quando estivesse pronto. Seria melhor assim, esperou que ele a procurasse. Não perderia a próxima chance. Ela só precisava de uma nova oportunidade, apenas isso.

.

O dia findou tão triste e vazio quanto começou. Não só aquele, mas o próximo e outro. Beckett não entendia o que acontecia. Queria telefonar, mas não poderia, não sem saber o que estava acontecendo. Eu também te amo, será que não percebeu?”

Adentrando em seu quarto, aconchegando-se em sua cama, Beckett tentou fazer uma retrospectiva dos fatos, tentando entender a mudança drástica sofrida pelo seu parceiro. Tudo começou no dia do atentado com a bomba, contudo, não conseguia recordar-se de nada.

Já estava suspeitando que ela não o conhecesse realmente, mas aquela ‘interpretação cafajeste’, era a realidade que Kate não conseguia acreditar e buscou outra forma de vê-lo, que não era a real. Será que sempre foi esse homem fútil e ela negou-se a contemplar isso? Após tantos anos e convivência, impossível ter se enganado de tal forma.

Voltando seus pensamentos para o dia da explosão, lembrou-se de seu café sobre a mesa. Castle esteve lá e saiu sem que o visse. Sua atitude mudara completamente após isso. Palavras afiadas e ironias que não eram características do homem que havia conquistado seu coração.

Algo aconteceu aquele dia e não conseguia lembrar-se. Por que ele deixou seu café e fora embora sem mais explicações em um caso de extrema importância? “Eu te amo e sempre amarei”

.

Realmente, como sua mãe lhe alertara, não conseguiria desligar seu amor como se fosse um interruptor. Sua mente o traía, levando sempre seus pensamentos a ela. “Eu não te amo”.

Precisava fazer algo para amenizar todo o sofrimento que estava sucumbindo sua vida. Por todo lado que passava, lembrava-se dela. Nova Iorque tornou-se o pior lugar para estar naquele momento. Precisou sumir por um tempo e ignorou as chamadas dela e do distrito. Viajou, conheceu outras pessoas e mulheres, mas nenhuma era ela, nenhuma tinha aquele sorriso e aquele aroma tão peculiar de cerejas. Entrou em confusão por causa do detetive Slaughter e ela o salvou arriscando sua carreira e seu emprego, fazendo-o sentir-se mais miserável ainda. Por que, depois de tudo, Beckett fez isso por ele? Castle não sabia se outro lugar seria melhor para ele agora. Mas o amor poderia superar a mágoa que estava sentindo? Ele não poderia ir para outro lugar, mas também não poderia vê-la mais. “Eu não te amo, não mais”.

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Um novo caso sugira, Beckett sabia que se ligasse para ele não seria atendida e essa situação estava matando-a aos poucos. “Eu sempre te amarei”. Se realmente o amasse lutaria por ele e tentaria saber o que aconteceu. Entretanto, o medo de ser rejeitada ou trocada por outra novamente a assolava. Mesmo assim enviou os dados do local do crime por mensagem, assim ela não desistira dele.

Sim, ele apareceu. Assim como ela, aparentava estar cansado e passando por noites mal dormidas. Seu costumeiro café não o acompanhava. As piadas infames e palavras de apoio que alegravam seus dias não estavam mais lá. Percebeu que aquele não era um vislumbre do Castle pelo qual se apaixonara. O que mudou para que ele agisse tão friamente?

“Quando acontece algo marcante em suas vidas, as pessoas se lembram”, Castle a confrontou em pleno corredor do hospital.

Era isso! Ele estava presente quando interrogava o suspeito da bomba, por esse motivo o café estava abandonado sobre sua mesa.

Enquanto ele estava ali ao seu lado esperando que ela percebesse seu amor, simplesmente ela fingia que não se lembrava de tudo que acontecera aquele dia. Sim, ela percebeu que o ferira profundamente, por isso a brusca mudança. Estava apavorada, nunca foi de mostrar o que sentia e muito menos colocada à prova para isso. Precisava assumir seus sentimentos para não perdê-lo.

Suas mãos podem curar, suas mãos podem ferir. Todos os que ela amava eram afastados ou destruídos. Kate agia como um câncer em sua própria vida, o qual ia devastando tudo ao seu redor com o tempo. Castle não seria a exceção, contudo ela não poderia mais permitir isso, não com ele, o homem que amava.

Do seu jeito, achou que ele deveria saber a terapia a qual passou para que pudesse aceitar tudo que aconteceu aquele dia. Esclarecendo que não queria feri-lo intencionalmente, afinal, naquela ocasião estava confusa com tudo que sucedera, além da declaração dele ter sido feita quando estava em um momento crucial de perdê-la.

.

Nos dias que sucederam, ela pode perceber a luz voltar àqueles olhos azuis, que estavam opacos por sua culpa. Ele percebera, finalmente, mesmo sem dizer as palavras exatas, o quanto o amava. A tensão entre eles e a troca de olhares aumentava cada vez mais, sendo culminados por pequenos toques acidentais na sala de descanso. Permanecer na delegacia com ele estava tornando-se insuportável. Sim, estavam agindo como dois bobos apaixonados. Tudo seria uma questão de tempo, quando ambos estariam prontos para dar o próximo passo. O amor superou toda a mágoa.

Você acha que seus sonhos são os mesmos que os meus. Ali eles perceberam que eram realmente, um era o sonho do outro e juntos conseguiriam passar por essa jornada, como sempre fizeram.


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Notas finais do capítulo

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